Testemunhos para a Igreja 5

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Capítulo 16 — Amor fraternal

“Nisto todos conhecerão que sois Meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.” João 13:35. Quanto mais intimamente nos assemelharmos ao nosso Salvador no caráter, tanto maior será nosso amor para com aqueles pelos quais Ele morreu. Os cristãos que manifestam mutuamente um espírito de amor altruísta estão dando, em favor de Cristo, um testemunho que os descrentes não podem contradizer nem a ele resistir. É impossível calcular o poder de semelhante exemplo. Coisa alguma com tanto êxito derrotará os ardis de Satanás e seus emissários, coisa alguma contribuirá tanto para erguer o reino do Redentor, como o fará o amor de Cristo manifesto pelos membros da igreja. Paz e prosperidade só podem ser usufruídas quando a mansidão e o amor estão em ativa operação. T5 167.3

Em sua primeira epístola aos coríntios, o apóstolo Paulo destaca a importância daquele amor que deve ser nutrido pelos seguidores de Cristo: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.” 1 Coríntios 13:1-3. T5 168.1

Não importa quão elevada seja a profissão, aquele cujo coração não está impregnado do amor por Deus e por seus semelhantes, não é discípulo de Cristo. Embora possa ter grande fé e mesmo o poder de operar milagres, sem amor, todavia, sua fé será inútil. Ele pode até demonstrar espírito de liberalidade, mas seria por algum outro motivo que não o amor genuíno; pode distribuir todos os seus bens para alimentar os pobres; no entanto esse ato não o recomendaria ao favor divino. Em seu zelo pode até sofrer a morte de mártir, todavia, se destituído do áureo amor, seria ele visto por Deus como um iludido entusiasta ou um ambicioso hipócrita. T5 168.2

O apóstolo segue especificando os frutos do amor: “A caridade é sofredora, é benigna; a caridade não é invejosa.” O amor divino atuando no coração elimina o orgulho e o egoísmo. “A caridade não trata com leviandade, não se ensoberbece.” 1 Coríntios 13:4. O mais puro contentamento emerge da profunda humilhação. Os mais fortes e nobres caracteres repousam sobre o fundamento da paciência, do amor e da confiante submissão à vontade de Deus. T5 168.3

“Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal.” 1 Coríntios 13:5. O coração no qual reina o amor não será tomado de paixão ou desejo de vingança, por ofensas que o orgulho e o amor-próprio julgariam insuportáveis. O amor não suspeita, sempre dando aos motivos e atos alheios a mais favorável estima. O amor nunca expõe desnecessariamente as faltas alheias. Não ouve avidamente referências desfavoráveis, mas busca antes ter em mente algumas boas qualidades do difamado. T5 168.4

O amor “não folga com a injustiça, mas folga com a verdade”. 1 Coríntios 13:6. Aquele cujo coração está imbuído de amor se entristece com os erros e as fraquezas dos outros; mas regozija-se quando triunfa a verdade, quando é removida a nuvem que obscurecia a boa reputação de outra pessoa, ou quando são confessados os pecados e corrigidas as injustiças. T5 169.1

“Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” 1 Coríntios 13:7. O amor não somente tolera as faltas dos outros, mas submete-se alegremente a qualquer sofrimento ou incômodo que essa clemência torne necessário. Esse amor “nunca falha”. Ele nunca pode perder o seu valor; é o atributo do Céu. Como precioso tesouro será levado pelo seu possuidor através dos portais da cidade de Deus. T5 169.2

O fruto do Espírito é amor, alegria e paz. Discórdia e contenda são a obra de Satanás e o fruto do pecado. Se nós, como um povo, queremos ter paz e amor, precisamos abandonar os nossos pecados; precisamos estar em harmonia com Deus, e assim estaremos em harmonia uns com os outros. Pergunte cada qual a si mesmo: Possuo a virtude do amor? Tenho aprendido a ser longânimo e bondoso? Talentos, cultura e eloqüência, sem esse atributo celestial, serão tão destituídos de significação como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine. Pena que esse precioso tesouro seja tão menosprezado e tão pouco procurado por muitos que professam a fé! T5 169.3

Paulo escreve aos colossenses: “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos uns aos outros, se algum tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também. E, sobre tudo isto, revesti-vos de caridade, que é o vínculo da perfeição. E a paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em vossos corações; e sede agradecidos. E, quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei tudo em nome do Senhor Jesus, dando por Ele graças a Deus Pai.” Colossences 3:12-15, 17. T5 169.4

O fato de que estamos em grande obrigação para com Cristo coloca-nos sob o mais sagrado dever para com aqueles por cuja redenção Ele morreu. Devemos manifestar para com eles a mesma simpatia, a mesma terna compaixão e amor altruísta que Cristo mostrou para conosco. Ambição egoísta e desejo de supremacia, perecerão quando Cristo tomar posse das afeições. T5 170.1

Nosso Salvador ensinou Seus discípulos a orar: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores.” Mateus 6:12. Uma grande bênção é aqui solicitada sob condição. Nós mesmos afirmamos essas condições. Pedimos que a misericórdia de Deus para conosco seja medida pela misericórdia que mostramos a outros. Cristo declara que esta é a regra pela qual o Senhor tratará conosco: “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós. Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas.” Mateus 6:14, 15. Maravilhosos termos! Mas quão pouco são compreendidos ou acatados. Um dos pecados mais comuns, e que é seguido dos resultados mais perniciosos, é a tolerância de um espírito não disposto a perdoar. Quantos não abrigam animosidade ou espírito de vingança, e então curvam a cabeça diante de Deus e pedem para serem perdoados assim como perdoam. Certamente não podem possuir o verdadeiro senso do que esta oração importa, ou não a tomariam nos lábios. Dependemos da misericórdia de Deus cada dia e cada hora; como podemos então agasalhar amargura e malícia para com o nosso próximo pecador! Se, em seus relacionamentos diários os cristãos aplicarem os princípios dessa oração, que bendita mudança se operará na igreja e no mundo! Esse seria o mais convincente testemunho dado sobre a realidade da religião bíblica. T5 170.2

Deus exige mais de Seus seguidores do que muitos pensam. Se não queremos basear nossas esperanças do Céu num falso fundamento, precisamos aceitar o que diz a Bíblia e crer que o Senhor cumpre o que afirma. Ele não requer coisa alguma de nós para cuja realização não nos conceda graça. Não teremos desculpa no dia de Deus se deixarmos de alcançar o padrão que nos é apresentado em Sua Palavra. T5 171.1

Somos advertidos pelo apóstolo: “O amor seja não fingido. Aborrecei o mal, e apegai-vos ao bem. Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros.” Romanos 12:9, 10. Paulo desejava que distinguíssemos, entre o amor puro, abnegado, que é induzido pelo espírito de Cristo, e a pretensão sem sentido e enganosa, que é abundante no mundo. Essa vil falsificação tem desviado muitas pessoas. Pretendia apagar a distinção entre o certo e o errado, concordando com o transgressor, em vez de fielmente mostrar-lhe os seus erros. Tal procedimento nunca provém da verdadeira amizade. O espírito pelo qual é induzido só habita no coração carnal. Conquanto o cristão seja sempre bondoso, compassivo e perdoador, não pode ele sentir-se em harmonia com o pecado. Aborrecerá o mal e se apegará ao que é bom, mesmo com sacrifício da associação ou amizade com os ímpios. O espírito de Cristo nos levará a odiar o pecado, ao mesmo tempo que estaremos dispostos a fazer qualquer sacrifício para salvar o pecador. T5 171.2

“E digo isto e testifico no Senhor, para que não andeis mais como andam também os outros gentios, na vaidade do seu sentido, entenebrecidos no entendimento, separados da vida de Deus, pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração, os quais, havendo perdido todo o sentimento, se entregaram à dissolução, para, com avidez, cometerem toda impureza.” Efésios 4:17-19. O apóstolo admoesta seus irmãos, em nome e pela autoridade do Senhor Jesus, que depois de terem feito profissão do evangelho, não deveriam eles andar como os gentios, mas demonstrar por sua conduta diária que haviam sido verdadeiramente convertidos. T5 171.3

“Que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso sentido, e vos revistais do novo homem, que, segundo Deus, é criado em verdadeira justiça e santidade.” Efésios 4:22-24. Uma vez foram eles corrompidos, degradados e escravizados por paixões lascivas, narcotizados pelas atrações mundanas, cegados, confundidos e traídos pelos estratagemas de Satanás. Agora que foram ensinados na verdade tal como é em Jesus, precisam fazer decidida mudança em sua vida e caráter. T5 172.1

A aquisição de membros que não foram renovados no coração e reformados na vida é uma fonte de fraqueza para a igreja. Esse fato é muitas vezes passado por alto. Alguns pastores e igrejas acham-se tão desejosos de assegurar um aumento de membros, que não dão testemunho fiel contra hábitos e costumes não cristãos. Aos que aceitam a verdade não é ensinado que eles não podem, sem perigo, ser mundanos em sua conduta, ao passo que de nome são cristãos. Até então, eram súditos de Satanás; daí em diante, devem ser súditos de Cristo. A vida deve testificar da mudança de dirigente. A opinião pública favorece uma profissão de cristianismo. Pouca abnegação ou sacrifício é exigido de uma pessoa para se revestir da forma da piedade e ter o nome registrado na igreja. Daí muitos se unem à igreja sem primeiro se haverem unido a Cristo. Nisto Satanás triunfa. Tais conversos são seus instrumentos mais eficientes. Servem de laço para outras pessoas. São falsas luzes, atraindo os incautos à perdição. É em vão que os homens procuram tornar o caminho cristão amplo e aprazível para os mundanos. Deus não suavizou ou fez mais largo o caminho áspero e estreito. Se quisermos entrar na vida, cumpre-nos seguir o mesmo trilho palmilhado por Jesus e os discípulos — o trilho da humildade, da abnegação e do sacrifício. T5 172.2

Os pastores devem procurar certificar-se de que o próprio coração esteja santificado pela verdade, e então trabalhar para assegurar os mesmos resultados a seus conversos. É de religião pura que pastores e povo necessitam. Os que afastam do coração a iniqüidade e estendem as mãos em fervorosa súplica a Deus, terão aquela ajuda que somente Deus pode dar. Foi pago um resgate pela vida dos homens, a fim de que eles tivessem a oportunidade de escapar da servidão do pecado e obter perdão, pureza e o Céu. T5 172.3

Deus ouve o clamor do humilde e contrito. Os que freqüentam o trono da graça, fazendo sinceras e fervorosas petições por sabedoria divina e poder, não deixarão de tornar-se ativos e úteis servos de Cristo. Eles podem não possuir grandes talentos, mas com humildade de coração e firme confiança em Jesus, farão uma boa obra em levar pessoas a Cristo. Eles podem atingir os homens através de Deus. T5 173.1

Os ministros de Cristo deveriam sentir sempre que a sagrada obra exige o comprometimento de toda o ser; seus esforços deveriam visar à edificação do corpo de Cristo e não exaltar a si mesmos diante do povo. Conquanto os cristãos devam estimar o pastor fiel como embaixador de Cristo, precisam evitar todo o louvor ao homem. T5 173.2

“Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como também Cristo vos amou e Se entregou a Si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave.” Efésios 5:1, 2. O homem, por suas ímpias obras, aliena-se de Deus, mas Cristo deu a Sua vida para que todos os que quisessem pudessem ser libertados do pecado e reintegrados no favor do Criador. Foi a antecipação de um Universo redimido e santo que levou Cristo a fazer esse grande sacrifício. Temos nós aceito os privilégios tão custosamente adquiridos? Somos seguidores de Deus como filhos amados, ou somos servos do príncipe das trevas? Somos adoradores de Jeová, ou de Baal? Do Deus vivo, ou dos ídolos? T5 173.3

Talvez não haja relicários visíveis por fora, e nenhuma imagem sobre a qual incida o olhar; contudo, podemos estar praticando a idolatria. É tão fácil fazer um ídolo de idéias ou objetos acariciados como formar deuses de madeira ou de pedra. Milhares têm um falso conceito de Deus e Seus atributos. Eles estão servindo tão verdadeiramente a um falso deus como o faziam os servos de Baal. Estamos adorando o Deus verdadeiro segundo é revelado em Sua Palavra, em Cristo e na natureza, ou adoramos algum ídolo filosófico entronizado em Seu lugar? Deus é um Deus de verdade. Justiça e misericórdia são os atributos de Seu trono. Ele é um Deus de amor, de piedade e de terna compaixão. Assim é Ele representado em Seu Filho, nosso Salvador. Ele é um Deus de paciência e longanimidade. Se esse é o ser a quem adoramos e cujo caráter procuramos assimilar, estamos adorando o Deus verdadeiro. T5 173.4

Se estamos seguindo a Cristo, os Seus méritos, imputados a nós, ascendem ao Pai como aroma suave. E as virtudes do caráter de nosso Salvador, implantadas em nosso coração, difundirão preciosa fragrância ao nosso redor. O espírito de amor, mansidão e clemência que impregna nossa vida terá poder para abrandar e enternecer corações e conquistar para Cristo ferrenhos opositores da fé. T5 174.1

“Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo. Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros.” Filipenses 2:3, 4. “Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas; para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio duma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo.” Filipenses 2:14, 15. T5 174.2

Vanglória e ambição egoísta constituem o rochedo no qual soçobraram muitas pessoas e muitas igrejas se tornaram ineficazes. Aqueles que menos entendem de devoção, que menos estão ligados a Deus, são os que mais ansiosamente buscam o lugar mais elevado. Eles não têm noção de suas fraquezas e deficiências de caráter. A menos que muitos dos nossos jovens pastores venham a sentir o poder convertedor de Deus, seu trabalho será um entrave mais do que uma ajuda para a igreja. Eles podem ter aprendido as doutrinas de Cristo, mas não se renderam a Cristo. Quem olha continuamente para Jesus verá o Seu abnegado amor e profunda humildade, e seguirá o Seu exemplo. O coração precisa ser purificado de todo orgulho, ambição, falsidade, ódio e egoísmo. Em muitas pessoas, esses maus traços são parcialmente subjugados, mas não completamente desarraigados do coração. Em circunstâncias favoráveis, tornam a brotar e se transformam em rebelião contra Deus. Isso constitui um terrível perigo. Poupar algum pecado é acalentar um inimigo que só está à espera de um momento de descuido para causar a nossa ruína. T5 174.3

“Quem dentre vós é sábio e inteligente? Mostre, pelo seu bom trato, as suas obras em mansidão de sabedoria.” Tiago 3:13. Meus irmãos e irmãs, como vocês estão empregando o dom da fala? Aprenderam vocês a controlar a língua para que ela possa sempre seguir as ordens de uma consciência esclarecida e de santas afeições? Está sua conversação isenta de leviandade, orgulho e malícia, engano e impurezas? Está você livre de engano diante de Deus? As palavras exercem um poder revelador. Satanás, se possível, manterá a língua ativa em seu serviço. Por nós mesmos não podemos controlar esse membro ingovernável do corpo. A graça divina é nossa única esperança. T5 175.1

Os que tão avidamente planejam como podem assegurar a preeminência, deveriam estudar antes como podem obter sabedoria que é “primeiramente, pura, depois, pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia”. Tiago 3:17. Foi-me mostrado que nossos pastores necessitam ter essas palavras impressas em sua alma. Aquele em cujo interior Cristo foi formado, a esperança da glória, mostrará “pelo seu bom trato, as suas obras em mansidão de sabedoria”. Tiago 3:13. T5 175.2

Pedro exorta os crentes: “E, finalmente, sede todos de um mesmo sentimento, compassivos, amando os irmãos, entranhavelmente misericordiosos e afáveis, não tornando mal por mal ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo, sabendo que para isto fostes chamados, para que, por herança, alcanceis a bênção. Porque quem quer amar a vida e ver os dias bons, refreie a sua língua do mal, e os seus lábios não falem engano; aparte-se do mal e faça o bem; busque a paz e siga-a. Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os Seus ouvidos, atentos às suas orações; mas o rosto do Senhor é contra os que fazem males.” 1 Pedro 3:8-12. T5 175.3

Embora o caminho reto seja tão claramente definido, por que o professo povo de Deus não anda nele? Por que não estudam, oram e trabalham diligentemente para serem todos de um mesmo parecer? Por que não procuram nutrir compaixão uns pelos outros, amarem-se como irmãos, em lugar de pagar mal com mal e zanga com zanga? Por que não amar a vida e desejar bons dias? Quão poucos cumprem as condições, refreando sua língua do mal e seu lábios de proferir engano. Poucos estão dispostos a seguir o exemplo de mansidão de humildade do Salvador. Muitos pedem ao Senhor para torná-los humildes, mas não estão dispostos a se submeterem à necessária disciplina. Quando sobrevêm a prova, quando as aflições ou mesmo os contratempos ocorrem, o coração se rebela e a língua profere palavras que são como setas envenenadas ou saraiva de granizo. T5 176.1

A maledicência é uma dupla maldição, caindo mais pesadamente sobre quem fala do que sobre quem ouve. Aquele que espalha as sementes da dissensão e contenda, colhe na própria vida os terríveis frutos. Quão miserável é o leva-e-traz, o mexeriqueiro, o que suspeita mal. É ele um inimigo da verdadeira felicidade. T5 176.2

“Bem-aventurados os pacificadores.” Mateus 5:9. Graça e paz permanecem sobre aqueles que se recusam a participar da contenda de línguas. Enquanto os mascates do escândalo vão de família em família, aqueles que temem a Deus serão os virtuosos zeladores domésticos. O tempo normalmente desperdiçado em maliciosos, ociosos e frívolos mexericos, será dirigido a mais altos e nobres objetivos. Se nossos irmãos e irmãs se tornarem missionários para Deus, visitando o enfermo e aflito, e trabalhando paciente e bondosamente pelos errantes, em suma, se copiarem o Modelo, a igreja terá prosperidade em todas as suas fronteiras. T5 176.3

O pecado da maledicência começa com a alimentação de maus pensamentos. A malícia inclui a impureza em todas as suas formas. Um pensamento impuro tolerado, um desejo pecaminoso acariciado, e a pessoa é contaminada e sua integridade comprometida. “Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte.” Tiago 1:15. Se não quisermos cometer pecado, temos de evitar seu princípio. Cada emoção e desejo tem de ser mantido em sujeição à razão e à consciência. Todo pensamento pecaminoso tem de ser instantaneamente repelido. Para a câmara de oração, seguidores de Cristo! Orem com fé e de todo o coração. Satanás está vigilante, para lhes enlaçar os pés. Vocês precisam ter socorro do alto, se querem escapar de seus ardis. T5 177.1

Com fé e oração todos podem satisfazer os requisitos do evangelho. Nenhum homem pode ser forçado a transgredir. E preciso primeiro obter seu próprio consentimento; a pessoa tem de propor-se a praticar o ato pecaminoso, antes de a paixão poder dominar a razão, ou a iniqüidade triunfar sobre a consciência. A tentação, por forte que seja, nunca é desculpa para o pecado. “Os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os Seus ouvidos atentos ao seu clamor.” Salmos 34:15. Clama ao Senhor, se você está sendo tentado! Basta lançar-se, desamparado, indigno, sobre Jesus, e reclamar-Lhe a promessa. O Senhor ouvirá. Ele sabe quão fortes são as inclinações do coração natural, e ajudará em cada ocasião de tentação. T5 177.2

Caiu você em pecado? Então, sem demora, procure de Deus a misericórdia e o perdão. Quando Davi foi convencido de seu pecado, derramou sua alma em penitência e humilhação diante de Deus. Sentiu que poderia suportar a perda da coroa, mas não ficar privado do favor divino. A misericórdia é ainda oferecida ao pecador. O Senhor nos chama em todos os nossos extravios: “Voltai, ó filhos rebeldes, Eu curarei as vossas rebeliões.” Jeremias 3:22. A bênção de Deus pode ser nossa se ouvirmos a suplicante voz de Seu Espírito. “Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor Se compadece daqueles que O temem.” Salmos 103:13. T5 177.3