Conselhos sobre Mordomia

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Capítulo 44 — Os que professam em vão

Falam as Escrituras de uma grande classe de professos que não são praticantes. Muitos dos que dizem crer em Deus negam-nO por suas obras. Seu culto ao dinheiro, casas e terras assinala-os como idólatras e apóstatas. Todo egoísmo é cobiça, sendo, portanto, idolatria. Muitos dos que têm o nome no rol da igreja, como crentes em Deus e na Bíblia, estão adorando os bens que o Senhor lhes tem confiado para que sejam Seus despenseiros. Pode ser que não se curvem literalmente diante de seus tesouros terrestres, não obstante este é o seu deus. São adoradores de Mamom. Prestam às coisas deste mundo a homenagem que pertence ao Criador. Aquele que vê e sabe todas as coisas registra a falsidade de sua profissão. CM 137.1

Deus é excluído do templo do coração do cristão mundano, para dar amplo lugar a normas mundanas. Seu deus é o dinheiro. Ele pertence a Jeová, mas aquele a quem é confiado recusa deixá-lo extravasar em atos de beneficência. Houvesse ele se apropriado dele de acordo com o desígnio de Deus, e o incenso de suas boas obras teria ascendido ao Céu, e de milhares de pessoas convertidas se ouviriam cânticos de louvor e ações de graças. CM 137.2

Para levar avante o reino de Deus, para despertar os que estão mortos em ofensas e pecados, para falar aos pecadores do bálsamo curativo do amor do Salvador — para isso é que nosso dinheiro deve ser usado. Mas, freqüentemente, é usado para a glorificação do eu. Em vez de ser o meio de levar pessoas ao conhecimento de Deus e de Cristo, trazendo assim louvor e gratidão ao Doador de todo bem, têm sido as posses terrenas o meio de eclipsar a glória de Deus e ofuscar a visão do Céu. Pelo mau uso do dinheiro tem-se o mundo enchido de más práticas. A porta da mente tem se fechado contra o Redentor. CM 137.3

Deus declara: “Minha é a prata, e Meu é o ouro.” Ele mantém estrita conta de todo filho e filha de Adão, para saber que destino estão dando a Seus bens. Podem os homens e mulheres mundanos dizer: “Mas eu não sou cristão. Não professo servir a Deus.” Mas será que isso os torna menos culpados ao enterrarem Seus meios, Seus recursos, em empreendimentos mundanos, para levar avante os seus interesses egoístas? CM 137.4

Falo a vós que não conheceis a Deus, que venhais a ler estas linhas; pois, em Sua providência, poderão elas ser levadas ao vosso conhecimento. Que estais fazendo com os bens de vosso Senhor? Que fazeis das faculdades físicas e mentais que Ele vos deu? Sois capazes, por vós mesmos, de conservar o maquinismo humano em ação? Falasse Deus apenas uma palavra dizendo que devíeis morrer, e imediatamente silenciaríeis na morte. Dia a dia, uma hora após outra, minuto após minuto, opera Deus, pelo Seu infinito poder, para vos conservar a vida. É Ele quem dá o fôlego que vos conserva o corpo com vida. Negligenciasse Deus ao homem como o homem negligencia a Deus, o que seria da raça humana? CM 137.5

O grande Missionário Médico Se interessa pelas obras das Suas mãos. Apresenta aos homens o perigo de fechar a porta do coração ao Salvador, dizendo: “Convertei-vos, convertei-vos [...]; pois por que razão morrereis?”. — The Review and Herald, 23 de Maio de 1907. CM 138.1

Um título para as posses celestiais — Aproxima-se o dia em que “o homem lançará às toupeiras e aos morcegos os seus ídolos de prata, e os seus ídolos de ouro, que fizeram das rochas, e pelas cavernas para ante eles se prostrarem, e meter-se-á pelas fendas das penhas, por causa da presença espantosa do Senhor, e por causa da glória da Sua majestade.” As riquezas do mundo nada valerão no dia da ira, mas a fé e a obediência trarão a vitória. CM 138.2

Devemos pôr em ação toda a fé que temos. Devemos educar-nos a falar de fé e preparar-nos para a vida futura. Que incansáveis esforços fazem os homens para obterem um título legal de sua terra. Devem ter escrituras que suportem a prova da lei. Nunca fica o possuidor satisfeito enquanto não tiver a certeza de que não há falhas em seu documento. Oh, se os homens fossem tão ávidos de obter o título de suas posses celestiais que suportasse a prova da lei! O apóstolo exorta o seguidor de Cristo a ser diligente em tornar segura a sua vocação e eleição. Não deve haver erro, defeito, em vossa reivindicação de imortalidade. Diz o Salvador: “Bem-aventurados os que guardam os Seus mandamentos, para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas”. — The Review and Herald, 30 de Abril de 1889. CM 138.3

As riquezas eternas são desprezadas — O Senhor olha com compaixão para os que se permitem andar sobrecarregados com os cuidados caseiros e com as perplexidades nos negócios. Estão embaraçados com o muito servir, e negligenciam o essencial. “Buscai primeiro o reino de Deus, e a Sua justiça”, diz o Salvador, “e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Isto é: Desviai o olhar deste mundo, para o eterno. Esforçai-vos por alcançar as coisas a que Deus dá valor, e para cuja obtenção, Cristo deu Sua preciosa vida. Seu sacrifício vos tem aberto, de par em par, os portais do comércio celestial. Guardai vosso tesouro junto ao trono de Deus, fazendo, com o capital que Ele confiou, o trabalho que deseja que se faça em levar as pessoas ao conhecimento da verdade. Isso vos garantirá riquezas eternas. [...] CM 138.4

Quando pensamos na grande dádiva do Céu para a redenção de um mundo pecador e então consideramos as ofertas que podemos dar, tememos fazer comparação. As exigências que se pudessem fazer a todo o Universo não se poderiam comparar com essa única dádiva. Incomensurável amor foi demonstrado quando Alguém igual ao Pai veio pagar o preço pelo ser humano, e trazer-lhe a vida eterna. Não verão os que professam o nome de Cristo nenhuma atração no Redentor do mundo, serão eles indiferentes à posse da verdade e da justiça, e se voltarão do tesouro celeste para o terreno? CM 139.1

“E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal aborrece a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” CM 139.2

Esta mensagem do evangelho é uma das mais preciosas passagens do Novo Testamento. Uma vez recebida, produz na vida de quem a recebe bons atos, cujo valor transcende o de diamantes e do ouro. Tem poder para trazer alegria e consolo à vida terrestre, e ao crente comunicar a vida eterna. Oh, se tivéssemos o entendimento tão iluminado pela graça que lhe pudéssemos absorver a plena significação! O Pai nos está dizendo: Eu vos concederei um tesouro mais precioso que qualquer posse terrena, um tesouro que vos tornará ricos e bem-aventurados para sempre. — The Review and Herald, 5 de Março de 1908. CM 139.3

Quão incoerente! quão inútil! — Cristo declara: “Se alguém quiser vir após Mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-Me.” Os que estão trajando vestes de bodas, as vestes da justiça de Cristo, não perguntarão se devem levantar a cruz e seguir nas pisadas do Salvador. Voluntária e alegremente Lhe obedecerão as ordens. Muitos estão perecendo fora de Cristo. Quão incoerente, então, é todo esforço para alcançar posição e riquezas. Quão débeis são os motivos que Satanás pode apresentar, que o egoísmo e a ambição podem prover, comparados com as lições que Cristo deu em Sua Palavra! Quão inútil a recompensa que o mundo oferece, ao lado da que é oferecida pelo nosso Pai celestial! — The Review and Herald, 19 de Setembro de 1899. CM 139.4

Deus proverá — Embora devam os homens cuidar de que nenhuma concessão da providência seja gasta desnecessariamente, o espírito de avareza, de adquirir, terá de ser vencido. Essa disposição levará à ganância e ao trato injusto, que Deus abomina. Não devem os cristãos permitir serem perturbados por ansioso cuidado quanto às necessidades da vida. Se os homens amarem e obedecerem a Deus e fizerem sua parte, Ele proverá tudo aquilo de que necessitam. Embora vossa subsistência tenha de ser alcançada no suor de vosso rosto, não deveis descrer de Deus, pois no grande plano de Sua providência, suprir-vos-á, dia a dia, as necessidades. Essa lição de Cristo é uma censura aos pensamentos de ansiedade, às perplexidades e dúvidas do coração incrédulo. Homem algum pode acrescentar um côvado sequer à sua estatura, por mais ansioso que esteja de fazê-lo. Não é menos irrazoável estar preocupados quanto ao amanhã e às suas necessidades. Cumpri com vosso dever, e confiai em Deus, pois Ele sabe o de que necessitais. — The Review and Herald, 18 de Setembro de 1888. CM 139.5