Filhas de Deus
Nossa vontade deve ser submetida a Deus
Carta escrita no dia 5 de Abril de 1873 para a irmã Billet, de São Francisco, Califórnia. Ellen White encoraja sua amiga a permanecer firme sobre a plataforma da verdade eterna. A irmã Billet ainda não havia tomado a decisão de guardar o sábado. FD 185.1
Querida irmã Billet:
Eu me agradaria muito de conversar com você hoje, mas, como isso é impossível, a seguinte e melhor coisa a fazer é deixar que a silenciosa pena dê expressão aos meus pensamentos e sentimentos. Muitas centenas de quilômetros nos separam, mas não nos esquecemos de você. Temos profundo interesse em que seja próspera a sua espiritualidade, assim como a sua saúde. FD 185.2
Minha querida irmã, está a verdade se tornando mais clara à sua compreensão? Ao firmar seus pés sobre a plataforma da verdade eterna, sente que Deus é mais precioso e que você se encontra sob Seu protetor cuidado? Temos uma verdade preciosa, harmoniosa e santificadora. Nem sempre imaginamos que a santificação, que tão ansiosamente desejamos e pela qual oramos com tanto fervor, é realizada por meio da verdade e, pela providência de Deus, pela maneira por que menos esperamos. Quando buscamos alegria, eis que vêm aflições. Quando esperamos paz, temos freqüentemente desconfiança e dúvida, porque nos achamos imersos em provações que não temos como evitar. Nessas provações estamos recebendo a resposta a nossas orações. A fim de que sejamos purificados, o fogo da aflição deve arder sobre nós, e nossa vontade ser ajustada em conformidade com a de Deus. Nossa Alta Vocação, 311. Para sermos moldados à imagem de nosso Salvador, passamos pelo mais penoso processo de refinamento. Mesmo aqueles que consideramos os mais queridos na Terra podem causar-nos o maior sofrimento e prova. Podem ver-nos por uma perspectiva errada. Podem julgar que estejamos em erro e que estamos nos enganando e nos degradando ao seguir os ditames da consciência iluminada em busca da verdade como de tesouros ocultos. — Olhando Para O Alto, 103. FD 185.3
O caráter e o controle de vida de um cristão acham-se em significativo contraste com o dos mundanos. O cristão não pode encontrar prazer nos divertimentos e nas várias cenas de vulgar alegria do mundo. Mais altas e santas atrações lhe prendem o afeto. Os cristãos mostrarão que são amigos de Deus mediante sua obediência. — Nossa Alta Vocação, 147. FD 185.4
Nossas orações, para nos tornarmos semelhantes a Cristo podem não ser respondidas exatamente como desejamos. Podemos ser testados e provados, pois Deus percebe ser melhor colocar-nos sob um curso de disciplina que nos é essencial antes que sejamos considerados súditos habilitados para as bênçãos que ansiamos. Não deveríamos nos tornar desanimados e dar lugar à duvida, e pensar que nossas orações não são notadas. Devemos FD 185.5
nos firmar seguramente sobre Cristo e deixar nosso caso com Deus para responder nossas orações a Seu próprio modo. Deus não prometeu conceder Suas bênçãos através dos canais que temos assinalado. Deus é sábio demais para errar e cuidadoso demais com o nosso bem para permitir-nos escolher por nós mesmos. — Olhando Para O Alto, 103. FD 186.1
Os planos de Deus são sempre os melhores, se bem que nem sempre os possamos discernir. A perfeição do caráter cristão só pode ser obtida mediante esforços, conflitos, abnegação. Não contamos sempre com isso, e não consideramos necessário o penoso e muitas vezes dilatado processo de purificação, para que nos conformemos à imagem de Cristo. Deus atende com freqüência nossas orações da maneira pela qual menos esperamos. Leva-nos a situações as mais difíceis, para revelar o que está no coração. Para levar avante o desenvolvimento das graças cristãs, Ele nos colocará em circunstâncias que exigirão mais esforço de nossa parte a fim de manter a fé em ativo exercício. FD 186.2
Conservemos em mente quão inestimavelmente preciosos são os dons de Deus — as graças de Seu Espírito — e não recuaremos do difícil processo, por mais penoso ou humilhante que nos seja. Nossa Alta Vocação, 311. Quão fácil seria o caminho para o Céu se não houvesse nada de abnegação ou de cruz! Como os mundanos correriam para esse caminho, e os hipócritas, sem conta, o trilhariam! Graças a Deus pela cruz, a abnegação. A ignomínia e a vergonha que nosso Salvador suportou por nós, não é de modo algum demasiado humilhante para aqueles que foram salvos pela aquisição de Seu sangue. O Céu será em verdade bastante fácil. — Nossa Alta Vocação, 286. FD 186.3
Querida irmã, devemos ser pacientes, escolher a parte sofredora da religião. Sua preciosa filha pode não discernir o mistério da piedade, e considerá-la obstinada e insensata, estranha e excêntrica no mundo. Não desanime, porém. Se você [for] fiel ao dever, Deus pode tocar o coração da sua filha e ela verá o incomparável encanto do amor do Salvador. Para o descrente cuja felicidade está nas coisas do mundo, em seus prazeres e vaidades, os conscienciosos observadores do sábado do Senhor parecem insanos e incompreensíveis. Podem indagar por que os grandes homens, os ministros, doutores e os cultos não vêem essas coisas, se elas são realmente a verdade. Por causa da cruz! A popularidade e os atrativos mundanos são considerações importantes demais para que delas abram mão. Têm a mente obscurecida pelo deus deste mundo. [...] FD 186.4
Podemos ter Cristo conosco enquanto empenhados em nossas ocupações diárias. Onde quer que estejamos, o que quer que façamos, podemos em verdade ser enobrecidos porque nos achamos unidos a Cristo. Podemos tornar nossos humildes deveres da vida enobrecidos e santificados mediante a certeza do amor de Deus. Trabalhar por princípio nas mais humildes vocações é que as reveste de dignidade. A consciência de sermos realmente FD 186.5
servos de Cristo dará mais elevado teor de caráter a nossos deveres de cada dia: sempre alegres, pacientes, longânimos e gentis. Nossa Alta Vocação, 184. Cristo diz: “tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora”. João 16:12. [...] FD 187.1
Se você, minha querida irmã, é vista como sendo firme nos princípios, destemida no dever, zelosa em buscar exemplificar a Cristo em seu labor diário, mas é humilde, modesta, gentil e terna, paciente e perdoadora, pronta a sofrer e a perdoar ofensas, será uma carta viva, conhecida e lida por todos. Seus amigos, que moldam o caráter em conformidade com o mundo, não habitam em Cristo, por mais elevada que seja sua profissão. Não discernem o valor e a preciosidade do amor de Cristo. Não podem ter um justo senso do grande sacrifício feito pelo Capitão da nossa salvação para redimi-los de uma desesperançada desgraça. Não podem discernir o infinito sacrifício feito em seu favor; portanto, eles mesmos não se dispõem a fazer qualquer sacrifício. [...] FD 187.2
Cristo nos comprou por alto preço, e ainda assim nos recompensará o serviço feito a Ele. Podemos entristecer-nos e chorar devido ao nosso insignificante serviço para Ele, que nos deu evidências imensuráveis de Seu interesse e amor por nós. Mas a recompensa não será na proporção exata da quantidade de trabalho feito, porém de acordo com o motivo e o amor que motivaram a realização do trabalho. A recompensa será em termos de graça. Sua abundante misericórdia será manifesta não porque tenhamos feito algo digno, mas por conta de Seu imensurável amor. Cristo dirá ao fiel, sincero obreiro: “Muito bem, servo bom e fiel; [...] entra no gozo do teu senhor”. Mateus 25:23. E, mesmo agora, anjos de Deus tomam conhecimento de nossas obras de amor e justiça, e não seremos esquecidos mesmo nesta vida. Grande galardão há em guardar-Lhe os mandamentos. Testimonies for the Church 4:27. “Grande paz têm os que amam a Tua lei; para eles não há tropeço”. Salmos 119:165. Cristo não coloca sobre Seus servos uma carga maior do que a força que lhes concede para levá-la. Não os abandonará na adversidade. Quando o coração e a carne falham, Ele será a força do seu coração e a sua porção para sempre. FD 187.3
Os pecadores falam das diversões do mundo e dos prazeres do pecado, mas, quando a morte neles fixa o olhar, nada dizem como louvor à bela vida de pecado que levaram. O terrível e tenebroso futuro está diante deles e, se tão-somente pudessem saber que seu nome está escrito no Céu, que peso lhes seria tirado do coração oprimido pelo pecado! Em qualquer condição, sob qualquer circunstância, o cristão pode dizer: “O caminho da santidade é um bom caminho.” Por mais complicada que seja a sua posição, podem dizer: “O Senhor é bom; Sua misericórdia dura para sempre.” Tenha bom ânimo, minha irmã. Confie totalmente em Deus. Ele a susterá e confortará em todas as provas suportadas por amor do Seu nome. [...] Bom é o Senhor e mui digno de ser louvado. — Carta 9, 1873. FD 187.4