Testemunhos para a Igreja 4
Presunção e egoísmo
Prezado irmão, você tem cometido lamentável erro ao ficar diante dos pacientes na sala de estar, como tem feito freqüentemente, exaltando a si mesmo e à esposa. Seus próprios filhos têm tirado lições desses comentários, as quais lhes têm moldado o caráter. Você perceberá que agora não será fácil corrigir as impressões produzidas. Eles têm sido orgulhosos e presunçosos. Têm pensado que, como filhos seus, são superiores às demais crianças em geral. Você tem se mostrado inquieto, com medo de que o povo não lhe preste o respeito devido à sua posição de médico do Instituto de Saúde. Isso tem evidenciado seu ponto fraco, o qual tem prejudicado seu progresso espiritual. Tem também lhe levado a sentir ciúmes de outros, temendo que eles o rebaixem, ou não avaliem corretamente sua posição e valor. Você tem também exaltado sua esposa, colocando-a diante dos pacientes como um ser superior. Tem agido como um cego; tem atribuído à sua esposa qualidades que ela não possui. T4 98.1
Deve lembrar-se de que seu valor moral é avaliado por suas palavras, atos e procedimento. Estes nunca podem ser escondidos, mas o colocarão no devido lugar diante dos pacientes. Se demonstrar interesse por eles, se lhes dedicar atenção, eles o perceberão e você terá a confiança e amor deles. Mas conversa nunca os fará acreditar que seu árduo trabalho por eles o tem sobrecarregado e consumido sua vitalidade, quando sabem que não têm recebido sua especial atenção e cuidado. Os pacientes terão confiança e amarão aqueles que manifestam especial interesse por eles e que se empenham em sua recuperação. Se você fizer essa obra, que não pode ser deixada inacabada e pela qual os pacientes têm pago bom dinheiro, não precisará então procurar conquistar estima e respeito por meio de conversas; com certeza os desfrutará à medida que faz o trabalho. T4 98.2
Você não tem estado livre de egoísmo, e por isso não tem recebido as bênçãos que Deus concede aos obreiros abnegados. Seu interesse tem estado dividido. Tem tido tanto cuidado especial por si mesmo e pelos seus, que o Senhor não tem tido por que trabalhar e cuidar de você de modo especial. Sua conduta a esse respeito o desqualificou para sua posição. Um ano atrás percebi que você se achava competente para administrar o Instituto sozinho. Se este lhe pertencesse e você fosse quem se beneficiasse ou se prejudicasse com seus lucros ou perdas, sentiria ser seu dever tomar especial cuidado para que não ocorressem perdas, e que os pacientes que ali estivessem por caridade não exaurissem os recursos do Instituto. Investigaria a situação e não permitiria que ficassem ali uma semana mais do que era realmente necessário. Procuraria muitas maneiras pelas quais reduzir as despesas e conservar a propriedade do Instituto. Mas você é meramente funcionário, e o zelo, interesse e habilidade que pensa que possui para administrar semelhante instituição não aparecem. Os pacientes não recebem a atenção pela qual pagaram — a qual têm direito de esperar. T4 99.1
Foi-me mostrado que você freqüentemente se afastava dos enfermos que estavam necessitando de seu conselho e parecer. Você me foi apresentado como obviamente indiferente, parecendo antes impaciente enquanto raramente ouvia o que eles estavam dizendo e que para eles era de grande importância. Demonstrava estar com muita pressa, adiando o atendimento a eles para algum tempo no futuro, quando umas poucas palavras apropriadas de simpatia e encorajamento teriam tranquilizado milhares de temores e levado paz e segurança em lugar de inquietação e angústia. Parecia que você tinha pavor de falar com os pacientes. Não procurava assimilar seus sentimentos, mas se mantinha alheio, quando devia manifestar mais familiaridade. Estava muito distante e inacessível. Eles olham para você como uma criança para seus pais, e têm direito de esperar e receber sua atenção, mas não a obtêm. As expressões “mim” e “meu” se colocam entre você e o trabalho que a sua função requer que faça. Os auxiliares e pacientes freqüentemente precisam de seu conselho; mas relutam em dirigir-se a você, e não têm liberdade de falar-lhe. T4 99.2
Você tem buscado manter uma dignidade indevida. Nesse empenho não tem alcançado o objetivo, mas perdido a confiança e o amor que poderia ter conseguido se fosse despretensioso e possuísse mansidão e mente humilde. A verdadeira dedicação e consagração a Deus acharão lugar para você no coração de todos, e o revestirão com uma dignidade sem presunção, mas genuína. Você tem sido exaltado por palavras de aprovação que tem recebido. A vida de Cristo deve ser o seu padrão, ensinando-o a fazer o bem em todo lugar que ocupar. Enquanto cuidando de outros, Deus cuidará de você. A Majestade do Céu [Jesus] não evitou o cansaço. Ele viajou a pé de lugar a lugar para beneficiar os sofredores e necessitados. Conquanto você possua algum conhecimento, possa ter alguma compreensão do organismo humano e reconheça a causa de doenças — conquanto possa falar a língua dos homens e dos anjos — há ainda qualificações necessárias, ou todos os seus dons não serão de nenhum valor especial. Você precisa ter poder de Deus que somente pode ser obtido por aqueles que fazem dEle a sua confiança, e que se consagram ao trabalho que Ele lhes tem dado a cumprir. Cristo deve constituir uma parte de seu conhecimento. A sabedoria dEle deve ser considerada em vez da sua. Então entenderá como ser uma luz nos quartos dos doentes. Falta-lhe liberdade de espírito, poder e fé. Sua fé é fraca por falta de exercício; ela não pode ser vigorosa e saudável. Seus esforços por aqueles que estão doentes emocional e fisicamente não serão tão bem-sucedidos quanto poderiam, os pacientes não se beneficiarão em vigor físico e espiritual como deveriam, se você não levar a Jesus consigo em suas visitas. As palavras e obras dEle devem acompanhá-lo. Então você sentirá que aqueles aos quais suas orações e palavras de simpatia têm abençoado, em retribuição, o abençoarão. T4 100.1
Sem a especial sabedoria e graça de Deus, você não tem sentido sua inteira dependência dEle nem sua ineficiência e fraqueza. Preocupa-se, teme e duvida porque tem trabalhado demais na própria força. Em Deus você poderá prosperar. Em humildade e santidade mental achará grande paz e força. Têm maior brilho os que mais sentem a própria fraqueza e escuridão, pois fazem de Cristo a sua justiça. Sua força deve proceder da própria união com Ele. Não se canse em fazer o bem. T4 101.1
A Majestade do Céu tem convidado os cansados: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai o Meu jugo, e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma.” Mateus 11:28, 29. A razão por que a carga às vezes parece tão pesada e o jugo tão penoso é que você se colocou acima da mansidão e humildade possuídas por nosso divino Senhor. Deixe de tentar satisfazer e exaltar o eu; ao contrário, permita que o eu seja oculto em Jesus, e aprenda com Aquele que o convidou e lhe prometeu descanso. T4 101.2
Vi que o Instituto de Saúde nunca poderá prosperar enquanto aqueles que mantêm posições de responsabilidade com ele relacionadas revelarem mais interesse por si próprios do que pela Instituição. Deus deseja homens e mulheres altruístas como obreiros em Sua causa; e os que tomam conta do Instituto de Saúde devem supervisionar cada departamento ali, praticando economia, cuidando de pequenos detalhes, vigiando contra perdas. Em resumo, devem ser tão cuidadosos e criteriosos em sua administração como se fossem os verdadeiros proprietários. T4 101.3
Você tem-se preocupado com o sentimento de que isto ou aquilo não é da sua conta. Tudo que está ligado com o Instituto é da sua conta. Se certas coisas chegam à sua observação às quais você não pode atender adequadamente, por ser chamado em outra direção, peça o auxílio de alguém que dedique imediata atenção a essas questões. Se essa tarefa for árdua demais para você, deve assumi-la alguém que possa realizar plenamente todos os deveres que recaem sobre aquele que mantiver tal posição de responsabilidade. T4 101.4
Em suas palestras na sala de estar você tem freqüentemente acusado os pacientes e auxiliares de acarretar-lhe responsabilidades e cuidados desnecessários, enquanto, ao mesmo tempo, vi que você não estava realizando metade dos deveres que lhe diziam respeito como médico. Não estava atendendo apropriadamente os casos de doentes sob o seu cuidado. Os pacientes não são cegos; eles percebem que você os negligencia. Estão distantes de seus lares e têm gastado para obter o cuidado e tratamento que não poderiam receber em casa. Todas essas repreensões na sala de estar são prejudiciais à Instituição e desagradam a Deus. T4 102.1
É verdade que você tem tido pesadas responsabilidades a assumir; mas em muitos casos culpou os pacientes e auxiliares quando o problema estava em sua família. Esta requer sua constante ajuda, mas não retribui a ajuda; não há ninguém em sua casa para sustentar suas mãos ou lhe dar encorajamento. Não tivesse você essa carga fora do Instituto, poderia sair-se muito melhor, e não perder força e vigor. É seu dever cuidar da família, mas não é absolutamente necessário que sejam tão dependentes como são, e um peso tão grande para você. Eles poderiam auxiliá-lo se quisessem. T4 102.2
É seu dever também preservar a própria saúde; e se os cuidados de sua família são tão grandes que a obra em que está empenhado lhe sobrecarrega, e é incapaz de dedicar tempo e atenção aos pacientes e ao Instituto, os quais na verdade são direitos deles, então você deve renunciar a sua posição e buscar obter um lugar onde possa fazer justiça a sua família, a si mesmo e às responsabilidades que assume. A posição que agora ocupa é muito importante. Isto requer intelecto claro, mente, nervos e músculos fortes. Zelosa dedicação ao trabalho é necessária para o seu êxito, e nada menos do que isto tornará a Instituição próspera. Para ser algo vivo, ela deve ter obreiros vivos e altruístas no seu comando. T4 102.3
Irmã I, você não tem sido uma ajuda a seu marido como devia ser. Sua atenção tem estado mais dedicada a si mesma. Não percebeu a necessidade de despertar suas energias adormecidas para encorajar e fortalecer seu marido em seus esforços, ou abençoar seus filhos com uma influência correta. Caso houvesse se colocado diligentemente a desempenhar os deveres que Deus lhe confiou, se tivesse ajudado a suportar as responsabilidades de seu companheiro e se unido a ele em disciplinar apropriadamente os filhos, a ordem de coisas em sua família seria mudada. T4 103.1
Sucumbiu, todavia, a sentimentos de pesar e tristeza e isso tem acarretado à sua casa uma nuvem em vez de luz solar. Não incentivou esperança e contentamento, e sua influência tem sido deprimente sobre aqueles que deveria ter ajudado por palavras e atos bondosos. Tudo isso é resultado do egoísmo. Exigiu a atenção e simpatia de seu marido e filhos; contudo, não sentiu ser seu dever desviar a mente de si mesma e trabalhar pela felicidade e bem-estar deles. Deu lugar à impaciência, e tem repreendido grosseiramente os filhos. Isso apenas os tem confirmado em seus maus caminhos, e rompido os laços de afeição que devem unir o coração de pais e filhos. T4 103.2
Tem-lhe faltado domínio próprio, e tem censurado seu marido na presença dos filhos; isso tem diminuído a autoridade dele e também a sua sobre eles. Você tem sido muito fraca; quando seus filhos vêm até você com queixas de outros, imediatamente tem decidido em seu favor, e insensatamente censurado e condenado aqueles de quem se queixam. Isso tem transmitido à mente de seus filhos uma disposição para murmurar contra os que não lhes devotam a consideração que imaginam merecer. Você tem indiretamente incentivado tal espírito ao invés de silenciá-lo. Não tem tratado com seus filhos tão firme e imparcialmente como deveria ter feito. T4 103.3
Você tem enfrentado provas e estado deprimida. Tem estado desanimada; todavia, atribui essa infelicidade a outros. A principal causa deve ser achada em você mesma. Tem deixado de fazer de seu lar o que deveria ser e o que poderia ter sido. Está ainda em seu poder corrigir as faltas nesse sentido. Saia dessa fria e dura reserva. Ofereça mais amor em vez de exigi-lo; cultive o contentamento; deixe que o sol brilhe em seu coração e ele brilhará sobre os que estão ao seu redor; seja mais sociável em suas maneiras; busque obter a confiança de seus filhos para que possam aproximar-se de você em busca de conselho e orientação. Incentive-os à humildade e altruísmo, e apresente-lhes o exemplo correto. Despertem, estimados irmão e irmã, para as necessidades de sua família. Não sejam cegos, mas assumam a tarefa de forma unida, calma, com oração e fé. Ponham a sua casa em ordem, e Deus lhes abençoará os esforços. T4 104.1