Testemunhos para a Igreja 4

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Efeitos do excesso de trabalho

Meu marido trabalhou incessantemente para fazer avançar os interesses da causa de Deus nos vários departamentos da obra sediada em Battle Creek. Seus amigos ficaram assustados com a quantidade de trabalho que ele realizou. No sábado de manhã, 18 de Agosto, ele falou em nossa casa de culto. À tarde sua mente foi exercitada severa e criticamente por quatro horas consecutivas, enquanto ouvia a leitura do manuscrito do Spirit of Prophecy, volume 3. A questão era muito interessante e visava despertar profundamente a alma, sendo um relato do julgamento, crucifixão, ressurreição e ascensão de Cristo. Antes de nos conscientizarmos, ele estava muito cansado. Começara a trabalhar no domingo às cinco horas da manhã e continuou trabalhando até à meia-noite. Na manhã seguinte, por volta das seis e meia, foi acometido de tontura e ameaçado de paralisia. Tememos grandemente essa doença terrível; mas o Senhor foi misericordioso e poupou-nos da aflição. Contudo, seu mal-estar foi seguido de grande prostração física e mental; e agora, na verdade, parecia impossível que assistíssemos às campais do Leste, ou que eu a elas assistisse e deixasse meu marido, deprimido em espírito e com saúde debilitada. T4 276.4

Quando meu marido estava assim prostrado, eu disse: “Esta é obra do inimigo. Não devemos submeter-nos ao seu poder. Deus trabalhará em nosso favor.” Na quarta-feira tivemos uma sessão especial de oração para que a bênção de Deus repousasse sobre ele e lhe restaurasse a saúde. Também pedimos sabedoria para que pudéssemos conhecer nosso dever com respeito a assistir às campais. O Senhor havia muitas vezes fortalecido nossa fé para irmos adiante e trabalharmos por Ele sob desânimo e enfermidades; e em tais tempos Ele havia maravilhosamente nos preservado e sustentado. Mas nossos amigos insistiram que devíamos descansar, e que parecia incoerente e irrazoável que tentássemos tal viagem, incorrendo em fadiga e exposição à vida nas campais. Nós mesmos tentamos pensar que a causa de Deus haveria de ir adiante da mesma maneira se fôssemos deixados de lado e não participássemos dela. Deus suscitaria outros para realizar Sua obra. T4 277.1

Eu não podia, contudo, encontrar descanso e liberdade com o pensamento de permanecer longe do campo do trabalho. Parecia-me que Satanás estava lutando para restringir meu caminho, impedindo-me de dar meu testemunho e realizar a obra que Deus me dera a cumprir. Estava quase decidida a ir sozinha e fazer a minha parte, confiando em Deus para me dar a necessária força, quando recebemos uma carta do irmão Haskell, em que expressava gratidão a Deus de que o irmão e a irmã White assistiriam à campal da Nova Inglaterra. O Pastor Canright havia escrito que não estaria presente, pois seria incapaz de deixar os seus trabalhos em Danvers, e também que ninguém do grupo poderia ser dispensado da tenda. O Pastor Haskell declarou em sua carta que todos os preparativos haviam sidos feitos para uma grande reunião em Groveland; e que decidira realizar a reunião com a ajuda de Deus, mesmo que tivesse de levá-la avante sozinho. T4 277.2

Novamente levamos a questão ao Senhor em oração. Sabíamos que o poderoso Médico poderia restaurar a saúde tanto ao meu marido quanto a mim, se fosse para a Sua glória fazê-lo. Parecia difícil mover-me, fraca, doente e desanimada, mas às vezes sentia que Deus tornaria a viagem uma bênção para nós dois se fôssemos confiando nEle. Com freqüência surgia em minha mente o pensamento: “Onde está a sua fé? Deus prometeu, ‘a tua força será como os teus dias’.” Deuteronômio 33:25. T4 278.1

Busquei animar meu marido; ele achou que se eu me sentisse capaz de superar a fadiga e trabalho das campais, seria melhor que eu fosse; mas ele não podia suportar o pensamento de acompanhar-me em sua condição de fraqueza, incapaz de trabalhar, sua mente obscurecida pelo desânimo, e ele mesmo sendo objeto da piedade de seus irmãos. Ele fora capaz de sentar-se bem pouco desde sua súbita crise, e não parecia estar mais forte. Buscou o Senhor vez após vez esperando que haveria uma abertura na nuvem; mas nenhuma luz especial veio. Enquanto a carruagem estava esperando para levar-nos à estação, novamente nos dirigimos ao Senhor em oração, e Lhe rogamos que nos sustivesse em nossa viagem. Ambos decidimos caminhar pela fé, e aventurar tudo segundo as promessas divinas. Essa decisão de nossa parte exigiu considerável fé; mas ao tomarmos nossos assentos no trem, sentimos estar no caminho do dever. Descansamos na viagem e dormimos bem à noite. T4 278.2