Cristo em Seu Santuário

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Lições práticas dos tipos

A purificação, tanto no serviço típico como no real, deveria executar-se com sangue: no primeiro com sangue de animais, no último com o sangue de Cristo. Paulo declara, como razão por que esta purificação deve ser efetuada com sangue, que sem derramamento de sangue não há remissão. Remissão, ou ato de lançar fora o pecado, é a obra a efetuar-se. Mas, como poderia haver pecado em relação com o santuário, quer no Céu quer na Terra? Isto se pode compreender por uma referência ao culto simbólico; pois que os sacerdotes que oficiavam na Terra serviam de “exemplar e sombra das coisas celestiais.” Hebreus 8:5. CS 92.1

O serviço no santuário terrestre dividia-se em duas partes: os sacerdotes ministravam diariamente no lugar santo, ao passo que uma vez ao ano o sumo sacerdote efetuava uma obra especial de expiação no lugar santíssimo, para a purificação do santuário. Dia após dia, o pecador arrependido levava sua oferta à porta do tabernáculo, e, colocando a mão sobre a cabeça da vítima, confessava seus pecados, transferindo-os assim, figuradamente, de si para o sacrifício inocente. O animal era então morto. “Sem derramamento de sangue”, diz o apóstolo, “não há remissão de pecado.” “A vida da carne está no sangue.” Levítico 17:11. A lei de Deus, sendo violada, exige a vida do transgressor. O sangue, representando a vida que o pecador perdera, pecador cuja culpa a vítima arrostava, era levado pelo sacerdote ao lugar santo e aspergido diante do véu, atrás do qual estava a arca contendo a lei que o pecador transgredira. Por esta cerimônia, o pecado transferia-se, mediante o sangue, em figura, para o santuário. Em alguns casos o sangue não era levado para o lugar santo; mas a carne deveria então ser comida pelo sacerdote, conforme Moisés determinou aos filhos de Arão, dizendo: “O Senhor a deu a vós, para que levásseis a iniquidade da congregação.” Levítico 10:17. Ambas as cerimônias simbolizavam, de igual modo, a transferência do pecado do penitente para o santuário. CS 92.2

Esta era a obra que, dia após dia, se prolongava por todo o ano. Os pecados de Israel eram assim transferidos para o santuário, e uma obra especial se tornava necessária para a sua remoção. Deus ordenou que fosse feita expiação para cada um dos compartimentos sagrados. “Fará expiação pelo santuário por causa das imundícias dos filhos de Israel e das suas transgressões, segundo todos os seus pecados: e assim fará para a tenda da congregação que mora com eles no meio das suas imundícias.” Devia também ser feita expiação pelo altar, para o purificar e santificar das imundícias dos filhos de Israel. Levítico 16:16-19. CS 93.1

Uma vez por ano, no grande dia da expiação, o sacerdote entrava no lugar santíssimo para a purificação do santuário. A obra ali efetuada completava o ciclo anual do ministério. No dia da expiação dois bodes eram trazidos à porta do tabernáculo, e lançavam-se sortes sobre eles, “uma sorte pelo Senhor, e a outra sorte pelo bode emissário.” Levítico 16:8. O bode, sobre o qual caía a sorte do Senhor, deveria ser morto como oferta pelo pecado do povo. E devia o sacerdote trazer o sangue do bode para dentro do véu e aspergi-lo sobre o propiciatório e diante do propiciatório. Devia também aspergir o sangue sobre o altar de incenso, que estava diante do véu. CS 93.2

“E Arão porá ambas as suas mãos sobre a cabeça do bode vivo, e sobre ele confessará todas as iniqüidades dos filhos de Israel, e todas as suas transgressões, segundo todos os seus pecados; e os porá sobre a cabeça do bode, e envia-lo-á ao deserto, pela mão de um homem designado para isso. Assim, aquele bode levará sobre si todas as iniqüidades deles à terra solitária.” Levítico 16:21, 22. O bode emissário não mais vinha ao acampamento de Israel, e exigia-se que o homem, que o levara, lavasse com água a si e suas vestes, antes de voltar ao acampamento. CS 93.3

Toda esta cerimônia tinha por fim impressionar os israelitas com a santidade de Deus e o Seu horror ao pecado; e, demais, mostrar-lhes que não poderiam entrar em contato com o pecado sem se poluir. Exigia-se que, enquanto a obra de expiação se efetuava, cada homem afligisse a alma. Todas as ocupações deviam ser postas de parte, e toda a congregação de Israel passar o dia em solene humilhação diante de Deus, com oração, jejum e profundo exame de coração. CS 93.4

Importantes verdades concernentes à expiação eram ensinadas pelo culto típico. Um substituto era aceito em lugar do pecador; mas o pecado não se cancelava pelo sangue da vítima. Provia-se, desta maneira, um meio pelo qual era transferido para o santuário. Pelo oferecimento do sangue, o pecador reconhecia a autoridade da lei, confessava sua culpa na transgressão e exprimia o desejo de perdão pela fé num Redentor vindouro; mas não ficava ainda inteiramente livre da condenação da lei. No dia da expiação, o sumo sacerdote, havendo tomado uma oferta da congregação, entrava no lugar santíssimo com o sangue desta oferta, e o aspergia sobre o propiciatório, diretamente sobre a lei, para satisfazer às suas reivindicações. Então, em caráter de mediador, tomava sobre si os pecados e os retirava do santuário. Colocando as mãos sobre a cabeça do bode emissário, confessava todos os pecados, transferindo-os assim, figuradamente, de si para o bode. Este os levava então, e eram considerados como para sempre separados do povo. CS 94.1