Obreiros Evangélicos
Economia em trabalho missionário
Os obreiros de Deus devem trabalhar com inteligência, economia e humildade. Há pessoas que empreendem muito, e assim fazendo, pouco realizam. Nossos esforços devem ser mais concentrados. Cada golpe deve produzir efeito. O espírito deve estar ativo para discernir os melhores meios e modos de alcançar o povo que se acha próximo de nós. No esforço de fazer uma obra distante, deixamos muitas vezes passar oportunidades ao nosso alcance. Desta forma se perdem meios e tempo em ambos os lugares. OE 458.1
Nossos obreiros missionários devem aprender a economizar. O maior reservatório, embora seja alimentado por fontes abundantes e vivas, deixará de satisfazer às necessidades, se houver brechas por onde vaze o conteúdo. Não se deve permitir que um único homem decida se certo campo justifica grandes esforços. Se os obreiros num campo dirigem a obra de maneira que incorra em grandes despesas, estão impedindo o caminho de modo que outros campos — os quais talvez melhor justificassem o desembolso — não podem ser penetrados. OE 458.2
Nossos obreiros mais moços devem satisfazer-se de abrir caminho entre o povo lentamente, com segurança, sob os conselhos dos que têm tido mais experiência. As idéias de muitos são demasiado elevadas. Uma maneira mais humilde de trabalhar haveria de dar bons resultados. É animador ver os jovens entrarem no campo missionário, pondo todo o ardor e zelo na obra; mas não se lhes deve permitir que dirijam sozinhos, e mantenham a causa de Deus onerada de dívidas. Todos se devem esforçar, mediante sábia direção e ativo labor, por arranjar o bastante para pagar as próprias despesas. Eles devem trabalhar para fazer com que a causa se mantenha a si mesma, e ensinar o povo a depender de si. OE 458.3
Nossos ministros não se devem sentir em liberdade de pagar grandes somas por salas para reuniões, quando não tomam a responsabilidade de cuidar pessoalmente do interesse despertado. Os resultados são demasiado incertos para justificar o emprego de meios tão rapidamente. Se igrejas e salas se abrem a qualquer obreiro, e há o desejo de ouvir, eles devem aproveitar o ensejo, e fazer o mais que possam; mas não é sábio que um único indivíduo se lance presumidamente ao trabalho, como se fosse dotado de um grande talento, como se fosse um Moody ou um Sankey, e faça um pródigo desembolso de meios. OE 459.1
Ao enviar missionários para os países estrangeiros, devemos escolher aqueles que sabem economizar, que não têm grande família, e que, compreendendo a brevidade do tempo e a grandeza da obra a ser realizada, se mantenham o quanto possível, livres de qualquer coisa que lhes possa distrair o espírito da grande obra. A esposa, colocando-se ao lado do marido, pode realizar tanto quanto ele, se for dedicada, e livre para fazê-lo. Precisamos de missionários que o sejam em todo o sentido da palavra, que ponham de lado considerações egoístas, dando à causa de Deus o primeiro lugar; e que, trabalhando com vistas unicamente em Sua glória, se mantenham como servos prontos para todo instante, dispostos a ir onde Ele lhes peça, e a trabalhar em qualquer posição para dilatar o conhecimento da verdade. Necessita-se, na causa, de homens que tenham esposas que amem e temam a Deus, e que possam ajudar os maridos na obra, nos campos missionários. OE 459.2
Nossos obreiros precisam aprender primeiro a economia, não somente em seus esforços para levar avante a causa da verdade, mas também em suas despesas domésticas. Devem colocar a família de maneira que dela possam cuidar com o mínimo possível de despesas. Não nos são, em nossa obra, oferecidos donativos e legados como acontece com outras denominações; e aqueles que se não educaram quanto a viver dentro dos limites de seus recursos, terão certamente de fazê-lo ou, do contrário, empregar-se de outra maneira. Hábitos de condescendência egoísta, ou falta de tato e habilidade da parte da esposa e mãe, podem ser uma causa constante de escassez de fundos; e todavia essa mãe talvez julgue estar fazendo o melhor que pode, pois nunca foi ensinada a restringir suas necessidades e de seus filhos, e nunca adquiriu habilidade e tato nos negócios domésticos. Daí, uma família pode requerer para sua manutenção duas vezes tanto quanto bastaria para outra do mesmo tamanho. OE 459.3
Todos devem aprender a tomar notas de suas despesas. Alguns o negligenciam como não sendo coisa essencial; é um erro, porém. Todas as despesas devem ser anotadas com exatidão. Eis uma coisa que muitos de nossos obreiros terão de aprender. OE 460.1
O Senhor não está satisfeito com a atual falta de ordem e exatidão entre os que trabalham na Sua obra. Mesmo nas reuniões de negócios da associação, poder-se-ia economizar muito tempo e evitar muitos erros, mediante um pouco mais de estudo e pontualidade. Tudo quanto tenha qualquer relação com a obra de Deus deve ser tão perfeito quanto seja possível ao cérebro e às mãos humanos. OE 460.2
Como coobreiros de Deus, deveis aproximar-vos uns dos outros. Devem-se dar lições de amor, confiança e respeito mútuos, tanto no púlpito, como fora dele. Deveis viver segundo ensinais. Lembrai-vos de que os recém-convertidos olham ao vosso exemplo. OE 460.3
Alguns daqueles para quem trabalhais, desejarão que o trabalho se faça segundo seus métodos, pensando que são os melhores; mas, se possuís o espírito e a mansidão de Cristo, se mostrais respeito e amor uns pelos outros, Deus vos habilitará a aperfeiçoar esse trabalho de modo a ser-Lhe agradável. Trabalhai por vossa própria alma, até à rendição do próprio eu, até que Cristo reconheça em vós Sua própria imagem. Essa será a lição mais de molde a impressionar aqueles a quem educais. OE 461.1
Nos campos estrangeiros, especialmente, a obra não pode ser realizada senão mediante planos bem delineados. Conquanto vos devais esforçar para trabalhar em harmonia com as instituições dos que se acham à testa da obra, muitas circunstâncias imprevistas surgirão, para as quais eles não tomaram providências. É preciso que os que se encontram no campo de batalha se aventurem a alguma coisa, corram certos riscos. Haverá crises que exigem uma ação pronta. OE 461.2
Ao iniciarem-se missões em terras estrangeiras, é de especial importância que se comece a obra como deve ser. Os obreiros devem cuidar em não restringi-la devido a planos acanhados. Se bem que o estado do tesouro exija economia, há perigo de que a mesma seja exercida de maneira que redunde em prejuízo, em vez de lucro. Assim tem na verdade acontecido em algumas de nossas missões, onde nossos obreiros têm aplicado a suas faculdades quase inteiramente a fazer planos para agir dentro do mínimo possível de despesas. Com uma direção diversa, muito mais se poderia haver conseguido; e, afinal, menos teriam sido os recursos diminuídos ao tesouro. OE 461.3
Nosso progresso tem sido mais lento em campos novos, devido a não serem populares perante o mundo as verdades especiais que apresentamos. A observância do sábado do sétimo dia é uma pesada cruz para todos quantos aceitam a verdade. Muitos que podem ver que nossas doutrinas são apoiadas nas Escrituras, esquivam-se a aceitá-las, porque não desejam tornar-se singulares, ou porque, pela obediência à verdade, seriam privados de seu meio de vida. Por isso, é preciso muita sabedoria em estudar a maneira de apresentar a verdade ao povo. OE 462.1
Em alguns lugares, a obra deve começar pequenina, e avançar lentamente. Isso é tudo quanto os obreiros podem fazer. Em muitos casos, porém, poder-se-ia fazer, com bons resultados, um mais amplo e decidido esforço ao início. A obra na Inglaterra poderia estar muito mais adiantada atualmente, se nossos irmãos não houvessem procurado, ao começo, trabalhar com tanta economia. Se houvessem alugado boas salas, levando avante o trabalho como quem possui grandes verdades, as quais hão de necessariamente triunfar, teriam obtido êxito maior. Deus quer que a obra seja começada de modo que as primeiras impressões dadas sejam, o quanto possível, as melhores. OE 462.2
Cuidai em manter o elevado caráter da obra missionária. Que todos quantos se acham ligados a nossas missões, tanto homens como mulheres, perguntem constantemente: “Que sou eu? e que devo ser e fazer?” Lembrem-se todos de que não podem dar a outros aquilo que eles próprios não possuem; portanto não se devem satisfazer com suas maneiras e hábitos naturais, sem procurar mudar para melhor. Diz Paulo: “Prossigo para o alvo”. Filipenses 3:14. Deve haver contínua reforma, incessante progresso, se queremos aperfeiçoar um caráter harmônico. OE 462.3
O Senhor quer homens que vejam a obra em sua grandeza, e compreendam os princípios que têm sido com ela entretecidos desde seu começo. Ele não quer que uma ordem mundana de coisas se introduza para moldar a obra em linhas totalmente diferentes daquelas que Ele traçou a Seu povo. A obra precisa ter o cunho de seu Originador. — Testimonies for the Church 7:209. OE 463.1
Ao estabelecer a obra em novos lugares, economizai em tudo que for possível. Apanhai as migalhas; que nada se perca. A obra de salvar almas deve ser levada avante segundo a maneira por que Cristo a traçou. Ele declara: “Se alguém quiser vir após Mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-Me.” Mateus 16:24. É unicamente pela obediência a esta palavra que podemos ser Seus discípulos. Estamo-nos aproximando do fim da história deste mundo, e os vários ramos da obra de Deus devem ser desenvolvidos com muito mais sacrifício próprio do que até agora se tem manifestado. — Testimonies for the Church 7:239, 240. OE 463.2