Testemunhos para a Igreja 5
Capítulo 52 — A igreja, a luz do mundo
O Senhor chamou Seu povo de Israel e os separou do mundo a fim de poder-lhes confiar um sagrado legado. Fê-los depositários de Sua lei, e era Seu desígnio conservar por meio deles entre os homens o conhecimento de Deus. Por eles devia a luz do Céu brilhar até aos lugares mais escuros da Terra, e fazer-se ouvir uma voz chamando todos os povos a se voltarem da idolatria para servir ao Deus vivo e verdadeiro. Houvessem os hebreus sido fiéis a esse legado, e teriam sido uma força no mundo. Deus teria sido sua defesa, e os haveria exaltado acima de todas as outras nações. Sua luz e verdade teriam sido reveladas por meio deles, e eles se haveriam destacado sob Seu sábio e santo governo como um exemplo da superioridade desse governo sobre toda forma de idolatria. T5 454.3
Eles, porém, não mantiveram seu concerto com Deus. Seguiram as práticas idólatras das outras nações, e em vez de tornarem o nome de seu Criador um louvor na Terra, sua conduta levou-o ao desprezo dos pagãos. Todavia o desígnio de Deus tem de cumprir-se. O conhecimento de Sua vontade precisa ser difundido na Terra. Deus trouxe a mão do opressor sobre Seu povo, e espalhou-os como cativos entre as nações. Na aflição, muitos deles se arrependeram de suas transgressões e buscaram ao Senhor. Dispersos pelos países dos gentios, disseminaram largamente o conhecimento do verdadeiro Deus. Os princípios da lei divina entraram em conflito com os costumes e práticas das nações. Os idólatras buscaram esmagar a fé verdadeira. Em Sua providência, o Senhor pôs Seus servos Daniel, Neemias e Esdras, face a face com reis e governadores, para que esses idólatras tivessem oportunidade de receber a luz. Assim a obra que Deus dera a Seu povo na prosperidade, dentro de suas fronteiras, mas que fora negligenciada devido à infidelidade, teve de ser por eles realizada em cativeiro, sob grande provação e dificuldades. T5 455.1
Deus está chamando Sua igreja hoje, como chamara o antigo Israel, a fim de erguer-se como luz na Terra. Pela poderosa espada da verdade, as mensagens do primeiro, segundo e terceiro anjos, separou-os das igrejas e do mundo para trazê-los a uma santa proximidade dEle. Fê-los depositários de Sua lei, e confiou-lhes as grandes verdades da profecia para este tempo. Como as Santas Escrituras confiadas ao antigo Israel, estas são um sagrado depósito a ser comunicado ao mundo. Os três anjos de Apocalipse 14 representam o povo que aceita a luz das mensagens de Deus, e vão como agentes Seus fazer soar a advertência por toda a extensão e largura da Terra. Cristo declara a Seus seguidores: “Vós sois a luz do mundo.” Mateus 5:14. A toda pessoa que aceita a Jesus, diz a cruz do Calvário: “Vede o valor da alma. ‘Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.’” Marcos 16:15. Não se deve permitir que coisa alguma impeça esta obra. É a obra mais importante para este mundo; deve ser de tão vasto alcance como a eternidade. O amor que Jesus manifestou pelas pessoas no sacrifício feito por sua redenção, atuará em todos os Seus seguidores. T5 455.2
Muito poucos dos que receberam a luz, no entanto, estão fazendo a obra confiada a suas mãos. Poucos são os homens de incondicional fidelidade, que não procuram a comodidade, as conveniências ou a própria vida, que abrem seu caminho para onde quer que possam achar uma porta por onde forcem a luz da verdade e reivindiquem a santa lei de Deus. Mas os pecados que controlam o mundo têm penetrado nas igrejas e no coração daqueles que professam ser o povo peculiar de Deus. Muitos dos que receberam a luz exercem sua influência no sentido de aquietar os temores dos mundanos e descrentes. Há amantes do mundo mesmo entre os que professam estar aguardando o Senhor. Há ambição de riquezas e de honras. Cristo descreve essa classe quando declara que o dia de Deus virá como um laço sobre todos os que habitam na Terra. Este mundo é seu lar. Fazem do adquirir riquezas sua ocupação. Constroem custosas habitações e mobiliam-nas com tudo quanto é bom; comprazem-se no vestuário e na satisfação do apetite. As coisas do mundo são seus ídolos. Essas coisas se interpõem entre a pessoa e Cristo, e as solenes e assombrosas realidades que se estão adensando sobre nós não são vistas senão muito palidamente e muito fracamente avaliadas. A mesma desobediência e o mesmo fracasso observados na igreja judaica têm caracterizado em maior grau o povo que recebeu esta grande luz do Céu através das últimas mensagens de advertência. Deixaremos que a história de Israel se repita em nossa experiência? Haveremos nós de, à semelhança deles, desperdiçar nossas oportunidades e privilégios até que Deus permita nos sobrevirem opressão e perseguição? Será a obra que podia ser efetuada em paz e relativa prosperidade deixada por fazer até que precise ser realizada em dias de trevas, sob a pressão das provas e da perseguição? T5 456.1
Terrível é a quantidade de culpa que pesa sobre a igreja. Por que não estão os que possuem a luz desenvolvendo diligentes esforços para levá-la a outros? Vêem que o fim está perto. Vêem multidões transgredindo diariamente a lei de Deus; e sabem que essas pessoas não podem salvar-se em transgressão. Têm todavia mais interesse em seu comércio, suas plantações, suas casas, suas mercadorias, seus vestidos, sua mesa, do que na salvação de homens e mulheres que devem encontrar face a face no juízo. O povo que pretende obedecer à verdade acha-se adormecido. Não poderiam estar tão à vontade como estão, caso estivessem despertos. O amor da verdade está se extinguindo em seu coração. Seu exemplo não é de molde a convencer o mundo de que eles possuem uma verdade mais avançada que qualquer outro povo da Terra. No próprio tempo em que deveriam ser fortes em Deus, tendo diariamente uma viva experiência, acham-se fracos, hesitantes, descansando nos pregadores como seu ponto de apoio, quando deveriam estar ministrando a outros com a mente, a alma, a voz, a pena, o tempo e o dinheiro. T5 457.1
Irmãos e irmãs, muitos de vocês se omitem do trabalho sob pretexto de incapacidade para trabalhar por outros. Mas acaso os fez Deus assim incapazes? Não foi essa incapacidade produzida por sua própria inatividade, e perpetuada por própria e deliberada escolha? Não lhes deu Deus pelo menos um talento a multiplicar, não para proveito próprio e satisfação, mas para Ele? Têm vocês compreendido a obrigação que sobre vocês pesa, como servos assalariados Seus, de trazer-Lhe os juros pelo sábio e hábil emprego desse capital a vocês confiado? Não têm vocês perdido oportunidades de desenvolver suas faculdades para esse fim? É demasiado verdadeiro que poucos são os que têm experimentado um real sentimento de sua responsabilidade para com Deus. Amor, discernimento, memória, previsão, tato, energia e todas as outras faculdades têm sido consagradas ao próprio eu. Tem sido manifestada mais sabedoria no serviço do mal do que na causa de Deus. Vocês têm pervertido, inutilizado, e até embrutecido suas faculdades pela intensa atividade que desenvolvem em empreendimentos mundanos, com negligência da obra de Deus. T5 457.2
Todavia acalmam a consciência dizendo que não podem desfazer o passado, e adquirir o vigor, a resistência e habilidade que poderiam ter desenvolvido se houvessem empregado suas faculdades como Deus demandava. Lembrem-se, porém, que Ele os considera responsáveis pela obra negligentemente feita ou deixada de fazer por causa de sua infidelidade. Quanto mais exercitarem vocês as faculdades para o Mestre, tanto mais aptos e hábeis se tornarão. Quanto mais estreitamente se ligarem com a Fonte da luz e do poder, tanto maior luz será derramada, e tanto maior poder terão para usar para Deus. E por tudo quanto poderiam ter recebido, mas deixaram de obter devido a sua entrega ao mundo, são responsáveis. Quando se tornaram seguidores de Cristo, foi feito um compromisso de servi-Lo, e a Ele tão-somente, e Ele prometeu estar com vocês e abençoá-los, refrigerá-los com Sua luz, assegurar-lhes Sua paz, e fazê-los felizes em Seu serviço. Acaso deixaram de receber essas bênçãos? Estejam certos de que foi o resultado do próprio procedimento. T5 458.1
A fim de escapar ao serviço militar durante a guerra, houve homens que atraíram doenças, outros se aleijaram a fim de serem considerados incapazes para o serviço. Aí está uma ilustração da atitude que muitos têm seguido em relação com a causa de Deus. Têm prejudicado suas faculdades, tanto físicas como mentais, de modo que são incapazes para fazer a obra tão grandemente necessitada. T5 458.2
Suponham que lhes fosse posta na mão uma importância em dinheiro para que a empregassem em determinado projeto; haveriam vocês de atirá-la fora e declarar que não eram agora responsáveis pelo emprego da mesma? Sentiriam haver-se poupado grande cuidado? Todavia é isso que têm estado a fazer com os dons de Deus. Deixar de trabalhar por outros sob pretexto de incapacidade, quando estão absorvidos em empreendimentos mundanos, é zombar de Deus. Há multidões descendo à ruína; o povo que tem recebido luz e verdade não passa de uma minoria para conter todo o exército do mal; todavia, esse pequenino grupo está devotando as suas energias a qualquer coisa e a tudo, menos a aprender como salvar almas da morte. Será de admirar que a igreja seja fraca e ineficiente, que pouco possa Deus fazer por Seu povo professo? Eles se colocam em posição onde Lhe é impossível trabalhar com eles e por eles. Ousam acaso continuar a desconsiderar Suas reivindicações? Brincarão ainda com os mais sagrados legados do Céu? Dirão porventura como Caim: “Sou eu guardador do meu irmão?” Gênesis 4:9. T5 458.3
Lembrem-se de que sua responsabilidade não se mede por seus recursos e aptidões atuais, mas pelas faculdades originalmente concedidas e as possibilidades de desenvolvimento. A pergunta que cada um deve fazer a si mesmo, não é se ele se encontra agora sem experiência e incapaz para trabalhar na causa de Deus, mas como e por que se encontra nessas condições, e como pode isso ser remediado. Deus não nos dotará sobrenaturalmente das faculdades que nos faltam; mas ao passo que exercitamos as aptidões que temos, Ele atuará conosco, para aumentar e fortalecer toda faculdade; nossas energias adormecidas se despertarão, e potencialidades há muito paralisadas receberão nova vida. T5 459.1
Enquanto nos encontramos no mundo, teremos que ver com as coisas do mundo. Haverá sempre necessidade de transação de negócios temporais, seculares; isto, porém, jamais deve tornar-se nossa obra principal. O apóstolo Paulo deu uma regra segura: “Não sejais vagarosos no cuidado: sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor.” Romanos 12:11. Os deveres humildes e comuns da vida, devem ser todos cumpridos com fidelidade; “de coração”, diz o apóstolo, “como ao Senhor”. Colossences 3:23. Seja qual for nosso ramo de serviço, seja ele o trabalho doméstico, seja o trabalho no campo, sejam realizações intelectuais, podemos fazê-los para a glória de Deus enquanto dermos a Cristo o primeiro, o último e o melhor lugar em tudo. Além desses empregos mundanos, porém, é dada a todo seguidor de Cristo uma obra especial para a edificação de Seu reino — uma obra que requer esforço pessoal pela salvação de seres humanos. Não é um trabalho a ser feito uma vez por semana apenas, no lugar de culto, mas em todo tempo e em todos os lugares. T5 459.2
Todo aquele que se liga à igreja, faz por esse ato um voto solene de trabalhar pelos interesses da igreja, e de manter esse interesse acima de toda consideração mundana. Sua obra é conservar viva comunhão com Deus, empenhar-se de coração e alma no grande plano da redenção, e mostrar, em sua vida e caráter, a excelência dos mandamentos de Deus em contraste com os costumes e preceitos do mundo. Toda pessoa que fez profissão de Cristo, comprometeu-se a realizar tudo quanto lhe seja possível como um obreiro espiritual, a ser ativo, zeloso e eficiente no serviço de seu Mestre. Cristo espera que cada homem cumpra seu dever; seja essa a senha em todas as fileiras de Seus seguidores. T5 460.1
Não devemos esperar que nos solicitem a comunicar luz, a ser importunados por conselho ou instrução. Toda pessoa que recebe os raios do Sol da Justiça, deve refletir-Lhe o brilho a todos os que a cercam. Sua religião deve exercer positiva e decidida influência. Suas orações e súplicas devem estar tão impregnadas do Espírito Santo, que abrandem e subjuguem a alma. Disse Jesus: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos Céus.” Mateus 5:16. Melhor é para um mundano o nunca ter visto um mestre de religião, do que ficar sob a influência de um que seja ignorante do poder da piedade. Se Cristo fosse nosso modelo, Sua vida nossa regra, que zelo se manifestaria, que esforços seriam desenvolvidos, que liberalidade exercida, quanta abnegação praticada! Quão infatigável deveria ser o esforço, quão fervorosas orações em busca de poder e de sabedoria ascenderiam a Deus! Se todos os professos filhos de Deus sentissem ser a primordial ocupação da vida fazer a obra que Ele lhes mandou realizar, se trabalhassem abnegadamente em Sua causa, que mudança se manifestaria em lares e corações, em igrejas, e no próprio mundo! T5 460.2
Em todas as épocas foi requerido dos seguidores de Cristo vigilância e fidelidade; mas agora que nos achamos no limiar do mundo eterno, possuindo as verdades que temos, de posse de tão grande luz, de uma obra tão importante, cumpre-nos dobrar a dedicação. Cada um deve fazer o máximo de suas aptidões. Meu irmão, você põe em risco a própria salvação se fica agora para trás. Deus o chamará a dar contas se falhar na obra que lhe designou. Você tem conhecimento da verdade? Transmita-o aos outros. T5 460.3
Que posso eu dizer para despertar nossas igrejas? Que posso eu dizer aos que têm desempenhado parte preeminente na proclamação da última mensagem? “O Senhor vem”, deve ser o testemunho apresentado, não só pelos lábios, mas pela vida e o caráter; porém muitos a quem Deus concedeu luz e conhecimento, talentos de influência e recursos, são homens que não amam a verdade e não a praticam. Beberam a tão largos goles da intoxicante taça do egoísmo e do mundanismo, que ficaram embriagados com os cuidados desta vida. Irmãos, se continuarem a ser tão preguiçosos, tão mundanos, tão egoístas como têm sido, certamente Deus os passará por alto e tomará aqueles que cuidam menos de si mesmos. Os menos ambiciosos de honras mundanas não hesitarão em sair, como fez seu Mestre, levando a desonra. A obra será dada àqueles que lançarão mãos dela, que apreciam, que lhe entretecem os princípios na vida diária. Deus escolherá homens humildes que buscam glorificar-Lhe o nome e promover-Lhe a causa de preferência a honrar e prosperarem-se a si mesmos. Ele suscitará homens que não possuem tanta sabedoria do mundo, mas que estão ligados com Ele e buscarão conselho e forças do alto. T5 461.1
Alguns de nossos dirigentes inclinam-se a condescender com o espírito manifestado pelo apóstolo João quando disse: “Mestre, vimos um que em Teu nome expulsava demônios, o qual não nos segue; e nós lho proibimos, porque não nos segue.” Marcos 9:38. São essenciais a organização e a disciplina, mas há agora grande risco de apartar-nos da simplicidade do evangelho de Cristo. O que necessitamos, é menos confiança em meras formas e cerimônias, e muito mais poder da verdadeira piedade. Se sua vida e caráter forem exemplares, trabalhem todos quantos quiserem, em qualquer atividade. Ainda que não se conformem em tudo com os métodos usados por vocês, não se deve proferir uma palavra para condená-los ou desanimá-los. Quando os fariseus quiseram que Jesus fizesse calar as crianças que Lhe cantavam o louvor, o Salvador disse: “Se estes se calarem, as próprias pedras clamarão.” Lucas 19:40. A profecia tem de cumprir-se. T5 461.2
Assim, nestes dias, a obra deve ser feita. Há muitos departamentos de trabalho; desempenhe cada um uma parte, da melhor maneira que lhe seja possível. O homem que tem apenas um talento não o deve enterrar no solo. Deus deu a cada um sua obra, segundo as aptidões que possui. Aqueles a quem foram confiados maiores legados e habilidades, não devem procurar reduzir ao silêncio outros de menos capacidade ou experiência. Os homens dotados de um talento podem alcançar uma classe da qual os que possuem dois ou cinco talentos não se podem aproximar. Grandes e pequenos são igualmente vasos escolhidos para levar a água da vida às almas sedentas. Não ponham os que pregam a Palavra a mão no mais humilde obreiro, dizendo: “Você deve trabalhar neste ramo ou não trabalhar em nenhum outro.” Não façam isto, irmãos. Trabalhe cada um em sua própria esfera, revestido de sua própria armadura, fazendo seja o que for que possa fazer em sua maneira humilde. Fortaleçam-lhe as mãos na obra. Não é tempo de o farisaísmo dominar. Deixem que Deus atue por meio de quem Ele quiser. A mensagem precisa avançar. T5 462.1
Todos devem mostrar sua fidelidade para com Deus pelo sábio emprego do capital que lhes foi confiado, não somente em meios, mas em qualquer dom que possa ser usado para a edificação de Seu reino. Satanás empregará todo meio possível para impedir a verdade de chegar aos que se acham imersos no erro; a voz da advertência e do rogo, porém, deve alcançá-los. E ao passo que apenas poucos estão empenhados nessa obra, milhares deviam estar tão interessados quanto eles. Nunca foi desígnio de Deus que os membros leigos da igreja evitassem trabalhar em Sua causa. “Vai trabalhar hoje na Minha vinha” (Mateus 21:28) é a ordem do Mestre a cada um de Seus seguidores. Enquanto houver pessoas por converter no mundo, deve haver pela sua salvação o mais ativo, zeloso, fervente e decidido esforço. Os que receberam a luz, devem buscar esclarecer os que não a têm. Se os membros da igreja não lançarem individualmente mão dessa obra, mostrarão assim não estar em viva conexão com Deus. Seu nome está registrado como servos negligentes. Vocês não podem discernir a razão por que não há mais espiritualidade em nossas igrejas? É porque vocês não são colaboradores de Cristo. T5 462.2
Deus deu a cada homem sua obra. Esperemos, cada um de nós, em Deus, e Ele nos ensinará a trabalhar, e mostrará qual trabalho somos mais aptos para fazer. Todavia ninguém deve começar com espírito independente, a promulgar teorias novas. Os obreiros devem estar em harmonia com a verdade e com seus irmãos. Importa que haja conselho e cooperação. Não devem sentir, porém, que devem a cada passo esperar para perguntar a um obreiro de mais responsabilidade se podem fazer isto ou aquilo. Não olhem para o homem no sentido de receber orientação, mas ao Deus de Israel. T5 463.1
O trabalho que a igreja tem deixado de fazer em tempo de paz e prosperidade terá de realizar em terrível crise, sob as circunstâncias mais desanimadoras e difíceis. As advertências que a conformidade com o mundo tem silenciado ou retido, precisam ser dadas sob a mais feroz oposição dos inimigos da fé. E por aquele tempo a classe dos superficiais, conservadores, cuja influência tem retardado decididamente o progresso da obra, renunciará à fé e tomará sua posição com os francos inimigos dela, para os quais havia muito tendiam suas simpatias. Esses apóstatas hão de manifestar então a mais cruel inimizade, fazendo tudo quanto estiver ao seu alcance para oprimir e fazer mal a seus antigos irmãos e incitar indignação contra eles. Esse tempo se acha justamente diante de nós. Os membros da igreja serão individualmente provados. Serão colocados em circunstâncias em que se verão forçados a dar testemunho da verdade. Muitos serão chamados a falar diante de concílios e em tribunais de justiça, talvez separadamente e sozinhos. A experiência que os haveria ajudado nessa emergência, negligenciaram obter, e sua alma se acha opressa de remorsos pelas oportunidades desperdiçadas e os privilégios que negligenciaram. T5 463.2
Meu irmão, minha irmã, ponderem nessas coisas, eu lhes peço. Tenha, cada um de vocês, uma obra a fazer. Sua infidelidade e negligência acham-se registradas contra vocês no Livro do Céu. Isso tem enfraquecido suas faculdades e diminuído suas aptidões. Faltam-lhes a experiência e eficiência que poderiam ter. Antes, porém, que seja para sempre demasiado tarde, insisto para que despertem. Não se demorem mais. O dia está quase no fim. O Sol poente está prestes a desaparecer para sempre aos seus olhos. Todavia enquanto o sangue de Cristo intercede, vocês podem encontrar perdão. Reúnam todas as energias da alma, empreguem as poucas horas restantes em diligente trabalho para Deus e seus semelhantes. T5 463.3
Meu coração se acha profundamente comovido. As palavras são inadequadas para exprimir meus sentimentos ao interceder eu pelos perdidos. Terei de pleitear em vão? Como embaixadora de Cristo, quisera despertá-los para trabalhar como nunca dantes trabalharam. Seu dever não pode ser passado a outro. Ninguém pode realizar sua obra senão vocês mesmos. Caso retenham a luz que receberam, alguém deve ser deixado em trevas por causa de sua negligência. T5 464.1
A eternidade estende-se diante de nós. A cortina está a ponto de ser erguida. Nós, que ocupamos esta posição solene, de responsabilidade, que estamos fazendo, em que estamos pensando, que nos apegamos a nosso egoístico amor da comodidade, enquanto pessoas estão perecendo ao nosso redor? Acaso nosso coração se tornou inteiramente calejado? Não podemos nós sentir ou compreender que temos uma obra a efetuar pela salvação dos outros? Irmãos, vocês são porventura da classe dos que, tendo olhos não vêem, e tendo ouvidos não ouvem? Será em vão que Deus lhes deu o conhecimento de Sua vontade? Terá sido em vão que Ele lhes tem enviado advertência após advertência? Vocês acreditam nas declarações da verdade eterna quanto ao que está para acontecer na Terra, acreditam que os juízos de Deus estão para cair sobre o povo, e podem ainda sentar-se comodamente, indolentes, descuidosos, amando o prazer? T5 464.2
Não é tempo agora de o povo de Deus estar fixando suas afeições ou entesourando neste mundo. Não está muito distante o tempo em que, como os antigos discípulos, seremos forçados a buscar refúgio em lugares desolados e solitários. Como o cerco de Jerusalém pelos exércitos romanos era o sinal de fuga para os cristãos judeus, assim o arrogar-se nossa nação o poder para decretar obrigatório o dia de repouso papal será uma advertência para nós. Será então tempo de deixar as grandes cidades, passo preparatório para sair das menores para lares retirados em lugares solitários entre as montanhas. E agora, em vez de buscarmos dispendiosas moradas aqui, devemos estar-nos preparando para mudar-nos para um país melhor, isto é, o celestial. Em vez de gastar nosso dinheiro em nos comprazer a nós mesmos, cumpre-nos estudar a maneira de economizar. Cada talento concedido por Deus deve ser empregado para glória Sua, em proclamar a advertência ao mundo. Deus tem uma obra para Seus obreiros fazerem nas cidades. Nossas missões precisam ser mantidas; outras novas precisam ser abertas. Para levar avante esta obra com êxito, o gasto não será pequeno. Necessitam-se casas de culto, onde o povo seja convidado a ouvir as verdades para este tempo. Justamente para esse desígnio confiou Deus capital a Seus mordomos. Não vinculem seus bens a empreendimentos mundanos, de modo que esta obra seja prejudicada. Ponham o dinheiro onde o possam manejar para o benefício da causa de Deus. Mandem seus tesouros adiante de vocês para o Céu. T5 464.3
Os membros da igreja devem-se colocar, juntamente com todos os seus bens, no altar de Deus. Agora, como nunca antes, aplica-se a admoestação do Salvador: “Vendei o que tendes, e dai esmolas. Fazei para vós bolsas que não se envelheçam; tesouro nos Céus que nunca acabe, aonde não chega ladrão e a traça não rói. Porque, onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração.” Lucas 12:33, 34. Os que estão empregando seus recursos em grandes casas, em terras, em empreendimentos mundanos, estão, por suas ações, dizendo: “Não são para Deus; quero-os para mim mesmo.” Esses atam seu talento em um lenço, e escondem-no na terra. Há motivo para ficarem alarmados. Irmãos, Deus não lhes confiou recursos para ficarem ociosos, nem para serem cobiçosamente retidos ou escondidos, mas empregados no avanço de Sua causa, para salvar os perdidos. Agora não é tempo para segurar o dinheiro do Senhor em seus custosos edifícios e em grandes empreendimentos, ao passo que Sua obra fica prejudicada, deixada a mendigar para ir adiante, com o tesouro suprido pela metade. O Senhor não apóia essa maneira de trabalhar. Lembrem-se de que se aproxima rapidamente o dia em que se dirá: “Presta contas da tua mordomia.” Lucas 16:2. Vocês não podem discernir os sinais dos tempos? T5 465.1
Cada dia que passa nos leva para mais perto do último e grande, importante dia. Achamo-nos um ano mais perto do juízo, mais perto da eternidade, do que estávamos no começo de 1884. Estamos também nos aproximando mais de Deus? Estamos vigiando em oração? Outro ano de nosso tempo de trabalho rolou para a eternidade. Dia a dia temos estado no convívio de homens e mulheres que se encaminham para o juízo. Cada dia pode ter sido a linha divisória de uma criatura; alguém pode ter tomado a decisão que lhe determinará o destino futuro. Qual tem sido nossa influência sobre esses companheiros de viagem? Que esforços desenvolvemos a fim de levá-los a Cristo? T5 466.1
Solene coisa é morrer, mas muito mais solene é viver. Todo pensamento, palavra e ato de nossa vida será novamente enfrentado. O que fazemos de nós mesmos no tempo da graça, isso nos acompanhará por toda a eternidade. A morte traz a dissolução do corpo, mas não efetua mudança no caráter. A vinda de Cristo não nos muda o caráter; fixa-o apenas para sempre, além da possibilidade de qualquer mudança. T5 466.2
Apelo novamente para os membros da igreja, para que sejam cristãos, para que sejam semelhantes a Cristo. Jesus foi um obreiro, não para Si mesmo, mas para os outros. Ele trabalhou a fim de beneficiar e salvar os perdidos. Se vocês são cristãos, imitarão o exemplo de Cristo. Ele pôs o fundamento, e nós somos construtores juntamente com Ele. Que material, porém, estamos nós trazendo para colocar sobre esse fundamento? “A obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta, e o fogo provará qual seja a obra de cada um.” 1 Coríntios 3:13. Se estão dedicando toda a sua energia e talento às coisas deste mundo, a obra de sua vida é representada pela madeira, feno, palha, a serem consumidos pelo fogo do último dia. O abnegado trabalho para Cristo, porém, e para a vida futura, será como o ouro, a prata e as pedras preciosas; é imperecível. T5 466.3
Meus irmãos e irmãs, rogo-lhes que despertem do sono da morte. É demasiado tarde para consagrar as forças do cérebro, dos ossos e dos músculos ao serviço do próprio eu. Não permitam que o derradeiro dia os encontre destituídos do tesouro celeste. Procurem levar avante os triunfos da cruz, busquem esclarecer almas, trabalhar pela salvação de seus semelhantes, e seu trabalho resistirá à difícil experiência do fogo. T5 466.4
“Se a obra que alguém edificou... permanecer, esse receberá galardão.” 1 Coríntios 3:14. Gloriosa será a recompensa concedida quando os fiéis obreiros estiverem reunidos ao redor do trono de Deus e do Cordeiro. Quando João, em seu estado mortal, contemplou a glória de Deus, caiu como morto; não pôde suportar a visão. Quando, porém, o mortal se houver revestido da imortalidade, os remidos serão semelhantes a Jesus, pois tal como é O verão. Acham-se diante do trono, significando que estão aceitos. Todos os seus pecados estão apagados, tiradas todas as suas transgressões. Agora, podem olhar para a plena glória do trono de Deus. Participaram dos sofrimentos de Cristo, foram coobreiros Seus no plano da redenção, e partilham com Ele da alegria de ver pessoas salvas mediante sua atuação a louvarem a Deus por toda a eternidade. T5 467.1