Filhas de Deus

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Apêndice C — Documentos relativos à ordenação de mulheres

Documento apresentado na reunião ministerial da Assembléia da Associação Geral de 1990. Preparado pela equipe do Patrimônio Literário de Ellen G. White. FD 200.1

1. Por ocasião da Assembléia da Associação Geral de 1881, discutiu-se uma resolução para ordenar mulheres. Nenhum voto foi tomado. As atas incluem as seguintes linhas: FD 200.2

“Resolvido que as mulheres que possuem as qualificações necessárias para ocupar esse cargo podem, de maneira perfeitamente apropriada, ser separadas pela ordenação para a obra do ministério cristão. FD 200.3

“Essa questão foi discutida por J. O. Corliss, A. C. Bourdeau, E. R. Jones, D. H. Lamson, W. H. Littlejohn, A. S. Hutchins, D. M. Canright, and J. N. Loughborough, e encaminhada à Comissão da Associação Geral”. — The Review and Herald, 20 de Dezembro de 1881. FD 200.4

Ellen White não assistiu à Assembléia da Associação Geral de 1881. Seu esposo faleceu no dia 6 de Agosto daquele ano. Duas semanas após a morte dele, ela partiu de Battle Creek, com destino à Califórnia. Só retornou para Michigan em Agosto de 1883. FD 200.5

2. Por muitos anos, Ellen White recebeu credenciais ministeriais por voto da Associação de Michigan (The Review and Herald, 10 de Setembro de 1872) e, posteriormente, da Associação Geral. Todavia, jamais foi ordenada por mãos humanas, não tendo, tampouco, realizado casamentos, organizado igrejas ou oficiado batismos. FD 200.6

3. Em 1895, Ellen White recomendou a ordenação de mulheres que se dedicassem a um trabalho de natureza semelhante ao diaconato: FD 200.7

“Mulheres dispostas a consagrar parte do seu tempo ao serviço do Senhor devem ser designadas para visitar os enfermos, cuidar de menores e ministrar às necessidades dos pobres. Devem ser separadas para esse serviço pela oração e imposição das mãos. Em alguns casos, precisarão aconselhar-se com os oficiais da igreja ou o pastor; mas, se forem mulheres dedicadas, mantendo uma ligação vital com Deus, serão um poder para o bem na igreja. Esse será outro meio de fortalecer e edificar a igreja”. — The Review and Herald, 9 de Julho de 1895. FD 200.8

Várias mulheres foram ordenadas como diaconisas durante o ministério de Ellen White na Austrália. No dia 10 de Agosto de 1895, a comissão de nomeações da igreja de Ashfield, em Sidney, apresentou seu relatório, que foi aprovado. A ata da secretaria, naquela data, declara: “Imediatamente após a eleição, os oficiais foram chamados para a frente, onde os pastores Corliss e McCullagh separaram o ancião, os diáconos, [e] diaconisas pela oração e imposição das mãos.” FD 201.1

Vários anos mais tarde, na mesma igreja, W. C. White oficiou a ordenação dos oficiais. A ata da igreja de Ashfield, de 7 de Janeiro de 1900, declara: “No sábado anterior, os oficiais foram nomeados e aceitos para o ano corrente, e hoje o pastor White ordenou anciãos, diácono e diaconisas, impondo-lhes as mãos”. — AR, 16 de Janeiro de 1986. FD 201.2

4. Mulheres com “Licença Para Pregar”, concedida pela Igreja Adventista do Sétimo Dia, durante o ministério de Ellen White: FD 201.3

Algumas das mulheres relacionadas acima foram empregadas pela Igreja. Outras, como Margaret Caro, dentista, eram autônomas, com sustento próprio. — Arquivos da Associação Geral e Yearbooks FD 202.1

5. Ellen White fez três declarações que, por vezes, são interpretadas como evidência de que ela apoiava o conceito de mulheres ordenadas como ministras do evangelho. FD 202.2

Em 1898, ela declarou que “há mulheres que devem trabalhar no ministério evangélico”. Evangelismo, 472. O contexto dessa declaração parece indicar que ela está falando de esposas de pastores. Ela escreveu: FD 202.3

“Tenho recebido cartas de várias, pedindo meu conselho sobre a questão: Devem as esposas de ministros adotar bebês? Aconselharia eu que fizessem esse tipo de trabalho? Para algumas que consideravam favoravelmente esse assunto, respondi: Não; Deus deseja que auxiliem o esposo no seu trabalho. O Senhor não lhes deu filhos para que sejam seus; Sua sabedoria não deve ser questionada. Ele sabe o que é melhor. Consagrem as faculdades a Deus, como obreiras cristãs. Vocês podem ajudar o esposo de muitas maneiras. [...] FD 202.4

“Há mulheres que devem trabalhar no ministério evangélico. Em muitos aspectos elas fariam melhor do que os pastores que negligenciam visitar o rebanho de Deus. Evangelismo, 472. Marido e mulher podem unir-se nessa obra e, quando isso é possível, devem. Está aberto o caminho para mulheres consagradas. Mas o inimigo se agrada de fazer com que mulheres, a quem Deus poderia usar para auxiliar centenas de pessoas, dediquem seu tempo e forças a um pequenino e indefeso mortal que requer cuidado e atenção constantes”. — Manuscript Releases 5:325, 326. FD 202.5

No ano de 1900, Ellen White publicou o volume 6 dos Testemunhos Para a Igreja, que inclui uma seção intitulada “O Colportor, Obreiro Evangélico”. Ali, a autora declarou: FD 202.6

“Todos os que desejam uma oportunidade para o verdadeiro ministério, e que se dão sem reservas a Deus, encontrarão na colportagem ocasiões de falar sobre muitas coisas pertencentes à futura vida imortal. A experiência assim adquirida será de grandíssimo valor para os que estão se preparando para o ministério. É a assistência do Espírito Santo de Deus que prepara os obreiros, homens e mulheres, para se tornarem pastores do Seu rebanho”. — Testimonies for the Church 6:322. FD 202.7

Finalmente, em Setembro de 1903, Ellen White escreveu: FD 203.1

“O Senhor chama os que se acham vinculados a nossos hospitais, casas publicadoras e escolas a ensinarem aos nossos jovens a obra evangelística. Nosso tempo e energia não devem ser tão amplamente empregados no estabelecimento de hospitais, fábricas de alimentos e restaurantes, a ponto de outros ramos da obra serem negligenciados. Moços e moças que deveriam envolver-se no ministério, na obra bíblica e no trabalho de colportagem, não deveriam ser postos em outro tipo de trabalho. FD 203.2

“Os jovens devem ser incentivados a freqüentar nossas escolas de preparo para obreiros cristãos, que deveriam tornar-se mais e mais semelhantes às escolas dos profetas. Essas instituições foram estabelecidas pelo Senhor, e se forem conduzidas de acordo com o Seu propósito, os jovens a elas enviados serão rapidamente preparados para engajar-se nas várias linhas de obra missionária. Alguns serão preparados para ingressar no campo como enfermeiros missionários, outros como colportores, e outros como ministros do evangelho”. — Testimonies for the Church 8:229, 230. FD 203.3

6. Ellen White fez duas declarações acerca do chamado para servir ao Senhor como Sua mensageira. Declarou: FD 203.4

“Na idade de setenta e oito anos, estou ainda em atividade. Estamos todos nas mãos do Senhor. Confio nEle; pois sei que Ele nunca deixará nem abandonará os que nele põem a confiança. Estou entregue à Sua proteção. FD 203.5

“E dou graças ao que me tem confortado, a Cristo Jesus Senhor nosso, porque me teve por fiel, pondo-me no ministério”. 1 Timóteo 1:12. — Mensagens Escolhidas 1:35. FD 203.6

“Na cidade de Portland, o Senhor me ordenou como Sua mensageira, e aqui meus primeiros labores foram dedicados à causa da verdade presente”. — The Review and Herald, 18 de Maio de 1911. FD 203.7

Ellen White recebeu sua primeira visão em Dezembro de 1844, em Portland, Maine. Pouco depois, foi impelida pelo Senhor a contar aos outros o que vira. FD 203.8

7. Ellen White não se preocupou com movimentos relativos aos direitos das mulheres. Quando lhe apelaram para que se unisse a outras na cruzada pelo voto feminino, recusou o convite. Escreveu ao seu esposo: FD 203.9

“Visitei a Sra. Graves. Ela tem uma preocupação e, quando soube que eu estava em casa, desejou falar comigo. Disse sentir que precisava expor diante de mim suas idéias. Tem o desejo de que eu analise a questão do voto feminino. Diz que as mulheres devem votar, e relatou muitas coisas de natureza assustadora que foram legalizadas na França e em St. Louis, tendo sido feito um esforço para efetivá-las em Chicago neste ano, mas [o esforço] fracassou. Casas de má fama são legalizadas. Mulheres que viajam sozinhas por essas cidades, se houver pelo menos suspeita a respeito delas, são levadas pelas autoridades e seus casos investigados. Se estão enfermas, são colocadas sob cuidados de médicos, e curadas. Então estão aptas para as visitas de homens, e colocadas nas casas legalizadas onde os homens satisfazem suas concupiscências. Nenhum exame se faz dos homens e, onde essa lei entra em vigor, o crime e a imoralidade se assemelham à condição do mundo existente antes do Dilúvio. FD 203.10

“A Sra. Graves vê a questão como eu, relativamente ao aumento do crime e da desmoralização da sociedade. Diz que as mulheres devem votar, se essa lei deve sofrer oposição. Tivemos uma longa conversa acerca da temperança. Disse-lhe que minha mente não estava preparada para uma questão como essa, de as mulheres votarem. Ela estivera pensando e ocupando-se com essas coisas, e sua mente estava madura quanto ao assunto, enquanto o meu trabalho era de outra natureza. Estávamos fazendo, na questão da temperança, aquilo que nenhum outro tipo de pessoas no mundo fazia. Estávamos a favor de uma forma de restrição tanto contra o tabaco como contra as bebidas alcoólicas”. — Manuscript Releases 10:69. FD 204.1

8. É provável que Ellen White não tenha sugerido, em nenhum momento, que a Igreja Adventista do Sétimo Dia começasse a prática de ordenar mulheres ao ministério evangélico. C. C. Crisler afirmou que ela era muito cautelosa quanto a esse ponto. Aqui está uma correspondência relativa a essa questão. FD 204.2

“12 de Março de 1916

“Sanatório [Califórnia]

“Sr. Clarence Crisler

“Prezado irmão:

“Peço-lhe a gentileza de me informar algo a respeito de separar mulheres que podem dar parte do tempo ao trabalho missionário, pela imposição das mãos em oração, encontrada na Review and Herald, na primeira parte da década de noventa, provavelmente em 1892 ou 1893, da pena da Irmã White. FD 204.3

“A razão pela qual peço isso é que estive recentemente numa reunião em que o pastor Andross separou mulheres pela imposição das mãos e, quando lhe perguntei pela autoridade para fazê-lo, referiu-se ao senhor. Como tenho sido obreira bíblica por vários anos e recentemente recebi uma licença ministerial, desejo essa informação. FD 204.4

“Peço que me responda rapidamente, pois desejo sua informação antes de ir para a União do Sudoeste, que terá reunião no dia 7 de Abril. Por favor, mande-me duas ou três cópias da declaração dela, já que o presidente da nossa Associação quer uma.” — Sra. L. E. Cox, 134 Agarita Avenue, San Antonio, Texas. FD 204.5

“22 de Março de 1916

“San Antonio, Texas

“Sra. L. E. Cox

“Querida irmã:

“Recebi sua carta do dia 12, perguntando acerca da ordenação de mulheres que dedicam parte do tempo ao trabalho missionário — em particular, sobre uma declaração que a irmã julga encontrar-se numa Review no início da década de noventa, da pena da Sra. Ellen G. White. FD 205.1

“Como essa indagação exigirá algum estudo e pesquisa da minha parte, e como devo sair pela manhã para Mountain View, por alguns dias, preciso pedir-lhe que me desculpe por não responder dentro dos próximos dias. Após meu retorno, no início da próxima semana, farei o possível para enviar-lhe uma resposta, anexando à mesma, se possível, os extratos solicitados. Posso dizer-lhe, contudo, que não entendo essas declarações como ensinando positivamente a ordenação de mulheres como ministras do evangelho. Suponho, isso sim, que se refiram basicamente à ordenação de mulheres tementes a Deus como diaconisas na igreja local. Mas, quanto a isso, pronunciar-me-ei mais plenamente quando escrever outra vez. FD 205.2

“Espero escrever-lhe por volta do dia 28, para o endereço acima. Caso se ausente de San Antonio para outro lugar, seria bom deixar um pedido de encaminhamento, a fim de que a correspondência mandada para esse endereço a alcance dentro do prazo na União” — Clarence Crisler. FD 205.3

“16 de Junho de 1916

“Sra. L. E. Cox

“Prezada Irmã:

“Na minha resposta com data de 22 de Março, não pude encaminhar-lhe cópia do artigo da Review solicitado, mas me aventurei a dizer: ‘Não entendo essas declarações como ensinando positivamente a ordenação de mulheres como ministras do evangelho. Suponho, isso sim, que se refiram basicamente à ordenação de mulheres tementes a Deus como diaconisas na igreja local.’ FD 205.4

“Depois de ter escrito, encontrei o artigo em questão e fiz cópia do mesmo. Em anexo, encontrará uma cópia do artigo. The Review and Herald, 9 de Julho de 1895. Também estou encaminhando uma cópia ao presidente de sua Associação, pastor E. L. Neff, e ao presidente da sua União, pastor J. W. Christian, para que saibam o que lhe estou enviando. FD 205.5

“Embora não inclua como parte do meu trabalho a pretensão de interpretar aquilo que foi escrito, creio que posso ser perdoado por expressar, como convicção minha, o pensamento de que esse artigo publicado na Review não se refere à ordenação de mulheres como ministras do evangelho, mas toca na questão de separar, para deveres especiais na igreja local, mulheres tementes a Deus nas igrejas onde as circunstâncias o indiquem. FD 205.6

“E posso acrescentar que a irmã White, pessoalmente, era muito cautelosa quanto a expressar-se de qualquer forma quanto à conveniência de ordenar mulheres como ministras do evangelho. Ela falava freqüentemente dos perigos a que tal prática geral exporia a igreja diante de um mundo contestador; mas até agora não vi, de sua pena, qualquer declaração que parecesse estimular a ordenação formal e oficial de mulheres ao ministério evangélico, ao trabalho público, tal como se espera normalmente de um ministro ordenado. FD 206.1

“Isso não sugere, muito menos diz, que nenhuma mulher está apta para esse trabalho público, e que nenhuma deva ser ordenada algum dia; é simplesmente dizer que, até onde alcance o meu conhecimento, a irmã White nunca encorajou oficiais da igreja a se afastarem do costume geral da igreja nessas questões.” — C. C. Crisler. FD 206.2