Capítulo 78 — Confissão aceitável
“O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia.” Provérbios 28:13.
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As condições para se obter misericórdia de Deus são simples, justas e razoáveis. O Senhor não requer de nós que façamos coisas penosas de forma a podermos conseguir perdão do pecado. Não necessitamos fazer longas e penosas peregrinações ou realizar dolorosas penitências para encomendar nossa alma ao Deus do Céu, ou para expiar nossas transgressões, “mas aquele que as confessa e deixa alcançará misericórdia”. Provérbios 28:13. Essa é uma preciosa promessa feita ao decaído homem para animá-lo a confiar no Deus de amor e aspirar à vida eterna em Seu reino.
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Lemos que Daniel, o profeta de Deus, era um homem muito amado do Céu. Ele tinha uma alta posição nas cortes de Babilônia, e servia e honrava a Deus tanto na prosperidade como na provação; todavia, humilhou-se e confessou seu pecado e o pecado de seu povo. Com profunda tristeza de coração reconhecia: “Pecamos, e cometemos iniqüidade, e procedemos impiamente, e fomos rebeldes, apartando-nos dos Teus mandamentos e dos Teus juízos; e não demos ouvidos aos Teus servos, os profetas, que em Teu nome falaram aos nossos reis, nossos príncipes e nossos pais, como também a todo o povo da terra. A ti, ó Senhor, pertence a justiça, mas a nós, a confusão do rosto, como se vê neste dia; aos homens de Judá, e aos moradores de Jerusalém, e a todo o Israel; aos de perto e aos de longe, em todas as terras por onde os tens lançado, por causa da sua prevaricação, com que prevaricaram contra Ti.” Daniel 9:5-7.
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Daniel não procurou desculpar-se ou a seu povo diante de Deus, mas em humildade e contrição confessou a total extensão e demérito de suas transgressões, e vindicou o trato de Deus como justo para com a nação que havia considerado em nada Seus reclamos e não se sensibilizou com Seus apelos.
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Há hoje grande necessidade de arrependimento e confissão, sinceros e contritos. Os que não humilharam o coração perante Deus, em reconhecimento de sua culpa, não cumpriram ainda a primeira das condições de aceitação. Se não experimentamos ainda aquele arrependimento do qual não há arrepender-se, e não confessamos nosso pecado com verdadeira humilhação e contrição de espírito, detestando nossa iniqüidade, nunca na verdade procuramos o perdão dos pecados; e se nunca procuramos, nunca encontramos a paz de Deus. A única razão por não termos a remissão dos pecados passados é não estarmos dispostos a humilhar nosso orgulhoso coração e cumprir as condições da Palavra da verdade. Deu-se explícita instrução acerca desse assunto. A confissão do pecado, quer público quer particular, deve ser de coração e expressa francamente. Não deve ser extorquida do pecador. Não deve ser feita de maneira leviana e descuidada, nem forçada dos que não têm a compreensão do caráter repugnante do pecado. A confissão misturada com lágrimas e tristeza, que é o desabafo do íntimo da alma, encontra caminho para o Deus de infinita piedade. Diz o salmista: “Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado e salva os contritos de espírito.” Salmos 34:18.
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Há muitas confissões como a de Faraó quando estava sofrendo os juízos de Deus. Ele reconhecia seu pecado para escapar da punição, mas retornava a seu desafio ao Céu tão logo as pragas eram suspensas. A confissão de Balaão teve caráter semelhante. Aterrado pela presença do anjo que se postara em seu caminho com a espada desembainhada, ele reconheceu sua culpa, temendo perder a vida. Não houve genuíno arrependimento do pecado, nem contrição, nem conversão de propósito, nem aborrecimento ao mal. Nenhuma virtude houve em sua confissão. Judas Iscariotes, depois de trair seu Senhor, foi até os sacerdotes confessando: “Pequei, traindo sangue inocente.” Mateus 27:4. Mas essa confissão não era de caráter a recomendá-lo à misericórdia divina. Ela foi arrancada de sua alma culpada por um terrível senso de condenação e temerosa expectativa de julgamento. As conseqüências do ato suscitaram o reconhecimento de seu grande pecado. Não houve nenhuma dor profunda de coração por ter entregue o Filho de Deus para ser escarnecido, flagelado e crucificado, por haver traído o Santo de Israel e pô-Lo nas mãos de ímpios e inescrupulosos homens. Sua confissão foi proferida tão-somente por um coração egoísta e em trevas.
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Depois de Adão e Eva terem participado do fruto proibido, foram tomados de um senso de vergonha e terror. De início, seu pensamento era como se desculpar por seu pecado diante de Deus e escapar da temível sentença de morte. Quando o Senhor perguntou pelo seu pecado, Adão replicou colocando a culpa parcialmente em Deus e parcialmente em sua companheira: “A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi.” Gênesis 3:12. A mulher, por sua vez, pôs a culpa sobre a serpente, dizendo: “A serpente me enganou, e eu comi.” Gênesis 3:13. Por que o Senhor fez a serpente? Por que permitiu que ela penetrasse no Éden? Essas eram questões implícitas em sua desculpa pelo pecado, atribuindo assim a Deus a responsabilidade de sua queda. O espírito de justificação própria originou-se com o pai da mentira e foi manifestado por todos os filhos e filhas de Adão. Confissões desse tipo não são inspiradas pelo Divino Espírito e em nada aceitáveis a Deus. O verdadeiro arrependimento levará o homem a assumir a própria culpa e reconhecê-la sem fraude ou hipocrisia. Como o pobre publicano, que não erguia seus olhos ao Céu e batia no próprio peito, clamando: “Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador.” Lucas 18:13. Aqueles que reconhecem sua culpa serão justificados, pois Jesus oferecerá Seu sangue em favor da pessoa arrependida.
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Não é degradação para o homem prostrar-se diante de seu Criador e confessar seus pecados e implorar perdão através dos méritos de um Salvador crucificado e ressurgido. É nobre reconhecer seu erro diante dAquele a quem feriu pela transgressão e rebelião. Isso o exalta diante dos homens e dos anjos; pois “quem a si mesmo se humilhar será exaltado”. Mateus 23:12. Mas aquele que se prostra diante do homem caído e abre em confissão os secretos pensamentos e imaginações do coração desonra a si mesmo, rebaixando sua maturidade e degradando todos os nobres instintos de seu ser. Ao revelar os pecados de sua vida a um sacerdote corrompido pelo vinho e licenciosidade, seu padrão de caráter é rebaixado e ele, em conseqüência, se polui. Em seu pensamento, Deus é rebaixado ao nível da pecaminosa humanidade, pois o sacerdote se posta como representante de Deus. É essa degradante confissão do homem para o caído homem que é responsável por muito do crescente mal que está corrompendo o mundo e adaptando-o para a destruição final.
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Diz o apóstolo: “Confessai as vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos outros, para que sareis.” Tiago 5:16. Esse texto bíblico tem sido interpretado de maneira a apoiar a prática de procurar o sacerdote para absolvição, mas não é essa a aplicação. Confesse seus pecados a Deus, o único que pode perdoá-los, e suas faltas uns aos outros. Se você ofendeu a um amigo ou vizinho, deve reconhecer o erro, e é dever dele perdoá-lo voluntariamente. Então você deve buscar o perdão de Deus, porque o irmão a quem feriu é propriedade dEle, e ao prejudicá-lo, você pecou contra seu Criador e Redentor. A questão, absolutamente, não é para ser levada ao sacerdote, mas, antes, ao único e legítimo Mediador, nosso grande Sumo Sacerdote, que “como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hebreus 4:15), que “Se compadece de nossas fraquezas”, e é capaz de purificar-nos de toda mancha de iniqüidade.
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Quando Davi pecou contra Urias e sua esposa, ele suplicou perdão a Deus. Ele diz: “Contra Ti, contra Ti somente pequei, e fiz o que a Teus olhos é mal.” Salmos 51:4. Toda injustiça cometida contra outros atinge a Deus. Davi buscava o perdão, não do sacerdote, mas do Criador do homem. Ele orava: “Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo a Tua benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das Tuas misericórdias.” Salmos 51:1.
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A verdadeira confissão é sempre de caráter peculiar e reconhece pecados específicos. Eles podem ser de natureza que devam ser levados a Deus, unicamente; podem ser erros que precisem ser confessados a indivíduos que sofreram insultos por causa deles, ou ser de natureza geral, que tenham de se tornar conhecidos da congregação. Mas toda confissão deve ser definida e ao ponto, reconhecendo os pecados de que você é culpado.
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Quando Israel estava sendo oprimido pelos amonitas, o povo escolhido fez uma súplica diante de Deus que ilustra o definido caráter da verdadeira confissão: “Então, os filhos de Israel clamaram ao Senhor, dizendo: Contra Ti havemos pecado, porque deixamos o nosso Deus e servimos aos baalins. Porém o Senhor disse aos filhos de Israel: Porventura, dos egípcios, e dos amorreus, e dos filhos de Amom, e dos filisteus, e dos sidônios, e dos amalequitas, e dos maonitas, que vos oprimiam, quando a Mim clamastes, não vos livrei Eu então da sua mão? Contudo, vós Me deixastes a Mim e servistes a outros deuses; pelo que não vos livrarei mais. Andai e clamai aos deuses que escolhestes; que vos livrem eles no tempo do vosso aperto. Mas os filhos de Israel disseram ao Senhor: Pecamos; faze-nos conforme tudo quanto Te parecer bem aos Teus olhos; tão-somente Te rogamos que nos livres neste dia.” Juízes 10:10-15. Então começaram a agir em harmonia com suas confissões e orações. “E tiraram os deuses alheios do meio de si e serviram ao Senhor.” E o imenso coração de amor do Senhor se angustiou — “então, Se angustiou a Sua alma por causa da desgraça de Israel”. Juízes 10:16.
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A confissão não será aceita por Deus sem sincero arrependimento e reforma. É necessário que haja decidida mudança na vida; tudo o que é ofensivo a Deus tem de ser afastado. Esse será o resultado da genuína tristeza pelo pecado. Diz Paulo, falando acerca da obra de arrependimento: “Porque quanto cuidado não produziu isso mesmo em vós que, segundo Deus, fostes contristados! Que apologia, que indignação, que temor, que saudades, que zelo, que vingança! Em tudo mostrastes estar puros neste negócio.” 2 Coríntios 7:11.
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Nos dias de Samuel, os israelitas se desviaram de Deus. Eles estavam sofrendo as conseqüências do pecado, pois haviam perdido a fé no Senhor, no discernimento de Seu poder e sabedoria para governar a nação; perderam a confiança em Sua capacidade de defender e vindicar Sua causa. Eles se voltaram do grande Governador do Universo e desejaram ser governados como as nações a seu redor. Antes de encontrarem a paz, fizeram esta específica confissão: “Porque a todos os nossos pecados temos acrescentado este mal, de pedirmos para nós um rei.” 1 Samuel 12:19. Sua ingratidão lhes oprimia a própria alma e os separava de Deus.
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Quando o pecado amortece as percepções morais, o malfeitor não discerne os defeitos de seu caráter, nem compreende a enormidade do mal que cometeu, e a menos que se renda ao convincente poder do Espírito Santo, permanecerá em cegueira parcial com relação a seu pecado. Suas confissões não são sinceras e fervorosas. A cada reconhecimento de culpa acrescenta uma desculpa para sua conduta, declarando que, se não fosse por determinadas circunstâncias, ele não teria feito isso ou aquilo, pelo qual está sendo reprovado. Mas os exemplos de genuíno arrependimento e humilhação dados na Palavra de Deus revelam um espírito de confissão no qual não há desculpas para o pecado ou tentativas de justificação própria.
T5 641.1
Paulo não buscava defender-se; ele pintava seu pecado nas mais negras nuances, não tentando diminuir sua culpa. Ele diz: “E, havendo recebido poder dos principais dos sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e, quando os matavam, eu dava o meu voto contra eles. E, castigando-os muitas vezes por todas as sinagogas, os obriguei a blasfemar. E, enfurecido demasiadamente contra eles, até nas cidades estranhas os persegui.” Atos dos Apóstolos 26:10, 11. Ele não hesitava em declarar que “Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal.” 1 Timóteo 1:15.
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O humilde e contrito coração, dominado pelo genuíno arrependimento, apreciará algo do amor de Deus e do custo do Calvário, e como um filho se confessa a seu amoroso pai, assim o verdadeiro penitente trará todos os seus pecados a Deus. Está escrito: “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” 1 João 1:9.
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T5
Testemunhos para a Igreja 5
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