Testemunhos para a Igreja 4

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Capítulo 44 — Desonestidade na igreja

“O amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males.” 1 Timóteo 6:10. Alguns que professam a verdade não suportam a tentação neste ponto. Entre mundanos nesta geração, os maiores crimes são perpetrados devido ao amor ao dinheiro. Se a riqueza não pode ser assegurada por meio de trabalho honesto, os homens recorrerão à fraude, ao engano e ao crime a fim de obtê-lo. A taça da iniqüidade está quase cheia e a justiça retributiva de Deus está para descer sobre os culpados. Viúvas são roubadas em seus escassos recursos por advogados e professos amigos interessados, e pobres são levados a sofrer pela falta de coisas indispensáveis à vida, por causa da desonestidade que é praticada a fim de satisfazer a extravagância. O terrível registro de crime em nosso mundo é suficiente para gelar o sangue e encher a alma de pavor; mas o fato de que mesmo entre aqueles que professam crer na verdade os mesmos males estão penetrando, os mesmos pecados praticados em maior ou menor grau, apela a uma profunda humilhação de alma. T4 489.2

O homem que sinceramente teme a Deus preferiria trabalhar noite e dia, sofrer privação e comer o pão da pobreza do que condescender com a obsessão pelo ganho que oprimiria a viúva e o órfão ou destituiria o estranho de seu direito. Os crimes que são cometidos por causa do amor à exibição e ao dinheiro transformam este mundo num covil de ladrões e salteadores e fazem os anjos chorarem. Mas os cristãos são peregrinos na Terra; estão em terra estranha, parando, por assim dizer, por apenas uma noite. Nosso lar está nas mansões que Jesus foi preparar-nos. Esta vida é apenas um vapor que se desfaz. T4 490.1

A aquisição de propriedade torna-se uma mania para alguns. Toda vez que a regra áurea é violada, Cristo é maltratado na pessoa de Seus santos. Toda vantagem tirada dos semelhantes, sejam eles santos ou pecadores, permanecerá como fraude no livro de registro do Céu. Deus planejou que nossa vida representasse a vida de nosso grande Modelo ao fazer o bem aos outros e ao cumprir uma parte santa na elevação do ser humano. Sobre esse trabalho paira verdadeira dignidade, e uma glória que nunca pode ser vista e percebida nesta vida, mas que será plenamente apreciada na vida futura. O registro de atos bondosos e ações generosas alcançará a eternidade. Exatamente na medida que o homem se beneficia à custa de seu semelhante, seu coração se tornará endurecido à influência do Espírito de Deus. O ganho assim obtido é uma perda terrível. T4 490.2

Tem havido homens em lugares importantes que não têm sido guardiães dos interesses dos outros. Eles têm estado inteiramente absorvidos em seus próprios interesses e negligenciado preservar a reputação da igreja. Têm sido egoístas e avarentos, não agindo com o objetivo único de glorificar a Deus. A igreja como um todo é, em certa medida, responsável pelos erros de cada um de seus membros, porque eles toleram o mal não levantando a voz contra ele. O favor de Deus não é desfrutado por várias razões. Seu Espírito é ofendido pelo orgulho, extravagância, desonestidade e fraude aos quais se entregam alguns que professam santidade. Todas essas coisas trazem o desagrado de Deus sobre o Seu povo. T4 490.3

A incredulidade e os pecados do antigo Israel foram apresentados perante mim, e vi que erros e iniqüidade semelhantes existem entre o moderno Israel. A pena da inspiração registrou os seus crimes para o benefício daqueles que vivem nestes últimos dias, para que possam evitar seu mal exemplo. Acã cobiçou e escondeu uma barra de ouro e uma boa veste babilônica, que foram tomados como espólio do inimigo. Mas o Senhor havia declarado a cidade de Jericó amaldiçoada e ordenado que as pessoas não tomassem despojos de seus inimigos para seu próprio uso. “Tão-somente guardai-vos das coisas condenadas, para que, tendo-as vós condenado, não as tomeis; e assim torneis maldito o arraial de Israel e o confundais. Porém toda prata, e ouro, e utensílios de bronze e de ferro são consagrados ao Senhor; irão para o tesouro.” Josué 6:18, 19. T4 491.1

Mas Acã, da tribo de Judá, tomou o objeto amaldiçoado, e a ira do Senhor acendeu-se contra os filhos de Israel. Quando os exércitos de Israel saíram para combater o inimigo foram repelidos e tiveram de recuar e alguns deles foram mortos. Isto trouxe grande desânimo sobre o povo. Josué, o seu líder, ficou perplexo e confuso. Na maior humilhação, ele caiu sobre seu rosto e orou: “Ah! Senhor Jeová! Por que, com efeito, fizeste passar a este povo o Jordão, para nos dares nas mãos dos amorreus, para nos fazerem perecer? Tomara nos contentáramos com ficarmos dalém do Jordão. Ah! Senhor! Que direi, pois Israel virou as costas diante dos seus inimigos? Ouvindo isso, os cananeus e todos os moradores da terra nos cercarão e desarraigarão o nosso nome da terra; e, então, que farás ao Teu grande nome?” Josué 7:7-9. T4 491.2

A resposta do Senhor a Josué foi: “Levanta-te! Por que estás prostrado assim sobre o teu rosto? Israel pecou, e até transgrediram o Meu concerto que lhes tinha ordenado, e até tomaram do anátema, e também furtaram, e também mentiram, e até debaixo da sua bagagem o puseram.” Josué 7:10, 11. Acã havia roubado aquilo que era reservado por Deus e colocado em Seu tesouro; e também dissimulou, porque quando viu o acampamento de Israel perturbado, não confessou a sua culpa; pois sabia que Josué havia repetido as palavras do Senhor ao povo, que se o povo se apoderasse daquilo que Deus havia separado, o acampamento de Israel seria perturbado. T4 492.1

Enquanto se regozijava em seu ganho adquirido impiamente, sua segurança foi despedaçada; ele fica sabendo que uma investigação deve ser feita. Isso o torna inquieto. Repete vez após vez para si mesmo — o que eles têm a ver com isso? Eu sou responsável por meus atos. Ele, aparentemente, assume um semblante corajoso e da maneira mais convincente condena o culpado. Se tivesse confessado, teria sido salvo; mas o pecado endurece o coração, e ele continua a afirmar sua inocência. Em meio a tão grande multidão, pensa que escapará da investigação. Sortes são lançadas para descobrir o ofensor; a sorte cai sobre a tribo de Judá. O coração de Acã agora começa a pulsar com temor de culpa, pois ele é dessa tribo; mas ainda se vangloria de poder escapar. A sorte é lançada novamente e a família à qual pertence é apontada. Agora Josué pode ver estampada a culpa no pálido semblante. A sorte novamente é lançada e identifica o homem infeliz. Ali está ele em pé, apontado pelo dedo de Deus como o culpado que causou toda aquela perturbação. T4 492.2

Se quando Acã se deixou levar pela tentação tivesse sido indagado se desejava provocar tal derrota e morte no acampamento de Israel, ele teria respondido: “Não, não! É teu servo um cão para fazer tão grande maldade?” Mas ele se deteve na tentação para satisfazer a própria cobiça, e quando a oportunidade se apresentou, ele foi além daquilo que havia proposto em seu coração. É exatamente dessa maneira que membros individuais da igreja são imperceptivelmente levados a ofender o Espírito de Deus, a defraudar seus semelhantes e acarretar o desagrado de Deus sobre a igreja. Nenhum homem vive para si mesmo. Vergonha, derrota e morte foram levadas sobre Israel pelo pecado de um só homem. Aquela proteção que lhes havia abrigado a cabeça no dia da batalha foi retirada. Vários pecados que são praticados e acariciados por professos cristãos acarretam o desagrado de Deus sobre a igreja. No dia em que o livro de registro do Céu for aberto, o Juiz não expressará em palavras ao homem a sua culpa, mas lançará um olhar penetrante e convincente e todo ato e toda transação da vida estarão vividamente gravados sobre a memória do malfeitor. A pessoa não precisará, como no tempo de Josué, ser procurado de tribo a família, mas os próprios lábios confessarão sua vergonha, egoísmo, cobiça, desonestidade, dissimulação e fraude. Seus pecados, ocultos do conhecimento do homem, serão então proclamados, por assim dizer, do alto dos telhados. T4 492.3

A influência mais temida pela igreja não é a dos francos opositores, dos infiéis e blasfemos, mas a dos incoerentes professos seguidores de Cristo. Há aqueles que afastam de Israel as bênçãos de Deus e trazem fraqueza à igreja, reprovação que não é facilmente eliminada. Enquanto Josué permanecia com o rosto em terra, derramando sua alma a Deus em agonia de espírito e com lágrimas, a ordem de Deus foi uma reprovação: “Levanta-te! Por que estás prostrado assim sobre o teu rosto?” Josué 7:10. T4 493.1

As igrejas populares estão cheias de homens, que, embora apresentando uma pretensão de servir a Deus, são ladrões, assassinos, adúlteros e fornicadores; aqueles, porém, que professam nossa humilde fé reivindicam um padrão mais elevado. Eles devem ser cristãos bíblicos; devem ser diligentes no estudo do Decálogo da vida. De maneira cuidadosa e com oração devem examinar os motivos que os levam à ação. Aqueles que desejam colocar sua confiança em Cristo devem começar a estudar as belezas da cruz agora. Se desejam ser cristãos vivos, devem começar a temer e obedecer agora. Se quiserem, podem livrar sua alma da ruína e ter êxito em obter a vida eterna. T4 493.2

O costume de enganar nos negócios, que existe no mundo, não é exemplo para os cristãos. Eles não devem desviar-se da perfeita integridade, mesmo nas mínimas questões. Vender um artigo por preço maior do que seu valor, tirando vantagem da ignorância dos compradores, é fraude. Ganhos ilegais, pequenos truques em negócios, exagero, competição, oferecer uma quantia inferior a um irmão que está procurando fazer um negócio honesto — essas coisas estão corrompendo a pureza da igreja e são prejudiciais à sua espiritualidade. T4 494.1

O mundo dos negócios não está fora dos limites do governo de Deus. O cristianismo não deve ser meramente mostrado no sábado e exibido no santuário; é para todos os dias da semana e todos os lugares. Seus reclamos devem ser reconhecidos e obedecidos na oficina de trabalho, no lar, nas transações comerciais com os irmãos e com o mundo. Para muitos, o mundanismo absorvente eclipsa o verdadeiro sentido da obrigação cristã. A religião de Cristo terá uma influência sobre o coração que controlará a vida. Homens possuindo o genuíno artigo da verdadeira religião, revelarão em todas as suas transações comerciais tão clara percepção do direito como quando oferecem suas súplicas diante do trono da graça. A vida, com todo o seu potencial, pertence a Deus e deve ser usada para promover a Sua glória, em vez de ser pervertida ao serviço de Satanás no defraudar nossos semelhantes. T4 494.2

Satanás tem sido o conselheiro de alguns. Ele lhes diz que se desejam prosperar devem atender a seu conselho: “Não sejam excessivamente conscienciosos a respeito de honra e honestidade; procurem dedicadamente o seu próprio interesse e não sejam levados pela piedade, suavidade e generosidade. Não precisam cuidar da viúva e do órfão. Não os encorajem a procurá-los e a depender de vocês; que eles cuidem de si mesmos. Não perguntem se têm alimento ou se vocês podem beneficiá-los com atenção bondosa e conscienciosa. Cuidem de si mesmos. Agarrem tudo quanto puderem. Roubem a viúva e o órfão e despeçam o estrangeiro de seu direito, e terão recursos para suprir suas várias necessidades.” Alguns têm acatado este conselho e desprezado Aquele que disse: “A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo.” Tiago 1:27. T4 494.3

Satanás oferece aos homens os reinos do mundo se lhe concederem a supremacia. Muitos fazem isso e perdem o Céu. Antes morrer do que pecar; é melhor passar necessidade do que defraudar; melhor passar fome do que mentir. Todos os que são tentados enfrentem Satanás com as palavras: “Bem-aventurado aquele que teme ao Senhor e anda nos Seus caminhos! Pois comerás do trabalho de tuas mãos, feliz serás, e te irá bem.” Salmos 128:1, 2. Aqui está uma condição e uma promessa que serão inegavelmente cumpridas. Felicidade e prosperidade serão o resultado de servir ao Senhor. T4 495.1