Reavivamento Verdadeiro

4/11

Capítulo 3 — Como ser um cristão nascido de novo

Fé: crença e confiança — Quando Deus perdoa o pecador, anula o castigo que ele merece e o trata como se não tivesse pecado, recebe-o no favor divino e o justifica em virtude dos méritos da justiça de Cristo. O pecador só pode ser justificado mediante a fé no sacrifício expiatório feito pelo amado Filho de Deus, que Se tornou um sacrifício pelos pecados do mundo culpado. Ninguém pode ser justificado por quaisquer obras próprias. Só pode ser liberto da culpa do pecado, da condenação da lei e da pena da transgressão pela virtude do sofrimento, morte e ressurreição de Cristo. A fé é a condição única de obter a justificação, e a fé abrange não só a crença mas também a confiança. [...] RV 24.1

Muitos concordam que Jesus Cristo seja o Salvador do mundo, mas ao mesmo tempo se conservam afastados dEle, e deixam de arrepender-se de seus pecados, e de aceitar a Jesus como seu Salvador pessoal. Sua fé é apenas o assentimento da mente e do juízo à verdade; mas esta não é introduzida no coração, para santificar a vida e transformar o caráter. [...] RV 24.2

Arrependimento — Muitos se acham confundidos quanto ao que constitui os primeiros passos na obra da salvação. O arrependimento é considerado uma obra que o pecador deve realizar por si mesmo, a fim de poder chegar a Cristo. Pensam que o pecador deve por si mesmo conseguir a habilitação para obter a bênção da graça de Deus. Mas, conquanto seja verdade que o arrependimento deve preceder o perdão, pois é unicamente o coração quebrantado e contrito que é aceitável a Deus, o pecador não pode produzir em si o arrependimento, ou preparar-se para ir a Cristo. A menos que o pecador se arrependa, não pode ele ser perdoado; mas a questão que deve ser resolvida é quanto a ser o arrependimento obra do pecador ou dom de Cristo. Tem o pecador de esperar até que esteja tomado de remorsos pelo seu pecado, antes de poder dirigir-se a Cristo? O primeiro passo em direção de Cristo é dado graças à atração do Espírito de Deus; ao atender a pessoa a esse apelo, vai a Cristo a fim de que se arrependa. RV 24.3

O pecador é comparado a uma ovelha perdida, e uma ovelha perdida jamais volta ao redil a menos que seja pelo pastor procurada e restituída ao redil. Pessoa alguma pode de si mesma arrepender-se, tornando-se digna da bênção da justificação. O Senhor Jesus está constantemente procurando impressionar o coração do pecador e atraí-lo a fim de que O contemple como o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo. Não podemos dar um passo na vida espiritual, a não ser que Jesus atraia e fortaleça a alma, e nos leve a experimentar aquele arrependimento que jamais decepciona. RV 24.4

Quando perante os principais sacerdotes e os saduceus, Pedro apresentou claramente o fato de que o arrependimento é dom de Deus. Falando de Cristo, disse ele: “Deus, porém, com a Sua destra, O exaltou a Príncipe e Salvador, a fim de conceder a Israel o arrependimento e a remissão de pecados”. Atos 5:31. O arrependimento, não menos do que o perdão e a justificação, é dom de Deus, e não pode ser experimentado a não ser que seja concedido por Cristo. Se somos atraídos a Cristo, isso ocorre por Seu poder e virtude. A graça da contrição vem por meio dEle, e dEle vem a justificação. [...] RV 25.1

Fé é mais do que uma declaração — A fé que é para salvação não é uma fé casual, não é o mero assentimento do intelecto, é a crença arraigada no coração que abraça a Cristo como Salvador pessoal, com a certeza de que Ele pode salvar perfeitamente aos que por Ele se chegam a Deus. Crer que Ele salve a outros, mas não salvará a nós, não é fé genuína; mas quando a pessoa se apoia em Cristo como a única esperança de salvação, então se manifesta fé genuína. Essa fé leva seu possuidor a colocar em Cristo todas as afeições; seu entendimento fica sob o controle do Espírito Santo, e seu caráter é moldado segundo a semelhança divina. Sua fé não é uma fé morta, mas sim que opera por amor, e o leva a contemplar a formosura de Cristo e a tornar-se semelhante ao caráter divino. [...] RV 25.2

Toda a obra é do Senhor, de princípio ao fim. Pode dizer o pecador a perecer: “Sou um pecador perdido; mas Cristo veio buscar e salvar o que se havia perdido. Diz Ele: ‘Não vim chamar justos, e sim pecadores’. Marcos 2:17. Sou pecador, e Ele morreu na cruz do Calvário para me salvar. Nem um momento mais preciso ficar sem me salvar. Ele morreu e ressurgiu para minha justificação, e me salvará agora. Aceito o perdão que prometeu.” RV 25.3

Justos, em Cristo — Cristo é um Salvador ressurreto; pois, embora estivesse morto, ressuscitou, vivendo sempre para fazer intercessão por nós. Devemos crer com o coração para justiça, e com a boca fazer confissão para salvação. Os que são justificados pela fé, confessarão a Cristo. “Quem ouve a Minha palavra e crê nAquele que Me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida”. João 5:24. A grande obra em favor do pecador, impuro e maculado pelo mal, é a obra da justificação. Por Aquele que fala a verdade, é o pecador declarado justo. O Senhor imputa ao crente a justiça de Cristo e perante o Universo o pronuncia justo. Transfere os seus pecados para Jesus, o representante, substituto e penhor do pecador. Sobre Cristo coloca Ele a iniquidade de todo aquele que crê. “Aquele que não conheceu pecado, Ele o fez pecado por nós; para que, nEle, fôssemos feitos justiça de Deus”. 2 Coríntios 5:21. RV 25.4

Cristo fez reparação da culpa de todo o mundo, e todos os que se chegarem a Deus com fé, receberão a justiça de Cristo, que levou “Ele mesmo em Seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas Suas feridas fostes sarados”. 1 Pedro 2:24. Nosso pecado foi expiado, removido, lançado nas profundezas do mar. Mediante arrependimento e fé livramo-nos do pecado, e olhamos para o Senhor, justiça nossa. Jesus sofreu, o justo pelos injustos. RV 26.1

Definindo o arrependimento — Embora, como pecadores, estejamos sob a condenação da lei, Cristo, por Sua obediência prestada à lei, reivindica para o arrependido o mérito de Sua própria justiça. A fim de obter a justiça de Cristo, é necessário que o pecador saiba o que é aquele arrependimento que opera uma mudança radical da mente, do espírito e da ação. A obra da transformação tem de começar no coração, e manifestar seu poder por meio de todas as faculdades do ser; mas o ser humano não é capaz de originar um arrependimento como esse, e só o pode experimentar por meio de Cristo, que “subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos homens”. Efésios 4:8. RV 26.2

Quem deseja o arrependimento? — Quem está desejoso de se tornar verdadeiramente arrependido? Que deve ele fazer? Deve se aproximar de Jesus, tal qual está, sem demora. Deve crer que a palavra de Cristo é verdadeira e, crendo na promessa, pedir, para que possa receber. Quando o desejo sincero leva uma pessoa a pedir, ela não orará em vão. O Senhor cumprirá Sua palavra e dará o Espírito Santo para levar ao arrependimento para com Deus e fé para com nosso Senhor Jesus Cristo. A pessoa orará e vigiará, e abandonará seus pecados, tornando manifesta sua sinceridade pelo vigor de seu esforço para obedecer aos mandamentos de Deus. Com a oração ela misturará a fé, e não só crerá nos preceitos da lei, mas também lhes obedecerá. Essa pessoa se manifestará olhando a questão do lado de Cristo. Renunciará a todos os hábitos e associações que tendam a afastar de Deus o coração. RV 26.3

Aquele que deseja tornar-se filho de Deus, tem de receber a verdade de que o arrependimento e o perdão devem ser obtidos por meio de nada menos que a expiação de Cristo. Depois disso, o pecador tem de realizar um esforço em harmonia com a obra feita em seu favor, e com súplicas incansáveis recorrer ao trono da graça, para que o poder renovador de Deus possa vir sobre ele. Cristo não perdoa a ninguém senão ao arrependido, mas àquele a quem Ele perdoa, primeiro traz o arrependimento. A providência tomada é completa, e a justiça eterna de Cristo é colocada ao crédito de todo cristão. As vestes, preciosas e sem mácula, tecidas nos teares do Céu, foram providas para o pecador arrependido e crente, e ele poderá dizer: “Regozijar-me-ei muito no Senhor, a minha alma se alegra no meu Deus; porque me vestiu de vestidos de salvação, me cobriu com o manto de justiça, como o noivo que se adorna com atavios, e como noiva que se enfeita com as suas joias”. Isaías 61:10. RV 26.4

Maravilhosa graça — Abundante graça foi provida para que a pessoa que crê possa manter-se livre do pecado; pois todo o Céu, com seus recursos ilimitados, foi posto à nossa disposição. Devemos servir-nos da fonte da salvação. Cristo é o fim da lei, para justiça a todo aquele que crê. Romanos 10:4. Em nós mesmos somos pecadores; mas em Cristo somos justos. Tendo-nos feito justos, mediante a imputada justiça de Cristo, Deus nos pronuncia justos e nos trata como justos. Considera-nos Seus filhos amados. Cristo atua contra o poder do pecado, e onde este abundava, muito mais abundante é a graça. Romanos 5:20. “Sendo pois justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo; pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus”. Romanos 5:1, 2. RV 27.1

“Sendo justificados gratuitamente pela Sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no Seu sangue, para demonstrar a Sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; para demonstração da Sua justiça neste tempo presente, para que Ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus”. Romanos 3:24-26. “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus”. Efésios 2:8. RV 27.2

Um plano para a salvação — O Senhor deseja Seu povo sadio na fé — não ignorante da grande salvação que tão graciosamente lhe é provida. Não devem [as pessoas] olhar ao futuro, pensando que em algum tempo vindouro uma grande obra seja feita em seu favor, pois a obra está agora completa. O fiel não é chamado para fazer paz com Deus; isso ele jamais fez nem pode fazer. Deve aceitar a Cristo como sua paz, pois com Cristo está Deus e a paz. Cristo pôs fim ao pecado, levando no próprio corpo a pesada maldição para o madeiro, e Ele removeu a maldição de todos aqueles que creem nEle como Salvador pessoal. Põe Ele fim ao poder dominante do pecado no coração, e a vida e caráter do crente testificam do genuíno caráter da graça de Cristo. RV 27.3

Aos que Lhe pedem, Jesus comunica o Espírito Santo; pois é necessário que todos sejam libertos da contaminação, assim como da maldição e condenação da lei. Mediante a obra do Espírito Santo e a santificação da verdade, o cristão torna-se habilitado para as cortes celestiais; pois Cristo opera em nós, e Sua justiça sobre nós está. Sem isso, pessoa alguma terá direito ao Céu. Não desfrutaremos o Céu a menos que estejamos qualificados para sua atmosfera santa, pela influência do Espírito e pela justiça de Cristo. RV 28.1

Para sermos candidatos ao Céu temos de satisfazer aos requisitos da lei: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo”. Lucas 10:27. Só podemos fazer isso ao nos apegarmos, pela fé, à justiça de Cristo. Contemplando a Jesus receberemos no coração um princípio vivo e que se expande, e o Espírito Santo continua a obra, e o crente prossegue de graça em graça, de força em força, de caráter em caráter. Ele se conforma à imagem de Cristo até que, no crescimento espiritual, alcança a medida da plena estatura de Cristo Jesus. Assim Cristo põe fim à maldição do pecado e nos livra de sua ação e efeito. RV 28.2

Algo entre eu e Deus? — Cristo, tão somente, é capaz de isso fazer, pois “convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo. Porque naquilo que Ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados”. Hebreus 2:17, 18. Reconciliação quer dizer que se removeu toda barreira entre a pessoa e Deus, e que o pecador reconhece o que significa o amor perdoador de Deus. Por motivo do sacrifício feito por Cristo pelos seres humanos caídos, Deus pode com justiça perdoar ao transgressor que aceite os méritos de Cristo. Cristo foi o conduto pelo qual a misericórdia, amor e justiça puderam fluir do coração de Deus para o coração do pecador. “Ele é fiel e justo, para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça”. 1 João 1:9. [...] RV 28.3

Todos podem dizer: “Por Sua obediência perfeita satisfez Ele as reivindicações da lei, e minha única esperança está em olhar para Ele como meu substituto e penhor, que obedeceu perfeitamente à lei por mim. Pela fé em Seus méritos estou livre da condenação da lei. Ele me veste de Sua justiça, que responde a todas as exigências da lei. Sou completo nAquele que introduz a justiça eterna. Ele me apresenta a Deus nas vestes imaculadas das quais nenhum fio foi tecido por qualquer instrumento humano. Tudo é de Cristo, e toda a glória, honra e majestade devem ser dados ao Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo.” RV 28.4

Muitos pensam que devem esperar por um impulso especial, a fim de poderem aproximar-se de Cristo; mas só é necessário ir na sinceridade de propósito, decididos a aceitar os oferecimentos de misericórdia e graça que nos foram feitos. Devemos dizer: “Cristo morreu para me salvar. O desejo do Senhor é que eu seja salvo, e irei a Jesus tal qual estou, e sem demora. Agirei confiando na promessa. Ao atrair-me Cristo, atenderei.” Diz o apóstolo: “Com o coração se crê para justiça”. Romanos 10:10. Ninguém pode crer com o coração para a justiça, e obter justificação pela fé, enquanto continuar na prática das coisas que a Palavra de Deus proíbe, ou enquanto negligenciar qualquer dever conhecido. RV 29.1

Boas obras, fruto da fé — A fé genuína se manifestará em boas obras, pois as boas obras são frutos da fé. Ao operar Deus no coração, e entregar o ser humano sua vontade a Deus, e com Ele cooperar, ele manifesta na vida aquilo que Deus operou em seu íntimo pelo Espírito Santo, e há harmonia entre o propósito do coração e a prática da vida. Todo pecado deve ser renunciado como a coisa odiosa que crucificou o Senhor da vida e da glória, e o cristão tem de ter uma experiência progressiva, fazendo continuamente as obras de Cristo. É pela contínua entrega da vontade, pela obediência contínua, que se retém a bênção da justificação. RV 29.2

Os que são justificados pela fé devem ter no coração o desejo de andar nos caminhos do Senhor. É uma prova de não estar a pessoa justificada pela fé, não corresponderem suas obras a sua profissão de fé. Diz Tiago: “Bem vês que a fé cooperou com as suas obras, e que pelas obras a fé foi aperfeiçoada”. Tiago 2:22. RV 29.3

A fé que não produz boas obras não justifica a alma. “Verificais que uma pessoa é justificada por obras e não por fé somente”. Tiago 2:24. “Pois que diz a Escritura? Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça”. Romanos 4:3. RV 29.4

Em Seus passos — Onde há fé, aparecem as boas obras. Os doentes são visitados, cuidados os pobres, não se negligenciam os órfãos e as viúvas, são vestidos os desnudos, alimentados os pobres. Cristo andou fazendo o bem, e quando pessoas a Ele se unem, amam os filhos de Deus, e a mansidão e a verdade lhes guiam os passos. A expressão do semblante revela sua experiência, e os outros os conhecem como os que estiveram com Jesus e dEle aprenderam. Cristo e o cristão tornam-se um, e Sua formosura de caráter se revela naqueles que se acham vitalmente ligados com a RV 29.5

Fonte de poder e amor. Cristo é o grande depositário da justificadora justiça e da graça santificante. RV 30.1

Todos a Ele podem ir e receber Sua plenitude. Diz Ele: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei”. Mateus 11:28. Então, por que não lançar de lado toda a incredulidade e atentar para as palavras de Jesus? Queremos descanso; anelamos a paz. Devemos, então, dizer de coração: “Senhor Jesus, eu venho, porque me fizeste este convite.” Creiamos nEle, com fé inabalável, e Ele nos salvará. Temos olhado para Jesus, que é autor e consumador de nossa fé? Temos contemplado Aquele que é pleno de verdade e graça? Aceitamos a paz que só Cristo pode dar? Se não, está no tempo de nos entregarmos a Ele, e pela Sua graça buscarmos um caráter que seja nobre e elevado. Almejemos um espírito constante, resoluto, alegre. Temos que nos alimentar de Cristo, que é o pão da vida e, finalmente, manifestar a Sua amabilidade de caráter e espírito. — Mensagens Escolhidas 1:389-398. RV 30.2