Obreiros Evangélicos
O espírito de independência
Antes de partir para a Austrália, e desde que cheguei a este país, tenho sido instruída que há uma grande obra a ser feita na América. Os que estavam na obra a princípio, estão desaparecendo. Apenas uns poucos dos pioneiros da causa permanecem agora entre nós. Muitos dos pesados encargos antigamente assumidos por homens de longa experiência, estão agora recaindo sobre homens mais jovens. OE 486.1
Esta transferência de responsabilidades para obreiros cuja experiência é mais ou menos limitada, acha-se acompanhada de alguns perigos contra os quais precisamos precaver-nos. O mundo está cheio de lutas pela supremacia. O espírito de afastamento de companheiros na obra, o espírito de desorganização, está no próprio ar que respiramos. Por alguns, todos os esforços por estabelecer ordem são considerados perigosos — como uma restrição da liberdade individual, devendo, pois, ser temidos como sistema papal. Estas almas iludidas consideram virtude jactar-se de sua liberdade em pensar e agir independentemente. Declaram que não aceitam a opinião de homem algum; que não são responsáveis para com homem nenhum. Fui instruída de que Satanás se esforça especialmente para levar homens a julgar que Deus Se agrada de que escolham seu próprio modo de proceder, independentemente do conselho de seus irmãos. OE 486.2
Aí reside um grave perigo para a prosperidade de nossa obra. Precisamos agir discretamente, ajuizadamente, em harmonia com o juízo de conselheiros tementes a Deus; pois nesse procedimento, só, está nossa segurança e força. De outro modo Deus não pode operar conosco e por meio de nós e em nosso favor. OE 486.3
Oh, como Satanás se regozijaria se alcançasse êxito em seus esforços de penetrar no meio deste povo, e desorganizar a obra num tempo em que a organização integral é essencial, e constitui a maior força para evitar os levantes espúrios, e refutar pretensões não abonadas pela Palavra de Deus! Precisamos manter as linhas uniformemente, para que não haja quebra do sistema de organização e ordem, que se ergueu por meio de sábio, cuidadoso labor. Não se deve dar autonomia a elementos desordeiros que desejem controlar a obra neste tempo. OE 487.1
Alguns têm apresentado a idéia de que, ao aproximarmo-nos do fim do tempo, cada filho de Deus agirá independentemente de qualquer organização religiosa. Mas fui instruída pelo Senhor de que nesta obra não há isso de cada qual ser independente. As estrelas do céu estão todas sujeitas a leis, cada uma influenciando a outra a fazer a vontade de Deus, prestando obediência comum à lei que lhes dirige a ação. E, para que a obra do Senhor possa avançar sadia e solidamente, Seu povo deve unir-se. OE 487.2
Os movimentos esporádicos, agitados, de alguns que pretendem ser cristãos, são bem representados pelo trabalho de cavalos fortes, mas não adestrados. Quando um puxa para a frente, outro puxa para trás, e à voz de seu guia, um se precipita para diante, e o outro fica imóvel. Se os homens não agirem em harmonia na grande e importante obra para este tempo, haverá confusão. Não é bom sinal recusarem-se os homens a unir-se a seus irmãos, e preferirem agir sozinhos. Falem os obreiros confidencialmente com os irmãos que estão dispostos a apontar cada desvio dos princípios verdadeiros. OE 487.3
Se os homens tomarem o jugo de Cristo, não poderão puxar cada um para o seu lado; puxarão com Cristo. OE 488.1
Alguns obreiros puxam com toda a força que Deus lhes deu, mas não aprenderam ainda que não devem puxar sozinhos. Em vez de isolar-se, puxem eles em harmonia com seus coobreiros. A menos que isso façam, sua atividade se processará fora de tempo e em direção errada. Trabalharão muitas vezes contra aquilo que Deus deseja ver feito, e assim sua obra é mais do que inútil. OE 488.2
Por outro lado, os guias dentre o povo de Deus devem precaver-se contra o perigo de condenar os métodos de obreiros que são pelo Senhor levados a fazer uma obra especial que só poucos estão habilitados para desempenhar. Sejam os irmãos que estão em cargos de responsabilidade, cuidadosos em criticar maneiras de proceder que não estejam em perfeita harmonia com seus métodos de trabalho. Não suponham jamais que cada plano deva refletir a sua própria personalidade. Não temam confiar nos métodos de outrem, pois recusando confiar num coobreiro que, com humildade e zelo consagrado está fazendo uma obra especial, na maneira por Deus designada, eles estão retardando o avanço da causa do Senhor. OE 488.3
Deus pode servir-Se, e servir-Se-á dos que não tiverem instrução esmerada nas escolas dos homens. Duvidar de Seu poder para fazer isso, é manifesta incredulidade; é limitar o poder onipotente dAquele para quem nada é impossível. Quem dera houvesse menos dessa cautela indesejável, desconfiante! Ela deixa tantas forças da igreja sem serem usadas; fecha o caminho, de modo que o Espírito Santo não Se possa utilizar de homens; mantém em ociosidade os que estão dispostos e ansiosos para trabalhar segundo a maneira de Cristo; desencoraja de entrarem na obra a muitos que se tornariam coobreiros eficientes de Deus, se se lhes desse uma oportunidade razoável. OE 488.4
Para o profeta, a roda dentro de uma roda, a aparência de criaturas viventes com elas relacionadas, tudo se afigurava complicado e inexplicável. Mas a mão da infinita Sabedoria é vista entre as rodas, e ordem perfeita é o resultado da obra das mesmas. Cada roda, dirigida pela mão de Deus, opera em harmonia perfeita com cada uma das demais rodas. Foi-me mostrado que instrumentos humanos são propensos a buscar demasiado autoridade, procurando dirigir eles mesmos a obra. Excluem de seus métodos e planos o Senhor Deus, o poderoso Obreiro, e não Lhe confiam tudo relativamente ao avanço da obra. Ninguém deve por um momento imaginar que é capaz de dirigir as coisas que pertencem ao grande EU SOU. Deus em Sua providência está preparando um caminho de maneira que a obra possa ser feita por agentes humanos. Fique, pois, cada qual em seu posto de dever, para desempenhar sua parte para este tempo, e saiba que Deus é seu instrutor. OE 489.1