Conselhos sobre Mordomia

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Capítulo 60 — O pecado de Ananias

O coração de Ananias e o da esposa, foram movidos pelo Espírito Santo a dedicar suas posses a Deus, como seus irmãos o tinham feito. Mas depois de terem feito o voto, recuaram, e determinaram não cumpri-lo. Embora professassem dar tudo, retiveram parte do preço. Haviam praticado fraude para com Deus, haviam mentido ao Espírito Santo, e seu pecado foi visitado, com juízo rápido e terrível. Não somente perderam a vida presente, mas também a vida eterna. CM 187.1

O Senhor viu que essa assinalada manifestação de sua justiça era necessária para impedir que outros incorressem na mesma falta. Testifica isso que os homens não podem enganar a Deus, que Ele descobre o pecado encoberto do coração, e que dEle não se pode escarnecer. Servia isso de advertência à jovem igreja, para levá-la a examinar seus motivos, acautelar-se para não condescender com o egoísmo e a vanglória, acautelar-se para não roubar a Deus. CM 187.2

No caso de Ananias, o pecado de fraude contra Deus foi rapidamente percebido e punido. Esse exemplo do juízo de Deus, visava ser um sinal de perigo a todas as gerações futuras. O mesmo pecado foi freqüentemente repetido na história posterior da igreja, e é cometido por muitos do nosso tempo; mas ainda que não seja visitado com a visível manifestação do desagrado de Deus, não é ele menos nefando agora, à Sua vista, do que no tempo dos apóstolos. Já foi dada a advertência, Deus claramente manifestou Sua aversão a esse pecado, e todos os que seguem idêntico procedimento podem estar certos de que estão destruindo sua própria vida. [...] CM 187.3

Somente quando os motivos cristãos são plenamente reconhecidos e a consciência é despertada para o dever, quando a luz divina faz impressão sobre o coração e o caráter, que o egoísmo é vencido, e o espírito de Cristo é exemplificado. O Espírito Santo, trabalhando no coração e no caráter do homem, expulsará toda a tendência para cobiça, para o procedimento enganoso. [...] CM 187.4

Em algumas ocasiões o Senhor tem decididamente impressionado homens mundanos e egoístas. Sua mente foi iluminada pelo Espírito Santo, seu coração sentiu Sua influência enternecedora e subjugadora. Sob o senso da abundante misericórdia e graça de Deus, sentiram ser seu dever promover Sua causa, desenvolver Seu reino. [...] Sentiram o desejo de ter uma parte no reino de Deus e se comprometeram a dar de seus meios para algum dos vários empreendimentos da causa do Senhor. Tal promessa não foi feita a um homem, mas a Deus, na presença de Seus anjos, que estavam impressionando o coração desses homens egoístas, amantes do dinheiro. CM 187.5

Ao fazerem o voto, foram grandemente abençoados; mas quão depressa mudam os sentimentos quando ficam no terreno comum. Ao esmaecer a impressão imediata do Espírito Santo, ao se tornarem a mente e o coração novamente absorvidos com os negócios mundanos, é para eles mais difícil manter sua consagração e a de sua propriedade ao Senhor. Satanás os assalta com sua tentação: “Fostes insensatos em prometer esse dinheiro, precisais dele para o empregar em vosso negócio, e se pagardes o voto, tereis prejuízo.” CM 188.1

Então eles recuam, murmuram, queixam-se da mensagem do Senhor e de Seus mensageiros. Dizem coisas que não são verdadeiras, pretendendo terem prometido sob emoção, não terem compreendido completamente o assunto, que o caso foi exagerado, que seus sentimentos foram despertados e que isto os levou a fazer o voto. Falam como se as preciosas bênçãos que receberam fossem o resultado de um engano praticado contra eles pelo pastor para conseguir dinheiro. Mudam de idéia e não se sentem na obrigação de pagar seus votos a Deus. Há o mais temível roubo a Deus, sendo feitas fúteis escusas para resistirem e negarem ao Espírito Santo. Alguns alegam haver inconvenientes; dizem precisar de seu dinheiro — para fazer o quê? Para enterrá-lo em casas e terras, em algum plano de fazer dinheiro. Visto o voto ter sido feito com um fim religioso, julgam não poder ser ele exigido por lei, e o amor do dinheiro é tão forte neles que enganam a si mesmos e se atrevem a roubar a Deus. A muitas pessoas se poderia dizer: “Vós não tratais tão mal a nenhum outro amigo.” CM 188.2

Está aumentando o número dos que cometem o pecado de Ananias e de Safira. Os homens não mentem ao homem, mas a Deus, ao desrespeitarem as promessas que o Seu Espírito os moveu a fazer. Porque a sentença contra a obra má não é executada imediatamente como no caso de Ananias e Safira, o coração dos filhos dos homens se inclina completamente a fazer o mal, a lutar contra o Espírito de Deus. Como subsistirão esses homens no juízo? Ousais suportar o resultado final dessa questão? Como subsistireis nas cenas descritas no Apocalipse? “E vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele, de cujo rosto fugiu a Terra e o céu; e não se achou lugar para eles. E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante de Deus; [...] e foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras”. — The Review and Herald, 23 de Maio de 1893. CM 188.3