Conselhos para a Igreja

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Capítulo 31 — A escolha da leitura

A educação não é senão um preparo das faculdades físicas, intelectuais e espirituais para o melhor cumprimento de todos os deveres da vida. Os poderes de resistência, e a força e atividade do cérebro são diminuídos ou aumentados pela maneira por que são empregados. A mente deve ser disciplinada de modo que todas as suas energias sejam simetricamente desenvolvidas. CI 171.1

Muitos jovens são ansiosos por livros. Desejam ler tudo quanto lhes seja possível obter. Cuidem eles com o que lêem bem como com o que ouvem. Fui instruída quanto a se acharem eles no maior risco de ser corrompidos por leitura imprópria. Satanás tem mil modos de desassossegar a mente dos jovens. Não podem com segurança estar nem um momento desapercebidos. Devem pôr uma guarda sobre o próprio espírito, a fim de não serem seduzidos pelas tentações do inimigo. — Mensagens aos Jovens, 271. CI 171.2

A influência da leitura nociva — Satanás sabe que, em alto grau, o espírito é afetado por aquilo de que se alimenta. Está tentando dirigir tanto os jovens como os de idade madura à leitura de romances, contos e outra literatura. Os leitores de tal literatura tornam-se incapazes para os deveres que têm pela frente. Vivem uma vida irreal, não sentindo desejo de buscar as Escrituras para se alimentar do maná celeste. A mente que necessita se robustecer é enfraquecida, perdendo o poder de estudar as grandes verdades relacionadas com a missão e obra de Cristo verdades que revigorariam a mente, despertariam a imaginação, ateando um forte e fervoroso desejo de vencer assim como Cristo venceu. CI 171.3

Pudesse grande parte dos livros publicados ser consumidos, e seria detida uma praga que está efetuando uma terrível obra sobre a mente e o coração. Histórias de amor, frívolos e excitantes contos, e mesmo a espécie de livros chamados de “romances de fundo moral” — obras em que o autor liga a sua história uma lição moral — são uma maldição para os leitores. Talvez sejam entremeados dos sentimentos religiosos em todo o romance, mas, na maioria dos casos, Satanás está apenas revestido das roupagens angélicas, as mais eficazes para enganar e seduzir. Ninguém está tão firmado nos justos princípios, ninguém tão seguro contra a tentação, que esteja a salvo lendo essas histórias. CI 171.4

Os leitores de ficção estão condescendendo com um mal que destrói a espiritualidade, eclipsando a beleza da Página Sagrada. Cria uma nociva estimulação, desperta a imaginação, incapacita a mente para a utilidade, desvia o espírito da oração, tornando-o inapto para qualquer exercício espiritual. CI 172.1

Deus tem dotado muitos de nossos jovens com superiores aptidões; mas demasiadas vezes têm eles enfraquecido suas faculdades, confundido e debilitado a mente de tal maneira que, por anos, não têm feito nenhum progresso na graça ou no conhecimento das razões de sua fé, devido a sua pouco sábia escolha de leituras. Os que estão aguardando a próxima vinda do Senhor, esperando aquela maravilhosa transformação, quando “isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade” (1 Coríntios 15:53) devem, neste tempo de graça, encontrar-se num mais elevado plano de ação. CI 172.2

Meus queridos amigos jovens, interrogai vossa própria experiência quanto à influência das histórias excitantes. Podeis vós, depois de tal leitura, abrir a Bíblia e ler com interesse a Palavra da vida? Não achais desinteressante o Livro de Deus? O encanto daquela história de amor vos domina a mente, destruindo-lhe o saudável tono, e tornando-vos impossível fixar a atenção sobre as importantes e solenes verdades que dizem respeito a vosso bem-estar eterno. CI 172.3

Rejeitai resolutamente toda leitura inútil. Ela não vos fortalecerá a espiritualidade, mas introduzirá na mente sentimentos que hão de perverter a imaginação, fazendo com que penseis menos em Jesus, demorando-vos menos em Suas preciosas lições. Mantende o espírito livre de tudo quanto o poderia levar em uma errônea direção. Não o acumuleis de histórias inúteis, que não comunicam nenhuma força às faculdades mentais. Os pensamentos são do mesmo caráter que o alimento provido ao espírito. — Mensagens aos Jovens, 271-273. CI 172.4

Leituras que destroem a espiritualidade — Com a imensa maré de material impresso a derramar-se constantemente do prelo, adultos e jovens formam o hábito da leitura apressada e superficial, e a mente perde a sua capacidade para um pensamento contínuo e vigoroso. Ademais, uma participação abundante das revistas e livros que, à semelhança das rãs do Egito, se estão espalhando pela Terra, não é meramente coisa banal, ociosa e enervante, mas impura e degradante. Seu efeito não consiste simplesmente em envenenar e arruinar o espírito, mas também em corromper e destruir a alma. — Educação, 189, 190. CI 172.5

Na educação das crianças e dos jovens dá-se agora importante lugar aos contos de fadas, mitos e histórias fictícias. Usam-se nas escolas livros desta natureza, e encontram-se também os mesmos em muitos lares. Como podem pais cristãos permitir que seus filhos usem livros tão cheios de mentiras? Quando as crianças pedem a explicação de histórias tão contrárias aos ensinos recebidos de seus pais, a resposta é que essas histórias não são verdadeiras; mas isso não dissipa os maus resultados do uso das mesmas. As idéias apresentadas nesses livros desencaminham as crianças. Comunicam falsas idéias da vida, suscitando e nutrindo o desejo pelo irreal. [...] CI 172.6

Nunca devem ser colocados nas mãos da infância e da juventude livros que contenham uma perversão da verdade. Não permitamos que nossos filhos, no próprio processo de adquirir educação, recebam idéias que se demonstrarão sementes de pecado. — Conselhos aos Professores, Pais e Estudantes, 384, 385. CI 173.1

Convidando eles as suas tentações, não têm sabedoria para discernir nem força para resisti-las. Com um poder fascinante, sedutor, a incredulidade se apodera da mente. — Conselhos aos Professores, Pais e Estudantes, 135, 136. CI 173.2

Perigos na leitura de histórias excitantes — Que vão ler nossos filhos? Esta é uma questão séria, e que exige uma séria resposta. Perturba-me ver, entre as famílias observadoras do sábado, periódicos e jornais que contêm histórias em série, as quais não deixam impressão para o bem na mente das crianças e jovens. Tenho observado aqueles cujo gosto pela ficção foi assim cultivado. Tiveram o privilégio de ouvir a verdade, de familiarizar-se com as razões de nossa fé; mas chegaram aos anos mais avançados destituídos da verdadeira piedade e religião prática. [...] CI 173.3

Os leitores de contos frívolos e empolgantes tornam-se inaptos para os deveres da vida prática. Vivem em um mundo irreal. Tenho observado crianças a quem se consentiu adquirir o costume de ler tais histórias. Quer em casa quer fora de casa, achavam-se inquietas, sonhadoras, incapazes de conversar a não ser sobre os assuntos mais triviais. Pensamentos e conversas religiosos eram inteiramente alheios ao seu espírito. Cultivando o apetite pelas histórias sensacionais, perverte-se o gosto da mente, e o espírito não se satisfaz a menos que seja nutrido com tal alimento prejudicial. Não posso imaginar expressão mais apropriada para designar os que condescendem com tal leitura, do que a de embriagados mentais. Hábitos intemperantes na leitura têm sobre o cérebro um efeito idêntico àquele que os hábitos de intemperança no comer e no beber exercem sobre o corpo. — Conselhos aos Professores, Pais e Estudantes, 132, 134, 135. CI 173.4

Antes de aceitar a verdade presente, alguns haviam formado o hábito de ler romances. Ao unirem-se à igreja, esforçavam-se para vencer esse hábito. Colocar perante essas pessoas leituras semelhantes às que abandonaram, equivale a oferecer bebidas intoxicantes ao viciado. Cedendo à tentação que sempre os assalta, logo perdem o gosto pela leitura sadia. Não têm mais interesse no estudo da Bíblia. Ficam com a força moral debilitada. O pecado lhes parece cada vez menos repulsivo. Demonstram crescente infidelidade, desprazer cada vez maior pelos deveres práticos da vida. O espírito pervertido fica pronto para prender-se a qualquer leitura de caráter estimulante. Assim se acha aberto o caminho para Satanás ter a pessoa sob seu completo domínio. — Testimonies for the Church 7:203. CI 173.5

O Livro dos livros — A natureza da experiência religiosa de uma pessoa revela-se no caráter dos livros que ela prefere em seus momentos de lazer. Para possuir um saudável tono mental, bem como sãos princípios religiosos, a juventude deve viver em comunhão com Deus por intermédio de Sua Palavra. Indicando o caminho da salvação mediante Cristo, é a Bíblia nosso guia para uma vida mais elevada e melhor. Contém as mais interessantes e instrutivas histórias e biografias que já foram escritas. Aqueles cuja imaginação não foi pervertida pela leitura de ficção, hão de achar a Bíblia o mais interessante dos livros. CI 174.1

A Bíblia é o Livro dos livros. Se amais a Palavra de Deus, esquadrinhando-a quando tendes oportunidade, para que venhais a possuir seus ricos tesouros, e estejais perfeitamente aparelhados para toda boa obra, então podeis ter certeza de que Jesus vos está atraindo para Si. Ler, porém, as Escrituras de maneira casual, sem procurar compreender as lições de Cristo a fim de poder satisfazer Suas exigências, não é bastante. Há na Palavra de Deus tesouros que só podem ser descobertos penetrando fundo na mina da verdade. CI 174.2

A mente carnal rejeita a verdade; mas a alma que é convertida experimenta maravilhosa transformação. O Livro antes sem atrativos em virtude de revelar verdades que testificam contra o pecador, torna-se agora o alimento da alma, a alegria e consolação da vida. O Sol da justiça ilumina as Páginas Sagradas, e o Espírito Santo por seu intermédio fala à alma. [...] CI 174.3

Que todos quantos têm cultivado o gosto das leituras leves volvam agora a atenção à firme palavra da profecia. Tomai a Bíblia, e ponde-vos a estudar com renovado interesse os sagrados registros do Antigo e do Novo Testamentos. Quanto mais freqüente e mais diligentemente estudardes a Bíblia, tanto mais bela se revelará, e menos sabor encontrareis nas leituras leves. Ligai ao coração esse precioso volume. Ele vos será um amigo e um guia. — Mensagens aos Jovens, 273, 274. CI 174.4