Testemunhos para a Igreja 5

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Capítulo 83 — Falso milagre

Alguns tiveram dificuldade em conciliar a declaração feita em Testemunhos Para a Igreja 1:292, com outra registrada em O Grande Conflito 184.* Essas passagens referem-se à ação dos feiticeiros para contrafazer o milagre realizado por Arão, transformando sua vara em serpente. O Testemunho diz: “Os magos não podiam efetuar todos os milagres que Deus operara através de Moisés. Poucos deles poderiam fazer isso. As varas dos magos tornaram-se em serpentes, mas a de Arão as tragou.” A última sentença, tornada uma das questões, é substancialmente a mesma feita pela Bíblia: “Pois lançaram cada um a sua vara, e elas se tornaram em serpentes, mas a vara de Arão devorou as varas deles.” A afirmação no volume 1 do Conflito é: “Os magos, através de seus encantamentos, aparentavam fazer as mesmas coisas que Deus operara por meio de Moisés e Arão. Eles não fizeram realmente suas varas tornarem-se em serpentes, mas pela mágica e auxiliados pelo grande enganador, fê-las parecer como serpentes para contrafazer a obra de Deus.” Essa declaração, em lugar de contradizer a primeira, é-lhe simplesmente explanatória. T5 696.2

Não há, no Testemunho, a plena expressão do pensamento que eu desejava transmitir. Na pág. 293 há uma frase que torna claro esse significado: “Os magos não agiram por sua própria conta e ciência, mas pelo poder de seu deus, o diabo, que engenhosamente realizou sua obra de engano para contrafazer a obra de Deus.” Moisés, pelo poder de Deus, transformara sua vara em uma serpente viva. Satanás, através dos mágicos, contrafez esse milagre. Ele não podia criar serpentes vivas, pois não possui o poder de criar ou conceder vida. Esse poder pertence somente a Deus. Mas tudo o que Satanás podia fazer, ele fez — produzir uma imitação fraudulenta. Seu poder, operando através dos magos, produziu varas com a aparência de serpentes. T5 697.1

A afirmação de que elas se tornaram serpentes simplesmente quer dizer que as aparentaram. Assim creram Faraó e sua corte. Nada havia em sua aparência para distingui-las da serpente produzida por Moisés e Arão. Mas enquanto uma era real, as outras eram imitação. E o Senhor fez com que a serpente viva engolisse as falsas. T5 697.2

Faraó queria justificar sua obstinação resistindo à ordem divina. Ele estava buscando alguma desculpa para desprezar o milagre que Deus operara através de Moisés. Satanás deu-lhe justamente aquilo que ele queria. Agindo através dos magos, Satanás fez parecer que Moisés e Arão eram apenas mágicos e feiticeiros; por isso, eles não eram portadores de uma mensagem vinda de um ser superior. T5 697.3

Mesmo a ação de engolir as falsas serpentes não foi vista por Faraó como uma obra especial do poder de Deus, mas realizada por uma espécie de magia superior à de seus servos. Assim, a contrafação encorajou-o em sua rebelião, induzindo-o a resistir à convicção. T5 697.4

Foi pela exibição de poder sobrenatural, ao fazer da serpente seu médium, que Satanás ocasionou a queda de Adão e Eva no Éden. Antes do fim do tempo, ele operará maravilhas ainda maiores. Ao ampliar seu poder, ele há de realizar verdadeiros milagres. Dizem as Escrituras: “E engana os que habitam na Terra com sinais que lhe foi permitido que fizesse” (Apocalipse 13:14), não meramente os que ele pretende fazer. Esse texto apresenta alguma coisa mais que simples ilusões. Há, porém, um limite além do qual Satanás não pode ir; e aí ele chama em seu auxílio o engano, e falsifica a obra que não tem realmente o poder de efetuar. Nos últimos dias ele se apresentará de tal maneira que faça os homens crerem que ele é Cristo vindo pela segunda vez ao mundo. Ele se transformará na verdade em anjo de luz. Mas ao passo que ostentará em todos os sentidos a aparência de Cristo, até aonde possa chegar a simples aparência, isso não enganará a ninguém senão aos que, como Faraó, estão procurando resistir à verdade. T5 698.1