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Capítulo 65 — Como relacionar-nos com um ponto de doutrina controverso

Devemos compreender o tempo em que vivemos. Não o compreendemos nem pela metade. Não o apreendemos pela metade. Meu coração treme dentro de mim quando penso qual o inimigo que temos a defrontar e quão pobremente nos achamos preparados para defrontá-lo. As provas dos filhos de Israel, e sua atitude justamente antes da vinda de Cristo, foram-me apresentadas repetidamente para ilustrar a posição do povo de Deus em sua experiência antes da segunda vinda de Cristo — como o inimigo procurou toda ocasião para assumir o controle da mente dos judeus, e hoje procura ele cegar a mente dos servos de Deus, a fim de que não sejam capazes de discernir a preciosa verdade. ME1 406.1

Quando Cristo veio ao nosso mundo, Satanás estava em campo, e disputou cada palmo de avanço, em Sua vereda desde a manjedoura até ao Calvário. Satanás acusara a Deus de exigir abnegação dos anjos, quando nada sabia Ele mesmo do que isso significava, e quando Ele mesmo nenhum sacrifício fazia em favor de outros. Esta foi a acusação que Satanás fez contra Deus no Céu; e depois que o maligno foi expulso do Céu, continuamente acusou o Senhor de exigir serviço que Ele mesmo não faria. Cristo veio ao mundo para desfazer essas falsas acusações e revelar o Pai. Não podemos imaginar a humilhação que Ele suportou ao tomar sobre Si a nossa natureza. Não que fosse, em si, uma desonra pertencer ao gênero humano, mas era Ele a Majestade do Céu, o Rei da glória, e humilhou-Se para tornar-Se um bebê e sofrer as necessidades e aflições dos mortais. Humilhou-Se, não para a mais alta posição, para ser homem de riquezas e poder, mas embora fosse rico, por nossa causa Se tornou pobre, para que por Sua pobreza enriquecêssemos. Deu um passo após outro, na humilhação. Foi tangido de uma cidade para outra, pois não quiseram os homens receber a Luz do mundo. Estavam perfeitamente satisfeitos com sua situação. ME1 406.2

Cristo apresentara preciosas gemas da verdade, mas os homens as lançaram ao refugo da superstição e do erro. Comunicara-lhes as palavras de vida, mas eles não viveram por toda palavra que sai da boca de Deus. Viu Ele que o mundo não podia encontrar a Palavra de Deus, pois estava oculta sob as tradições dos homens. Veio para expor ao mundo a relativa importância do Céu e da Terra, e colocar a verdade em seu lugar devido. Jesus, unicamente, podia revelar a verdade que era necessário que os homens soubessem para que alcançassem a salvação. Ele, só, podia colocá-la na moldura da verdade, e era Sua obra libertá-la do erro e colocá-la diante dos homens em sua luz celestial. ME1 407.1

Satanás despertou-se para se Lhe opor, pois não fizera ele, desde a queda, todos os esforços para fazer a luz parecer trevas, e as trevas luz? Enquanto Cristo procurava colocar a verdade diante do povo em sua devida relação com sua salvação, Satanás operava por intermédio dos líderes judeus, inspirando-lhes inimizade contra o Redentor do mundo. Resolveram fazer tudo que estava ao seu alcance para impedir que Ele causasse impressão sobre o povo. ME1 407.2

Oh! quanto anelava Cristo, como Lhe ardia o coração, por abrir aos sacerdotes os maiores tesouros da verdade! Mas seu espírito recebera um molde tal que era quase impossível revelar-lhes as verdades relacionadas com o Seu reino. As Escrituras não haviam sido lidas da maneira devida. Os judeus tinham aguardado o advento do Messias, mas pensavam que teria de vir em toda a glória que há de acompanhar Sua segunda vinda. Por não ter Ele vindo com toda a majestade de um rei, rejeitaram-nO completamente. Mas não foi simplesmente por não ter Ele vindo em esplendor, que O rejeitaram. Foi porque Ele era a concretização da pureza, e eles eram impuros. Ele andou na Terra como Homem de integridade imaculada. Tal caráter, em meio da degradação e do mal, estava fora de harmonia com os desejos deles, e Ele foi insultado e desprezado. Sua vida imaculada despedia luz sobre o coração dos homens, descobrindo-lhes a iniqüidade em seu feitio odioso. ME1 407.3

O Filho de Deus a cada passo era assaltado pelos poderes das trevas. Após o Seu batismo foi pelo Espírito levado ao deserto onde por quarenta dias sofreu tentação. Tenho recebido cartas, afirmando que Cristo não podia ter tido a mesma natureza que o homem, pois nesse caso, teria caído sob tentações semelhantes. Se não possuísse natureza humana, não poderia ter sido exemplo nosso. Se não fosse participante de nossa natureza, não poderia ter sido tentado como o homem tem sido. Se não Lhe tivesse sido possível ceder à tentação, não poderia ser nosso Auxiliador. Era uma solene realidade esta de que Cristo veio para ferir as batalhas como homem, em favor do homem. Sua tentação e vitória nos dizem que a humanidade deve copiar o Modelo; deve o homem tornar-se participante da natureza divina. ME1 408.1