O Outro Poder

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Capítulo 24 — Ilustrando nossa literatura

Propósito das ilustrações — O Senhor deseja que Seu povo proceda compreensiva e inteligentemente. Não devem ocasionar grandes gastos; entretanto, tudo deve ser realizado em perfeita ordem. Nossos livros devem ser encadernados com capas boas e duráveis. A costura deve ser firme e resistente. Isso devia ocorrer sempre. Deve-se exercer cuidado em matéria de ilustração. Não se deve investir muito dinheiro nesta atividade. Quando as ilustrações encerram lições que orientam o estudo do próprio livro, está bem. Quando, porém, as gravuras chamam a atenção para si mesmas e competem com a verdade contida no livro, o esforço de melhorar o livro pelas ilustrações é anulado. — Carta 75, 1900. OP 110.1

Bom gosto na escolha — As figuras/quadros que representam cenas bíblicas não devem ser desenhos mal-acabados. A verdadeira ciência de todas as espécies é distinção e poder. Aquele que, por diligente esforço, sobe, degrau por degrau, a escada do progresso humano, tem de fixar seus olhos nAquele que está acima da escada. O conhecimento que Deus comunica não é de índole a depreciar nossas ideias sobre as coisas sagradas. A glória de Deus tem de ser mantida diante dos olhos do espírito, não as representações ordinárias e terrenas que imprimem na memória cenas que dão uma falsa concepção de Cristo e das coisas celestiais. A devida representação de cenas bíblicas requer talento de superior qualidade. Com essas produções ordinárias e comuns, as lições sagradas da Bíblia prescindem de comparações. [...] Proíba Deus que agrademos ao diabo abaixando as normas da verdade eterna mediante o emprego de ilustrações que serão ridicularizadas por homens, mulheres e crianças. — Manuscrito 23, 1896. OP 110.2

Tentação de ilustrar em excesso — Sinto-me muito preocupada em relação a algumas coisas que me oprimem o espírito. Escrevi algo a respeito do preparo das ilustrações, especialmente para nossos livros. O grande investimento de recursos para esse propósito tem sido evidentemente errado. Não são as ilustrações que devem constituir o tema principal a ser apresentado ao povo. É a verdade, a matéria substancial de que as pessoas necessitam. A obra de ilustrar é uma constante tentação de empatar dinheiro. Aqueles que realmente necessitam dos livros e os apreciam não podem obtê-los devido ao seu elevado preço [...] OP 110.3

Não aceitemos as tentações que virão sobre nós, com força peculiar, para editar livros que envolvem grande investimento de dinheiro. O Senhor não aprova isso. Os milhares de dólares gastos em ilustrações poderiam ser investidos na publicação de livros e no barateamento de sua vendagem. Quando os ministros frequentam reuniões campais, devem ter o privilégio de levar esses livros consigo, e vendê-los ao preço mais barato possível. Com o dinheiro que recebem, da diferença do que os livros lhes custaram, poderão comprar livros para oferecer àqueles de nosso povo que não têm condições de comprá-los, ou aos incrédulos que, dessa forma, podem ser levados ao conhecimento da verdade. [...] OP 111.1

É demasiado tarde, e completamente fora de propósito, para depender de custosas capas de um livro, ou de profusas ilustrações, para sua vendagem. [...] Os livros de que o povo precisa devem ser editados livres de qualquer ostentação. A economia de milhares de dólares gastos em ilustrações tornaria possível que os livros fossem vendidos a um preço que facilitaria a muitos obtê-los. O Senhor não inspirou esse entusiasmo. É uma parte da obra que se desviou da simplicidade da fé, que deve caracterizar os adventistas do sétimo dia como a geração escolhida, um povo peculiar, zeloso de boas obras. Colportores e artistas têm influenciado muito na decisão dessa questão das ilustrações. OP 111.2

Fiquei surpresa quando o custo excessivo motivado pelas ilustrações foi apresentado diante de mim. — Carta 133, 1899. OP 111.3

Excesso de ilustrações — Foi-me mostrado que a abundância de ilustrações feitas para os nossos periódicos e livros está se tornando uma ambição não santificada; e os perigos de rivalidade estão atingindo um grau alarmante. Os livros que enviamos ao mundo estão custando muito caro. O excesso de ilustrações custa tempo e dinheiro, e gera preocupações que podem e devem ser evitadas. O Senhor deseja que mantenhamos o olhar voltado unicamente para glória de Deus. Essa paixão cega pela abundância de ilustrações é contrária à ordem de Deus; essa é a tendência do mundo, e um forte golpe no povo de Deus no tempo presente. OP 111.4

Em cada linha de trabalho deve-se praticar a economia. Toda despesa desnecessária deve ser evitada, pois Deus está testando o Seu povo. Há missões a serem abertas em novos campos. Homens escolhidos por Deus serão erguidos para tomar o seu posto e lugar, e fazer soar a sublime mensagem de prova para este tempo. A Palavra do Senhor deve ser proclama ao povo. A trombeta deve dar o sonido certo. Trata-se de uma mensagem de vida ou morte, e não deve ser proclamada de modo duvidoso pelas sentinelas dos muros de Sião. — Carta 147, 1899. OP 111.5

Com gosto e simplicidade — A fim de alcançar os descrentes, uma ostentação exterior tem sido notada entre o nosso povo; mas essa exibição não alcançará o bem que pretende. Nossos livros estão sendo recheados de ilustrações dispendiosas e isso os torna caros demais para serem distribuídos, e custosos demais para serem adquiridos pelas pessoas que mais precisam deles. A questão da ilustração está sendo levada ao extremo. O dinheiro extra gasto com a capa de um livro, ou em figuras, não converterá ninguém à verdade que esse livro contém. Deus não aprova que tanto espaço seja ocupado por figuras. Grandes atrasos têm ocorrido na publicação de nossos trabalhos por aguardarmos as ilustrações — atrasos que poderiam ser evitados e que têm retido das pessoas a verdade que já deveria estar em suas mãos. [...] OP 112.1

Nossos livros podem ser preparados com bom gosto, assim como todos livros devem ser; mas nossas casas publicadoras estão cometendo um erro ao se afastarem da simplicidade do evangelho. Estamos usando os meios do Senhor e devemos administrá-los com sabedoria. O retorno obtido pelas ilustrações não justifica tamanho desperdício. O rendimento não é proporcional ao tempo e aos meios gastos. — Manuscrito 131, 1899. OP 112.2

Calcular o custo — Homens têm fracassado em avaliar o custo da produção de livros que contêm verdades valiosas. Não conseguem descobrir se as ilustrações produzidas com a expectativa de aumentar as vendas absorveram todos os meios, limitando o poder de concluir o trabalho em outras linhas, trabalho que precisa ser feito imediatamente. Profunda análise deve ser feita com relação à influência desse trabalho sobre a igreja e o mundo. — Carta 133, 1899. OP 112.3

É importante o esmero — Não deveríamos investigar o assunto relacionado à profusa ilustração de nossos livros? Não teria a mente ideias mais claras e perfeitas acerca dos anjos, de Cristo e das coisas espirituais, se não houvesse quadros para procurar representar as coisas celestiais? Muitas das ilustrações que se empregam são grosseiramente falsas com respeito à verdade. Não dão lugar à falsidade esses quadros tão afastados da verdade? Queremos ser fiéis em todas nossas representações de Jesus Cristo. Mas muitas das pinturas malfeitas que aparecem em nossos livros e revistas dão uma idéia enganosa para o público. — Carta 145, 1899. OP 112.4

Ilustrações apropriadas — As ideias de muitos quanto às questões referentes à obra de Deus são de baixíssimo valor. Em relação à seleção de figuras para ilustrar temas sagrados, tem se demonstrado uma falta de sabedoria que Deus não pode aprovar. — Carta 39, 1899. OP 113.1

Um exemplo de ilustração inadequada — “A Arca em Meio ao Jordão”: note os querubins em ambos os lados da arca. Que deturpação dos anjos celestiais vigiando com reverência o propiciatório, a cobertura da arca. Uma criança pode interpretar essa ilustração como sendo de um pássaro. Além disso, no momento em que a arca era removida do santuário, os querubins não mais eram expostos à vista. A arca sagrada, que representava Jeová em meio a Seu povo, estava sempre coberta para que nenhum olhar curioso repousasse sobre ela. Que ela fique sempre coberta. — Carta 28a, 1897. OP 113.2

Nenhuma cena de horror — Mantenham longe dos livros representações dos autos-de-fé, ilustrações católicas da perseguição e de execuções públicas. Já basta ler a respeito desses atos perversos, sem tentar colocar todos os terríveis detalhes diante dos olhos. — Carta 28a, 1897. OP 113.3

Qualidade em vez de quantidade — Estou preocupada com relação ao uso de figuras em nossas publicações. Alguns de nossos materiais parecem apresentá-las a todo momento. Algumas das gravuras utilizadas são de qualidade muito inferior, e ilustram inadequadamente o assunto representado. Espero que nossas publicações não se tornem semelhantes a almanaques cômicos. Não condeno totalmente o uso de figuras, mas que se usem menos, e apenas as que são boas ilustrações do assunto. Que as ilustrações sejam escolhidas mais pela qualidade do que pela quantidade. — Carta 28a, 1897. OP 113.4

Ilustração inapropriada de periódicos — Entristeci-me profundamente ao ver na primeira página da edição recente da Signs a gravura do local de nascimento de Shakespeare, acompanhada de uma artigo sobre ele. Que o Senhor tenha piedade de nosso discernimento se não tivermos alimento melhor do que esse para oferecer ao rebanho de Deus. Aflige-me grandemente ver aquelas pessoas em cargos de confiança, que diariamente deveriam obter rica experiência, colocar tal material perante o povo. OP 113.5

Eis que o tabernáculo de Deus está entre os homens, e Ele bondosamente desceu para habitar entre eles. Que eles percebam a iniquidade de exaltar homens como Shakespeare, chamando a atenção do povo para aqueles que não honraram a Deus em sua vida e nem representaram a Cristo. OP 114.1

Os homens que ocupam posições de responsabilidade na obra de Deus precisam ser renovados no espírito de sua mente. Ergam eles a voz contra a adoração de seres humanos, honrando somente Aquele que é digno de recebê-la. Os homens que preparam nossas revistas necessitam do toque divino. Necessitam da unção do Espírito Santo. OP 114.2

“Que significam estas coisas?” — Senti pesar e tristeza ao olhar a ilustração da primeira página da Signs que fiz referência. “Que significam estas coisas?”, perguntei a mim mesma. Minha mente ficou tão angustiada que meu corpo ficou doente. Recolhi-me às oito horas e dormi por um breve período de tempo, penso que cerca de uma hora. Em seguida, pareceu-me estar diante dos que ocupavam posições de responsabilidade na Pacific Press com uma mensagem para lhes transmitir. O Espírito de Deus veio sobre mim e não pude conter as palavras. Não consigo neste momento escrever tudo o que disse. Perguntei; “Onde está o seu discernimento espiritual ou seu bom julgamento para semear dessa forma o joio entre o trigo? Em nossa literatura não deve aparecer coisa alguma que não represente a verdade e a justiça.” OP 114.3

Temos nos empenhado diligentemente para conduzir a mente dos jovens de Oakland para o caminho certo. Às vezes são severamente repreendidos por cederem ao amor aos prazeres, afastando-se dos caminhos aprovados pelo Céu. Mas o que posso dizer quando nossos periódicos rendem tais louvores a homens que não glorificaram a Deus em sua vida e caráter? Pensam vocês que tais ilustrações ajudarão a juventude a percorrer o caminho estreito da santidade? OP 114.4

Não vejo como ilustrações assim, ou como a apresentada na primeira página da edição recente da Review and Herald — a figura de um relicário de idolatria — pode servir de qualquer ajuda espiritual para o nosso povo. OP 114.5

Sinto-me intensamente desejosa de que cada palavra que é publicada por nosso povo reflita a luz que penetra as negras sombras de Satanás. Coloquem em nossos periódicos as experiências encorajadoras que revelam a bondade do amor de Deus ao lidar com Seu povo. Isso os fortalecerá e animará. Construam caminhos retos a fim de que o coxo deles não se desvie. Devemos clamar em alta voz e sem reservas. Alguns não prestarão atenção, mas outros se arrependerão e serão convertidos. OP 114.6

Foram-me apresentadas algumas coisas de grande importância, mas não tenho força para descrevê-las nesta manhã. Ao tentar escrever sobre elas, sobrevém-me tamanha intensidade de sentimentos que sou obrigada a parar. OP 114.7

É preciso visão espiritual — Precisamos, ó quão intensamente, de discernimento apurado, de visão espiritual clara. Nossos olhos precisam ser ungidos com o colírio celestial para que possamos ver todas as coisas de maneira clara. As grandes e solenes verdades para este tempo devem ser proclamadas através de nossos periódicos. Devemos apresentar nesses periódicos todo poder espiritual que pudermos. OP 115.1

Nossa lição para o tempo presente é: Como podemos compreender mais claramente e apresentar o evangelho que Cristo veio revelar pessoalmente a João na ilha de Patmos — o evangelho que é denominado “Revelação de Jesus Cristo, que Deus Lhe deu para mostrar aos Seus servos as coisas que em breve devem acontecer”. Apocalipse 1:1. “Bem-aventurados aqueles que leem e aqueles que ouvem as palavras [desta] profecia [...], pois o tempo está próximo”. Apocalipse 1:3. OP 115.2

Temos que proclamar ao mundo as grandes e solenes verdades do Apocalipse. Essas verdades têm que modificar os próprios desígnios e princípios da igreja de Deus. [...] OP 115.3

Temos um trabalho da maior importância para realizar: proclamar a terceira mensagem angélica. Estamos diante das mais solenes questões que o homem já teve que enfrentar. Todos deverão compreender as verdades contidas nessas mensagens e demonstrá-las na vida diária, pois isso é essencial para a salvação. OP 115.4

Meus irmãos, não darão vocês ao rebanho de Deus pão, em vez de pedra? Jamais publiquem em nossos periódicos alguma palavra que rebaixe o padrão que Deus espera que Seu povo atinja. Não elogiem nenhum homem que não seja sábio o suficiente para escolher o Senhor Jesus Cristo — a luz e a vida do mundo. A excelência de um homem é determinada pela posse que apresenta das virtudes de Cristo. Não desviemos o olhar de Cristo para seres humanos pecaminosos. A verdade deve ser mantida diante do povo. As normas de pureza, temperança e santidade devem ser destacadas. OP 115.5

É impossível predizer até que ponto a publicação de tais ilustrações e artigos pode influenciar. Os periódicos fariam muito mais bem se menos espaço fosse destinado às ilustrações. OP 115.6

Fui instruída a dizer que você poderia estar fornecendo uma descrição entusiasmada de Satanás. Poderia você estar apontando para sua inteligência e poder. Poderia você estar atraindo a atenção dos leitores da Signs com esse assunto. Mas sabemos que não seria correto fazer isso. OP 115.7

Desejo colocar esta questão diante de vocês assim que possível, porém, não posso despender tempo para escrever plenamente sobre o assunto. Fui instruída a dizer que vocês desonraram a Deus. Não tiveram intenção de desonrá-Lo, mas o fizeram. — Carta 106, 1902. OP 116.1