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Visão do perigo que se aproxima

Mais ou menos pelo tempo em que foi publicado Living Temple, passaram ante mim, na calada da noite, representações que indicavam estar-se aproximando algum perigo, e que eu devia para isso me preparar, escrevendo as coisas que Deus me revelara, acerca dos princípios fundamentais de nossa fé. Foi-me enviado um exemplar de Living Temple, mas ficou intocado em minha biblioteca. Segundo a luz que me foi dada pelo Senhor, eu sabia que alguns dos sentimentos defendidos no livro não traziam o endosso de Deus, e que eram uma cilada preparada pelo inimigo, para os últimos dias. Pensei que tal por certo seria percebido, e que não seria preciso que eu sobre isso dissesse o que quer que fosse. ME1 202.3

Na controvérsia que surgiu entre nossos irmãos acerca dos ensinamentos desse livro, os que estavam a favor de lhe dar ampla divulgação diziam: “Encerra exatamente os pensamentos que a irmã White tem ensinado.” Essa afirmativa feriu-me diretamente o coração. Senti-me acabrunhada, pois sabia que essa apresentação do caso não era verdadeira. ME1 203.1

Afinal disse-me meu filho: “Mamãe, a senhora deve ler pelo menos alguns trechos do livro, para ver se estão em harmonia com a luz que o Senhor lhe deu.” Assentou-se ao meu lado, e juntos lemos o prefácio, e a maior parte do primeiro capítulo, bem como alguns parágrafos de outros capítulos. Ao lermos, reconheci as próprias opiniões contra as quais me fora ordenado advertir, no princípio de meus trabalhos públicos. Quando pela primeira vez deixei o Estado do Maine, fi-lo com intenção de percorrer Vermont e Massachusetts, a fim de dar testemunho contra essas opiniões. Living Temple encerra o alfa dessas teorias. Eu sabia que o ômega seguiria dentro de pouco tempo; e tremi pelo nosso povo. Sabia eu que devia advertir nossos irmãos e irmãs a que não entrassem em controvérsia em relação à presença e personalidade de Deus. As afirmações feitas em Living Temple acerca deste ponto são incorretas. São mal aplicadas as passagens usadas em apoio da doutrina ali exposta. ME1 203.2

Sou compelida a falar negando a pretensão de que os ensinamentos de Living Temple possam ser apoiados por declarações de meus escritos. Pode haver nesse livro expressões e opiniões que estejam em harmonia com os meus escritos. E pode haver em meus escritos muitas afirmações que, tiradas do contexto, e interpretadas de acordo com o pensamento do autor de Living Temple, dir-se-iam de acordo com os ensinamentos desse livro. Isso pode dar aparente apoio à afirmação de que as idéias de Living Temple estejam em harmonia com meus escritos. Deus não permita, porém, que prevaleça esta impressão. ME1 203.3

Poucos discernem o resultado de sustentarem os sofismas defendidos por alguns, atualmente. O Senhor, porém, correu a cortina mostrando-me o resultado que se seguiria. As teorias espiritualistas acerca da personalidade de Deus, levadas a sua conclusão lógica, derribam toda a ordem cristã. Estimam como nada a luz que Cristo veio do Céu para dar a João, a fim de que ele a transmitisse ao Seu povo. Ensinam que as cenas que estão justamente à nossa frente não são de importância suficiente para que se lhes dê atenção especial. Tornam de nenhum efeito a verdade de origem celestial e roubam ao povo de Deus sua experiência passada, oferecendo-lhes, em lugar, uma ciência falsa. ME1 203.4

Em visão da noite foi-me mostrado distintamente que essas opiniões foram por alguns consideradas grandes verdades, que devessem ser introduzidas, dando-se-lhes preeminência na atualidade. Foi-me mostrada uma plataforma, firmada por sólidas vigas de madeira — as verdades da Palavra de Deus. Alguém, de alta responsabilidade na obra médica, mandava que este homem, e aquele outro, desprendessem as vigas que suportavam a plataforma. Ouvi então uma voz que dizia: “Onde estão os vigias que deveriam estar sobre os muros de Sião? Estão dormindo? Esta base foi lançada pelo Obreiro-Mestre, e suportará vendavais e tempestades. Permitirão que este homem apresente doutrinas que neguem a passada experiência do povo de Deus? É chegado o tempo de ação decidida.” ME1 204.1

O inimigo das almas tem procurado introduzir a suposição de que uma grande reforma devia efetuar-se entre os adventistas do sétimo dia, e que essa reforma consistiria em renunciar às doutrinas que se erguem como pilares de nossa fé, e empenhar-se num processo de reorganização. Se tal reforma se efetuasse, qual seria o resultado? Seriam rejeitados os princípios da verdade, que Deus em Sua sabedoria concedeu à igreja remanescente. Nossa religião seria alterada. Os princípios fundamentais que têm sustido a obra neste últimos cinqüenta anos, seriam tidos na conta de erros. Estabelecer-se-ia uma nova organização. Escrever-se-iam livros de ordem diferente. Introduzir-se-ia um sistema de filosofia intelectual. Os fundadores deste sistema iriam às cidades, realizando uma obra maravilhosa. O sábado seria, naturalmente, menosprezado, como também o Deus que o criou. Coisa alguma se permitiria opor-se ao novo movimento. Ensinariam os líderes ser a virtude melhor do que o vício, mas, removido Deus, colocariam sua confiança no poder humano, o qual, sem Deus, nada vale. Seus alicerces se fundariam na areia, e os vendavais e tempestades derribariam a estrutura. ME1 204.2

Quem tem autoridade para iniciar semelhante movimento? Possuímos a Bíblia. Temos nossa experiência, com o atestado da milagrosa operação do Espírito Santo. Temos uma verdade que não admite contemporização alguma. Não devemos repudiar tudo que não esteja em harmonia com esta verdade? ME1 205.1

Hesitei quanto ao envio daquilo que o Espírito do Senhor me impeliu a escrever, e retardei a remessa. Eu não queria ser compelida a apresentar a influência desencaminhadora desses sofismas. Mas na providência de Deus, os erros que se têm insinuado têm de ser combatidos. ME1 205.2