No Deserto da Tentação
Capítulo 3 — O teste da provação
O Senhor colocou o homem sob provação a fim de que pudesse formar um caráter de integridade comprovada, para sua própria felicidade e para glória de seu Criador. Ele dotara Adão com poderes de uma mente superior, como nenhuma outra criatura que Suas mãos fizeram. Sua superioridade mental era um pouco menor do que a dos anjos. Estava em condição de familiarizar-se com a sublimidade e a glória da Natureza, e compreender o caráter do Pai celestial nas Suas obras criadas. As glórias do Éden, e sobre tudo em que pudesse repousar os olhos, testificava do amor e do infinito poder de seu Pai. NDT 14.3
O desprendimento foi a primeira lição moral dada a Adão. O governo de tudo foi-lhe colocado nas mãos. Julgamento, razão e consciência estavam sob seu domínio. “Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar. E lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” 2 NDT 15.1
Adão e Eva tinham permissão de participar de todas as árvores do jardim, salvo uma. Havia uma única e simples proibição. A árvore proibida era tão atrativa e desejável como qualquer outra do jardim. Era chamada árvore do conhecimento porque participando dessa árvore, da qual Deus disse, “dela não comerás”, eles teriam o conhecimento do pecado, experimentariam a desobediência. NDT 15.2
Eva saiu de perto do esposo, para contemplar as coisas maravilhosas da Natureza, deleitando-se nos seus cenários coloridos e na fragrância das flores, admirando a beleza das árvores e arbustos. Pôs-se a pensar na restrição que Deus lhes tinha imposto no tocante à árvore da ciência do bem e do mal. Ficou deslumbrada com a beleza e abundância que o Senhor providenciara para a satisfação de cada desejo. Tudo isto, disse ela, Deus nos deu para nossa satisfação. Tudo é nosso; porque Deus tinha dito: “De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás.” NDT 15.3
Eva passeava perto da árvore proibida, e foi despertando a curiosidade para descobrir como a morte poderia ocultar-se no fruto dessa agradável árvore. Ficou surpresa ao ouvir que suas interrogações foram apanhadas e repetidas por uma estranha voz. “É assim que Deus disse: Não comerás de toda árvore do jardim?”3 Eva não percebeu que tinha revelado seus pensamentos conversando audivelmente consigo mesma; destarte, ficou grandemente atônita ao ouvir que suas inquietações eram respondidas pela serpente. Realmente pensou que a serpente lhe conhecia os pensamentos e que deveria ser muito sábia. NDT 16.1
Respondeu-lhe: “Do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais. Então a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal.”4 NDT 16.2
Aqui o pai da mentira fez sua asseveração em direta contradição à expressa palavra de Deus. Satanás assegurou a Eva que ela fora criada imortal, e que para ela não havia possibilidade de morrer. Disse-lhe que Deus sabia que se ela e seu esposo comessem da árvore do conhecimento, sua compreensão seria iluminada, expandida, enaltecida, tornando-se iguais a Ele mesmo. E a serpente respondeu a Eva que a ordem de Deus, proibindo-os de comer da árvore do conhecimento, foi dada para conservá-los num tal estado de subordinação que lhes vedasse o conhecimento, o qual era poder. Assegurou-lhe que o fruto desta árvore era desejável acima de todas as do jardim, para fazê-los sábios e exaltá-los à igualdade com Deus. Ele vos recusou, disse a serpente, o fruto desta árvore, a qual dentre todas as árvores, é a mais desejável pelo delicioso sabor e estimulante influência. NDT 16.3
Eva pensou que o discurso da serpente fosse muito sábio, e que a proibição de Deus fosse injusta. Olhava com ardente desejo para a árvore carregada de frutos que pareciam muito deliciosos. A serpente estava comendo-os com evidente deleite. Eva agora desejava este fruto mais do que todas as variedades que Deus lhe pusera ao alcance, com pleno direito de uso. NDT 17.1
Eva exagerou as palavras da ordem de Deus. Ele disse a Adão e Eva: “Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” Na discussão de Eva com a serpente, ela acrescentou: “Nem tocareis nele.” Aqui apareceu a sutileza da serpente. Esta citação de Eva deu-lhe vantagem; colheu o fruto e o colocou nas mãos de Eva, usando suas próprias palavras. “Deus disse que morrerias se tocasses no fruto. Vê, nenhum mal te sucedeu ao tocares nele; tampouco receberás dano algum ao comê-lo.” NDT 17.2
Eva cedeu ao mentiroso sofisma do diabo em forma de serpente. Ao comer o fruto não se apercebeu imediatamente de nenhum mal. Então ela mesma apanhou o fruto para si e para o esposo. “Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu, e deu também ao marido, e ele comeu.” 5 NDT 18.1
Adão e Eva deveriam estar plenamente satisfeitos com o conhecimento que receberam de Deus por intermédio de Sua obra criada e das instruções dos santos anjos. Todavia, sua curiosidade foi despertada para ficar a par daquilo que Deus designou que não deveriam conhecer. A ignorância do pecado era para sua própria felicidade. NDT 18.2
O elevado grau de conhecimento que eles pensavam que obteriam comendo do fruto proibido, lançou-os na degradação do pecado e da culpa. NDT 18.3