Testemunhos para a Igreja 4
Capítulo 37 — Ministros do evangelho
Irmão A:
Foi-me mostrado que você não está preparado para trabalhar com êxito no ministério. Por algum tempo o sucesso acompanhou seus esforços; mas embora isso devesse tê-lo inspirado a maior zelo e dedicação, o efeito foi o oposto. A percepção da bondade de Deus devia tê-lo levado a continuar a trabalhar com humildade, e desconfiar do eu. Mas especialmente após a sua ordenação, você começou a sentir que era um pastor amadurecido, capaz de apresentar a verdade em grandes locais; e tornou-se indolente, não sentindo responsabilidade pelas almas, e seu trabalho desde então tem sido de pouco valor para a causa de Deus. Possuindo força física, você não percebe que é responsável pelo uso que faz dela como o homem de recursos é pelo uso do seu dinheiro. Você não aprecia trabalho manual; contudo, tem uma constituição que requer esforço físico severo para a preservação da saúde, bem como para agilizar as faculdades mentais. No que se refere à saúde, o exercício físico seria do maior valor para todos os nossos pastores; e quando quer que possam ser liberados do serviço ativo no ministério, deviam sentir-se no dever de empenhar-se em esforço físico para o sustento de sua família. T4 407.4
Irmão A, você tem dissipado tempo no sono, que, em vez de ser essencial a sua saúde, tem sido prejudicial. As preciosas horas que tem perdido, não realizando nenhum bem a si mesmo nem a outros, permanecem contra você no Registro do Céu. Seu nome foi-me mostrado sob o título “servos preguiçosos”. Seu trabalho não suportará o teste do juízo. Você gastou muito tempo precioso em dormir a ponto de suas faculdades parecerem paralisadas. Pode-se obter a saúde por hábitos corretos de vida, e pode ela ser levada a render e a capitalizar juros. Este capital, porém, mais precioso do que qualquer depósito bancário, pode ser sacrificado pela intemperança no comer e beber, ou permitindo que os órgãos se enferrujem pela inação. Condescendências acariciadas devem ser abandonadas; deve-se vencer a preguiça. T4 408.1
A razão pela qual muitos de nossos pastores se queixam de doença é deixarem de fazer exercício suficiente e condescenderem em comer demais. Não compreendem que tal conduta põe em perigo o organismo mais resistente. Os que, como você, são de temperamento moroso devem comer muito moderadamente e não evitar sobrecargas físicas. Muitos de nossos pastores estão cavando suas sepulturas com os dentes. Em se responsabilizando pelo fardo colocado sobre os órgãos digestivos, o físico sofre, e é imposto ao cérebro um pesado ônus. Pois toda ofensa cometida contra as leis da saúde, requer do transgressor o pagamento da penalidade em seu próprio corpo. T4 408.2
Quando não empenhado ativamente em pregar, o apóstolo Paulo trabalhava em seu ofício como fabricante de tendas. Ele foi obrigado a fazer isto pelo fato de ter aceitado uma verdade impopular. Antes de aceitar o cristianismo, havia ocupado uma posição elevada, e não dependia de seu trabalho para se manter. Era costume entre os judeus ensinar-se aos filhos algum ofício, por mais elevada que fosse a posição que esperassem ocupar, para que circunstâncias adversas não viessem deixá-los incapacitados de manterem a si mesmos. De conformidade com este costume, tornou-se Paulo fabricante de tendas; e ao serem seus recursos empregados para o avanço da causa de Cristo e em benefício de seu próprio sustento, recorreu ele a sua profissão a fim de conseguir um meio de vida. T4 409.1
Jamais alguém viveu que fosse mais zeloso, enérgico e altruísta discípulo de Cristo do que Paulo. Ele foi um dos maiores mestres do mundo. Cruzou os mares, e viajou para perto e longe, até que uma vasta porção do mundo ouvisse de seus lábios a história da cruz de Cristo. Ele possuía desejo ardente de levar homens prestes a perecer ao conhecimento da verdade através do amor do Salvador. Sua alma estava envolvida na obra do ministério, e foi com sentimentos de dor que se afastou do trabalho por causa das próprias necessidades físicas; mas estabeleceu-se na lida de artesão para não ser um peso às igrejas que estavam afligidas pela pobreza. Embora tivesse implantado muitas igrejas, recusou ser por elas sustentado, temendo que sua utilidade e êxito como ministro do evangelho pudesse sofrer interferência pela desconfiança de sua motivação. Ele desejava remover todo motivo para que seus inimigos não o interpretassem mal, e assim diminuísse a força de sua mensagem. T4 409.2
Paulo apela aos irmãos coríntios para entenderem que, como um obreiro do evangelho, ele poderia reivindicar o apoio deles, em vez de sustentar-se; mas ele abria mão desse direito, temendo que a aceitação de recursos para o seu sustento pudesse possivelmente colocar-se no caminho de sua utilidade. Embora de saúde frágil, ele trabalhava durante o dia no serviço da causa de Cristo, e então boa parte da noite ele labutava, e às vezes a noite inteira, para que pudesse fazer provisão para as próprias necessidades e as de outros. O apóstolo queria também dar um exemplo aos seus irmãos, assim dignificando e honrando a laboriosidade. Quando nossos pastores sentem que estão sofrendo dificuldades e privações na causa de Cristo, que visitem com a imaginação a oficina do apóstolo Paulo, tendo em mente que enquanto esse escolhido homem de Deus estava fabricando tendas, trabalhava pelo pão que merecidamente ganhara por seus esforços como apóstolo de Jesus Cristo. Ao chamado do dever, este grande apóstolo poria de parte o seu negócio para enfrentar os mais violentos oponentes e deter sua altiva jactância, e depois reassumir o seu humilde ofício. Sua laboriosidade religiosa é uma repreensão à indolência de alguns de nossos pastores. Quando têm a oportunidade de trabalhar para ajudar a sustentar a si mesmos, devem fazê-lo com alegria. T4 409.3
Deus nunca planejou que o homem vivesse em apatia. Quando Adão estava no Éden, meios foram criados para a sua ocupação. Embora nem sempre a corrida seja do mais ágil nem a batalha do forte, contudo aquele “que trabalha com mão enganosa empobrece”. Provérbios 10:4. Os que são diligentes em negócios nem sempre prosperarão; mas a preguiça e a indolência certamente ofenderão o Espírito de Deus e destruirão a verdadeira religiosidade. Uma poça de água estagnada é prejudicial, mas um riacho puro e corrente espalha saúde e alegria sobre a terra. O homem de perseverante laboriosidade será uma bênção em qualquer parte. O exercício das faculdades físicas e mentais do homem é necessário para o seu desenvolvimento pleno e apropriado. T4 410.1
Os jovens pastores devem procurar meios de se tornarem úteis onde quer que estejam. Quando convidados a visitar pessoas em seus lares, não devem sentar-se passivamente, sem fazer esforço para ajudar aqueles cuja hospitalidade compartilham. As obrigações são mútuas; se o pastor compartilha a hospitalidade de seus amigos, é seu dever corresponder à sua bondade por sua conduta, sendo atencioso e mostrando consideração para com eles. Aqueles que o acolhem podem ser pessoas preocupadas que trabalham arduamente. Por manifestar disposição, não somente esperar para si mesmo, mas prestar ajuda oportuna, o pastor pode muitas vezes encontrar acesso ao coração e abrir o caminho para o recebimento da verdade. T4 410.2
Deus não emprega homens preguiçosos em Sua causa; Ele quer obreiros atenciosos, bondosos, afetuosos e diligentes. O esforço ativo fará bem a nossos pregadores. A indolência é prova de perversão. Cada faculdade da mente, cada osso do corpo, cada músculo dos membros, mostra que Deus designou nossas faculdades para serem usadas, e não para permanecerem inativas. O irmão A é indolente demais para gastar suas energias na obra e envolver-se em perseverante esforço. Homens que, desnecessariamente, empregam as horas do dia para dormir, não têm o senso do valor dos preciosos e áureos momentos. Tais homens se provarão somente uma maldição para a causa de Deus. O irmão A é muito presunçoso. Não é um dedicado estudante da Bíblia. Não é o que devia ser, nem o que pode tornar-se pela dedicação zelosa. Ele ocasionalmente se anima a fazer alguma coisa; mas a sua preguiça, o seu amor natural pelo conforto, levam-no a voltar ao mesmo conduto da morosidade. As pessoas que não adquiriram hábitos de estrita operosidade e economia de tempo devem ter regras estabelecidas para as estimular à regularidade e à presteza. T4 411.1
Washington, o estadista americano, foi habilitado a realizar grande quantidade de negócios, porque era exato em conservar a ordem e a regularidade. Cada papel tinha sua data e seu lugar, e tempo algum era perdido em procurar o que não estava no lugar designado. Os homens de Deus precisam ser diligentes no estudo, zelosos na aquisição de conhecimentos, nunca desperdiçando uma hora. Mediante esforços perseverantes, podem atingir quase qualquer grau de eminência como cristãos, como homens de poder e influência. Muitos, porém, nunca alcançarão distinção superior no púlpito ou nos negócios devido à sua instabilidade de propósito e à frouxidão dos hábitos contraídos na juventude. Em tudo que empreendam, ver-se-á descuidosa desatenção. Um súbito esforço aqui e ali não é suficiente para efetuar uma transformação nesses amantes da comodidade e indolência; isso é obra que exige paciente perseverança em fazer o que é correto. Homens de negócios só podem ter verdadeiro êxito, se tiverem horas regulares para levantar-se, orar, comer e deitar-se. Se a ordem e a regularidade são essenciais nas atividades mundanas, quanto mais na obra de Deus! T4 411.2
As brilhantes horas da manhã são por muitos desperdiçadas na cama. Estas preciosas horas, uma vez perdidas, passam para nunca mais voltar; são perdidas para o tempo e a eternidade. Uma hora apenas perdida cada dia, e que desperdício de tempo durante um ano! Pense nisso o dorminhoco, e detenha-se a considerar como há de dar a Deus conta das oportunidades perdidas. T4 412.1
Os pastores devem dedicar tempo à leitura, ao estudo, a meditar e orar. Devem enriquecer o espírito com conhecimentos úteis, aprendendo de cor porções das Escrituras, traçando o cumprimento das profecias, e aprendendo as lições que Cristo deu a Seus discípulos. Levem um livro consigo para ler enquanto viajam de trem, ou esperam na estação da estrada de ferro. Empreguem todo momento vago em fazer alguma coisa. Assim se fechará, a milhares de tentações, uma porta eficaz. Se o rei Davi tivesse se empenhado em algum trabalho útil não seria culpado de assassinar Urias. Satanás está sempre pronto para ocupar aquele que não se ocupa. A mente que está continuamente lutando para elevar-se às alturas da grandeza intelectual não encontrará tempo para pensamentos desprezíveis e frívolos, que são a fonte de más ações. Há homens de boa habilidade entre nós, que, com apropriado cultivo, poderiam tornar-se eminentemente úteis; contudo, não apreciam o esforço físico, e deixando de ver o crime de negligenciar pôr no melhor uso as faculdades com que foram dotados pelo Criador, acomodam-se em seu conforto, permanecendo com a mente inculta. Muito poucos, porém, estão travando conhecimento com a mente de Deus. Dos servos negligentes Deus inquirirá: “Que fizeste com os talentos que te dei?” Muitos naquele dia serão encontrados, que havendo recebido um talento, embrulharam-no num lenço, e o esconderam no solo. Esses servos inúteis serão lançados nas trevas exteriores; enquanto os que colocaram seus talentos com os cambistas e os duplicaram receberão o elogio: “Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.” Mateus 25:23. T4 412.2
Ao se terem de confiar responsabilidades a um indivíduo, não se indague se ele é eloqüente ou rico, mas se é honesto, fiel e trabalhador; pois sejam quais forem suas realizações, sem estas qualidades ele se acha inteiramente inabilitado para qualquer cargo de confiança. Muitos que começaram a vida com boas perspectivas deixam de alcançar êxito por lhes faltar a operosidade. Jovens que habitualmente se misturam com pequenos grupos que se juntam nos armazéns ou nas ruas, sempre envolvidos em argumentações ou mexericos, jamais se desenvolverão à simetria de homens de entendimento. Incessante diligência efetuará pelo homem o que nada mais pode efetuar. Os que nunca se contentam se não tiverem a percepção de que estão crescendo cada dia, realmente tornarão a vida um sucesso. T4 413.1
Muitos têm fracassado, fracassado de maneira significativa, onde poderiam haver tido sucesso. Não sentiram a responsabilidade da obra; têm levado as coisas tão comodamente, como se tivessem um milênio em que trabalhar pela salvação das almas. Por causa dessa falta de dedicação e zelo, poucos teriam a impressão de que realmente falavam sério. A causa de Deus não tem tanta necessidade de pregadores, como de obreiros diligentes e perseverantes, para o Mestre. Só Deus pode medir a capacidade da mente humana. Não era Seu desígnio que o homem permanecesse na ignorância, mas que se aproveitasse de todas as vantagens de um intelecto esclarecido e culto. Todos devem sentir que sobre si repousa a obrigação de atingir as alturas da grandeza intelectual. Conquanto ninguém deva ficar ensoberbecido pelos conhecimentos que haja adquirido, é privilégio de todos desfrutar a satisfação de saber que, com cada passo adiante, tornam-se mais capazes de honrar e glorificar a Deus. Eles podem beber de uma fonte inesgotável, a Fonte de toda sabedoria e conhecimento. T4 413.2
Havendo entrado na escola de Cristo, o estudante está preparado a se empenhar na perseguição do saber, sem experimentar a vertigem das alturas que está galgando. Ao prosseguir de verdade em verdade, obtendo uma visão mais clara e luminosa das maravilhosas leis da ciência e da natureza, enleva-se ante as surpreendentes manifestações do amor de Deus para com o homem. Vê, com olhar inteligente, a perfeição, o conhecimento e a sabedoria de Deus estendendo-se para além, até ao infinito. À medida que sua mente se amplia e expande, puras correntes de luz se lhe projetam na alma. Quanto mais bebe da fonte do conhecimento, tanto mais pura e feliz sua contemplação da infinitude de Deus, e maior seu anseio de sabedoria suficiente para compreender as coisas profundas do Senhor. T4 413.3
Cultura mental é o que, como povo, precisamos, e temos de ter para satisfazer as exigências do tempo. Pobreza, origem humilde e ambiente desfavorável não precisam impedir o cultivo da mente. As faculdades mentais têm de ser mantidas sob o controle da vontade, não se permitindo que a mente vagueie ou fique distraída por uma variedade de assuntos ao mesmo tempo, sem se aprofundar em nenhum. Dificuldades são encontradas em todos os estudos; nunca, porém, parem por causa de desânimo. Examinem, estudem e orem; enfrentem varonil e vigorosamente cada dificuldade; chamem em socorro o poder da vontade e a graça da paciência, e então cavem mais diligentemente, até que a gema da verdade se mostre a sua frente, límpida e linda, tanto mais preciosa por causa das dificuldades envolvidas em sua busca. Não fiquem, então, a demorar-se sempre nesse único ponto, nele concentrando todas as energias da mente, para ele chamando insistentemente a atenção dos outros, mas tomem outro assunto, examinando-o atentamente. Assim, mistério após mistério se desdobrará a sua compreensão. Por esse procedimento, duas valiosas vitórias serão ganhas. Não só terão assegurado úteis conhecimentos, mas o exercício da mente aumentou a força e poder mentais. A chave encontrada para descobrir um mistério pode desenvolver outras preciosas gemas de conhecimento ainda escondidas. T4 414.1
Muitos de nossos pastores só podem apresentar ao povo alguns sermões doutrinários. O mesmo esforço e aplicação que os familiarizou com esses pontos os habilitaria a adquirir conhecimento de outros. As profecias e outros assuntos doutrinários devem ser plenamente compreendidos por todos os pastores. Mas alguns que têm estado a pregar durante anos, ficam satisfeitos de se limitar a uns poucos assuntos, sendo demasiadamente indolentes para estudar as Escrituras com diligência e oração, a fim de se tornarem gigantes na compreensão das doutrinas bíblicas e das lições práticas de Cristo. A mente de todos deve ser enriquecida com o conhecimento das verdades da Palavra de Deus, a fim de que possam achar-se preparados, em qualquer momento que lhes seja requerido, a apresentar do tesouro coisas novas e velhas. Há mentes que têm sido prejudicadas e atrofiadas por falta de zelo e de esforço diligente e árduo. Chegou o tempo em que Deus diz: Avancem e cultivem as aptidões que lhes dei. T4 414.2
No mundo multiplicam-se erros e fábulas. Novidades em forma de dramas sensacionais estão continuamente surgindo para absorver a mente, e há abundância de teorias absurdas que destroem o progresso moral e espiritual. A causa de Deus necessita de homens de intelecto, homens que pensem, homens bem versados nas Escrituras, para enfrentar a avolumante onda de oposição. Não devemos sancionar a arrogância, a estreiteza de espírito e as incoerências, embora se lançam sobre elas as vestes de professa piedade. Os que possuem no coração o poder santificador da verdade hão de exercer uma influência persuasiva. Sabendo que os defensores do erro não podem criar nem destruir a verdade, eles se podem manter calmos e ponderados. T4 415.1
Não é suficiente que nossos pastores tenham conhecimento superficial da verdade. Assuntos tratados por homens que perverteram suas faculdades concedidas por Deus para lançarem por terra a verdade estão constantemente surgindo para investigação. A intolerância deve ser deixada de lado. Os enganos satânicos desta época precisam ser clara e inteligentemente enfrentados com a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus. A mesma Mão invisível que guia os planetas em suas órbitas e sustém os mundos por Seu Poder, tomou providências para que o homem formado à Sua imagem possa ser um pouco menos do que os anjos de Deus no desempenho de seus deveres na Terra. Os propósitos de Deus não têm sido atendidos por homens a quem foi confiada a mais solene verdade que já foi dada ao homem. Ele quer que subamos cada vez mais alto em direção a um estado de perfeição, vendo e percebendo a cada passo o poder e a glória de Deus. O homem não conhece a si mesmo. Nossas responsabilidades são exatamente proporcionais a nossa luz, oportunidades e privilégios. Somos responsáveis pelo bem que poderíamos ter feito, mas deixamos de fazer por termos sido muito indolentes em empregar os meios para o progresso que foram colocados a nosso alcance. T4 415.2
O precioso Livro de Deus contém regras de vida para homens de todas as classes e vocações. Nele se encontram exemplos que seria bom que todos estudassem e imitassem. “O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir.” Mateus 20:28. A verdadeira honra e glória do servo de Cristo não consiste no número de sermões pregados, nem na quantidade de seus escritos, mas na obra de atender fielmente às necessidades das pessoas. Se ele negligencia esta parte do trabalho, não tem direito ao nome de pastor. T4 416.1
Necessitam-se em nossos dias, homens capazes de compreender as necessidades do povo, e a elas ministrar. O fiel ministro de Cristo vigia em todos os postos avançados, para advertir, reprovar, aconselhar, suplicar e animar seus semelhantes, cooperando com o Espírito de Deus, que nele atua poderosamente, a fim de que possa apresentar todo homem perfeito em Cristo. Um homem assim é reconhecido no Céu como pastor, trilhando as pegadas de seu grande Exemplo. T4 416.2
Nossos pregadores não são suficientemente minuciosos em relação a seus hábitos de alimentação. Tomam o alimento em quantidades demasiado grandes, e vasta variedade numa só refeição. Alguns são reformadores apenas no nome. Não têm regras pelas quais nortear seu regime, mas condescendem em comer frutas ou nozes entre as refeições, e assim impõem cargas sobremodo pesadas aos órgãos digestivos. Alguns ingerem três refeições ao dia, quando duas seriam mais condizentes com a saúde física e espiritual. Se as leis que Deus fez para governar o organismo físico são violadas, a penalidade há de seguir-se fatalmente. T4 416.3
Por causa da imprudência no comer, os sentidos de alguns parecem meio paralisados, e eles são apáticos e sonolentos. Esses pastores de rosto pálido que estão sofrendo em conseqüência de egoística tolerância para com o apetite, não recomendam a reforma de saúde. Quando sofrendo em virtude de sobrecarga de trabalho, muito melhor seria dispensar ocasionalmente uma refeição, dando assim oportunidade à natureza para refazer-se. Nossos obreiros fariam pela reforma de saúde mais pelo exemplo do que pregando-a. Quando amigos bem-intencionados fazem para eles alimentos muito elaborados, eles ficam fortemente tentados a desrespeitar o princípio; mas recusando os pratos requintados, os ricos condimentos, chá e café, podem demonstrar assim que são praticantes reformadores da saúde. Alguns estão sofrendo agora em conseqüência da transgressão das leis da vida, deixando assim um estigma sobre a causa da reforma de saúde. T4 417.1
A exagerada condescendência no comer, beber, dormir ou ver é pecado. A ação harmoniosa, saudável, de todas as faculdades do corpo e da mente resulta em felicidade; e quanto mais elevadas e refinadas as faculdades, mais pura e perfeita a felicidade. As faculdades da mente devem exercitar-se em temas relacionados com nossos interesses eternos. Isso será conducente à saúde do corpo e mente. Há muitos, mesmo entre nossos pregadores, que desejam elevar-se no mundo sem esforço. São ambiciosos em realizar grande obra de utilidade, enquanto desconsideram os pequenos deveres do dia-a-dia que os tornariam úteis, e os fariam pastores segundo a ordem de Cristo. Desejam realizar a obra que outros estão empreendendo, mas não têm entusiasmo pela disciplina necessária para a ela se adaptar. Esse desejo ardente tanto de homens quanto de mulheres de fazerem algo bem acima de sua atual capacidade, simplesmente os está levando a cometerem evidentes erros logo de início. Eles indignadamente recusam galgar a escada, desejando elevar-se por um processo menos trabalhoso. T4 417.2