Testemunhos para a Igreja 5

96/125

Como tratar os que erram

Quando se supõe que um irmão errou, não se deve fazer de seu caso um assunto para a curiosidade, comentando o fato e ampliando a falta cometida. Essas práticas são freqüentes e o resultado é que os indivíduos que isso fazem incorrem no desagrado de Deus, exultando Satanás por conseguir assim debilitar e prejudicar os que deviam ser fortes no Senhor. O mundo nota essas fraquezas, e julga essa gente e a verdade que ela professa pelos frutos que ostenta. T5 615.1

“Senhor, quem habitará no Teu tabernáculo? quem morará no Teu santo monte? Aquele que anda em sinceridade, e pratica a justiça, e fala verazmente, segundo o seu coração; aquele que não difama com a sua língua, nem faz mal ao seu próximo, nem aceita nenhuma afronta contra o seu próximo; aquele a cujos olhos o réprobo é desprezado; mas honra os que temem ao Senhor; aquele que, mesmo que jure com dano seu, não muda. Aquele que não empresta o seu dinheiro com usura, nem recebe subornos contra o inocente. Quem faz isto nunca será abalado.” Salmos 15. Ao caluniador será, pois, vedado habitar no tabernáculo de Deus e morar no santo monte de Sião. O que aceita alguma acusação contra o seu próximo, não pode ter a aprovação divina. T5 615.2

Quantas vezes tem acontecido pastores serem chamados de algum trabalho importante, pelo qual pessoas estavam sendo convertidas a Deus e à Sua verdade, a fim de aplainar dificuldades suscitadas na igreja por irmãos que estavam em erro e revelavam um espírito contencioso e prepotente! T5 615.3

Isso de afastar pastores de seu campo de trabalho, constantemente se tem verificado na realização da obra e é uma astúcia empregada pelo grande adversário, a fim de impedir-lhe o progresso. Quando pessoas que estão a ponto de decidir-se a favor da verdade, são assim abandonadas a influências desfavoráveis, perdem o interesse e só raras vezes se conseguirá tornar a exercer sobre elas uma impressão decisiva. Satanás constantemente projeta qualquer ardil, a fim de em tempos críticos como esse afastar do campo de trabalho o pastor e inutilizar assim o seu serviço. T5 615.4

Há na igreja pessoas não convertidas, profanas, que cogitam menos da salvação de seus semelhantes do que de sustentar sua própria opinião e dignidade. Sobre essas Satanás influi para suscitarem dificuldades que tomem o tempo e o trabalho do pastor, e muitos se percam em conseqüência disso. T5 616.1

Achando-se os membros de uma igreja divididos quanto a seus sentimentos, endurece-se-lhes o coração e se tornam insensíveis. Os esforços do pastor são como golpes de martelo em ferro frio, somente conseguindo tornar a cada qual mais obstinado em seu caminho. Desse modo o pastor fica colocado em situação pouco confortável, porque, por mais sabiamente que proceda, sua decisão fatalmente desagradará a uns e outros, e fica reforçado o partidarismo. T5 616.2

Se por acaso o pregador está hospedado em casa de alguma família, os outros ficarão com receio de que receba impressões desfavoráveis com respeito a eles. Se dá algum conselho, dizem: fulano ou sicrano falou com ele e suas palavras ficam sem efeito. Fundamentado em tais desconfianças e suspeitas, o pregador fica preso a seus preconceitos e ciúmes, e não raro terá de abandonar o caso em pior estado do que estivera antes. Tivesse se recusado a ouvir as declarações partidárias de uns contra outros, limitando-se a ministrar alguns conselhos de acordo com a Bíblia, dizendo como outrora Neemias: “Estou fazendo uma grande obra, de modo que não poderei descer” (Neemias 6:3), a igreja teria ficado em bem melhor condição. T5 616.3

Os pastores e leigos desagradam a Deus, permitindo a indivíduos falar-lhes acerca dos erros e defeitos de seus irmãos. Não deveriam atender a essas informações, mas sim inquirir: Acaso você fez como manda o Salvador? Foi falar com o seu ofensor, advertindo-o de suas faltas entre você e ele só? E ele recusou ouvi-lo? Tomou consigo, depois de orar sobre o caso, duas ou três testemunhas, buscando convencê-lo com ternura, humildade e mansidão, e com o coração palpitante de simpatia por ele? Se as ordens de Cristo, no tocante à norma a seguir em tais casos, foram estritamente obedecidas, ainda há um terceiro passo a dar — diga-o à igreja e deixa que ela trate do caso de acordo com as Escrituras. Se ela, pois, decidir excluir o ofensor por sua impenitência, Deus lhe aprovará a decisão. Se, porém, o caso não foi tratado desse modo, feche os ouvidos a todas as queixas e recuse-se a aceitar qualquer reprovação contra o seu semelhante. Se houvesse irmãos que energicamente assim procedessem, as línguas más em breve se calariam, porque não encontrariam ambiente favorável para sua obra de se morderem e devorarem uns aos outros. T5 616.4