Conselhos sobre Mordomia

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Capítulo 39 — O verdadeiro motivo de todo serviço

Nos dias de Cristo os fariseus procuravam continuamente conseguir o favor do Céu a fim de obter honra e prosperidade mundanas, as quais consideravam como sendo a recompensa da virtude. Ostentavam ao mesmo tempo seus atos de caridade diante do povo com o intuito de atrair-lhes a atenção, e adquirir reputação de santidade. CM 119.1

Jesus lhes censurou a ostentação, dizendo que Deus não reconhece um serviço como esse, e que a lisonja e a admiração do povo, as quais tão ansiosamente buscavam, seriam a única recompensa que haviam de ter. CM 119.2

“Quando tu deres esmola”, disse Ele, “não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita; para que a tua esmola seja dada ocultamente: e teu Pai, que vê em segredo, te recompensará publicamente.” CM 119.3

Com essas palavras Jesus não ensinou que os atos de bondade devem ser sempre conservados em segredo. Paulo, o apóstolo, escrevendo inspirado pelo Espírito Santo, não oculta o generoso sacrifício dos cristãos macedônios, mas fala da graça por Cristo neles operada, de maneira que outros foram possuídos do mesmo espírito. Ele também escreveu à igreja de Corinto, dizendo: “Vosso zelo tem estimulado a muitos.” CM 119.4

As próprias palavras de Cristo esclarecem Sua intenção — que nos atos de caridade o objetivo não deve ser atrair louvor e honra dos homens. A verdadeira piedade nunca promove um esforço para ostentação. Os que desejam palavras de elogio e lisonja, delas se nutrindo como de um bocado delicioso, são cristãos apenas de nome. CM 119.5

Por meio de suas boas obras devem os seguidores de Cristo trazer glória, não para si mesmos, mas para Aquele mediante cuja graça e poder eles operaram. É por meio do Espírito Santo que toda boa obra é efetuada, e o Espírito é dado para glorificar, não o recebedor, mas o Doador. Quando a luz de Cristo brilha no coração, os lábios se encherão de louvor e ação de graças a Deus. Vossas orações, o cumprimento de vossos deveres, vossa beneficência, vossa abnegação, não serão o tema de vossos pensamentos ou conversação. Jesus será engrandecido, o eu oculto, e Cristo aparecerá como tudo em todos. CM 119.6

Cumpre-nos dar em sinceridade, não para fazer ostentação de nossas boas ações, mas por piedade e amor para com os sofredores. A sinceridade de desígnio, a verdadeira bondade de coração, eis o motivo a que o Céu dá valor. A pessoa sincera em seu amor, que põe todo o coração em sua devoção, Deus considera mais preciosa que as barras de ouro de Ofir. [...] Não devemos pensar na recompensa, mas no serviço. — Beneficência Social, 79-81. CM 119.7

O motivo de dar é registrado — Foi-me mostrado que o anjo relator faz um registro fiel de toda oferta feita a Deus, e posta no tesouro, bem como dos resultados finais dos meios assim doados. Os olhos do Senhor tomam conhecimento de todo níquel consagrado à Sua causa, e da boa vontade ou relutância do doador. O motivo por que se dá também é registrado. Os abnegados, consagrados que devolvem a Deus o que Lhe pertence, como Ele requer, serão recompensados segundo as suas obras. — Steps to Christ, 221; Testimonies for the Church 2:518, 519. CM 120.1

Motivos mais elevados que a simpatia — A treva moral de um mundo arruinado pleiteia com os cristãos, homens e mulheres, para exercerem esforços pessoais, darem de seus meios e de sua influência, de modo a serem assemelhados à imagem dAquele que, embora possuísse infinitas riquezas, tornou-Se todavia pobre por amor de nós. O Espírito de Deus não pode permanecer com aqueles a quem Ele mandou a mensagem de Sua verdade, mas que precisam ser insistentemente solicitados para poderem ter qualquer senso do dever que lhes cabe de tornarem-se coobreiros de Cristo. O apóstolo acentua o dever de dar impulsionados por motivos mais elevados, que a simples simpatia humana, devida à comoção. Insiste no princípio de que devemos trabalhar desinteressadamente, visando unicamente a glória de Deus. — Testemunhos Seletos 1:370; Testimonies for the Church 3:391. CM 120.2

Amor, o princípio da ação — O amor precisa ser o móvel de ação. O amor é o princípio básico do governo de Deus no Céu e na Terra, e deve ser o fundamento do caráter cristão. Isto unicamente pode torná-lo e guardá-lo inabalável; habilitá-lo a resistir às provas e tentações. CM 120.3

E o amor será revelado no sacrifício. O plano de salvação foi estabelecido através de sacrifício — um sacrifício tão profundo, amplo e alto, que é incomensurável. Cristo entregou tudo por nós; e os que aceitam a Cristo estarão prontos para sacrificar tudo pela causa de seu Redentor. O pensamento de Sua honra e glória terá precedência sobre todas as outras coisas. CM 120.4

Se amamos a Jesus, gostaremos de para Ele viver, de apresentar-Lhe nossa oferta de gratidão, de trabalhar para Ele. O próprio labor será fácil. Anelaremos sofrimento, labuta e sacrifício por Sua causa. Simpatizaremos com o Seu anseio pela salvação dos homens. Sentiremos pelos homens a mesma terna paixão que Ele sentiu. CM 120.5

Esta é a religião de Cristo. Qualquer coisa menos que isso é um engano. Nenhuma simples teoria da verdade ou profissão de discipulado salvará pessoa alguma. Não pertencemos a Cristo, se não somos inteiramente Seus. É pela indiferença na vida cristã que os homens se tornam de propósitos fracos e desejos mutáveis. O esforço de servir tanto ao eu como a Cristo, faz do homem ouvinte de pedregais, e não resistirá quando lhe sobrevier a provação. — Parábolas de Jesus, 49, 50. CM 120.6