Atos Dos Apóstolos

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Capítulo 25 — As Cartas aos Tessalonicenses

A chegada de Silas e Timóteo, vindos da Macedônia enquanto Paulo se encontrava em Corinto, alegrara muito ao apóstolo. Trouxera-lhe “boas notícias” da “fé e caridade” dos que haviam aceitado a verdade durante a primeira visita dos mensageiros evangélicos a Tessalônica. O coração de Paulo se comoveu com a mais terna simpatia para com esses crentes que, em meio às provações e adversidades, se haviam mantido fiéis a Deus. Desejou muito visitá-los pessoalmente; como, porém, isto fosse impossível então, escreveu-lhes. AA 136.1

Nesta carta à igreja de Tessalônica, o apóstolo expressa sua gratidão a Deus pelas alegres novas do progresso por eles alcançado na fé. “Irmãos”, escreveu, “ficamos consolados acerca de vós, em toda a nossa aflição e necessidade, pela vossa fé, porque agora vivemos, se estais firmes no Senhor. Porque, que ação de graças poderemos dar a Deus por vós, por todo o gozo com que nos regozijamos por vossa causa diante do nosso Deus, orando abundantemente dia e noite, para que possamos ver o vosso rosto, e supramos o que falta à vossa fé? AA 136.2

“Sempre damos graças a Deus por vós todos, fazendo menção de vós em nossas orações, lembrando-nos sem cessar da obra da vossa fé, do trabalho da caridade, e da paciência da esperança em nosso Senhor Jesus Cristo, diante de nosso Deus e Pai” (1Ts 1:2, 3). AA 136.3

Muitos dos crentes de Tessalônica haviam-se convertido dos ídolos a Deus, “para servir ao Deus vivo e verdadeiro”. Eles haviam recebido “a palavra em muita tribulação”; e seu coração estava cheio do “gozo do Espírito Santo”. O apóstolo declarou que em sua fidelidade em seguir ao Senhor, haviam eles sido “exemplo para todos os fiéis na Macedônia e Acaia”. Essas palavras de louvor não eram imerecidas; “porque por vós”, escreveu ele, “soou a Palavra do Senhor, não somente na Macedônia e Acaia, mas também em todos os lugares a vossa fé para com Deus se espalhou” (1Ts 1:6-8). AA 136.4

Os crentes de Tessalônica eram verdadeiros missionários. Seu coração estava inflamado de zelo pelo seu Salvador, que os livrara do temor da “ira futura” (1Ts 1:10). Mediante a graça de Cristo, operara-se-lhes na vida uma transformação maravilhosa; e a Palavra do Senhor, pregada por eles, era acompanhada de poder. Por intermédio das verdades apresentadas, corações foram ganhos e almas acrescentadas ao número dos crentes. AA 136.5

Nesta primeira epístola Paulo se referiu a sua maneira de trabalhar entre os tessalonicenses. Declarou que não tinha procurado ganhar conversos mediante engano ou fraude. “Mas, como fomos aprovados de Deus para que o evangelho nos fosse confiado, assim falamos, não como para agradar aos homens, mas a Deus, que prova os nossos corações. Porque, como bem sabeis, nunca usamos de palavras lisonjeiras, nem houve um pretexto de avareza; Deus é testemunha; e não buscamos glória dos homens, nem de vós, nem de outros, ainda que podíamos, como apóstolos de Cristo, ser-vos pesados. Antes fomos brandos entre vós, como a ama que cria seus filhos. Assim nós, sendo-vos tão afeiçoados, de boa vontade quiséramos comunicar-vos, não somente o evangelho de Deus, mas ainda as nossas próprias almas; porquanto nos éreis muito queridos” (1Ts 2:4-8). AA 136.6

“Vós e Deus sois testemunhas”, continuou o apóstolo, “de quão santa, e justa, e irrepreensivelmente nos houvemos para convosco, os que crestes. Assim como bem sabeis de que modo vos exortávamos e consolávamos, a cada um de vós, como o pai a seus filhos; para que vos conduzísseis dignamente para com Deus, que vos chama para o Seu reino e glória. AA 137.1

“Pelo que também damos sem cessar graças a Deus, pois, havendo recebido de nós a palavra da pregação de Deus, a recebestes, não como palavra de homens, mas (segundo é, na verdade), como palavra de Deus, a qual também opera em vós, os que crestes” (1Ts 2:10). “Qual é a nossa esperança, ou gozo, ou coroa de glória? Porventura não o sois vós também diante de nosso Senhor Jesus Cristo em Sua vinda? Na verdade vós sois a nossa glória e gozo” (1Ts 2:19, 20). AA 137.2

Em sua primeira epístola aos crentes de Tessalônica, Paulo procurou instruí-los sobre o verdadeiro estado dos mortos. Falou dos que morrem como estando dormindo - em estado de inconsciência: “Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança. Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com Ele. ... Porque o mesmo Senhor descerá do Céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor” (1Ts 4:13-17). AA 137.3

Os tessalonicenses tinham-se apegado com avidez à idéia de que Cristo havia de vir para transformar os fiéis que estivessem vivos, levando-os com Ele. Haviam cuidadosamente guardado a vida de seus amigos, para que não morressem e perdessem assim a bênção que eles aguardavam, do encontro com o Salvador prestes a voltar. Porém um após outro, foram seus amados separados deles. Com angústia, os tessalonicenses tinham contemplado pela última vez o rosto de seus mortos, quase não ousando esperar encontrá-los na vida futura. AA 137.4

Ao ser a epístola de Paulo aberta e lida, grande alegria e consolação foi levada à igreja pelas palavras que revelavam o verdadeiro estado dos mortos. Paulo mostrava que os que estivessem vivos quando Cristo voltasse não iriam ao encontro do seu Senhor precedendo aos que tinham sido morrido em Jesus. A voz do Arcanjo e a trombeta de Deus alcançariam os que estivessem dormindo, e os mortos em Cristo ressuscitariam primeiro, antes que o toque de imortalidade fosse dado aos vivos. “Depois nós, os que ficarmos vivos seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras” (1Ts 4:17, 18). AA 137.5

A esperança e alegria que esta afirmação levou à jovem igreja de Tessalônica mal pode ser por nós apreciada. Eles creram na carta que lhes foi enviada por seu pai no evangelho, apreciaram-na e seu coração se comoveu de amor por Paulo. Ele lhes havia falado antes dessas coisas; mas nesse tempo a mente deles tinha dificuldade em compreender doutrinas que pareciam novas e estranhas, e não surpreende que a força de alguns pontos não lhes tivesse ficado vividamente impressa na mente. Mas eles estavam famintos da verdade, e a epístola de Paulo deu-lhes nova esperança e alento, e mais firme fé em Cristo, e mais profunda afeição por Aquele que por intermédio de Sua morte tinha trazido à luz vida e imortalidade. AA 138.1

Agora eles se regozijavam em saber que seus amigos crentes haveriam de ressuscitar da sepultura, a fim de viver para sempre no reino de Deus. As trevas que tinham envolvido o lugar de repouso dos mortos fora dispersada. Um novo esplendor coroava a fé cristã, e eles viram uma nova glória na vida, morte e ressurreição de Cristo. AA 138.2

“Aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com Ele”, escreveu Paulo. Muitos dão a esta passagem a interpretação de que os que dormem serão trazidos com Cristo do Céu; mas Paulo queria dizer que como Cristo ressuscitou dos mortos, assim Deus chamará de suas sepulturas os santos que dormem e os levará consigo para o Céu. Preciosa consolação! Gloriosa esperança! não apenas para a igreja de Tessalônica, mas para todos os cristãos onde quer que estejam. AA 138.3

Enquanto trabalhava em Tessalônica, Paulo tratou tão amplamente do assunto dos sinais dos tempos, mostrando quais os acontecimentos que ocorreriam antes da revelação do Filho do homem nas nuvens do céu, que ele não julgava necessário escrever circunstanciadamente sobre este assunto. Entretanto, especificamente se referiu ao que havia ensinado anteriormente: “Acerca dos tempos e das estações, não necessitais de que se vos escreva”, disse ele. “Porque vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; pois que, quando disserem: Há paz e segurança; então lhes sobrevirá repentina destruição” (1Ts 5:1-3). AA 138.4

Muitos há no mundo hoje que fecham os olhos às evidências dadas por Cristo para advertir os homens sobre Sua vinda. Buscam aquietar toda a apreensão, ao mesmo tempo em que os sinais do fim se cumprem rapidamente e o mundo se apressa em direção ao tempo em que o Filho do homem Se revelará nas nuvens do céu. Paulo ensina ser pecaminoso mostrar-se indiferente aos sinais que devem preceder à segunda vinda de Cristo. Aos culpados desta negligência chama ele filhos da noite e das trevas. Ao vigilante e atento anima ele com estas palavras: “Mas vós, irmãos, já não estais em trevas, para que aquele dia vos surpreenda como um ladrão. Porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite nem das trevas. Não durmamos pois, como os demais, mas vigiemos, e sejamos sóbrios” (1Ts 5:4-6). AA 138.5

Especialmente importante para a igreja em nosso tempo são os ensinamentos do apóstolo sobre este ponto. Para os que vivem tão próximo da grande consumação, as palavras de Paulo devem ter eloqüente força: “Mas nós, que somos do dia, sejamos sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé e da caridade, e tendo por capacete a esperança da salvação. Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo, que morreu por nós, para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos juntamente com Ele” (1Ts 5:8-10). AA 138.6

Cristão alerta é o cristão que trabalha, buscando zelosamente fazer tudo que está em suas forças para o avançamento do evangelho. À proporção que aumenta o seu amor pelo Redentor, também aumenta por seus semelhantes. Como seu Mestre, experimenta ele severas provas, mas não permite que a aflição lhe irrite o temperamento ou destrua a paz de espírito. Sabe que as provações, se bem aceitas, o refinarão e purificarão, pondo-o em íntima comunhão com Cristo. Os que são participantes das aflições de Cristo também participarão de Sua consolação e por fim de Sua glória. AA 139.1

“E rogamo-vos irmãos”, continua Paulo em sua carta aos tessalonicenses, “que reconheçais os que trabalham entre vós e que presidem sobre vós no Senhor, e vos admoestam; e que os tenhais em grande estima e amor, por causa da sua obra. Tende paz entre vós” (1Ts 5:12, 13). AA 139.2

Os crentes de Tessalônica foram muito incomodados por homens que chegaram ao seu meio com opiniões e doutrinas fanáticas. Alguns andavam “desordenadamente, não trabalhando, ... fazendo coisas vãs”.2Ts 3:11. A igreja havia sido devidamente organizada, e seus oficiais tinham sido designados, a fim de agirem como pastores e diáconos. Por que havia alguns rebeldes e impetuosos, que recusavam sujeitar-se aos que exerciam os cargos de autoridade na igreja. Não somente se arrogavam o direito de exercer o juízo pessoal mas o de impor publicamente suas opiniões à igreja. Em vista disto, Paulo chamou a atenção dos tessalonicenses para o respeito e a consideração devidos aos que haviam sido escolhidos para ocupar os cargos de autoridade na igreja. AA 139.3

Em sua ansiedade para que os crentes de Tessalônica andassem no temor de Deus, o apóstolo suplicava-lhes que revelassem na vida diária a piedade prática. “Finalmente, irmãos, escreveu, vos rogamos e exortamos no Senhor Jesus, que, assim como recebestes de nós, de que maneira convém andar e agradar a Deus, assim andai, para que abundeis cada vez mais. Porque vós bem sabeis que mandamentos vos temos dado pelo Senhor Jesus. Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação: que vos abstenhais da prostituição” (1Ts 4:3). “Porque não nos chamou Deus para a imundícia, mas para a santificação” (1Ts 4:7). AA 139.4

O apóstolo [Paulo] sentia-se responsável em grande medida pelo bem-estar espiritual dos que se convertiam por seus labores. Seu desejo era que crescessem no conhecimento do único verdadeiro Deus, e de Jesus Cristo, a quem Ele enviou. Não raro, em seu ministério, reunia-se ele com pequenos grupos de homens e mulheres que amavam a Jesus, inclinando-se com eles em oração, pedindo a Deus para lhes ensinar como se manterem em íntima comunhão com Ele. Muitas vezes tomava conselho com eles sobre os melhores métodos de dar a outros a luz da verdade evangélica. Muitas vezes, quando separados daqueles por quem assim havia trabalhado, suplicava a Deus para que os guardasse do mal, e os ajudasse a se manterem como missionários ativos e fervorosos. AA 139.5

Uma das mais fortes evidências da verdadeira conversão é o amor a Deus e ao homem. Os que aceitam a Jesus como seu Redentor, têm amor sincero e profundo por outros de fé semelhantemente preciosa. Assim foi com os crentes de Tessalônica. “Quanto, porém, à caridade fraternal”, escreveu o apóstolo, “não necessitais de que vos escreva, visto que vós mesmos estais instruídos por Deus que vos ameis uns aos outros. Porque também já assim o fazeis para com todos os irmãos que estão por toda a Macedônia. Exortamo-vos, porém, a que ainda nisto abundeis cada vez mais, e procureis viver quietos, e tratar dos vossos próprios negócios, e trabalhar com vossas próprias mãos, como já vo-lo temos mandado; para que andeis honestamente para com os que estão de fora, e não necessiteis de coisa alguma” (1Ts 4:9-12). AA 139.6

“E o Senhor vos aumente e faça crescer em caridade uns para com os outros e para com todos, como também nós para convosco; para confortar o vosso coração, para que sejais irrepreensíveis em santidade de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, com todos os Seus santos” (1Ts 3:12, 13). AA 140.1

“Rogamo-vos também, irmãos, que admoesteis os desordeiros, consoleis os de pouco ânimo, sustenteis os fracos, e sejais pacientes para com todos. Vede que ninguém dê a outrem mal por mal, mas segui sempre o bem, tanto uns para com os outros, como para com todos. Regozijai-vos sempre. Orai sem cessar. Em tudo dai graças; porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco” (1Ts 5:14-18). AA 140.2

O apóstolo advertiu os tessalonicenses a não desprezarem o dom de profecia, e nas palavras, “não extingais o Espírito; não desprezeis as profecias; examinai tudo. Retende o bem”, ele ordenou uma cuidadosa discriminação entre o falso e o verdadeiro. Suplica-lhes que se abstenham “de toda a aparência do mal”; e conclui sua carta com uma oração para que Deus os santifique em tudo, para que em “espírito, e alma, e corpo”, fossem “plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama”, acrescentou, “o qual também o fará” (1Ts 5:19-24). AA 140.3

As instruções que Paulo enviou aos tessalonicenses em sua primeira epístola com respeito à segunda vinda de Cristo, estavam em perfeita harmonia com seu ensino anterior. No entanto suas palavras foram malcompreendidas por alguns dos irmãos tessalonicenses. Compreenderam eles que ele havia expressado a esperança de que ele próprio estaria vivo para testemunhar o advento do Salvador. Esta crença serviu para aumentar-lhes o interesse e o entusiasmo. Os que antes haviam negligenciado suas responsabilidades e deveres, agora se tornaram mais persistentes em insistir em seus errôneos pontos de vista. AA 140.4

Em sua segunda carta Paulo procurou corrigir a má interpretação de seu ensino, e expor perante eles sua verdadeira posição. De novo expressou sua confiança na integridade deles, e gratidão por sua firme fé, e pelo abundante amor de uns para com outros, bem como para com a causa do Mestre. Disse-lhes que os apresentava às outras igrejas como exemplo de paciente, perseverante fé que valorosamente suporta perseguição e tribulação, e dirigia-lhes o pensamento para o tempo da segunda vinda de Cristo, quando o povo de Deus descansaria de seus cuidados e perplexidades. AA 140.5

“Nós mesmos”, escreveu ele, “nos gloriamos de vós nas igrejas de Deus por causa da vossa paciência e fé, e em todas as vossas perseguições e aflições que suportais ... e a vós, que sois atribulados, descanso conosco; quando Se manifestar o Senhor Jesus desde o Céu com os anjos do Seu poder, como labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo; os quais por castigo padecerão eterna perdição, ante a face do Senhor e a glória do Seu poder... pelo que também rogamos sempre por vós, para que o nosso Deus vos faça dignos da Sua vocação, e cumpra todo o desejo da Sua bondade, e a obra da fé com poder; para que o nome de nosso Senhor Jesus Cristo seja em vós glorificado, e vós nEle, segundo a graça de nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo” (2Ts 1:4-8). AA 140.6

Mas antes da vinda de Cristo deviam ocorrer importantes desenvolvimentos no mundo religioso, preditos em profecias. O apóstolo declarou: “Não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto. Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição; o qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus” (2Ts 2:2-4). AA 141.1

As palavras de Paulo não deviam ser mal-interpretadas. Não pretendiam elas ensinar que ele, por especial revelação, tivesse advertido os tessalonicenses da imediata vinda de Cristo. Tal posição causaria confusão de fé; pois o desapontamento muitas vezes leva à incredulidade. O apóstolo, pois, advertia os irmãos a não receberem tal mensagem como vinda de sua parte; e prosseguia dando ênfase ao fato de que o poder papal, tão claramente descrito pelo profeta Daniel, devia ainda levantar-se, e fazer guerra contra o povo de Deus. Até que este poder tivesse realizado sua obra mortal e blasfema, seria em vão a igreja esperar pela vinda do Senhor. “Não vos lembrais”, interrogava Paulo, “de que estas coisas vos dizia quando ainda estava convosco” (2Ts 2:5). AA 141.2

Terríveis eram as provas que deviam alcançar a igreja verdadeira. Mesmo no tempo em que o apóstolo estava escrevendo, já “o mistério da injustiça” começara a operar. O desenvolver dos acontecimentos a ocorrer no futuro devia ser segundo a eficácia de Satanás “com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça para os que perecem” (2Ts 2:7, 9, 10). AA 141.3

Especialmente solene é a afirmação do apóstolo com respeito aos que se recusariam a receber “o amor da verdade”. “E por isso”, declarou ele a respeito de todos os que deliberadamente rejeitam a mensagem da verdade, “Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira; para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniqüidade” (2Ts 2:10-12). Os homens não podem rejeitar impunemente as advertências que Deus em Sua misericórdia lhes envia. Deus retira Seu Espírito dos que persistem em desprezar essas advertências, deixando-os na dependência do engano que amam. AA 141.4

Assim esboçou Paulo a malfadada obra desse poder do mal que devia continuar através dos longos séculos de trevas e perseguição, antes da segunda vinda de Cristo. Os crentes de Tessalônica tinham esperado por libertação imediata; agora eram admoestados a assumir corajosamente e no temor de Deus, a obra que estava diante deles. O apóstolo mandou que não negligenciassem seus deveres nem se resignassem à expectativa inútil. Depois de sua ardente expectativa de imediato livramento, a rotina da vida diária e a oposição que teriam de enfrentar pareceriam duplamente desalentadoras; portanto, ele os exortava a permanecerem firmes na fé: AA 141.5

“Estai firmes e retende as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa. E o próprio nosso Senhor Jesus Cristo, nosso Deus e Pai, que nos amou, e em graça nos deu uma eterna consolação e boa esperança, console os vossos corações, e vos conforte em toda a boa palavra e obra” (2Ts 2:15-17). “Mas fiel é o Senhor, que vos confortará, e guardará do maligno. E confiamos de vós no Senhor que não só fazeis, como fareis o que vos mandamos. Ora o Senhor encaminhe os vossos corações na caridade de Deus, e na paciência de Cristo” (2Ts 3:5). AA 142.1

A obra dos crentes fora-lhes dada por Deus. Por seu fiel apego à verdade deviam eles dar a outros a luz que haviam recebido. O apóstolo os encorajou a não se cansarem de fazer o bem, e apontou-lhes seu próprio exemplo de diligência em assuntos temporais mesmo enquanto trabalhava com incansável zelo na causa de Cristo. Reprovou os que se haviam entregue ao despertamento irrazoável e sem objetivo, e mandou que estes “trabalhando com sossego” comessem “o seu próprio pão” (2Ts 3:12). AA 142.2

Também ordenou à igreja que separasse de sua comunhão qualquer pessoa que persistisse em desrespeitar as instruções dadas pelos ministros de Deus. “Todavia”, acrescentou, “não o tenhais como inimigo, mas admoestai-o como irmão” (2Ts 3:15). AA 142.3

Também esta epístola Paulo conclui com uma oração, para que em meio às provações e lutas da vida, a paz de Deus e a graça do Senhor Jesus Cristo pudessem ser-lhes a consolação e arrimo. AA 142.4