Obreiros Evangélicos

90/245

O ministério pessoal

Há na obra de muitos ministros demasiados sermões, e bem pouco do verdadeiro trabalho de coração para coração. Há necessidade de mais trabalho individual pelas almas. Em simpatia cristã, o ministro se deve aproximar individual e intimamente dos homens, buscando despertar-lhes o interesse nas grandes coisas concernentes à vida eterna. Seu coração poderá ser tão duro como as batidas estradas e, aparentemente, talvez seja um esforço inútil apresentar-lhes o Salvador; mas, ao passo que a lógica pode falhar em demovê-los, os argumentos serem impotentes para os convencer, o amor de Cristo, revelado no ministério pessoal, pode abrandar o coração empedernido, de maneira que a semente da verdade venha a criar raízes. OE 185.1

O ministério significa muito mais do que fazer sermões; importa em fervoroso trabalho pessoal. A igreja na Terra compõe-se de homens e mulheres errantes que necessitam de paciente, esforçado labor, para que se exercitem e disciplinem em trabalhar de maneira aceitável nesta vida e, na futura, sejam coroados de glória e imortalidade. Necessitam-se pastores — pastores fiéis — que não lisonjeiem o povo de Deus, nem o tratem asperamente, mas que o alimentem com o pão da vida — homens que sintam diariamente em sua própria vida o poder transformador do Espírito Santo, e que nutram forte e abnegado amor àqueles com quem trabalham. OE 185.2

É uma obra que requer tato, a que se oferece ao subpastor quando tem de enfrentar afastamento, amargura, inveja e ciúme na igreja; e ser-lhe-á preciso trabalhar no espírito de Cristo a fim de estabelecer a ordem. São necessárias fiéis advertências, repreensões ao pecado, reparações de agravos, tanto pela obra do ministro no púlpito, como pelo seu trabalho pessoal. O coração transviado pode objetar à mensagem, e o servo de Deus ser mal julgado e criticado. Lembre-se ele então de que “a sabedoria que do alto vem é, primeiramente, pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia. Ora, o fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz”. Tiago 3:17, 18. OE 185.3

A obra do ministro evangélico é “demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus”. Efésios 3:9. Se uma pessoa que entra para esta obra escolhe a parte que exige menos sacrifício, contentando-se com pregar, e deixando a obra do ministério pessoal para ser feita por alguma outra pessoa, seus serviços não serão aceitáveis diante de Deus. Almas por quem Cristo morreu estão perecendo à míngua de bem dirigido trabalho pessoal; e errou sua vocação aquele que, havendo entrado para o ministério, não está disposto a fazer a obra pessoal que o cuidado do rebanho exige. OE 186.1

O ministro deve instar a tempo e fora de tempo, estar pronto a aproveitar toda oportunidade para fazer avançar a obra de Deus. “Instar a tempo” é estar alerta quanto aos privilégios da casa e hora de culto, e às ocasiões em que os homens estão conversando sobre religião. E “fora de tempo” é estar pronto, quando no lar, no campo, de viagem ou nos negócios, a encaminhar habilmente o espírito dos homens aos grandes temas das Escrituras, fazendo-os sentir com espírito brando e fervoroso, as reivindicações de Deus. Muitas, muitas dessas oportunidades se deixam escapar desaproveitadas, porque os homens estão persuadidos de que é fora de tempo. Mas, quem sabe qual será o resultado de um sábio apelo dirigido à consciência? Está escrito: “Pela manhã semeia a tua semente, e à tarde não retires a tua mão, porque tu não sabes qual prosperará: se esta, se aquela, ou se ambas igualmente serão boas.” Eclesiastes 11:6. Aquele que está semeando a semente da verdade pode andar com o coração cheio de cuidados e por vezes, seus esforços podem parecer infrutíferos. Mas, se é fiel, há de ver os frutos de seu labor; pois Deus declara: “Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará sem dúvida com alegria, trazendo consigo os seus molhos.” Salmos 126:6. OE 186.2