O Sábado e o Domingo nos Primeiros Três Séculos: o Testemunho Completo dos Pais da Igreja

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Testemunho da Epístola de Barnabé

Em seu segundo capítulo, esse escritor diz o seguinte: SDS 25.1

Pois Ele nos revelou mediante todos os profetas, que Deus não precisa de sacrifícios, nem de holocaustos, nem de oblações, assim dizendo: “O que significa a multidão de vossos sacrifícios diante de Mim?, diz o Senhor. Estou farto de holocaustos, e não desejo a gordura de carneiros, e o sangue de touros e de bodes quando vierdes vos apresentar diante de Mim; pois quem vos requereu essas coisas das vossas mãos? Não continueis a pisar nos Meus átrios, ainda que tragais flor de farinha. Incenso é para Mim vã abominação, e as vossas luas novas e os vossos sábados não posso suportar”. Ele aboliu, portanto, essas coisas, para que a nova lei de nosso Senhor Jesus Cristo, que não possui o jugo da obrigação, possa ter uma oferta de uma santificada vida humana. SDS 25.2

O escritor pode ter pretendido declarar a anulação dos sacrifícios apenas, já que esse era o seu tema principal nesse lugar. Mas neste momento ele defende a anulação do sábado do Senhor. Aqui está seu décimo quinto capítulo completo: SDS 25.3

Além disso, também, está escrito acerca do sábado no decálogo que [o Senhor] falou, face a face, a Moisés no Monte Sinai: “Santificai o sábado do Senhor com mãos puras e coração puro”. E Ele diz em outro lugar: “Se Meus filhos guardarem o sábado, então farei Minha misericórdia repousar sobre eles”. O sábado é mencionado no início da criação [assim]: “E Deus criou em seis dias as obras de Suas mãos e as terminou no sétimo dia, e nele descansou e o santificou”. Atentem, meus filhos, para o significado desta expressão: “Em seis dias terminou o Senhor”. Isso significa que o Senhor há de terminar todas as coisas em seis mil anos, pois um dia para Ele é como mil anos. E Ele próprio testemunhou, dizendo: “Eis que um dia é como mil anos”. Portanto, meus filhos, em seis dias, ou seja, em seis mil anos, todas as coisas serão terminadas. “E no sétimo dia descansou”. Isso quer dizer: quando Seu Filho, vier [outra vez], destruirá o tempo dos homens maus e julgará os ímpios, mudará o sol, a lua e as estrelas, e então Ele verdadeiramente descansará no sétimo dia. Além disso, Ele diz: “Tu o santificarás com mãos puras e coração puro”. Portanto, se alguém alegar, no tempo presente, que pode santificar o dia que Deus santificou, como se tivesse coração puro em todas as coisas, estamos enganados. Portanto, entendam: certamente o descanso apropriado que santifica esse dia ocorrerá quando nós, depois de recebermos a promessa, a maldade não mais existir e todas as coisas terem sido renovadas pelo Senhor, conseguirmos operar a justiça. Então teremos condições de santificá-lo, uma vez que nós mesmos estaremos santificados. Ele lhes diz ainda: ‘Não consigo suportar vossas luas novas e vossos sábados’. Percebam como Ele fala: Os sábados atuais de vocês não Me são aceitáveis, mas eis aqui o que determinei [a saber, isto]: quando Eu der descanso a todas as coisas, darei início ao oitavo dia, isto é, o começo de um outro mundo. Por isso, também, guardamos o oitavo dia com alegria, no qual Jesus ressuscitou dos mortos e, depois de Se manifestar, ascendeu aos Céus. SDS 25.4

Aqui estão alguns espécimes muito estranhos de raciocínio. A essência do que ele diz em relação à atual observância do sábado parece ser esta: Ninguém “pode agora santificar o dia que Deus santificou, a menos que seja puro de coração em todas as coisas”. Mas esse não pode ser o caso até que o presente mundo passe, “quando nós, depois de recebermos a promessa, a maldade não mais existir e todas as coisas tiverem sido renovadas pelo Senhor, conseguirmos operar a justiça. Então teremos condições de santificá-lo, uma vez que nós mesmos estaremos santificados”. Logo, os seres humanos não têm condições de guardar o Sábado enquanto este mundo mau existir. Portanto, Deus diz: “Os sábados atuais de vocês não Me são aceitáveis”. Isso é o mesmo que afirmar que a guarda do dia que Deus santificou não é possível em um mundo mau como este. Mas, embora o sétimo dia não possa ser guardado agora, o oitavo dia pode ser, e deve ser, porque, quando os sete mil anos acabarem, haverá uma nova criação no início do oitavo milênio. Assim, as pessoas representadas por esse escritor não tentam guardar o sétimo dia que Deus santificou, pois tal é puro demais para ser guardado neste mundo, e só pode ser guardado depois que o Salvador vier, no início do sétimo milênio; mas eles “guardam alegremente o oitavo dia, no qual Jesus ressuscitou dos mortos”. O domingo, o qual Deus nunca santificou, é especialmente adequado para ser observado em nosso mundo em seu estado atual. Mas o sétimo dia santificado, “seremos capazes de santificar” quando todas as coisas se fizerem novas. Se nossos amigos do primeiro dia pensam que essas palavras de algum escritor desconhecido do segundo século, são mais honradas para o primeiro dia da semana do que para o sétimo, a esses elas são bem-vindas. Se o escritor tivesse dito: “É mais fácil guardar o domingo do que o sábado, enquanto o mundo é tão mau”, ele teria declarado a verdade. Mas, quando essencialmente, ele diz: “É mais aceitável para Deus guardar um dia comum do que um dia santificado, enquanto os homens são tão pecadores”, ele desculpa sua desobediência proferindo uma falsidade. Várias coisas, no entanto, devem ser observadas: SDS 26.1

1. Nesta citação, temos as razões de uma pessoa não sabatista para guardar a festa do domingo. Não é o mandamento de Deus, pois não havia nenhum para essa festa; mas, uma vez que o dia que Deus santificou era puro demais para se guardar, enquanto o mundo é tão mau, o domingo é, então, guardado até a volta do Senhor; e então o sétimo dia será verdadeiramente santificado por aqueles que agora não o ignoram. SDS 27.1

2. Mas este escritor, apesar de dizer tudo o que pode em favor do primeiro dia da semana, não aplica a ele nenhum nome sagrado. Ele não o chama de sábado cristão, nem de dia do Senhor, mas simplesmente de “o oitavo dia”, e isso porque sucede o sétimo dia da semana. SDS 28.1

3. Deve-se também notar que ele expressamente data o sábado desde a criação. SDS 28.2

4. A mudança do sábado era desconhecida para este escritor. Ele guardava a festa do domingo, não porque fosse mais puro do que o sétimo dia santificado, mas porque o sétimo dia era puro demais para se guardar enquanto o mundo é tão mau. SDS 28.3