Testemunhos para a Igreja 5

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Capítulo 65 — Necessidades de nossas instituições

De tempos em tempos, tenho-me sentido impelida pelo Espírito do Senhor a dar testemunho com respeito à necessidade da procura dos melhores talentos, para trabalhar nas várias instituições e outros departamentos da causa. Até agora, não tem havido suficiente cuidado para garantir o melhor das habilidades para todas as partes de nossa obra. Aqueles que têm responsabilidades precisam ser homens treinados para a obra, homens a quem Deus possa ensinar e a quem possa honrar com sabedoria e discernimento, como fez com Daniel. Esses precisam ser homens pensantes, que tragam as impressões de Deus e que estão firmemente avançando em santidade, em dignidade moral e na compreensão de seu trabalho. Devem ser homens de oração, homens que subam o monte e vejam a glória de Deus e a dignidade de seres celestiais a quem Ele impôs o encargo de Sua obra. Então, como Moisés, seguirão o modelo que foi mostrado no monte e estarão alerta para convocar e assegurar à obra os melhores talentos. Se forem homens maduros e possuidores de inteligência santificada; se ouvirem a foz divina e buscarem captar cada raio de luz procedente do Céu, seguirão, como o Sol, um curso invariável e crescerão em sabedoria e no favor de Deus. T5 549.2

O departamento de publicações é um importante ramo da obra de Deus, e todos os que estão ligados a ele sentem que foi ordenado pelo Senhor e que todo o Céu está nele interessado. Aqueles que têm o comando da administração da obra deveriam especialmente possuir amplitude de mente e são juízo. Não deveriam gastar o dinheiro de seu Senhor descuidadamente ou por falta de tato comercial, nem cometer o erro de limitar a obra pela adoção de planos acanhados e confiando o trabalho a homens de pouca capacidade. T5 550.1

Tem sido repetidamente exposto perante mim que todas as nossas instituições deveriam ser dirigidas por homens de mente espiritual, que não introduzirão as próprias idéias e planos em sua administração. Essa obra não deveria ser deixada a homens que mesclam o sacro e o profano, e que vêem a obra de Deus como sendo do mesmo nível das coisas terrenas, para ser gerenciada do mesmo modo comum com que habitualmente dirigem assuntos temporais. Até que aqueles que estão ligados às nossas instituições tenham amplitude de mente e possam fazer planos em harmonia com o desenvolvimento da obra e seu exaltado caráter, a tendência será restringir todo empreendimento, e Deus será desonrado. Oh, que todos os que têm responsabilidades na causa de Deus se elevem a uma atmosfera mais alta e santa, onde cada cristão verdadeiro deve estar! Se assim o fizerem, ambos, eles e a obra que representam, serão elevados e revestidos de santa dignidade e merecerão o respeito de todos os que trabalham na obra. T5 550.2

Entre os empregados em nossas instituições têm havido homens que não buscam o conselho de Deus, que não se conformam aos grandes princípios da verdade que Deus estabeleceu em Sua obra e que têm, em conseqüência, manifestado assinalados defeitos de caráter. Como resultado, a maior obra confiada a mortais tem sido prejudicada pela administração ineficiente do homem. Se os regulamentos celestiais houvessem sido o princípio diretor, teria havido muito maior aproximação da perfeição em todos os departamentos da obra. T5 550.3

Os que se acham em posições de comando deveriam ser homens com largueza mental, para poderem apreciar as pessoas de intelecto culto, e recompensá-las proporcionalmente às responsabilidades que assumem. Em verdade, os que se empenham na obra de Deus não deveriam fazê-lo meramente pelo salário que recebem, mas antes pela honra de Deus, para o avançamento de Sua causa e a obtenção das riquezas imperecíveis. Ao mesmo tempo, não deveríamos esperar que aqueles que são capazes de fazer, com exatidão e meticulosidade, a obra que exige raciocínio e diligentes esforços, não recebam maior compensação do que o menos habilidoso obreiro. A estimativa real precisa ser feita levando-se em consideração a aptidão. Aqueles que não podem apreciar o bom trabalho e a verdadeira habilidade, não deveriam ser administradores em nossas instituições, pois sua influência tenderia a limitar a obra e conduzi-la a um baixo nível. T5 551.1

Para que nossas instituições sejam prósperas como Deus designou que fossem, precisa haver mais reflexão e sincera oração, combinada com inquebrantável zelo e ardor espiritual. Unir a classe certa de trabalhadores com a obra pode requerer maior desembolso de meios, mas no fim resultará em economia, pois conquanto seja essencial poupar em tudo o que é possível, verificar-se-á que os esforços feitos para economizar empregando gente que trabalhe por baixos salários e cuja produção corresponda em caráter a essa remuneração, resultarão em prejuízo. A obra sofrerá atraso e a causa será depreciada. Irmãos, vocês podem economizar tanto quanto lhes agrade em suas ocupações pessoais, na construção de suas casas, no vestuário, no alimento e nas despesas gerais, mas não transfiram essa economia para a obra de Deus impedindo que homens de capacidade e real dignidade moral se vinculem a ela. T5 551.2

Nos jogos olímpicos para os quais o apóstolo Paulo nos chama a atenção, exigia-se dos que neles tomavam parte que se preparassem cabalmente. Durante meses, eram preparados por diferentes instrutores, nos exercícios físicos calculados para dar resistência e vigor ao corpo. Tinham de utilizar somente alimentos próprios para mantê-los nas condições mais saudáveis, e seu vestuário era de molde a deixar inteira liberdade a todo órgão e músculo. Ora, se os que se deviam empenhar em correr uma carreira que visava apenas a honras terrestres eram obrigados a se submeterem a tão severa disciplina a fim de ser bem-sucedidos, quão mais necessário não é aos que se hão de empenhar na obra do Senhor, serem inteiramente disciplinados e preparados, se é que querem ser vitoriosos! Sua preparação deveria ser tão mais completa, seu zelo e abnegação nos esforços tanto maiores do que os dos aspirantes a honras mundanas, quanto as coisas celestes são de maior valor que as terrenas. A mente, bem como os músculos, devem ser exercitados para os mais diligentes e perseverantes esforços. A estrada do êxito não é um caminho suave, por onde somos conduzidos em carros palacianos; é antes uma trilha acidentada, cheia de obstáculos que só podem ser transpostos com paciente esforço. T5 552.1

Irmãos, não se tomou metade do cuidado necessário para impressionar aqueles que poderiam trabalhar na causa, apresentando-lhes a importância de se qualificarem para o serviço. Com suas habilidades sem disciplina eles nada podem fazer senão um trabalho imperfeito, mas se forem preparados por professores consagrados e sábios, e conduzidos pelo Espírito de Deus, não apenas serão capazes de fazer uma obra, como também servirão de justo modelo para outros que possam vir a trabalhar com eles. Por isso, deveria ser seu contínuo estudo como tornar-se melhor preparados para o trabalho que fazem. Ninguém deveria descansar em comodidade e inação, mas procurar elevar-se e enobrecer-se, temendo que por sua deficiente compreensão, falhe em compreender o exaltado caráter da obra e o rebaixe para atender a seu padrão finito. T5 552.2

Vi que havia grande deficiência na contabilidade de muitos departamentos da obra. A contabilidade é e sempre será uma parte importante da obra, e aqueles que se nela se especializam são grandemente necessários em nossas instituições e em todos os ramos da obra missionária. É um trabalho que exige estudo para que possa ser feito com correção e presteza, sem tensão ou opressão, mas o preparo de pessoas competentes para esse trabalho tem sido vergonhosamente negligenciado. É uma desgraça permitir que uma obra de tal magnitude como a nossa seja realizada de modo tão inexato e vicioso. Deus exige uma obra tão perfeita quanto os seres humanos possam fazê-la. É uma desonra à sagrada verdade e a seu Autor fazer o trabalho de outro modo. T5 553.1

Vi que, a menos que os obreiros de nossas instituições sejam submissos à autoridade divina, haverá falta de harmonia e unidade de ação entre eles. Se todos obedecerem às Suas instruções, o Senhor será o invisível comandante, mas também precisa haver um líder visível que tema a Deus. O Senhor jamais aceitará um efetivo de obreiros desordenado e descuidado, nem Se ocupará para levar avante a conquistar novas alturas e vitórias certas aqueles que são desobedientes e obstinados. O progresso contínuo na espiritualidade indica que Cristo mantém o governo do coração. Esse coração pelo qual Ele difunde Sua paz e alegria, e os benditos frutos do amor, torna-se Seu templo e Seu trono. “Vós sereis Meus amigos,” disse Jesus, “se fizerdes o que Eu vos mando.” João 15:14. T5 553.2

Nossas instituições estão muito abaixo do que Deus gostaria, porque muitos dos que se acham ligados a elas não estão em companheirismo com Ele. Não são homens amadurecidos. Não estão aprendendo constantemente de Jesus, portanto, não se estão tornando mais e mais eficientes. Se se aproximassem mais dEle e buscassem Seu auxílio, Ele seria seu conselheiro em todas as coisas e lhes concederia, como fez com Daniel, sabedoria celestial e conhecimento. T5 553.3

Anos atrás, vi que nosso povo estava muito atrasado na obtenção daquele conhecimento que o qualificaria para posições em nossa causa. Cada membro de igreja deveria envidar esforços para se habilitar ao trabalho pelo Mestre. A cada um tem sido apontado um serviço, de acordo com sua capacidade. Mesmo agora, na undécima hora, deveríamos estar despertos para preparar homens de capacidade para a obra, a fim de que possam, enquanto ocupando eles mesmos posições de confiança, educar por preceito e exemplo aqueles com quem estão associados. T5 554.1

Por causa de ambição egoísta, alguns sonegam de outros o conhecimento que lhes deveriam transmitir. Outros não se preocupam em envidar esforços para treinar alguém mais. No entanto, esse seria o melhor tipo de trabalho que poderiam fazer por Jesus. Disse Cristo: “Vós sois a luz do mundo” (Mateus 5:14), e por essa razão devemos deixar nossa luz brilhar diante dos homens. T5 554.2

Se tudo o que o Senhor falou com referência a essas coisas tivesse sido ouvido, nossas instituições ocupariam hoje uma posição mais elevada e santa do que se acham. Mas os homens têm-se satisfeito com pequenas consecuções. Não buscam, com todas as forças, aprimorar suas faculdades mentais, morais e físicas. Não percebem que Deus exige isso deles, nem compreendem que Cristo morreu para que pudessem fazer essa obra. Como resultado, estão muito atrás do que poderiam em inteligência e capacidade de pensar e planejar. Poderiam ter acrescentado virtude a virtude e conhecimento a conhecimento, tornando-se assim fortes no Senhor. Mas fracassaram. Que cada um trabalhe agora com a firme determinação de crescer. A necessidade presente da causa não é de mais homens, mas de maior capacidade e consagração dos obreiros. T5 554.3