Testemunhos para a Igreja 4
Capítulo 24 — Apelo aos pastores
Estamos vivendo em tempo muito solene. Todos têm uma obra a fazer que requer diligência. Isso é verdade principalmente em relação ao pastor, que deve cuidar do rebanho de Deus e alimentá-lo. Aquele cuja obra especial é conduzir o povo no caminho da verdade deve ser um competente expositor da Palavra, capaz de adaptar os seus ensinos às necessidades do povo. Ele deve estar intimamente ligado com o Céu e tornar-se um conduto vivo de luz, um porta-voz de Deus. T4 260.1
Um pastor deve ter correto entendimento da Palavra e também do caráter humano. Nossa fé é impopular. As pessoas não estão dispostas a ser convencidas de que se acham tão profundamente em erro; uma grande obra deve ser feita e presentemente há poucos para fazê-la. Geralmente um homem faz o trabalho que devia ser feito por dois, pois a tarefa de evangelista se combina necessariamente com a do pastor, acarretando uma dupla responsabilidade ao obreiro no campo. T4 260.2
O ministro de Cristo deve ser um estudante da Bíblia, para que sua mente seja repleta de evidência bíblica; pois o pastor é forte somente quando fortalecido com a verdade da Escritura. O argumento tem o seu lugar, mas muito mais pode ser alcançado pelas simples explicações da Palavra de Deus. As lições de Cristo eram ilustradas tão claramente que as pessoas mais simples e humildes podiam prontamente compreendê-las. Jesus não empregou palavras longas e difíceis em Seus discursos, mas utilizou linguagem simples, adaptada à mente do povo comum. Ele não Se aprofundava no assunto que estava expondo a menos que os ouvintes fossem capazes de acompanhar. T4 260.3
Há muitos homens de bom intelecto que são inteligentes com respeito às Escrituras, e cuja utilidade é grandemente prejudicada por seu método defeituoso de trabalhar. Alguns pastores que se empenham na obra de salvar almas deixam de obter os melhores resultados, porque não se empenham totalmente à obra que começaram com tanto entusiasmo. Outros não são aceitáveis porque se apegam tenazmente a noções preconcebidas, tornando estas proeminentes, deixando assim de adaptar seus ensinos às reais necessidades do povo. Muitos não têm idéia da necessidade de adaptar-se às circunstâncias, e encontrar o povo onde se acha. Não se identificam com aqueles a quem desejam ajudar e elevar ao verdadeiro padrão bíblico de cristianismo. T4 260.4
A fim de que o pastor seja verdadeiramente bem-sucedido, deve consagrar-se inteiramente à obra de salvar almas. É absolutamente essencial que esteja intimamente unido a Cristo, buscando dEle contínuo conselho e dependendo de Seu auxílio. Alguns deixam de ter êxito porque confiam somente na força do argumento, e não clamam ardentemente a Deus por Sua sabedoria para dirigi-los e Sua graça para santificar seus esforços. Longos sermões e orações cansativas são verdadeiramente prejudiciais ao interesse religioso e falham em levar convicção à consciência do povo. Essa propensão para fazer sermões freqüentemente abafa o interesse religioso que poderia ter produzido grandes resultados. T4 261.1
O verdadeiro embaixador de Cristo está em perfeita união com Aquele a quem representa, e seu abrangente objetivo é a salvação de almas. As riquezas da Terra reduzem-se a uma insignificância quando comparadas com o valor de uma simples alma por quem nosso Senhor e Mestre morreu. Aquele que pesa os montes e as montanhas em balanças considera a alma humana como de valor infinito. T4 261.2
Na obra do ministério há batalhas a enfrentar e vitórias a ganhar. “Não cuideis que vim trazer a paz à Terra”, disse Cristo, “não vim trazer paz, mas espada.” Mateus 10:34. Os trabalhos iniciais da igreja cristã foram acompanhados de dificuldades e amargas dores, e os sucessores dos apóstolos primitivos descobrem que precisam enfrentar provas semelhantes às deles; encontram privações, calúnia e toda espécie de oposição em seus trabalhos. Precisam ser homens de grande coragem moral e vigor espiritual. T4 261.3
Prevalecem grandes trevas morais, e somente o poder da verdade pode espantar as sombras da mente de alguém. Estamos batalhando com erros gigantescos e os mais fortes preconceitos e, sem a ajuda especial de Deus, nossos esforços falharão seja na conversão de almas ou na elevação de nossa própria natureza moral. A habilidade humana e as melhores capacidades naturais e aquisições são ineficazes para despertar a alma a fim de discernir a enormidade do pecado e bani-lo do coração. T4 262.1
Os pastores devem ser cuidadosos para não esperar demais das pessoas que ainda andam às apalpadelas nas trevas do erro. Devem realizar bem o seu trabalho, confiando em Deus para transmitir às almas inquiridoras a influência misteriosa e despertadora de Seu Santo Espírito, sabendo que sem isto seus esforços serão malsucedidos. Devem ser pacientes e sábios ao tratar com mentes humanas, lembrando-se de quão múltiplas são as circunstâncias responsáveis por tão diversas características pessoais. Devem também guardar-se estritamente para que o eu não obtenha supremacia e Jesus seja deixado fora de questão. T4 262.2
Alguns pastores não alcançam sucesso porque deixam de dedicar total interesse à obra quando muito disso depende de esforço persistente e bem dirigido. Muitos não são dedicados; não prosseguem seu trabalho fora do púlpito. Esquivam-se do dever de ir de casa em casa e trabalhar sabiamente no círculo familiar. Precisam cultivar essa rara cortesia cristã que os tornaria bondosos e atenciosos para com as almas sob seu cuidado, trabalhando por elas com verdadeiro zelo e fé, ensinando-lhes o caminho da vida. T4 262.3
Os pastores podem fazer muito a fim de moldar o caráter daqueles com quem estão associados. Se forem severos, críticos e exigentes certamente encontrarão esses infelizes elementos entre o povo sobre quem sua influência é mais forte; embora o resultado talvez não seja da natureza que desejam, é, no entanto, o resultado de seu próprio exemplo. T4 262.4
Não se pode esperar que o povo desfrutará paz e harmonia, a menos que seus mestres religiosos, cujos passos seguem, tenham esses princípios amplamente desenvolvidos e os manifestem em sua vida. O ministro de Cristo tem grandes responsabilidades a levar, se quiser tornar-se um exemplo para seu povo e um expoente correto da doutrina de seu Mestre. Os homens ficavam impressionados pela pureza e dignidade moral de nosso Salvador, enquanto o Seu amor altruísta e benignidade gentil lhes conquistavam o coração. Ele era a encarnação da perfeição. Se Seus representantes quiserem ver, acompanhando seu trabalho, frutos semelhantes àqueles que coroavam o ministério de Cristo, devem fervorosamente lutar para imitar Suas virtudes e cultivar aqueles traços de caráter que os tomariam semelhantes a Ele. T4 263.1
É necessária muita prudência e sabedoria de Deus para trabalhar com êxito pela salvação dos pecadores. Se a alma dos obreiros for cheia da graça de Deus, seu ensino não irritará seus ouvintes, mas abrirá caminho para seu coração e o tornará acessível à recepção da verdade. T4 263.2
Os obreiros no campo não devem permitir-se serem desencorajados; mas qualquer que seja seu meio ambiente devem exercer esperança e fé. A obra do pastor apenas começou quando ele apresenta a verdade do púlpito. Deve então familiarizar-se com seus ouvintes. Muitos falham grandemente em não demonstrar íntima simpatia para com aqueles que mais precisam de seu auxílio. Com a Bíblia na mão, devem buscar de maneira cortês saber as dúvidas que existem na mente daqueles que estão começando a indagar: “O que é a verdade?” T4 263.3
Eles devem ser cuidadosa e ternamente conduzidos e educados como alunos na escola. Muitos têm que desaprender teorias que se entranharam em sua vida. Ao se tornarem convencidos de que estiveram em erro com respeito a temas bíblicos, são lançados em perplexidade e dúvida. Precisam da mais terna simpatia e o mais criterioso auxílio; devem ser cuidadosamente instruídos; deve-se orar por eles e com eles, vigiá-los e guardá-los com a mais bondosa solicitude. Aqueles que caíram em tentação e apostataram de Deus precisam de ajuda. Nas lições de Cristo, essa classe é representada pela ovelha perdida. O pastor deixou as noventa e nove no deserto e foi à procura da ovelha perdida até que a encontrou; então retornou com regozijo, trazendo-a sobre os ombros. Também pela ilustração da mulher que procurou a moeda de prata perdida até que a achou, e convocou as vizinhas para regozijar-se com ela por ter encontrado o que estava perdido. A ligação dos anjos celestiais com a obra do cristão é aqui trazida claramente à luz. Há mais alegria na presença dos anjos no Céu pelo pecador que se arrepende do que por noventa e nove pessoas justas que não precisam de arrependimento. Há alegria da parte do Pai e de Cristo. Todo o Céu está interessado na salvação do homem. Aquele que é instrumento para salvar uma alma está em liberdade para regozijar-se, pois os anjos de Deus testemunharam seus esforços com o mais intenso interesse e se regozijam com ele em seu sucesso. T4 263.4
Quão completo, pois, deve ser o trabalho, e quão profunda a simpatia do ser humano por seu semelhante. É um grande privilégio ser coobreiro com Jesus Cristo na salvação de almas. Ele, com esforços pacientes e altruístas, buscou alcançar o homem em sua condição caída e resgatá-lo das conseqüências do pecado; portanto, Seus discípulos, que são os mestres de Sua Palavra, devem imitar rigorosamente o grande Exemplo. T4 264.1
Para dedicar-se a esta grande e árdua tarefa é necessário que os ministros de Cristo possuam saúde física. Para alcançar isso, devem eles tornar-se metódicos em seus hábitos e adotar um estilo de vida saudável. Muitos estão constantemente se queixando e sofrendo de várias indisposições. Dá-se isto, quase sempre, porque não trabalham inteligentemente nem observam as leis de saúde. Em geral permanecem muito tempo dentro de casa, ocupando salas aquecidas cheias de ar impuro. Aí se dedicam firmemente a estudar ou a escrever, fazendo pouco exercício físico e tendo pouca mudança de atividade. Como resultado, o sangue circula mal e as forças mentais são enfraquecidas. T4 264.2
O organismo inteiro necessita da revigoradora influência do exercício ao ar livre. Umas poucas horas de trabalho braçal cada dia ajudariam a renovar o vigor físico e fazer repousar e relaxar a mente. Por este meio, a saúde em geral poderá ser promovida e maior soma de trabalho pastoral realizada. O constante ler e escrever de muitos pastores os incapacita para o trabalho pastoral. Gastam valioso tempo em estudo abstrato, o qual poderia ser aplicado em auxiliar os necessitados no momento preciso. T4 264.3
Alguns pastores se dedicaram ao trabalho de escrever durante um período de decidido interesse religioso, e tem freqüentemente se dado o caso de que seus escritos não têm tido especial ligação com a obra em vista. Esse é um grave erro; pois em tais ocasiões é dever do pastor empregar seu vigor total em fazer avançar a causa de Deus. Sua mente deve ser clara e estar centralizada no único objetivo de salvar almas. Se seus pensamentos estiverem concentrados em outros assuntos, muitos que poderiam ser salvos por meio de instrução oportuna podem perder-se. Alguns pastores desviam-se facilmente do seu trabalho. Tornam-se desanimados, ou são atraídos ao próprio lar, e deixam um crescente interesse morrer por falta de atenção. O prejuízo assim acarretado à causa mal pode ser avaliado. Quando um esforço para promover a verdade é iniciado, o pastor encarregado deve sentir-se responsável por executá-lo cabalmente com êxito. Se seus esforços parecerem sem resultado, deve com oração fervorosa procurar descobrir se está fazendo aquilo que devia. Deve humilhar sua alma perante Deus em exame próprio, e pela fé apegar-se às promessas divinas, continuando humildemente seus esforços até que esteja certo de ter fielmente cumprido seu dever, e ter realizado tudo ao seu alcance para obter o resultado desejado. T4 265.1
Os pastores com freqüência relatam terem deixado o melhor interesse em determinado lugar para iniciar um novo campo. Isto está errado; eles devem completar a obra que iniciaram; pois ao deixá-la incompleta, causam mais mal do que bem, estragando o campo para o próximo obreiro. Nenhum campo parecerá tão sem perspectivas quanto aquele que foi cultivado somente o suficiente para dar às ervas daninhas um crescimento mais exuberante. T4 265.2
Muita oração e sábio esforço são necessários em novos campos. Homens de Deus são necessários; não meramente homens que possam falar, mas aqueles que têm conhecimento experimental do mistério da piedade, e que possam satisfazer as urgentes necessidades do povo; aqueles que solenemente percebem a importância de sua posição como servos de Jesus, e alegremente tomam a cruz que Ele lhes ensinou como carregar. T4 266.1
Quando a tentação surge para eles se isolarem e se dedicarem a ler e a escrever num tempo em que outros deveres reclamam sua imediata atenção, devem ser suficientemente fortes para negar a si mesmos, e dedicar-se à obra que se encontra diretamente diante deles. Este é indubitavelmente um dos mais difíceis testes que a mente estudiosa é chamada a defrontar. T4 266.2
Os deveres de um pastor são com freqüência vergonhosamente negligenciados porque ele não tem força para sacrificar suas inclinações pessoais de isolamento e estudo. O pastor deve visitar de casa em casa o seu rebanho, ensinando, conversando e orando com cada família e procurando o bem-estar delas. Aqueles que manifestaram desejo de tornar-se familiarizados com os princípios de nossa fé não devem ser negligenciados, mas plenamente instruídos na verdade. Nenhuma oportunidade para fazer o bem deve ser perdida pelo vigilante e zeloso ministro de Deus. T4 266.3
Certos pastores, que têm sido convidados por chefes de família a visitarem sua casa, têm passado as poucas horas de sua visita isolados num aposento desocupado, satisfazendo sua inclinação de ler e escrever. A família que os hospedava não tirou nenhum benefício de sua estada ali. Os pastores aceitaram-lhes a hospitalidade oferecida, sem lhes dar o equivalente no trabalho de que tanto necessitavam. T4 266.4
O povo é facilmente atingido por meio do círculo social. Mas muitos pastores têm aversão à tarefa de fazer visitas; não cultivaram qualidades sociais, não adquiriram aquele espírito comunicativo que encontra acesso ao coração do povo. É altamente importante que o pastor se misture com seu povo, para se tornar familiarizado com as diferentes fases da natureza humana, prontamente entender o funcionamento da mente, adaptar seus ensinos ao intelecto de seu povo e aprender aquela grande caridade possuída somente por aqueles que estudam rigorosamente a natureza e as necessidades dos homens. T4 266.5
Os que se excluem do povo não podem, de modo nenhum, auxiliá-los. Um hábil médico precisa compreender a natureza das várias doenças, e deve possuir conhecimento perfeito do organismo humano. Deve ser pronto a atender os doentes. Sabe que as demoras são perigosas. Quando sua mão experiente segura o pulso do paciente, e ele observa cuidadosamente as particulares indicações da doença, seus conhecimentos prévios o habilitam a determinar a natureza da mesma, e o tratamento necessário para lhe deter o avanço. T4 267.1
Como o médico trata de doenças físicas, assim o pastor ministra à alma doente do pecado. E sua obra é tanto mais importante do que a do médico, quanto a vida eterna é de maior valor que a existência temporal. O pastor depara com infinita variedade de temperamentos, e é dever seu ficar conhecendo os membros das famílias que ouvem seus ensinos, a fim de determinar que meios melhor os influenciarão no rumo certo. T4 267.2
Em vista dessas pesadas responsabilidades, a pergunta será suscitada: “Para essas coisas, quem é idôneo?” 2 Coríntios 2:16. O coração do obreiro quase desmaiará ao considerar os vários e árduos deveres que lhe competem; mas as palavras de Cristo fortalecem a alma com a segurança confortadora: “Eis que Eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos.” Mateus 28:20. As dificuldades e perigos que ameaçam a segurança daqueles que ele ama, devem torná-lo cuidadoso e circunspecto em sua maneira de lidar com eles, e atento a respeito deles como alguém que deve prestar contas. Deve criteriosamente empregar sua influência em ganhar almas para Cristo e imprimir a verdade sobre as mentes inquiridoras. Deve cuidar para que o mundo, por meio de suas atrações sedutoras, não os desvie de Deus e lhes endureça o coração à influência de Sua graça. T4 267.3
O pastor não deve governar imperiosamente o rebanho a ele confiado, mas ser o seu exemplo e mostrar-lhe o caminho do Céu. Seguindo o exemplo de Cristo, deve interceder com Deus pelo povo sob seu cuidado até que perceba que suas orações são respondidas. Jesus exerceu simpatia humana e divina para com o homem. Ele é nosso exemplo em todas as coisas. Deus é nosso Pai e Governante, e o pastor cristão é o representante de Seu Filho na Terra. Os princípios que regem o Céu devem reger a Terra; o mesmo amor que anima os anjos, a mesma pureza e santidade que reinam no Céu devem, o quanto possível, ser reproduzidos na Terra. Deus considera o pastor como responsável pelo poder que exerce, mas não justifica Seus servos ao perverterem esse poder em arbitrariedade sobre o rebanho ao seu cuidado. T4 268.1
Deus deu aos Seus servos precioso conhecimento de Sua verdade, e deseja que estejam intimamente ligados a Jesus, e mediante simpatia se aproximem de seus irmãos, para que possam fazer-lhes todo o bem que está ao seu alcance. O Redentor do mundo não consultou o próprio prazer, mas andou fazendo o bem. Ele Se ligou intimamente com o Pai para que pudesse levar Sua força unida a exercer influência sobre a alma do ser humano para salvá-lo da ruína eterna. De maneira semelhante devem Seus servos cultivar a espiritualidade se esperam ter êxito em sua obra. T4 268.2
Jesus tanto Se compadeceu dos pobres pecadores que deixou as cortes do Céu e pôs de parte as vestes da realeza, humilhando-Se à condição do ser humano, para que pudesse familiarizar-Se com as necessidades do homem e ajudá-lo a erguer-se acima da degradação da queda. Quando Ele tem oferecido ao homem tão inquestionável evidência de Seu amor e mais terna simpatia, quão importante é que Seus representantes imitem Seu exemplo em aproximar-se dos semelhantes, e ajudá-los a formar um verdadeiro caráter cristão. Mas alguns têm estado demasiado prontos a se ocupar em julgamentos da igreja, e têm trazido testemunho severo e implacável contra os que erram. Ao assim agir, têm cedido a uma propensão natural que devia ter sido firmemente subjugada. Essa não é a serena justiça do cristão ativo, mas a crítica áspera de um temperamento precipitado. T4 268.3
As igrejas precisam de educação mais do que de censura. Em vez de acusá-las com excesso de severidade por sua falta de espiritualidade e negligência do dever, o pastor deve, por preceito e exemplo, ensinar-lhes a crescer em graça e conhecimento da verdade. “Da qual eu estou feito ministro segundo a dispensação de Deus, que me foi concedida para convosco, para cumprir a Palavra de Deus: o mistério que esteve oculto desde todos os séculos e em todas as gerações e que, agora, foi manifesto aos Seus santos; aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória; a quem anunciamos, admoestando a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria; para que apresentemos todo homem perfeito em Jesus Cristo; e para isto também trabalho, combatendo segundo a sua eficácia, que opera em mim poderosamente.” Colossences 1:25-29. T4 269.1
Nossos pastores que atingiram a idade de quarenta ou cinqüenta anos não devem achar que seu trabalho é menos eficiente do que em tempos passados. Os homens de idade e experiência são justamente os que devem exercer vigorosos e bem dirigidos esforços. De modo especial são eles necessários neste tempo; as igrejas não podem dispensá-los. Não devem os tais falar de fraqueza física e mental, nem achar que o seu tempo de utilidade passou. T4 269.2
Muitos deles têm sofrido por árduo esforço mental, não aliviado por exercício físico. O resultado é a deterioração de suas energias e a tendência para eximir-se a responsabilidades. O que eles necessitam é mais trabalho ativo. Isto não se restringe apenas àqueles cuja cabeça está embranquecida pela neve do tempo, mas homens jovens em idade têm caído no mesmo estado e se têm tornado mentalmente enfraquecidos. Eles têm uma lista de sermões prontos; mas, se forem além dos limites destes, perdem o seu controle. T4 269.3
O pastor dos velhos tempos, que viajava em lombo de burro e passava muito tempo visitando o seu rebanho, possuía muito melhor saúde, a despeito de suas privações e de estar exposto, do que nossos pastores de hoje, que evitam todo exercício físico possível e se limitam a seus livros. T4 269.4
Os pastores idosos e experientes devem sentir que é seu dever, como servos assalariados de Deus, avançar, progredindo dia a dia, tornando-se continuamente mais eficientes em seu trabalho, e arranjando constantemente assuntos novos para apresentar ao povo. Cada esforço para expor o evangelho deve ser melhor que o precedente. Cada ano devem desenvolver piedade mais profunda, espírito mais compassivo, maior espiritualidade e conhecimento mais completo da verdade bíblica. Quanto maior sua idade e experiência, mais próximos devem eles ser capazes de chegar do coração das pessoas, possuindo um mais perfeito conhecimento delas. T4 270.1
Necessitam-se homens para este tempo que não temam erguer a voz pelo direito, seja quem for que se lhes oponha. Devem ser de firme integridade e coragem comprovada. A igreja apela a esses, e Deus procurará com os esforços deles manter todos os ramos do ministério evangélico. T4 270.2