Testemunhos para a Igreja 5

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Capítulo 50 — Responsabilidades do médico

“O temor do Senhor é o princípio da sabedoria.” Provérbios 1:7. Os profissionais, seja qual for sua vocação, necessitam de sabedoria divina. O médico, porém, acha-se em especial necessidade dessa sabedoria no lidar com todos os tipos de mente e de doenças. Sua posição é ainda de mais responsabilidade que a do pastor. Ele é chamado a colaborar com Cristo, e precisa de sólidos princípios religiosos e uma firme ligação com o Deus de sabedoria. Caso tome conselho com Deus, o Grande Médico cooperará com seus esforços, e ele andará com a máxima cautela, não seja que, por um movimento inadequado, prejudique uma das criaturas de Deus. Será firme ao princípio como uma rocha, todavia bondoso e cortês com todos. Sentirá a responsabilidade de sua posição, e no exercício de sua medicina manifestará que é impelido por motivos puros, desinteressados, e o desejo de ser um adorno para a doutrina de Cristo em todas as coisas. Tal médico possuirá uma dignidade de origem celeste, e será poderoso instrumento para o bem do mundo. Embora talvez não seja apreciado pelos que não têm ligação com Deus, será todavia honrado pelo Céu. Será à vista de Deus mais precioso que o ouro, o próprio ouro de Ofir. T5 439.2

O médico deve ser um homem rigorosamente temperante. Os males físicos da humanidade são inúmeros, e ele deve tratar da doença em suas múltiplas formas. Ele sabe que muito sofrimento que procura aliviar é resultado de intemperança e outras formas de condescendências egoístas. É ele chamado para atender a jovens, homens no vigor da vida e homens em idade avançada, que sobre si mesmos trouxeram a doença pelo uso do fumo. Se ele for um médico inteligente, será capaz de seguir a pista da doença até à sua causa; a menos, porém, que ele próprio esteja livre do uso do fumo, hesitará em pôr as mãos sobre a fonte de corrupção e em revelar fielmente aos seus pacientes a causa de sua enfermidade. Deixará de insistir com o jovem sobre a necessidade de abandonar o hábito antes que este se torne enraizado. Se ele próprio usa a erva daninha, como pode apresentar aos jovens inexperientes seus perigosos efeitos, não apenas sobre eles mesmos, mas sobre os que os rodeiam? T5 439.3

Em nossos dias, o uso do fumo é quase universal. Mulheres e crianças sofrem por serem obrigados a aspirar uma atmosfera poluída pelo cachimbo, o charuto ou a imunda respiração do consumidor de fumo. Aqueles que vivem em tal ambiente sempre serão afetados, e o médico fumante está continuamente prescrevendo alguma droga para curar enfermidades que poderiam ser melhor tratadas pelo abandono do fumo. T5 440.1

Os médicos não podem executar com fidelidade seus deveres para com Deus e seus semelhantes, enquanto estiverem adorando um ídolo em forma de fumo. Quão ofensivo aos doentes é o hálito de um usuário de fumo! Como eles recuam diante dele. Quão incoerente para homens que se graduaram nas faculdades de medicina e reivindicam ser capazes de prestar auxílio à humanidade sofredora, é portar constantemente consigo um venenoso narcótico ao visitarem as enfermarias. Todavia, muitos o mastigam e fumam até que o sangue esteja pervertido e o sistema nervoso debilitado. É particularmente ofensivo à vista de Deus que os médicos, que são capazes de realizar grande bem e que professam crer na verdade de Deus para este tempo, condescendam com esse repugnante hábito. As palavras do apóstolo Paulo são aplicáveis a eles: “Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus.” 2 Coríntios 7:1. “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.” Romanos 12:1. T5 440.2

Os fumantes não podem ser aceitos como obreiros na causa da temperança, pois não há coerência em sua profissão de serem homens temperantes. Como falarão eles ao homem que está destruindo a razão e a vida pelo hábito da bebida alcoólica, quando têm os bolsos cheios de cigarros, e anseiam estar livres para mascar e fumar e cuspir à vontade? Como podem eles ter qualquer grau de coerência ao apelar em favor de uma reforma moral diante de comissões de saúde e de plataformas de temperança, enquanto eles próprios se encontram sob o estímulo do fumo? Para que eles tenham força para influenciar o povo a vencer o amor pelos estimulantes, suas palavras precisam vir com hálito puro e de lábios limpos. T5 441.1

De todos os homens do mundo, o médico e o pastor especialmente devem possuir hábitos estritamente temperantes. O bem-estar da sociedade exige abstinência total da parte deles, pois sua influência está a falar constantemente pró ou contra a reforma moral e o aperfeiçoamento da sociedade. É pecado intencional da parte deles o serem ignorantes às leis da saúde ou a elas indiferentes, pois eles são olhados como sábios mais do que os outros homens. Isso é verdade principalmente no que diz respeito ao médico, a quem se confia a vida humana. Espera-se que ele não transija em hábito algum que possa debilitar as energias vitais. T5 441.2

Como pode um pastor ou um médico consumidor de fumo educar seus filhos na doutrina e admoestação do Senhor? Como pode desaprovar em seu filho aquilo que ele se permite usar? Se ele fizer a obra que lhe foi confiada pelo Governador do Universo, protestará contra a iniqüidade em todas as suas formas e exercerá autoridade e influência a favor da abnegação e da estrita e inabalável obediência aos justos reclamos de Deus. Será seu propósito colocar seus filhos sob as mais favoráveis condições de assegurar-lhes felicidade para esta vida e um lar na cidade de Deus. Como pode ele fazer isso enquanto condescende com o apetite? Como pode colocar os pés alheios na escada do sucesso, enquanto ele próprio está caminhando na direção da decadência? T5 441.3

Nosso Salvador deu o exemplo de abnegação. Em Sua oração pelos discípulos, Ele disse: “E por eles Me santifico a Mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade.” João 17:19. Se um homem que assume uma seriíssima responsabilidade, como a de um médico, pecar contra si mesmo pela inconformidade com as leis da natureza, colherá as conseqüências de seus próprios atos e terá de enfrentar sua justa sentença, da qual não há apelação. A causa produz o efeito e em muitos casos o médico, que deveria ter a mente clara, vigorosa e nervos equilibrados para poder ser capaz de discernir com rapidez e executar com precisão, tem os nervos abalados e o cérebro obscurecido pelos narcóticos. Sua competência para fazer o bem está reduzida. Ele acabará por levar outros pelo mesmo caminho que está trilhando. Centenas seguirão o exemplo de um médico intemperante, sentindo que estão seguros em fazer o mesmo que o doutor. No dia de Deus, ele haverá de enfrentar o registro de sua conduta e será chamado a dar conta de todo o bem que poderia ter feito, mas que não fez porque, por vontade própria, enfraqueceu suas faculdades físicas e mentais através da indulgência egoísta. T5 442.1

A questão não é: Que está fazendo o mundo? mas: Que estão fazendo os profissionais com respeito à maldição comum e prevalecente do uso do fumo? Não devem os homens a quem Deus deu inteligência, e que se acham em posições de confiança sagrada, ser leais em seguir o bom senso da inteligência? Não deveriam esses homens responsáveis, que têm a seu cuidado pessoas a quem sua influência poderá orientar numa direção certa ou errada, ser modelos? Não deveriam eles, por preceito e por exemplo, ensinar a obediência às leis que regem o organismo? Se não fizerem uso prático do conhecimento que têm das leis que governam o seu próprio ser, se preferirem a satisfação presente à saúde da mente e do corpo, eles não estão aptos para se incumbirem da vida dos outros. Acham-se eles no dever moral de permanecer na dignidade da condição de homem que lhes foi dada por Deus, livres da servidão de qualquer apetite ou paixão. O homem que masca e fuma está causando um dano, não só a si mesmo, mas a todos os que penetram em sua esfera de influência. Se for necessário chamar um médico, que não se chame o devoto do fumo. Ele não será um conselheiro digno de confiança. Se a doença tiver sua origem no uso do fumo, ele será tentado a mentir e apontar outra causa que não a verdadeira, pois como poderá condenar-se em suas próprias práticas diárias? T5 442.2

Há muitos modos de praticar a arte de curar; mas só existe um aprovado pelo Céu. Os remédios de Deus são os simples agentes da natureza, que não sobrecarregarão nem enfraquecerão o organismo mediante suas fortes propriedades. Ar puro e água, higiene, regime adequado, pureza de vida e firme confiança em Deus, são remédios por cuja falta milhares de pessoas estão perecendo, todavia esses remédios estão caindo em desuso, porque seu hábil emprego requer trabalho que o povo não aprecia. Ar puro, exercício, água pura, e morada limpa e aprazível, acham-se ao alcance de todos, com apenas pouca despesa; as drogas, porém, são dispendiosas, tanto no gasto do dinheiro, como no efeito produzido no organismo. T5 443.1

A obra do médico cristão não termina com a cura das doenças do corpo; seus esforços devem estender-se aos males do espírito, à salvação da pessoa. Talvez não seja seu dever, a menos que seja solicitado, apresentar quaisquer pontos teóricos da verdade; mas pode encaminhar seus doentes para Cristo. As lições do Mestre divino são sempre apropriadas. Devem chamar a atenção do descontente para os sempre novos sinais de amor e cuidado da parte de Deus, para Sua sabedoria e bondade, tais como se manifestam nas obras que criou. A mente pode então ser levada, através da natureza, ao alto, ao Deus da natureza, e concentrada no Céu por Ele preparado para os que O amam. T5 443.2

O médico deve saber orar. Em muitos casos, ele precisa aumentar o sofrimento, a fim de salvar a vida; e seja o paciente cristão ou não, sente-se mais seguro se sabe que seu médico teme a Deus. A oração dará ao doente uma permanente confiança; e muitas vezes, se seu caso é levado ao Grande Médico com humilde confiança, fará mais em seu benefício do que todas as drogas que sejam ministradas. T5 443.3

Satanás é o causador da doença; e o médico está batalhando contra sua obra e poder. A enfermidade da mente reina por toda parte. Nove de cada dez enfermidades sofridas pelo homem têm aí seu fundamento. Talvez algum vivo distúrbio doméstico esteja, como gangrena, roendo até à própria alma, e enfraquecendo as forças vitais. O remorso pelo pecado mina por vezes a constituição, e desequilibra a mente. Há, também, doutrinas errôneas, como a de um inferno eternamente a arder e o tormento perpétuo dos ímpios, as quais, por darem uma visão exagerada e torcida do caráter de Deus, têm produzido os mesmos resultados sobre espíritos sensíveis. Os infiéis têm aproveitado ao máximo esses casos infelizes, atribuindo a loucura à religião; isto, porém, é grosseira difamação, a qual deverão enfrentar afinal. A religião de Cristo, bem longe de causar loucura, é um de seus mais eficazes remédios; é poderoso calmante nervoso. T5 443.4

O médico necessita de sabedoria e poder mais que humanos, a fim de saber a maneira por que deve ministrar aos muitos casos desconcertantes de doença da mente e do coração com que é chamado a lidar. Se ele ignora o poder da graça divina, não pode ajudar ao doente, antes agravará o mal; mas se está firmemente apoiado em Deus, será capaz de ajudar a mente enferma, perturbada. Será capaz de encaminhar seus pacientes a Cristo, e ensiná-los a levarem todos os seus cuidados e perplexidades ao grande Portador de fardos. T5 444.1

Há uma ligação divinamente indicada entre o pecado e a doença. Médico algum pode clinicar por um mês sem isto lhe ser exemplificado. Talvez ele ignore o fato; sua mente poderá estar tão ocupada com outros assuntos, que a atenção não lhe seja chamada para isso; mas, se for observador e sincero, não poderá deixar de reconhecer que o pecado e a doença mantêm entre si a relação de causa e efeito. O médico deve ser pronto a ver isso, e a agir em harmonia. Havendo ele conseguido a confiança dos doentes aliviando-lhes os sofrimentos e trazendo-os da beira do túmulo, pode ensinar-lhes que a doença é o resultado do pecado; e que é o inimigo caído que os procura seduzir às práticas destruidoras da saúde e da alma. Pode impressionar-lhes o espírito com a necessidade de negarem-se a si mesmos, e obedecerem às leis da vida e da saúde. Na mente dos jovens, especialmente, pode ele incutir os retos princípios. Deus ama Suas criaturas com um amor que é a um tempo terno e forte. Estabeleceu as leis da natureza; estas, porém, não são exigências arbitrárias. Todo “Não”, seja no que concerne à lei física como no que respeita à lei moral, implica uma promessa. Caso ela seja obedecida, nossos passos serão seguidos de bênçãos; se desobedecida, o resultado será perigo e infelicidade. As leis de Deus visam a levar Seu povo para mais perto dEle. Ele os salvará do mal e os levará ao bem, se quiserem ser conduzidos; forçá-los, porém, Ele jamais fará. Não nos é possível discernir os planos de Deus; cumpre-nos, porém, confiar nEle, e mostrar nossa fé por nossas obras. T5 444.2

Os médicos que amam e temem a Deus são poucos, comparados aos que são infiéis ou declaradamente contrários à religião; e aqueles devem ser procurados de preferência à última classe. Temos motivos para desconfiar do médico ímpio. Abre-se-lhe a porta da tentação, o ardiloso inimigo sugerirá pensamentos e atos indignos, e apenas o poder da graça divina poderá subjugar as tumultuosas paixões e fortalecer contra o pecado. Aos que são moralmente corruptos não faltam oportunidades para corromper as mentes puras. Como, porém, se apresentará o médico licencioso no dia de Deus? Professando cuidar dos doentes, tem ele traído sagrados encargos. Tem degradado tanto a alma quanto o corpo das criaturas de Deus, e colocado os seus pés no caminho que leva à perdição. Quão terrível é confiarmos os nossos queridos às mãos de um homem impuro, que pode corromper a moral e arruinar a vida! Quão fora de lugar está o médico ímpio à beira da cama do moribundo! T5 445.1

O médico é quase diariamente posto em face da morte. Caminha, por assim dizer, à beira da sepultura. Em muitos casos, a familiarização com cenas de sofrimento e morte produz despreocupação e indiferença para com a miséria humana, e negligência no tratamento do enfermo. Tais médicos não são capazes de simpatizar ternamente. São ásperos e abruptos, e os doentes se apavoram ao vê-los aproximarem-se. Esses homens, por maiores que sejam seus conhecimentos e competência, pouco bem podem fazer aos doentes; mas se o amor e a compaixão manifestados por Jesus aos enfermos se misturarem aos conhecimentos do médico, sua própria presença será uma bênção. Ele não considerará o doente uma simples peça do mecanismo humano, mas uma pessoa a ser salva ou perdida. T5 445.2

Os deveres do médico são árduos. Poucos avaliam a tensão mental e física a que ele está sujeito. Cumpre empregar toda energia e capacidade com o mais intenso anseio, na batalha contra a doença e a morte. Muitas vezes ele sabe que um movimento menos hábil da mão, até por um fio de cabelo apenas, em direção errada, pode mandar para a eternidade uma alma não preparada. Quanto precisa o médico fiel da simpatia e das orações do povo de Deus! Suas necessidades nesse sentido não são inferiores às do mais consagrado pastor ou missionário. Privado, como se vê muitas vezes, do necessário repouso e do sono, e mesmo dos privilégios religiosos no sábado, necessita dobrada porção de graça, uma nova provisão a cada dia, do contrário perderá sua segurança em Deus, e estará em risco de imergir mais fundo nas trevas espirituais, do que homens de outras profissões. E todavia é muitas vezes objeto de imerecidas censuras, e deixado sozinho, sujeito às mais cruéis tentações de Satanás, sentindo-se mal compreendido, traído pelos de sua amizade. T5 446.1

Muitos, conhecendo quão pesados são os deveres do médico, e quão poucas oportunidades têm eles de libertar-se das preocupações, mesmo no sábado, não escolherão a medicina como profissão. Mas o grande inimigo está continuamente procurando destruir a obra das mãos de Deus, e homens de cultura e inteligência são chamados a combater-lhe o cruel poder. Necessitam-se mais homens da devida espécie, que se consagrem a essa profissão. Sejam feitos diligentes esforços para induzir homens de aptidão a se habilitarem para essa obra. Devem ser homens cujo caráter esteja baseado nos firmes princípios da Palavra de Deus — homens dotados de natural energia, força e perseverança que os habilitem a atingir elevada norma de excelência. Não é qualquer um que pode ser transformado num médico de êxito. Muitos têm assumido os deveres dessa profissão, porém despreparados. Não possuem o conhecimento exigido, nem a habilidade e o tato, o cuidado e a inteligência necessários à garantia do êxito. T5 446.2

O médico pode prestar muito melhor serviço, se é dotado de resistência física. Se é fraco, não pode resistir ao fatigante labor inerente a sua profissão. Um homem de constituição débil, um dispéptico, ou um que não tenha perfeito domínio de si mesmo, não se pode habilitar ao trato com todas as classes de doença. Tome-se grande cuidado em não animar pessoas que poderiam ser úteis em algum cargo de menos responsabilidade, a estudar medicina, com grande gasto de tempo e de meios, quando não há razoável esperança de que venham a ser bem-sucedidas. T5 447.1

Alguns se têm destacado como homens que poderiam ser médicos de utilidade, e foram estimulados a fazer o curso de medicina. Mas alguns dos que começaram seus estudos nas escolas médicas como cristãos, não conservaram no devido lugar a lei divina; sacrificaram princípios, e perderam sua firmeza em Deus. Acharam que, sozinhos não poderiam guardar o quarto mandamento, e enfrentar as caçoadas e o ridículo dos ambiciosos, dos amantes do mundo, dos superficiais, dos céticos e infiéis. Tal sorte de perseguição, não estavam eles preparados para enfrentar. Eram ambiciosos de subir mais alto no mundo, e tropeçaram na escura montanha da descrença, e tornaram-se indignos de confiança. Abriram-se diante deles tentações de toda espécie, e não tiveram forças para resistir. Alguns desses tornaram-se desonestos, homens de planos astuciosos, e culpados de graves pecados. T5 447.2

Há neste século perigo para todo aquele que entra no estudo da medicina. Freqüentemente seus instrutores são sábios segundo o mundo, e seus colegas infiéis que não se lembram de Deus, e ele está em perigo de ser influenciado por essas associações com os descrentes. Não obstante, alguns têm atravessado o curso médico e permanecido leais aos princípios. Não estudavam no sábado; e demonstraram que os homens se podem habilitar para os deveres de um médico sem decepcionar as expectativas dos que lhes forneceram meios para fazer seu curso. Como Daniel, honraram a Deus, e Ele os guardou. Daniel propôs em seu coração que não adotaria os costumes das cortes reais; não comeria da comida do rei, nem beberia de seu vinho. Esperaria em Deus quanto à resistência e graça, e Deus lhe deu sabedoria e habilidade, e conhecimento acima dos astrólogos, adivinhos e magos do reino. Nele se verificou a promessa: “Aos que Me honram, honrarei.” 1 Samuel 2:30. T5 447.3

O jovem médico tem acesso ao Deus de Daniel. Mediante a graça e o poder divinos, pode-se tornar tão eficiente em sua carreira, como era Daniel em sua exaltada posição. É um erro, porém, fazer do preparo científico a coisa mais importante de sua vida, ao passo que os princípios religiosos, que estão na própria base de uma clínica bem-sucedida, são negligenciados. Muitos são elogiados como hábeis em sua profissão, mas desdenham a idéia de que necessitam apoiar-se em Jesus quanto à sabedoria em sua obra. Mas se esses homens que confiam no próprio conhecimento científico fossem iluminados pela luz celeste, quão maior excelência viriam a atingir! Quão mais vigorosas seriam suas faculdades, com que maior confiança poderiam empreender os casos difíceis! O homem que se acha intimamente ligado ao grande Médico da alma e do corpo, tem os recursos do Céu e da Terra à Sua disposição, e pode agir com uma sabedoria e precisão que não podem possuir os homens destituídos de piedade. T5 448.1

Aqueles aos quais é confiado o cuidado dos doentes, quer como médicos ou como enfermeiros, devem lembrar-se de que o seu trabalho deve resistir ao escrutínio do perscrutador olhar de Jeová. Não há campo missionário mais importante do que o ocupado pelo médico fiel e temente a Deus. Campo algum existe em que um homem possa realizar maior bem ou conquistar mais gemas para brilharem em sua coroa de glória. Pode ele levar a graça de Cristo, como um suave perfume, a todos os quartos dos doentes nos quais entra; pode levar o verdadeiro bálsamo restaurador à alma enferma pelo pecado. Pode apontar ao doente, ao prestes a perecer, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Não atenderá à sugestão de que é perigoso falar de interesses eternos àqueles cuja vida está em perigo, temendo que isto os torne pior, pois em nove de cada dez casos o conhecimento de um Salvador que perdoa os pecados os tornará melhores tanto da mente como do corpo. Jesus pode restringir o poder de Satanás. Ele é o médico em quem a pessoa enferma pelo pecado pode confiar, de quem pode esperar a cura dos males do corpo e do espírito. T5 448.2

Os profissionais superficiais e maliciosos buscarão levantar preconceitos contra o homem que fielmente realiza os deveres de sua profissão, e passa pelos obstáculos, mas essas acusações apenas revelarão o puro ouro do caráter. Cristo será seu refúgio contra a guerra de línguas. Embora sua vida possa ser difícil e abnegada, e, à vista do mundo pareça fracassada à vista do Céu será um sucesso, e ele será contado como um nobre de Deus. “Os entendidos, pois, resplandecerão como o resplendor do firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça refulgirão como as estrelas sempre e eternamente.” Daniel 12:3. T5 449.1