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A profecia no Éden

A inimizade à qual se refere a profecia feita no Éden, não devia limitar-se unicamente a Satanás e ao Príncipe da vida. Devia ser universal. Satanás e seus anjos deviam sentir a inimizade de toda a humanidade. “Porei inimizade”, disse Deus, “entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua Semente; Esta te ferirá a cabeça, e tu Lhe ferirás o calcanhar.” Gênesis 3:15. ME1 254.1

A inimizade posta entre a semente da serpente e a Semente da mulher foi sobrenatural. Com Cristo a inimizade era em certo sentido natural; em outro sentido foi sobrenatural, visto combinarem-se humanidade e divindade. E nunca se desenvolveu a inimizade a ponto tão notável como quando Cristo Se tornou habitante da Terra. Nunca dantes houvera na Terra um ser que odiasse o pecado com ódio tão perfeito como Cristo. Vira Ele o seu poder enganador e obcecante sobre os santos anjos, e arregimentou contra ele todas as Suas faculdades. ME1 254.2

A pureza e santidade de Cristo, a imaculada justiça dAquele que não pecou, era uma perpétua acusação a todo o pecado, num mundo de sensualidade e pecado. Em Sua vida a luz da verdade brilhou em meio das trevas morais nas quais Satanás envolvera o mundo. Cristo expôs as falsidades e o caráter enganador de Satanás, e em muitos corações destruiu sua influência corruptora. Foi isto que incitou em Satanás tão intenso ódio. Com seus exércitos de seres caídos resolveu ele insistir com a luta mui vigorosamente, pois havia no mundo Alguém que era perfeito Representante do Pai, Alguém cujo caráter e prática refutavam as falsas representações que Satanás fazia de Deus. Satanás atribuiu a Deus as qualidades por ele mesmo possuídas. Agora em Cristo via ele Deus revelado em Seu verdadeiro caráter — Pai compassivo e misericordioso, não querendo que ninguém se perca, mas que todos se cheguem a Ele, arrependidos, e tenham vida eterna. ME1 254.3

O intenso mundanismo tem sido uma das mais bem-sucedidas tentações de Satanás. Empenha-se ele em conservar o coração e espírito dos homens tão possuídos das atrações mundanas que não haja lugar para coisas celestiais. Ele lhes controla a mente, em seu amor do mundo. As coisas terrenas eclipsam as celestiais, e põem o Senhor fora de sua vista e seu entendimento. Teorias falsas e falsos deuses são acariciados em lugar dos verdadeiros. Os homens ficam encantados com os ouropéis do mundo. Acham-se tão presos às coisas da Terra que muitos cometem todo e qualquer pecado para conseguir alguma vantagem mundana. ME1 254.4

Foi neste ponto que Satanás pretendeu vencer a Cristo. Pensou que, em Sua humanidade, pudesse Ele ser vencido facilmente. “Novamente O transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-Lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles. E disse-Lhe: Tudo isto Te darei se, prostrado, me adorares.” Mateus 4:8-9. Cristo, porém, ficou inabalável. Sentiu a força dessa tentação; mas em nosso favor resistiu a ela, e venceu. E Ele só Se serviu das armas que os seres humanos estão em condições de usar — a palavra dAquele que é poderoso em conselho — “Está escrito”. Mateus 4:4, 10. ME1 255.1

Com que intenso interesse foi essa luta observada pelos anjos celestiais e os mundos não caídos, quando estava sendo reivindicada a honra da lei! Não meramente para este mundo, mas para o Universo do Céu, devia ser para sempre liquidado o conflito. A confederação das trevas estava também observando, para ver se porventura havia uma perspectiva de triunfo sobre o divino e humano Substituto da raça humana, a fim de que o apóstata pudesse exclamar: “Vitória!” e o mundo e seus habitantes se tornassem para sempre o seu reino. ME1 255.2

Mas Satanás alcançou apenas o calcanhar; não pôde tocar a cabeça. Por ocasião da morte de Cristo, Satanás viu que estava derrotado. Viu que seu verdadeiro caráter foi claramente revelado diante de todo o Céu, e que os seres celestiais e os mundos que Deus criara estariam inteiramente do lado de Deus. Viu ele que suas perspectivas de influência futura junto deles seriam completamente eliminadas. A humanidade de Cristo demonstraria através dos séculos eternos a questão que liquidou o litígio. ME1 255.3