Obreiros Evangélicos
Sugestões práticas
Discursos Formais — Alguns pastores organizam todas as minúcias com tanta exatidão, no preparo de seus discursos, que não deixam margem alguma ao Senhor para lhes dirigir a mente. Cada ponto é fixado, estereotipado, por assim dizer, e eles parecem incapazes de se afastar do plano estabelecido. Isso é um erro grave e, se seguido, fará com que os pastores fiquem estreitos de espírito, e os deixará tão destituídos de vida espiritual e energia, como os montes de Gilboa de orvalho e chuva. OE 165.1
Quando um ministro sente que não pode variar a maneira habitual de um discurso, o efeito é pouco mais do que o de um sermão lido. Discursos sem vida, formais, pouco encerram do poder vitalizante do Espírito Santo; e o hábito de pregar assim há de com efeito destruir a utilidade de um ministro, bem como sua capacidade. OE 165.2
Deus quer que Seus obreiros nEle confiem inteiramente. Devem escutar, para ouvir o que diz o Senhor, perguntando: Qual é a Tua palavra para o povo? Seu coração deve estar aberto, de maneira que Deus lhes possa impressionar o espírito, e então estarão habilitados a comunicar ao povo a verdade que acabam de receber do Céu. O Espírito Santo lhes dará idéias de molde a satisfazer às necessidades dos presentes. OE 165.3
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Reverência — Tenho ouvido alguns ministros falarem acerca da vida e ensinos de Cristo de maneira comum, como se estivessem relatando incidentes da vida de algum grande homem do mundo. Efetivamente, não é raro que ministros falem de Cristo como se fora um homem como eles próprios. Quando ouço esse sagrado tema tratado de modo tal, sinto inexprimível desgosto; pois sei que se bem que esses homens sejam mestres da verdade, nunca tiveram uma exaltada visão de Cristo; nunca estiveram familiarizados com Ele. Não possuem aquela elevação de pensamentos que lhes facultaria uma clara concepção do caráter do Redentor do mundo. OE 165.4
Os que possuem a devida visão do caráter e obra de Cristo, não confiarão nos próprios méritos, nem serão presunçosos. A fraqueza e ineficácia de seus esforços, em comparação com os do Filho de Deus, conservá-los-ão humildes, sem confiar no próprio eu, levando-os a contar com Cristo quanto a forças para realizar sua obra. Fixar os olhos sempre em Cristo e em Seus méritos, inteiramente suficientes, aumenta a fé, aviva a faculdade do discernimento espiritual, avigora o desejo de se assemelhar a Ele, e traz à oração um fervor que a torna eficaz. OE 166.1
Anedotas Inoportunas — Os pastores não se devem habituar a relatar anedotas inoportunas em conexão com seus sermões; pois isso redunda em detrimento da força da verdade presente. A narração de anedotas ou incidentes que produzem hilaridade, ou um pensamento frívolo no espírito dos ouvintes, é severamente censurável. A verdade deve ser revestida de linguagem casta e digna; e as ilustrações empregadas precisam ser do mesmo caráter. OE 166.2
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Como Vencer a Falta de Atenção — Muitas vezes o ministro é forçado a pregar numa sala apinhada, onde o calor é excessivo. Os ouvintes se tornam sonolentos, os sentidos adormecidos, e é-lhes quase impossível apreender as verdades apresentadas. OE 166.3
Se, em lugar de lhes pregar, o orador tentasse ensiná-los, falar-lhes em tom de palestra, e dirigir-lhes perguntas, sua mente seria ativada, e seriam capazes de compreender mais claramente as palavras proferidas. OE 167.1
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Congregações Pequenas — Não desanimeis quando houver apenas poucas pessoas presentes para ouvir a pregação. Mesmo que tenhais apenas duas ou três pessoas, quem sabe se não haverá uma com quem o Espírito do Senhor está lutando? O Senhor vos poderá dar uma mensagem para essa alma, e ela, se convertida, talvez seja o instrumento para chegar a outros. Sem que o saibais, os resultados de vosso labor poderão ser mil vezes multiplicados. OE 167.2
Não olheis aos assentos vazios, deixando vossa fé e coragem desfalecerem. Pensai, porém, no que Deus está fazendo para levar Sua verdade ao mundo. Lembrai-vos de que estais cooperando com agentes divinos — agentes que não falham nunca. Falai com tanto fervor, com tanta fé e interesse, como se houvesse milhares presentes para escutar vossa voz. OE 167.3
Certo ministro foi a sua igreja, para pregar, numa manhã chuvosa, e viu que tinha por auditório um único homem. Não queria, no entanto, decepcionar esse ouvinte, e pregou para ele com zelo e interesse. Em resultado, o homem se converteu, e tornou-se missionário, e mediante seus esforços milhares ouviram as boas novas de salvação. OE 167.4
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Sermões Curtos — Que a mensagem para este tempo não seja apresentada em discursos longos e elaborados, mas em palestras breves e incisivas, isto é, que vão diretamente ao ponto. Sermões prolongados fatigam a resistência do orador e a paciência dos ouvintes. Se o pregador é daqueles que sentem a importância de sua mensagem, precisa ser especialmente cuidadoso para que não sobrecarregue suas energias físicas, e dê ao povo mais do que pode reter. OE 167.5
Não penseis, depois de haverdes apresentado uma vez um assunto, que vossos ouvintes vão conservar na memória tudo quanto apresentastes. Há perigo em passar muito rapidamente de um a outro ponto. Dai lições curtas, em linguagem clara e simples, e repeti-as muitas vezes. Os sermões curtos serão muito mais lembrados do que os longos. Aqueles que falam devem lembrar que os assuntos que estão apresentando talvez sejam novos para alguns dos ouvintes; portanto, os pontos principais devem ser repassados uma e outra vez. OE 168.1
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Sem Rodeios — Muitos oradores perdem o tempo e as energias em longos preliminares e desculpas. Alguns gastam cerca de meia hora em apresentar escusas; assim se perde o tempo e, quando chegam ao assunto e procuram firmar os pontos da verdade no espírito dos ouvintes, estes se acham fatigados e não lhes podem sentir a força. OE 168.2
Em lugar de se escusar por ter de se dirigir ao povo, o ministro deve começar como quem sabe que está apresentando uma mensagem de Deus. Cumpre-lhe tornar tão distintos os pontos essenciais da verdade, como os marcos miliários, de maneira que o povo os não deixe de ver. OE 168.3
O tempo é freqüentemente desperdiçado em explicar pontos que na verdade não são importantes, e seriam aceitos sem a apresentação de provas. Os pontos vitais, porém, devem ser tornados tão claros e impressivos quanto o permitam a linguagem e as provas. OE 168.4
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Concentração — Alguns têm cultivado o hábito de demasiada concentração. A faculdade de fixar a mente num assunto com exclusão de todos os demais, é boa até certo ponto, mas os que põem todo o vigor da mente em determinado sentido, são muitas vezes deficientes em outros pontos. Na conversação, essas pessoas se tornam fastidiosas, e fatigam o ouvinte. Seu estilo, quando escrevem, carece de plasticidade. Ao falarem em público, o assunto que têm em mente lhes absorve a atenção, e são arrastados a aprofundar-se mais e mais no mesmo. Parecem descobrir conhecimento e clareza à medida que se interessam e absorvem, mas poucos há que sejam capazes de os seguir. OE 169.1
Há perigo de que esses homens plantem tão profundo a semente da verdade que, a tenra haste nunca venha a atingir a superfície. Mesmo as verdades mais essenciais, as que são por si mesmas claras e patentes, podem-se achar tão cobertas de palavras que se tornem obscuras e indistintas. OE 169.2
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Simplicidade — O argumento é bom, oportunamente; mas pode-se conseguir muito mais mediante a simples explanação da Palavra de Deus. As lições de Cristo eram tão claramente ilustradas, que os mais ignorantes lhes podiam apanhar facilmente o sentido. Jesus não usava palavras difíceis em Seus discursos; servia-se de linguagem simples, adequada ao espírito do povo comum. Não ia, no assunto que expunha, mais longe do que eles O poderiam acompanhar. OE 169.3
Os ministros devem apresentar a verdade de maneira clara e singela. Há, entre seus ouvintes, muitos que precisam de uma positiva explanação dos passos exigidos na conversão. As grandes massas do povo são mais ignorantes a esse respeito do que se supõe. Entre os formados das escolas superiores, os eloqüentes oradores, hábeis estadistas e homens em elevadas posições de confiança, muitos há que dedicaram suas faculdades a outros assuntos, e negligenciaram as coisas de maior importância. Quando homens tais fazem parte de uma congregação, o orador muitas vezes põe em jogo todas as suas faculdades para produzir um discurso intelectual, e deixa de revelar a Cristo. Não mostra que o pecado é a transgressão da lei. Não torna patente o plano da salvação. Aquilo que teria tocado o coração dos ouvintes, seria apontar-lhes Cristo morrendo para pôr a redenção ao seu alcance. OE 170.1
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Reavivamentos — Quando o Senhor opera mediante instrumentos humanos, quando os homens são movidos com poder do alto, Satanás leva seus agentes a exclamar: “Fanatismo!” e a advertir o povo a não ir a extremos. Cuidem todos quanto a soltar esse brado; pois, conquanto haja moedas falsas, isso não diminui o valor da que é genuína. Porque há reavivamentos e conversões espúrios, não se segue daí que todos os reavivamentos devam ser tidos em suspeita. Não mostremos o desprezo que os fariseus manifestavam quando disseram: “Este homem recebe pecadores.” Lucas 15:2. OE 170.2
Há na vida de Cristo o bastante para nos ensinar a não zombar de Sua obra na conversão de almas. As manifestações da graça renovadora de Deus em homens pecadores, fazem com que os anjos se regozijem, mas muitas vezes essa obra, por meio da incredulidade, tem sido qualificada de fanatismo, e o mensageiro por meio de quem Deus operou tem sido julgado como possuidor de um zelo não segundo a sabedoria. OE 170.3
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Cultos aos Sábados — Aquele que é designado para dirigir cultos aos sábados, deve estudar a maneira de interessar os ouvintes nas verdades da Palavra. Não convém que faça sempre tão longos discursos que não haja oportunidade para os presentes confessarem a Cristo. O sermão deve ser, freqüentemente breve, a fim de o povo exprimir seu reconhecimento para com Deus. Ofertas de gratidão glorificam o nome do Senhor. Em cada assembléia dos santos, anjos de Deus escutam o louvor rendido a Jeová em testemunhos, canto e oração. OE 171.1
A reunião de oração e testemunhos, deve ser um período de especial auxílio e animação. Todos devem sentir que é um privilégio tomar parte nela. Que todos os que confessam a Cristo tenham alguma coisa para dizer na reunião de testemunhos. Estes devem ser curtos, e de molde a servir de auxílio aos outros. Não há nada que mate tão completamente o espírito de devoção, como seja uma pessoa levar vinte ou trinta minutos num testemunho. Isso significa morte para a espiritualidade da reunião. OE 171.2