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Harmonizar-se com os irmãos

Não penseis que deveis salientar toda idéia que vossa imaginação concebe. Disse Jesus a Seus discípulos: “Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora.” João 16:12. Quanto mais devemos nós, constantemente sujeitos a errar, acautelar-nos de recomendar insistentemente a outros aquilo que eles não estão preparados para receber. Olhando constantemente a Jesus, refreai vossas expressões fortes, extravagantes. Mas ao passo que vos deveis acautelar quanto a vossas palavras e idéias, não é necessário que vossos labores cessem inteiramente. Buscai estar em harmonia com vossos irmãos, e haverá abundância de serviço para vós na vinha do Senhor. Exaltai, porém, a Cristo, não às vossas idéias e pontos de vista. Revesti-vos da armadura, e mantende-vos passo a passo, ombro a ombro, com os obreiros de Deus; esforçai-vos na batalha contra o inimigo. Escondei-vos em Jesus. Demorai nas singelas lições de Cristo, alimentai o rebanho de Deus, e ficareis firme, estabelecido, fortalecido; trabalhareis para edificação de outros na santíssima fé. ME1 182.5

Se diferis de vossos irmãos quanto à compreensão da graça de Cristo e às maneiras de operar de Seu Espírito, não deveis tornar preeminentes essas diferenças. Vós vedes as coisas de um ângulo; outro, igualmente consagrado a Deus, olha o mesmo assunto sob aspecto diverso, e fala das coisas que fazem a mais profunda impressão em seu espírito; outro, vendo-o ainda de um outro ponto de vista, apresenta novo aspecto; e quão impensado é entrar em contenda por essas coisas, quando não há realmente nada sobre que contender! Que Deus opere no espírito e impressione o coração. ME1 183.1

O Senhor trabalha constantemente para abrir o entendimento, avivar as percepções, para que o homem tenha o devido senso do pecado e dos reclamos de vasto alcance da lei de Deus. O homem não convertido pensa em Deus como sendo duro, severo, e mesmo vingativo; Sua presença é julgada uma constante restrição, Seu caráter, uma expressão de “não farás”. Seu serviço é considerado como sombrio e cheio de duras exigências. Quando, porém, Jesus é visto sobre a cruz, como o dom de Deus porque Ele amava os homens, abrem-se os olhos para ver as coisas sob novo aspecto. Deus, tal como Se revela em Cristo, não é um juiz severo, um tirano vingativo, mas Pai misericordioso e amante. ME1 183.2

Ao vermos Jesus morrendo sobre a cruz para salvar o homem perdido, o coração ecoa as palavras de João: “Vede quão grande caridade nos tem concedido o Pai: que fôssemos chamados filhos de Deus. Por isso o mundo nos não conhece; porque O não conhece a Ele.” 1 João 3:1. Coisa alguma distingue mais decididamente o cristão do homem mundano do que sua estimativa de Deus. ME1 183.3

Alguns obreiros na causa de Deus têm sido muito prontos a lançar acusações contra os pecadores; a graça e o amor do Pai ao dar Seu Filho para morrer pela raça pecadora, têm sido deixados para trás. O pregador necessita da graça de Cristo em sua própria alma, a fim de fazer conhecer ao pecador o que é realmente Deus — um Pai aguardando com anelante amor receber o pródigo de volta, não lhe atirando acusações com ira, mas preparando uma festa de alegria para dar-lhe as boas-vindas. Sofonias 3:14-17. ME1 184.1

Quem dera que pudéssemos, todos, aprender o modo do Senhor no ganhar almas para Cristo! Devemos aprender e ensinar as preciosas lições à luz que irradia do sacrifício feito na cruz do Calvário. Não há senão um caminho que afasta da ruína, e ascende continuamente, a fé que se estende sem cessar para além das trevas penetrando a luz, até repousar no trono de Deus. Todos quantos aprenderam esta lição aceitaram a luz que veio ao seu entendimento. Para eles esse caminho em ascensão não é uma passagem escura, incerta; não é o caminho de mentes finitas nem uma senda aberta por projeto humano, um caminho em que se exige taxa de todo viajante. ME1 184.2

Não podeis obter entrada por penitências nem quaisquer obras que possais fazer. Não, o próprio Deus tem a honra de prover o caminho, e este é tão completo, tão perfeito, que o homem não pode, por quaisquer obras que possa fazer, acrescentar-lhe a perfeição. É suficientemente amplo para receber o maior pecador, se se arrepende, e é tão estreito, tão santo, eleva-se tão alto, que o pecador ali não pode ter entrada. ME1 184.3

Quando Deus é visto tal como é, a bendita verdade resplandece com nova e mais brilhante luz. Aquilo que mantinha a mente em perplexidade é aclarado pelos brilhantes raios do Sol da Justiça. E ainda há muitas coisas que não compreenderemos; temos, porém, a bendita certeza de que o que não sabemos agora, havemos de saber no além. — Carta 15a, 1890. ME1 184.4