Testemunhos para a Igreja 4

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Capítulo 7 — Coobreiros de Cristo

O tempo decorrido durante e depois da reunião de tenda de 1874 foi de importância para _____. Caso houvesse cômoda e espaçosa casa de culto ali, mais do dobro das pessoas reunidas haveriam tomado decisão em favor da verdade. Deus atua com os nossos esforços. Por nossa negligência e egoísmo podemos fechar o caminho aos pecadores. Devia ter havido grande diligência em buscar salvar os que ainda estavam em erro, mas que se interessaram na verdade. Necessita-se no serviço de Cristo tão sábia liderança como nos batalhões de um exército que protege a vida e a liberdade do povo. Não é qualquer um que pode trabalhar criteriosamente pela salvação de almas. É preciso pensar muito rigorosamente. Importa que não entremos na obra do Senhor a esmo e esperemos sucesso. O Senhor necessita de homens de entendimento, homens que pensem. Jesus chama coobreiros, não desatinados. Deus quer homens de reto pensar e inteligentes para fazer a grande obra necessária para a salvação de almas. T4 67.1

Os mecânicos, advogados, comerciantes, homens de toda espécie de profissões e negócios se preparam a fim de se assenhorearem de seu trabalho. Enquanto professamente empenhados no serviço de Cristo, devem Seus seguidores ser menos inteligentes e ignorantes acerca dos métodos e recursos a serem empregados? O empreendimento de alcançar a vida eterna está acima de qualquer consideração terrena. Para conduzir almas a Jesus é preciso ter certo conhecimento da natureza humana e estudar a mente dos homens. Importa dedicarmos muita reflexão e fervorosa oração a fim de saber a melhor maneira de aproximar-nos de homens e mulheres no que respeita ao grande tema da verdade. T4 67.2

Algumas almas precipitadas, impulsivas, se bem que sinceras, depois de ouvirem incisivas pregações, abordarão os que não pertencem à nossa fé de maneira demasiado abrupta, tornando assim a verdade que desejamos vê-los aceitar repulsiva aos olhos deles. “Os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz.” Lucas 16:8. Os homens de negócios e os políticos estudam cortesia. Faz parte de seu método tornarem-se tão atraentes quanto possível. Estudam a fim de tornarem seus discursos e maneiras tais que lhes proporcionem a máxima influência sobre a mente dos que os rodeiam. Para alcançar esse objetivo, empregam o mais habilmente possível seus conhecimentos e aptidões. T4 68.1

Grande é a quantidade de lixo acumulada por professos crentes em Cristo, o qual bloqueia o caminho para a cruz. Apesar de tudo isso, alguns há que ficam tão profundamente convictos, que superarão tudo o que desanime, transporão todo obstáculo a fim de chegar à verdade. Houvessem, porém, os crentes nessa verdade purificado a mente pela obediência à mesma, houvessem compreendido a importância do conhecimento e das boas maneiras na obra de Cristo, poder-se-iam haver salvo vinte almas onde se salvou apenas uma. T4 68.2

Além disso, depois de as pessoas terem se convertido à verdade, é necessário que sejam cuidadas. Parece que o zelo de muitos pastores esmorece assim que alcançam certa medida de êxito em seus esforços. Não compreendem que os novos conversos necessitam ser atendidos — vigilante atenção, auxílio e animação. Não devem ser deixados a si mesmos, presa das mais fortes tentações de Satanás; eles precisam ser instruídos com relação a seus deveres, ser bondosamente tratados, conduzidos e visitados, orando-se com eles. Essas almas necessitam do alimento dado a seu tempo a cada ser humano. T4 68.3

Não admira que alguns desanimem, retardem-se pelo caminho e sejam deixados por presa aos lobos. Satanás se acha no encalço de todos. Ele envia seus agentes para levarem de volta a suas fileiras as almas que perdeu. Deve haver mais pais e mães para tomarem ao coração esses bebês na verdade, e animá-los e orar por eles para que sua fé não seja confundida. T4 68.4

Pregar é uma pequena parte da obra a ser feita pela salvação de almas. O Espírito de Deus convence os pecadores acerca da verdade, e os coloca nos braços da igreja. Os pastores podem fazer sua parte, mas nunca poderão efetuar a obra que deve ser feita pela igreja. Deus requer que a igreja cuide dos que são novos na fé e na experiência, que vá ter com eles, não no intuito de tagarelar com eles, mas de orar, de dirigir-lhes palavras que sejam “como maçãs de ouro em salvas de prata”. Provérbios 25:11. T4 69.1

Todos nós necessitamos estudar o caráter e as maneiras, a fim de sabermos lidar adequadamente com as diferentes pessoas e usar os melhores esforços para ajudá-las a ter correta compreensão da Palavra de Deus, e chegar a uma genuína vida cristã. Devemos ler a Bíblia com elas, desviando-lhes a mente das coisas temporais para seus interesses eternos. É dever dos filhos de Deus serem-Lhe missionários, familiarizarem-se com os que precisam de auxílio. Se alguém está coxeando sob a tentação, seu caso deve ser considerado cuidadosamente e tratado com sabedoria; pois se acha em jogo seu interesse eterno, e as palavras e atos dos que estão trabalhando por ele podem ser um “cheiro de vida para vida”, ou “de morte para morte”. 2 Coríntios 2:16. T4 69.2

Apresenta-se por vezes um caso que deve ser tornado objeto de estudo apoiado por oração. É preciso mostrar-se à pessoa seu verdadeiro caráter, que ela compreenda as peculiaridades de disposição e temperamento que tem, e veja suas fraquezas. É mister lidar com ela criteriosamente. Caso seja acessível, se o coração se lhe comove por esse trabalho sábio e paciente, poderá ser ligada a Cristo por fortes laços, e levada a confiar em Deus. Oh! quando se faz uma obra assim, toda a corte celeste a contempla e se regozija; pois uma alma preciosa foi liberta dos laços do inimigo e salva da morte! Não valerá a pena trabalhar inteligentemente pela salvação de almas? Cristo pagou por elas o preço da própria vida, e hão de Seus seguidores perguntar: “Sou eu guardador do meu irmão?” Gênesis 4:9. Não trabalharemos em harmonia com o Mestre? Não apreciaremos o valor de almas por quem nosso Salvador morreu? T4 69.3

Têm-se feito alguns esforços para interessar as crianças na causa, mas não suficientemente. Nossas Escolas Sabatinas devem ser mais atrativas. As escolas públicas, nos últimos anos, aperfeiçoaram grandemente seus métodos de ensino. Lições práticas, gravuras e quadros-negros estão sendo usados a fim de esclarecer à mente das crianças as lições difíceis. Da mesma forma a verdade presente pode ser simplificada e tornada intensamente interessante à mente ativa das crianças. T4 69.4

Pais que de outro modo não seriam alcançados, são-no com freqüência por meio de seus filhos. Os professores da Escola Sabatina podem instruir as crianças na verdade, e essas, por sua vez, a levarão ao círculo doméstico. Poucos professores, no entanto, parecem compreender a importância desse ramo da obra. Os métodos de ensino com tanto êxito adotados nas escolas públicas podem ser empregados com idênticos resultados nas Escolas Sabatinas, sendo o meio de levar crianças a Jesus e educá-las na verdade bíblica. Isto fará incomparavelmente maior bem do que a promoção religiosa de caráter emocional, que passa tão prontamente como vem. T4 70.1

Importa nutrir o amor de Cristo. É preciso mais fé na obra que acreditamos deva ser feita antes da vinda de Jesus. Deve haver mais abnegação, mais esforço feito com sacrifício na devida direção. Importa também que haja atento estudo apoiado por oração quanto à maneira de trabalhar para obter os melhores resultados. Planos cuidadosos devem ser amadurecidos. Há entre nós mentes capazes de inventar e executar, se tão-somente forem exercitadas. Grandes seriam os resultados de esforços bem dirigidos e inteligentes. T4 70.2

As reuniões de oração devem ser as mais interessantes a serem realizadas; são muitas vezes, porém, fracamente dirigidas. Muitos assistem ao culto de pregação, mas negligenciam as reuniões de oração. Nisso também se exige reflexão. Precisamos buscar sabedoria de Deus, e fazer planos para dirigir essas reuniões de maneira a torná-las interessantes e atrativas. O povo tem fome do pão da vida. Se o encontrarem na reunião de oração, ali irão para recebê-lo. T4 70.3

Longas e fastidiosas palestras e orações são inadequadas em qualquer parte, e especialmente na reunião de oração. Os que são desinibidos e sempre prontos a falar, tomam a liberdade de sacrificar o testemunho dos tímidos e retraídos. Os mais superficiais têm, geralmente, mais a dizer. Longas e mecânicas são suas orações. Fatigam os anjos e as pessoas que os escutam. Nossas orações devem ser breves e diretas. Que as longas e enfadonhas petições fiquem para nosso aposento particular, caso alguém queira fazer alguma dessa espécie. Deixem que o Espírito de Deus lhes entre no coração, e Ele expelirá dali toda árida formalidade. T4 70.4

A música pode ser uma grande força para o bem; não aproveitamos, entretanto, ao máximo esse aspecto da adoração. O canto é feito em geral por impulso ou para atender a casos especiais, e outras vezes é permitido que os cantores continuem errando, e a música perde o devido efeito na mente dos presentes. A música deve ter beleza, suavidade e poder. Ergam-se as vozes em hinos de louvor e devoção. Utilizem em seu auxílio, se possível, a música instrumental, e deixem ascender a Deus a gloriosa harmonia, em oferta aceitável. T4 71.1

Mas, por vezes, é mais difícil disciplinar os cantores e mantê-los na devida ordem do que aperfeiçoar os hábitos de oração e exortação. Muitos querem fazer as coisas a seu próprio modo; fazem objeções aos conselhos e impacientam-se sob liderança. No serviço de Deus necessitam-se planos bem amadurecidos. O bom senso, eis uma coisa excelente na adoração ao Senhor. Devem-se consagrar a Cristo as faculdades do pensamento, idealizando-se métodos e recursos para servi-Lo melhor. A igreja de Deus, que está procurando fazer o bem vivendo a verdade e buscando salvar almas, pode ser uma força no mundo, caso seus membros sejam disciplinados pelo Espírito do Senhor. Não devem achar que podem trabalhar negligentemente para a eternidade. T4 71.2

Perdemos muito, como povo, por falta de simpatia e sociabilidade uns com os outros. O que fala de independência e se fecha em si mesmo não está preenchendo o lugar que lhe foi designado por Deus. Somos filhos de Deus, dependendo mutuamente uns dos outros quanto à felicidade. Impendem sobre nós os reclamos de Deus e da humanidade. Todos nós precisamos desempenhar nossa parte nesta vida. É o devido cultivo dos elementos sociais de nossa natureza que nos põe em simpatia com nossos irmãos e nos proporciona felicidade em nossos esforços por beneficiar os outros. A felicidade do Céu consistirá na pura comunhão de seres santos — a harmoniosa vida social com os benditos anjos e com os remidos que lavaram seus vestidos e os branquearam no sangue do Cordeiro. Não nos podemos sentir felizes enquanto nos encerramos em nossos próprios interesses. Devemos viver neste mundo para ganhar almas para o Salvador. Se ofendemos os outros, prejudicamos a nós mesmos. Se os beneficiamos, somos nós mesmos beneficiados; pois a influência de toda boa ação se reflete em nosso próprio coração. T4 71.3

Estamos no dever de ajudar-nos uns aos outros. Nem sempre nos pomos em contato com cristãos sociáveis, que sejam amáveis e moderados. Muitos não receberam a devida educação; seu caráter é pervertido, cruel e áspero, e parece ser falso em todos os sentidos. Ao passo que ajudamos essas pessoas a reconhecerem seus defeitos, é preciso termos cautela para não nos impacientar e irritar com as faltas de nossos semelhantes. Há pessoas desagradáveis que professam a Cristo; a beleza da graça cristã, no entanto, transformá-las-á, caso se empenhem diligentemente na obra de obter a mansidão e a gentileza dAquele a quem seguem, lembrando-se de que “nenhum de nós vive para si”. Romanos 14:7. Coobreiros de Cristo! Que exaltada posição! Onde se encontrarão os missionários abnegados nessas grandes cidades? O Senhor necessita de obreiros em Sua vinha. Devemos temer privá-Lo do tempo que Ele de nós reclama; temer gastá-lo ociosamente ou em adorno do corpo, aplicando a extravagantes desígnios as horas preciosas que nos são dadas por Deus a fim de as consagrarmos à oração, a nos familiarizarmos com a Bíblia e a trabalhar pelo bem de nossos semelhantes, assim habilitando a nós e a eles para a grande obra que sobre nós está. T4 72.1

As mães dão-se a trabalho desnecessário com roupas para embelezarem a si próprias e a seus filhos. É nosso dever trajar-nos de maneira simples, e vestir os filhos com asseio, sem ornamentos desnecessários, bordados ou exibições, cuidando em não fomentar neles o amor do vestuário que se lhes demonstrará uma ruína, antes buscando cultivar as virtudes cristãs. Nenhum de nós pode ser isento de suas responsabilidades, e de maneira alguma podemos estar sem culpa diante do trono de Deus, a menos que realizemos a obra que o Senhor nos deixou para fazer. T4 72.2

Precisam-se missionários para Deus, homens e mulheres fiéis que não se eximam às responsabilidades. O trabalho feito criteriosamente dará bons resultados. Há verdadeiro trabalho a ser feito. A verdade deve ser levada de forma cuidadosa perante o povo por aqueles que aliam a mansidão à sabedoria. Não nos devemos manter afastados de nossos semelhantes, antes aproximar-nos bem deles; pois sua alma é tão preciosa quanto a nossa. É-nos possível levar-lhes a luz aos lares, pleitear com eles num espírito manso e submisso a Deus para que se elevem ao exaltado privilégio que lhes é oferecido, orar com eles quando parecer oportuno e mostrar-lhes que podem atingir as mais altas realizações, falando-lhes então prudentemente das sagradas verdades para estes últimos dias. T4 73.1

Há entre nosso povo mais reuniões para cantar do que para orar; mas mesmo essas reuniões podem ser dirigidas de maneira tão reverente e todavia tão animada, que possam exercer benéfica influência. Há, porém, demasiado gracejar, conversas ociosas e tagarelice para que esses períodos se tornem salutares, elevando os pensamentos e aperfeiçoando as maneiras. T4 73.2