Conselhos sobre Mordomia

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Capítulo 13 — Apoiado sobre princípios eternos

O sistema do dízimo remonta para além dos dias de Moisés. Requeria-se dos homens que oferecessem dons a Deus com intuitos religiosos, antes mesmo que o sistema definido fosse dado a Moisés — já desde os dias de Adão. Cumprindo o que Deus deles requer, deviam manifestar em ofertas a apreciação das misericórdias e bênçãos a eles concedidas. Isto continuou através de sucessivas gerações, e foi observado por Abraão, que deu dízimos a Melquisedeque, sacerdote do Deus Altíssimo. CM 42.1

O mesmo princípio havia nos dias de Jó. Jacó, quando errante e exilado, destituído de bens, deitou-se à noite em Betel, solitário e tendo por travesseiro uma rocha, prometeu ao Senhor: “De tudo quanto me deres, certamente Te darei o dízimo”. Gênesis 28:22. Deus não obriga os homens a dar. Tudo quanto derem, deve ser voluntário. Não quer ter o Seu tesouro cheio de ofertas dadas de má vontade. — Testemunhos Seletos 1:372. CM 42.2

Paulo reconhece o sistema — Em sua primeira carta à igreja de Corinto, Paulo deu aos crentes instruções referentes a princípios gerais sobre que assenta o sustento da obra de Deus na Terra. Escrevendo a respeito de Seu trabalho apostólico em favor deles, ele interroga: CM 42.3

“Quem jamais milita à sua própria custa? Quem planta a vinha e não come do seu fruto? Ou, quem apascenta o gado e não come do leite do gado? Digo eu isto segundo os homens? Ou não diz a lei também o mesmo? Porque na lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca ao boi que trilha o grão. Porventura tem Deus cuidado dos bois? Ou não o diz certamente por nós? Certamente que por nós está escrito; porque o que lavra deve lavrar com esperança, e o que debulha deve debulhar com esperança de ser participante. CM 42.4

“Se nós vos semeamos as coisas espirituais”, indagou mais o apóstolo, “será muito que de vós recolhamos as carnais? Se outros participam deste poder sobre vós, por que não, mais justamente, nós? Mas nós não usamos deste direito; antes suportamos tudo, para não pormos impedimento algum ao evangelho de Cristo. Não sabeis vós que os que administram o que é sagrado comem do que é do templo? E que os que de contínuo estão junto ao altar, participam do altar? Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho”. 1 Coríntios 9:7-14. CM 42.5

O apóstolo aqui se refere ao plano do Senhor para a manutenção dos sacerdotes que ministravam no templo. Os que eram separados para esse sagrado ofício eram mantidos por seus irmãos, aos quais ministravam bênçãos espirituais. “Os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem, segundo a lei, de tomar o dízimo do povo”. Hebreus 7:5. A tribo de Levi fora escolhida pelo Senhor para os sagrados ofícios relacionados com o templo e o sacerdócio. Do sacerdote foi dito: “O Senhor teu Deus o escolheu [...] para que assista a servir no nome do Senhor”. Deuteronômio 18:5. Um décimo de toda a renda era reclamado pelo Senhor como Lhe pertencendo. [...] CM 43.1

Foi a este plano para sustento do ministério que Paulo se referiu quando disse: “Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho.” E mais tarde, escrevendo a Timóteo, disse o apóstolo: “Digno é o obreiro do seu salário”. 1 Timóteo 5:18. — Atos dos Apóstolos, 335, 336. CM 43.2

As exigências de Deus sobre nós — Deus tem direito sobre nós e tudo o que temos. Seu direito está acima de qualquer outro. E, em reconhecimento desse direito, ordena que Lhe demos uma parte proporcional fixa de tudo o que Ele nos dá. Essa parte específica é o dízimo. Sob a direção do Senhor, foi-Lhe consagrado nos tempos mais remotos. [...] CM 43.3

Ao libertar Deus Israel do Egito para que Lhe fosse especial tesouro, ensinou-lhes que dedicassem o dízimo de suas posses ao serviço do tabernáculo. Era essa uma oferta especial para uma obra especial. Tudo o que restava de sua propriedade era de Deus, e deveria ser usado para a Sua glória. Mas o dízimo foi separado para o sustento dos que ministravam no santuário. Deveria ser dado das primícias de todas as suas rendas, e, juntamente com as dádivas e ofertas, prover abundantes meios para a manutenção do ministério do evangelho para aquele tempo. CM 43.4

Deus não requer menos de nós do que requeria de Seu povo, na antiguidade. Suas dádivas a nós não são menores, mas maiores que as concedidas ao antigo Israel. Seu serviço exige agora, e sempre exigirá, recursos. A grande obra missionária da salvação deve ser levada avante. Com o dízimo e as dádivas e ofertas, Deus fez ampla provisão para essa obra. Deseja que o ministério evangélico seja plenamente suprido. Reclama o dízimo como Seu, e este deve ser sempre considerado uma reserva sagrada, a ser colocada no Seu tesouro para o bem de Sua causa, para o avanço de Sua obra, para enviar Seus mensageiros às partes mais distantes da Terra. CM 43.5

Deus põe Sua mão sobre todas as coisas, tanto sobre os homens como suas posses, pois tudo Lhe pertence. Diz Ele: Eu sou o dono do mundo; Meu é o Universo, e quero que consagreis ao Meu serviço as primícias de tudo o que Eu, com as Minhas bênçãos, faço chegar às vossas mãos. Declara a Palavra de Deus: “As tuas primícias, [...] não retardarás.” “Honra ao Senhor com a tua fazenda, e com as primícias de toda a tua renda.” Exige Ele esse tributo como prova de nossa fidelidade a Ele. CM 43.6

Pertencemos a Deus; somos Seus filhos e filhas — Seus pela criação e Seus pelo dom de Seu Filho unigênito, para a nossa redenção. “Não sois de vós mesmos [...] fostes comprados por bom preço; glorificai pois a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.” A mente, o coração, a vontade, e as afeições pertencem a Deus; do Senhor é o dinheiro que manuseamos. Todo bem que recebemos e desfrutamos resulta da benevolência divina. Deus é o liberal doador de todo bem, e deseja que, da parte de quem recebe, haja reconhecimento dessas dádivas que provêem todas as necessidades do corpo e da alma. Deus só exige o que é Seu. A primeira parte é do Senhor, e deve ser usada como um tesouro que por Ele lhe foi confiado. O coração despido de egoísmo despertará quanto ao senso da bondade e do amor de Deus, e será levado a vivo reconhecimento de Suas justas reivindicações. — The Review and Herald, 8 de Dezembro de 1896. CM 44.1