Vida de Jesus

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O beijo da traição

Judas, o traidor, não se esqueceu da parte que tinha a desempenhar. Aproximou-se e O beijou. Disse-lhe Jesus: “Amigo, para que vieste?” Mateus 26:50. E com voz trêmula acrescentou: “Judas, com um beijo trais o Filho do Homem?” Lucas 22:48. VJ 86.5

Essas amáveis palavras deveriam comover o coração de Judas, mas parece que todo o sentimento de ternura e dignidade o havia abandonado. Agora estava sob o domínio de Satanás. Colocou-se com arrogância ao lado de Jesus e não se envergonhou de entregá-Lo à turba cruel. VJ 86.6

Cristo não recusou o beijo do traidor. Nisso, Ele nos deu exemplo de tolerância, amor e simpatia. Se somos Seus discípulos, devemos tratar nossos inimigos como Ele tratou Judas. VJ 86.7

A multidão homicida se tornou mais ousada quando viu o traidor tocar o Ser que pouco antes havia sido iluminado com a luz celeste diante de seus olhos. Em seguida, prenderam-No e ataram Suas mãos que sempre se ocuparam em fazer o bem. VJ 86.8

Os discípulos não acreditavam que Jesus consentiria em ser preso. Tinham certeza de que o poder que havia lançado a turba por terra era suficiente para livrar o Mestre e Seus companheiros. Ficaram desapontados e indignados quando viram as mãos de Seu amado Mestre serem amarradas. Furioso. Pedro arrancou da espada e brandindo-a cortou a orelha do servo do sacerdote. VJ 86.9

Jesus, vendo o que Pedro fizera, soltou as mãos firmemente amarradas pelos soldados romanos e disse: “Deixai, basta.” Lucas 22:51. Tocou então a orelha ferida, que sarou no mesmo instante. VJ 86.10

Disse então a Pedro: “Embainha a tua espada; pois todos os que lançam mão da espada, à espada perecerão. Acaso, pensas que não posso rogar a Meu Pai, e Ele Me mandaria neste momento mais de doze legiões de anjos? Como, pois, se cumpririam as Escrituras, segundo as quais assim deve suceder?” Mateus 26:52-54. “Não beberei, porventura, o cálice que o Pai Me deu?” João 18:11. VJ 87.1

Voltando-Se então para os sacerdotes e capitães do templo que se encontravam na multidão, disse-lhes: “Saístes com espadas e porretes para prender-me, como a um salteador? Todos os dias Eu estava convosco no templo, ensinando, e não Me prendestes; contudo, é para que se cumpram as Escrituras.” Marcos 14:48, 49. VJ 87.2

Quando os discípulos viram que o Salvador não fazia nenhum esforço para Se livrar de Seus inimigos, culparam-No por isso. Não podiam compreender Sua rendição àquela turba e, cheios de medo, deixaram o Mestre sozinho e fugiram. VJ 87.3

Cristo havia predito a cena do abandono quando disse: “Eis que vem a hora e já é chegada, em que sereis dispersos, cada um para sua casa, e Me deixareis só; contudo, não estou só, porque o Pai está comigo.” João 16:32. VJ 87.4