Testemunhos para a Igreja 5
Capítulo 74 — Amor pelos que erram
Cristo veio ao mundo, a fim de pôr a salvação ao alcance de todos. Na cruz do Calvário pagou o preço infinito exigido pela redenção do mundo. Sua abnegação e renúncia, Seu trabalho desinteressado, Sua humilhação, e, sobretudo, o holocausto de Sua vida, atestam o amor profundo que dedicou à humanidade decaída. Veio para salvar o que se perdera. Sua missão atingia os pecadores de todas as categorias, de qualquer língua ou nação. Por todos pagou o preço de sua redenção, a fim de reintegrá-los na comunhão e harmonia do Céu. Não desprezava os que se haviam feito culpados dos mais graves erros e delitos. Seu trabalho era desempenhado com especial consideração pelos que mais necessitavam da salvação que viera trazer. Quanto mais urgente reforma um caso pedia, tanto mais profundo era Seu interesse, maior Sua simpatia e mais devotados Seus esforços. Seu amorável coração se comovia até às profundezas por aqueles cuja condição menos esperança oferecia e que mais necessitavam de Sua graça regeneradora. T5 603.2
Na parábola da ovelha perdida foi figurado o amor admirável que Cristo dedica às almas desgarradas. Não Se demora junto dos que Lhe aceitam a graça para, de preferência, circunscrever a eles Seus esforços e receber em troca seu amor e agradecimento. O verdadeiro pastor deixa o rebanho que o ama e corre ao deserto, enfrenta dificuldades, perigos e até a morte, pelo único desejo de encontrar e salvar a ovelha perdida, que está condenada a morrer, se não for restituída ao redil. E quando, finalmente, depois de diligente busca, o pastor a encontra, embora exausto de cansaço, aflição e fome, não se limita a tocá-la para a frente, mas — oh, amor incomensurável! — toma-a afetuosamente nos braços, põe-na sobre os ombros e a reconduz ao rebanho. Depois convoca os vizinhos para se alegrarem com ele por se haver achado a que se perdera. T5 603.3
As parábolas do filho pródigo e da dracma perdida ensinam a mesma lição. A pessoa que mais grave perigo corre, pela natureza especial de sua tentação, é que maior cuidado merece da parte de Cristo, tornando-se o objeto de Sua mais terna simpatia e diligente trabalho. A alegria pelo pecador que se arrepende é maior do que a que reina por noventa e nove que não necessitam de arrependimento. T5 604.1
Estas lições são para proveito nosso. Jesus deu aos discípulos a comissão de cooperarem com Ele em Sua obra e de amarem-se uns aos outros como Ele os amou. A agonia que padeceu na cruz atesta o valor que atribui aos seres humanos. Todos os que aceitarem esta grande salvação, assumem o compromisso de cooperar com Ele. Ninguém se poderá considerar especialmente favorecido pelo Céu, concentrando seu interesse e atenção em si mesmo. Todos os que se dedicam ao serviço de Cristo devem trabalhar como Ele o fez e amar aos que vivem em ignorância e pecado, justamente como Ele os amou. T5 604.2
Todavia, entre nós se tem feito notar uma falta de simpatia e amor, profundo e sincero, em prol dos que são tentados e erram. Muitos têm revelado grande frieza e negligência pecaminosa, que Cristo representou pelo indivíduo que passa de largo, guardando a maior distância possível dos que mais necessitam de sua ajuda. A pessoa recém-convertida, sustenta muitas vezes lutas tremendas com hábitos arraigados ou com algumas formas especiais de tentação e, sendo vencida por alguma paixão ou tendência dominante, incorre naturalmente na culpa de imprudência ou real injustiça. Nessas circunstâncias é preciso que os irmãos desenvolvam energia, tato e sabedoria, a fim de ser-lhe restituída a saúde espiritual. É a esses casos que se aplica a admoestação divina: “Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai o tal com espírito de mansidão; olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado.” Gálatas 6:1. “Mas nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos, e não agradar a nós mesmos.” Romanos 15:1. Quão pouco, porém, os discípulos professos revelam desse amor compassivo de Cristo! Quando alguém comete uma falta, outros não raro tomam a liberdade de agravar tanto quanto possível o caso. Indivíduos que provavelmente cometem faltas da mesma gravidade, embora de natureza diversa, ousam tratar seu irmão com cruel severidade. Faltas que foram cometidas por ignorância, inadvertência ou fraqueza, são transformadas em pecados propositais e premeditados. E quando alguns chegam a apostatar, há indivíduos que, cruzando os braços, solenemente declaram: “Pois não dizia eu? Sabia perfeitamente que com essa gente não se podia contar.” Desse modo adotam a atitude de Satanás, e em seu espírito rejubilam porque suas malignas suposições se provam certas. T5 604.3
É natural encontrarmos, nos que são moços e inexperientes, grandes imperfeições que devemos estar dispostos a suportar. Cristo nos ordenou restaurar os que são espiritualmente fracos, e nos torna responsáveis se, por nossa conduta, forem levados ao desânimo, desespero e ruína. A menos que cultivemos diariamente a preciosa planta do amor, correremos o risco de tornar-nos egoístas, apáticos, pessimistas e críticos, tendo-nos na conta de justos, quando estamos longe de ser aceitos aos olhos de Deus. Alguns são indelicados, ríspidos e severos. São como as cascas ouriçadas das castanhas, ferem ao mais leve toque, e causam dano incalculável porque representam mal nosso amoroso Salvador. T5 605.1
Temos de atingir um padrão mais elevado ou seremos indignos do nome de cristãos. Cumpre cultivarmos o espírito que Cristo manifestou em Seu esforço para salvar os que erram. Estes Lhe são tão caros como nós, e podem igualmente tornar-se troféus de Sua graça e herdeiros de Seu reino. Mas estão expostos às ciladas de um inimigo astuto, ao perigo e corrupção, e sem a graça salvadora de Cristo, caminham para a ruína certa. Pudéssemos ver isso em sua plena realidade, quanto nosso zelo seria estimulado e nossos esforços redobrados para atingir essas pessoas que estão necessitando de nosso auxílio, orações, simpatia e amor! T5 605.2
Possam os que se têm revelado negligentes nesta obra considerar sua responsabilidade em face do grande mandamento que diz: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” Marcos 12:31. Esse dever pesa sobre todos. De todos se requer que trabalhem, a fim de diminuir os sofrimentos de seus semelhantes e aumentar-lhes as bênçãos. Se somos fortes em nossa resistência às tentações, cumpre-nos ajudar os que são fracos e a elas cedem. Se temos conhecimentos, devemos ensinar os ignorantes. Se Deus nos deu bens deste mundo, devemos com eles socorrer os pobres. Devemos trabalhar em prol de outros. Todos os que se encontram dentro da esfera de nossa influência devem participar de todos os bens que possuímos. Ninguém deve contentar-se em alimentar-se do pão da vida sem reparti-lo com os que estão ao seu redor. T5 606.1
Só vivem para Cristo e Lhe honram o nome os que são fiéis ao Mestre, buscando salvar os perdidos. A verdadeira piedade forçosamente há de traduzir-se naquele ardente anelo e diligente esforço do Salvador crucificado, para salvar aqueles por quem morreu. Quando nosso coração tiver sido enternecido e subjugado pela graça de Cristo, quando arder com o senso da bondade e do amor de Deus, o amor, a simpatia e a ternura se derramarão espontaneamente sobre os outros. A verdade exemplificada na vida há de, como o fermento oculto, exercer seu poder sobre todos os que com ela entrarem em contato. T5 606.2
Deus determinou, como único meio de crescer no conhecimento e na graça de Cristo, que o homem Lhe imite o exemplo e trabalhe como Ele trabalhou. Há de custar muito, às vezes, dominar os próprios sentimentos, a fim de não falar em tom que possa infundir desalento aos que se acham em tentações. Uma vida de oração e ações de graça, que faça incidir sua luz sobre a vida de outros, não é possível sem decididos esforços. Mas esses esforços hão de ser recompensados, trazendo bênçãos não só ao que recebe como também ao que dá. O espírito de trabalho desinteressado em favor de outros, imprime ao caráter solidez e constância, revestindo-o da amabilidade de Cristo, e dá ao seu possuidor paz e ventura. Suas aspirações são enobrecidas, e não há nele lugar para a ociosidade e egoísmo. Os que cultivam as virtudes cristãs hão de crescer, desenvolver nervos e músculos espirituais e ser fortes em seu trabalho para Deus. Revelarão uma percepção espiritual aguda, fé crescente e poder triunfante na oração. Os que se interessam pelas pessoas e se consagram de todo à salvação dos que erram, cooperam o mais seguramente possível com a sua própria salvação. T5 606.3
Mas quanto tem sido negligenciado este trabalho! Se as idéias e sentimentos estivessem sempre assim votados a Deus, porventura teriam podido perecer pessoas, sob o império do erro e das tentações de modo tão insensível e descuidoso como aliás sucedeu? Não se teriam feito antes mais decisivos esforços, inspirados no amor e na humildade de Cristo, a fim de salvar esses errantes? Todos os que forem verdadeiramente devotados a Deus, hão de desempenhar-se com maior zelo da obra pela qual Ele fez o melhor que pôde, oferecendo por ela um sacrifício infinito — a obra da salvação. É esta uma obra especial que se deve cultivar e custear, sem jamais afrouxar os esforços. T5 607.1
Deus convida Seu povo a despertar, abandonar a atmosfera glacial em que tem vivido, sacudindo energicamente as impressões e idéias que fizeram esfriar os sentimentos de amor, conservando-o numa inatividade egoísta. Convida-o a elevar-se acima do baixo nível terreno e a respirar a atmosfera luminosa do Céu. T5 607.2
Nossos cultos divinos devem ser horas sagradas e preciosas. As reuniões de oração não devem ser feitas pelos irmãos uma oportunidade de recriminarem e se condenarem mutuamente, dando curso a sentimentos e expressões desafáveis e rudes. Jesus Se afastará das reuniões em que reinar esse espírito, e Satanás assumirá a direção delas. Não deve entrar ali nada que tenha um espírito menos benévolo ou cristão, pois o fim da reunião é achar graça e perdão diante do Senhor. E o Salvador advertiu claramente: “Com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós.” Mateus 7:2. Quem poderá colocar-se diante de Deus estribado num caráter impecável e vida pura? Como então alguém ousa criticar ou condenar a seus irmãos? Indivíduos cuja esperança de salvação está posta nos merecimentos de Cristo, que devem buscar perdão na virtude de Seu sangue, têm o mais rigoroso dever de demonstrar para com os semelhantes amor, compaixão e espírito de perdão. T5 607.3
Irmãos, a não ser que se eduquem a respeitar o lugar do culto, não receberão bênção alguma de Deus. Poderão adorá-Lo, formalmente, mas será um culto destituído de espiritualidade. “Onde estiverem dois ou três reunidos em Meu nome, aí estou Eu no meio deles”, disse Jesus. Mateus 18:20. Todos devem sentir que estão na presença divina, cumprindo-lhes, em vez de se demorarem sobre os erros e as faltas de outros, fazer um consciencioso exame do próprio coração. Se tiverem confissões a fazer de faltas próprias, cumpram o seu dever, deixando aos outros que cumpram o deles. T5 608.1
Cedendo à dureza do próprio caráter e revelando um espírito incompassivo, vocês afastarão os que deviam conquistar. Sua dureza faz com que eles percam o gosto pelas reuniões religiosas e muitas vezes o resultado é que eles renunciam à verdade. Devem lembrar-se de que vocês mesmos têm incorrido na censura de Deus, e que, condenando a outros, determinam a própria condenação. Vocês têm um dever a cumprir, que é confessar a própria falta de religiosidade. Que o Senhor comova o coração de cada membro da igreja, até que a Sua graça regeneradora seja manifesta na vida e no caráter de cada um. Então, reunindo-se para o culto, não será mais a sua preocupação criticar-se mutuamente, e sim falar de Jesus e Seu amor. T5 608.2
Nossas reuniões devem ser intensivamente interessantes. Deve imperar ali a própria atmosfera do Céu. As orações e discursos não devem ser longos e enfadonhos, apenas para encher o tempo. Todos devem espontaneamente e com pontualidade contribuir com sua parte e, esgotada a hora, a reunião deve ser pontualmente encerrada. Desse modo será conservado vivo o interesse. Nisso está o culto agradável a Deus. Seu culto deve ser interessante e atraente, não se permitindo que degenere em formalidade insípida. Devemos dia a dia, hora a hora, minuto a minuto viver para Cristo; então Ele habitará em nosso coração e, ao nos reunirmos, seu amor em nós será como uma fonte no deserto, que a todos refrigera, incutindo nos que estão prestes a perecer um desejo ardente de sorver da água da vida. T5 609.1
Não devemos depender de dois ou três membros para fazer o trabalho da igreja. Devemos pessoalmente desenvolver uma fé forte e ativa para ajudar no avanço da obra de que fomos incumbidos. Devemos ser movidos por um interesse intenso e vivo ao interrogar a Deus: “Que queres que eu faça?” Como devo desempenhar-me de minha missão para o tempo e a eternidade? Devemos pessoalmente fazer todos os esforços no sentido de investigar a verdade, e servir-nos de todo meio ao alcance, que possa facilitar-nos a investigação atenta e devota das Escrituras Sagradas. Depois importa que sejamos santificados na verdade, a fim de podermos salvar pecadores. T5 609.2
Fervorosos esforços devem ser empenhados em cada igreja, a fim de suprimir o espírito de calúnia e crítica, que é o que maior dano causa à igreja. A dureza e o hábito de criticar as faltas de outros devem ser reprovados como obra do diabo. Cumpre fomentar e robustecer nos crentes o amor e a confiança mútua. Que, movido pelo temor de Deus e amor dos irmãos, cada qual feche os ouvidos aos mexericos e acusações, apontando ao delator os ensinos da Palavra de Deus. Seja ele aconselhado a obedecer às Escrituras, levando sua queixa diretamente às pessoas que supõe em falta. Essa maneira de agir, generalizada na igreja, daria em resultado uma plenitude de luz e bênção, fechando a porta a um dilúvio de males. Deus seria assim glorificado e muitas pessoas salvas. T5 609.3
A advertência da fiel Testemunha, dirigida à igreja de Sardes, afirma como segue: “Tens nome de que vives, e estás morto. Sê vigilante, e confirma os restantes, que estavam para morrer; porque não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus. Lembra-te pois do que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te.” Apocalipse 3:1-3. O pecado especialmente atribuído a essa igreja era que deixara de confirmar os que estavam prestes a morrer. Porventura essa advertência não se aplicaria também a nós? Examinemos individualmente nosso coração à luz da Palavra Divina e seja todo o nosso empenho pôr em ordem nossa vida diante de Deus com o auxílio de Cristo. T5 610.1
Deus realizou Sua parte no plano de salvar o homem e convida agora a igreja a colaborar com Ele. De um lado estão o sangue de Cristo, a Palavra da verdade e o Espírito Santo; do outro, as pessoas que perecem. Cada discípulo de Cristo tem uma parte a desempenhar nesse plano, a fim de induzir os homens a aceitarem as bênçãos que o Céu lhes provê. Façamos uma indagação minuciosa a ver se temos cumprido essa nossa parte. Examinemos os motivos e todos os atos de nossa vida. Porventura não se nos deparam aí muitos quadros pouco recomendáveis? Muitas vezes recorremos ao perdão de Jesus, sentindo a necessidade de Sua simpatia e amor. Mas acaso não temos negligenciado revelar a outros esse mesmo espírito com que Jesus nos tratou? Tem você experimentado alguma preocupação por pessoas que trilhavam caminhos proibidos, buscando aconselhá-las com bondade? Tem você chorado e orado por elas e com elas, revelando-lhes por palavras e atos que as amava e desejava salvá-las? Estando em contato com pessoas que sucumbiam ao peso de fraquezas e maus hábitos, porventura as abandonou a si próprias quando poderia ter-lhes prestado o indispensável auxílio? Porventura não passou de largo à vista dessas pessoas, ao passo que o mundo acudia, solícito, a manifestar-lhes simpatia e prendê-las nos laços de Satanás? Muitos estão prontos, como Caim, a justificar-se dizendo: “Sou eu guardador do meu irmão?” Gênesis 4:9. Como reputará o Mestre essa sua obra e considerará essa sua indiferença para com os que se desviaram do caminho reto, quando tem cada vida por preciosa, visto a ter comprado com Seu sangue? Acaso não teme você que Ele o abandone, assim como abandonou a essas pessoas? Pode estar certo de que o Vigia fiel, colocado sobre a casa de Deus, registra toda negligência. T5 610.2
Porventura Cristo e Seu amor não foram gradualmente excluídos de sua vida, até que a mera formalidade houvesse substituído ao culto do coração? Onde está o fervor que sentia em sua alma à menção do nome de Jesus? Quão ardente era seu amor pelas pessoas, quando pela primeira vez se consagrou a Ele! Com que zelo buscava então representar-lhes esse amor de seu Mestre! O arrefecimento desse amor o tornou frio, crítico e severo. Há algum empenho seu em recuperá-lo e buscar então conduzir pessoas para Cristo. Se você se recusar, virão outros com menos luz e experiência e que tiveram menos oportunidades, e tomarão seu lugar para executar aquilo que negligenciou; porque a obra de salvar os tentados, provados e prestes a perecer, terá de ser feita. Cristo oferece esse serviço à Sua igreja; quem está disposto a aceitá-lo? T5 611.1
Deus não esqueceu as boas obras e atos abnegados que Sua igreja praticou no passado; esses estão registrados no Céu. Mas isso não basta; essas coisas não salvarão a igreja se ela deixar de cumprir sua missão. Se não cessarem a cruel negligência e o indiferentismo manifestos no passado, a igreja, em vez de caminhar de força em força, continuará a degenerar-se em fraqueza e formalidade. Convém deixar que isso suceda? Deve perdurar esse estado de entorpecimento espiritual e o contínuo arrefecimento do zelo e amor? Deve Cristo surpreender a igreja nesse estado? T5 611.2
Irmãos, suas lâmpadas entrarão sem dúvida a bruxulear e sua luz se apagará, se não fizerem decidido esforço no sentido de sua regeneração. “Lembra-te pois donde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras.” A oportunidade que ora é oferecida pode durar pouco. Se o tempo de graça e arrependimento se escoar sem ser aproveitado, soará a advertência: “Brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal.” Apocalipse 2:5. Essas são palavras proferidas por Aquele que é longânimo e paciente. Envolvem solene advertência à igreja e a cada crente, individualmente, lembrando-lhes que o Guarda de Israel, que não dormita, lhes observa os atos. É à Sua longanimidade que devem o não terem sido ainda cortados como os que ocupam inutilmente o terreno. Mas Seu Espírito não contenderá continuamente. Sua paciência não durará por muito tempo mais. T5 612.1
Sua fé tem de provar-se alguma coisa mais do que tem sido até aqui, ou serão pesados na balança e achados em falta. A decisão final do Juiz no último dia se guiará pelo interesse e zelo que tivermos manifestado no trabalho pelos necessitados, tentados e oprimidos. Você não pode passar de largo por eles e entrar com os remidos na cidade de Deus. “Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a Mim.” Mateus 25:45. T5 612.2
Ainda não é tarde demais para reparar as negligências do passado. Cumpre haver um reavivamento do primeiro amor e do primeiro zelo. Busquem os que têm repelido, e por sua confissão atem as feridas que lhes causaram. Aproximem-se do grande Coração que arde em amor compassivo, deixando que as torrentes da compaixão divina se lhes infiltrem no coração e daí se derramem sobre seus semelhantes. Tomem por exemplo a terna simpatia e compaixão manifestadas na vida de Jesus, guiando-se por elas no trato com seus semelhantes e principalmente com seus irmãos em Cristo. Muitos se tornaram fracos e desalentados no ardor da luta, aos quais palavras de simpatia e animação teriam ajudado a vencer. Guardem-se sempre de se tornarem frios, negligentes, apáticos, propensos a censurar. Não deixem passar desaproveitada a oportunidade de dizer palavras animadoras que inspirem esperança. Não é possível prever o alcance das palavras boas e amáveis que proferirmos, de qualquer esforço sincero feito para aliviar as cargas aos nossos semelhantes. Certo é, porém, que os que erram só podem ser encaminhados com um espírito de mansidão, bondade e terno amor. T5 612.3
Gostaria de uma alma errante salvar,
E levar de volta para Deus um desviado?
Que tal como um anjo guardião atuar,
Para quem tem sido pela culpa esmagado?
Vai até ele, gentil, e tome-o pela mão,
Com palavras suaves, toque o empedernido,
Procure apoiá-lo como faz um irmão
Até que o pecado seja afinal vencido.
T5 613.1
Não despreze o culpado, é preciso amar,
Demonstrar carinho, gentileza também.
De volta o perdido, é necessário guiar
Até Deus, à humanidade e ao bem.
Não esqueça que você é humano,
Tão fraco e falho como ele, um errante.
Demonstre a misericórdia do samaritano,
Pois ela mesma lhe foi tão importante.
T5 613.2