A Ciência do Bom Viver (condensado)

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Capítulo 14 — No quarto do doente

Os que tratam dos doentes devem compreender a importância da cuidadosa atenção às leis da saúde. Em parte alguma tem mais importância a obediência a estas leis do que no quarto do enfermo. Em caso nenhum a fidelidade às pequenas coisas, da parte dos assistentes, tem maiores conseqüências. Em casos de doença grave, a menor negligência, a mais ligeira falta de atenção às necessidades especiais ou perigos particulares do enfermo, toda a manifestação de temor, agitação ou impaciência, até uma falta de simpatia, pode fazer pender o fiel da balança que oscila entre a vida e a morte, e causar a descida à sepultura de um doente que de outra forma poderia ter sido curado. CBVc 84.1

A eficiência da enfermeira depende em grande parte do seu vigor físico. Quanto mais saudável, robusta, tanto mais estará apta a suportar a fadiga no tratamento do enfermo e a cumprir com bom êxito os seus deveres. Os que cuidam dos doentes devem prestar particular atenção ao regime alimentar, limpeza, ar puro e exercício. Precauções especiais da parte da família lhe permitirão também suportar as fadigas suplementares trazidas sobre ela e a auxiliar a evitar o contágio da doença. CBVc 84.2

Quando a doença é grave e exige dia e noite a presença da enfermeira, o trabalho deve ser partilhado ao menos por duas enfermeiras competentes, de forma que cada uma tenha a oportunidade de descansar e de fazer exercício ao ar livre. Isso é particularmente importante nos casos em que seja difícil assegurar abundância de ar puro no quarto do doente. Devido à falta de conhecimento da importância do ar puro, limita-se por vezes a ventilação, ficando com freqüência em perigo a vida do doente, como a dos que o tratam. CBVc 84.3

Se forem observadas precauções convenientes, não há necessidade de que doenças não contagiosas sejam contraídas por outros. Que os hábitos sejam corrigidos, e pelo asseio e ventilação conveniente guarde-se o quarto do doente livre de elementos venenosos. Em tais condições, o enfermo tem muito mais probabilidades de cura, e na maior parte dos casos tanto as enfermeiras como os membros da família estarão ao abrigo do contágio da doença. CBVc 84.4

Luz solar, ventilação e temperatura — Para assegurar ao doente as mais favoráveis condições de cura, o quarto que ocupa deve ser amplo, iluminado e alegre, com os meios para uma ventilação perfeita. Escolher-se-á para quarto do enfermo o aposento da casa que melhor satisfaça esses requisitos. Muitas casas não oferecem condições para conveniente ventilação e é difícil consegui-la; mas tentem-se os possíveis esforços para permitir que o quarto do doente seja atravessado dia e noite por uma corrente de ar puro. Quanto possível deve manter-se uma temperatura igual. Para o efeito consulte-se o termômetro. Os que tratam do doente, sendo muitas vezes privados de sono ou despertados durante a noite para atender o paciente, são suscetíveis ao frio, e não serão bons juízes de uma temperatura saudável. CBVc 84.5

Dieta — Parte importante dos deveres da enfermeira é o cuidado com a dieta do paciente. Não se permita que o doente sofra ou enfraqueça por falta de alimento, nem carregue em excesso os enfraquecidos órgãos da digestão. Tenha-se cuidado em preparar e servir comida agradável ao paladar, mas usando um sábio critério em a adaptar, tanto em quantidade como em qualidade, às necessidades do paciente. Em particular durante o tempo da convalescença, em que o apetite é vivo e os órgãos digestivos não recuperaram ainda suas forças, há grande perigo de prejuízo devido a erros de dieta. CBVc 85.1

Deveres dos assistentes — As enfermeiras, e as pessoas que entram no quarto do doente, devem se dominar, ser calmas e animosas. Evite-se toda pressa, nervosismo ou confusão. As portas devem ser abertas e fechadas sem ruído e toda a casa deve estar tranqüila. Em casos de febre, necessita-se de especial atenção ao vir a crise e a febre estar baixando. É muitas vezes necessária uma constante vigilância. A ignorância, esquecimento e negligência causaram a morte de muitas pessoas que teriam vivido se houvessem recebido cuidado de uma enfermeira judiciosa e inteligente o devido cuidado. CBVc 85.2

As visitas aos doentes — É uma bondade mal dirigida, uma falsa idéia de cortesia, que leva a visitar muito os enfermos. Os doentes que se encontram muito mal não devem receber visitas. A agitação que acompanha a recepção dos visitantes fatiga o enfermo numa ocasião em que tem a máxima necessidade de repouso e tranqüilidade. CBVc 85.3

Para o convalescente ou paciente que sofre de doença crônica constitui por vezes um prazer e um benefício saber que é lembrado com afeto; mas esta certeza transmitida por uma mensagem de simpatia ou por alguma pequena lembrança surtirão geralmente melhor efeito do que uma visita pessoal, e sem perigo de dano. CBVc 85.4

A enfermagem em instituições — Em sanatórios e hospitais, onde as enfermeiras estão em relações constantes com grande número de doentes, requer-se um esforço decidido para se manterem sempre de bom humor e alegres, e manifestarem uma consideração inteligente em cada palavra e em cada ato. Nessas instituições é da máxima importância que as enfermeiras se esforcem por desempenhar seu trabalho com sabedoria e acerto. Necessitam lembrar-se constantemente de que no cumprimento dos seus deveres cotidianos estão servindo a Jesus Cristo. CBVc 85.5

Os doentes têm necessidade de que se lhes digam sábias palavras. As enfermeiras devem estudar a Bíblia diariamente, para que se possam habilitar a pronunciar palavras que iluminem e auxiliem o sofredor. Os anjos de Deus estão nos quartos onde tais doentes são tratados, e a atmosfera que rodeia a alma de quem dá o tratamento será pura e fragrante. Médicos e enfermeiras devem nutrir os princípios de Cristo. Suas virtudes se devem manifestar na vida dos mesmos. Então, mediante o que dizem e fazem, atrairão o doente ao Salvador. CBVc 86.1

Enquanto aplica o tratamento para restauração da saúde, a enfermeira cristã, de maneira agradável e com êxito, atrairá o espírito do paciente para Cristo, o médico da alma da mesma maneira que do corpo. Os pensamentos apresentados, um pouco aqui, um pouco ali, exercerão sua influência. As enfermeiras de mais idade não deverão perder ensejo favorável de chamar a atenção do doente para Cristo. Elas devem estar sempre preparadas para misturar a cura espiritual com a física. CBVc 86.2

Pela maneira mais bondosa e terna, cumpre às enfermeiras ensinar que aquele que se quer curar precisa deixar de transgredir a Lei de Deus. Necessita deixar de preferir uma vida de pecado. Deus não pode abençoar aquele que continua a trazer sobre si mesmo doença e sofrimento por uma voluntária violação das leis do Céu. Mas Cristo, mediante o Espírito Santo, vem, como um poder que cura, aos que deixam de fazer o mal e aprendem a praticar o bem. CBVc 86.3

Os que não possuem nenhum amor para com Deus hão de agir continuamente contra os melhores interesses da alma e do corpo. Mas os que despertam para a importância de viver em obediência a Deus neste mundo mau de agora serão voluntários em se apartar de todo hábito errôneo. Reconhecimento e amor lhes encherá o coração. Sabem que Cristo é seu amigo. Em muitos casos, a compreensão de possuir um tal amigo significa para os sofredores mais, em seu restabelecimento da doença, do que o melhor tratamento que se lhe possa aplicar. Mas ambos os ramos de ministério são essenciais. Devem andar de mãos dadas. CBVc 86.4