Conselhos aos Idosos

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Capítulo 11 — Fortaleza na aflição*

Durante uma prolongada enfermidade

Cada correio tem levado de cem a duzentas páginas escritas por minha mão, e a maior parte foi escrita assim como estou agora, ou apoiada na cama por almofadas, meio deitada e meio sentada, ou recostada entre travesseiros numa cadeira incômoda. CId 135.1

Ficar sentada é muito doloroso a meus quadris e à parte inferior da espinha. Se neste país [Austrália] se encontrassem essas cadeiras de braços que têm no sanatório, logo eu compraria uma, mesmo que custasse trinta dólares. ... É com grande fadiga que posso sentar ereta e erguer a cabeça. Tenho de recostá-la no encosto da cadeira, sobre travesseiros, meio reclinada. Esse é meu estado justamente agora. CId 135.2

Mas não estou, absolutamente, desanimada. Sinto que sou sustentada diariamente. Nas longas e cansativas horas da noite, quando foge completamente o sono, tenho dedicado muito tempo à oração; e quando todos os nervos pareciam gritar de dor, quando, se eu pensava em mim mesma, parecia enlouquecer, a paz de Cristo me sobrevinha ao coração em tamanha medida que eu me tomava de gratidão e ações de graças. Sei que Jesus me ama, e eu amo a Jesus. Algumas noites tenho dormido três horas, outras noites quatro horas, e muitas vezes apenas duas; e, todavia, nestas longas noites australianas, em meio às trevas, tudo ao meu redor parece luz, e desfruto suave comunhão com Deus. CId 135.3

Na primeira vez que me senti num estado de desamparo, lamentei profundamente ter transposto o vasto oceano. Por que não ficara na América? Por que, a expensas tão avultadas, estava eu neste país? Muitas vezes sentia vontade de enterrar o rosto entre as cobertas da cama e desabafar-me num bom choro. Mas não condescendi por muito tempo no luxo das lágrimas. CId 136.1

Disse de mim para mim: “Ellen G. White, o que quer você dizer? Não veio à Austrália porque achava que era seu dever ir aonde a Associação julgasse melhor que fosse? Não tem sido esta a sua maneira de proceder?” CId 136.2

Respondi: “Sim.” CId 136.3

“Então, por que você se sente quase abandonada, e desanimada? Não será esta uma obra do inimigo?” CId 136.4

Respondi: “Creio que é.” CId 136.5

Enxuguei o mais depressa possível as lágrimas e disse: “Basta: não mais olharei para o lado escuro. Viva ou morra, entrego a guarda de minha alma Àquele que por mim morreu.” CId 136.6

Cri então que o Senhor faria bem todas as coisas, e durante esses oito meses de desamparo, não tive nenhum desânimo ou dúvida. Olho agora a essa questão como parte do grande plano do Senhor, para bem de Seu povo neste país, e pelos da América, e para meu próprio bem. Não sei explicar por que ou como, mas creio-o. E sinto-me feliz em minha enfermidade. Posso confiar em meu Pai celestial. Não duvidarei de Seu amor. Dia e noite tenho um guarda sempre vigilante, e louvarei ao Senhor, pois Seu louvor está em meus lábios porque procede de um coração cheio de gratidão. — Carta 18a, 1892; Mensagens Escolhidas 2:233, 234. CId 136.7