Testemunhos para a Igreja 5

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A unidade da obra

O Senhor gostaria que houvesse união entre aqueles que administram a obra nas diferentes partes do campo. Aqueles que dirigem Sua obra na costa do Pacífico e os que estão engajados nela a leste das Montanhas Rochosas deveriam ser de uma mesma mente e parecer — um em coração, planos e ação. Deus não deseja que os que se encontram no escritório pensem ser virtude diferir de seus irmãos de outras casas publicadoras. É preciso que haja troca de idéias, intercâmbio de planos e experiências e, se algum melhoramento for sugerido em qualquer dos escritórios, que os administradores considerem as propostas e adotem tais planos e métodos aprimorados. Em ambas as casas publicadoras há grandes melhoramentos a serem implantados e os administradores têm muito a aprender. A lição que fará mais decidida e apropriada marca no avanço da obra é que haverá menos inclinação à sua própria compreensão e mais aprendizado da mansidão e humildade de Cristo. Que aqueles que trabalham nos escritórios não sejam egoístas, de modo tão diverso de Cristo, retendo seus planos pela satisfação própria de serem independentes, a despeito das conseqüências. T5 417.1

Os que estão vinculados a nosso escritório de publicações em Battle Creek, não são o que deveriam nem o que poderiam ser. Eles pensam que seus gostos, hábitos e opiniões são corretos. Estão em constante perigo de se tornarem limitados em suas idéias, ciumentos da Pacific Press e de adotarem atitudes críticas e sentimentos de superioridade. Permite-se que esse sentimento cresça, obstrua e arruíne seus interesses e também os da obra na costa do Pacífico, tudo porque sentimentos egoístas assumem o comando e impedem um claro discernimento, que seria para seu próprio bem e para o progresso e edificação da causa de Deus. Esse sentimento separatista é contrário ao espírito de Cristo. Deus não o aprova. Ele gostaria que cada partícula dele fosse vencida. A causa é una; a vinha é um grande campo, com os servos de Deus empenhados em suas várias partes. Não deve haver senão um único alvo em mente, que é trabalhar desinteressadamente para advertir o descuidoso e salvar o perdido. T5 417.2

Os homens ligados à obra de Deus no escritório, no sanatório e no colégio, somente podem ser tidos como de confiança à medida que assimilam o caráter de Cristo. Mas muitos herdaram traços de caráter que de modo algum representam o divino Modelo. Há não poucos que têm defeitos de caráter recebidos como legado hereditário, os quais não foram vencidos mas acalentados como se fossem fino ouro e trazidos consigo em sua experiência religiosa. Em muitos casos esses traços são conservados através de toda a vida. Por algum tempo, nenhum dano especial pode ser visto como deles resultante, mas o fermento está operando e quando se oferece uma oportunidade favorável, o mal se manifesta. T5 418.1

Alguns desses homens que têm acentuadas deformidades de caráter sustentam opiniões enérgicas e decididas, e mostram-se inflexíveis quando seria cristão submeter-se a outros, cujo amor pela causa da verdade é tão profundo como o seu próprio. Esses precisam cultivar traços diferentes de caráter e aprender a estimar os outros mais do que a si mesmos. Quando estão envolvidos com um importante empreendimento onde grandes planos precisam ser realizados, deveriam ser cuidadosos para que suas idéias peculiares e certos traços de caráter não tenham influência desfavorável em seu desenvolvimento. O Senhor viu o perigo que resultaria de a cabeça e os pontos de vista de um homem controlarem as decisões e executarem os planos, e em Sua inspirada Palavra ordenou que estivéssemos sujeitos uns aos outros e estimássemos os semelhantes mais do que nós mesmos. Quando são feitos planos que digam respeito à causa de Deus, esses deveriam ser trazidos perante uma comissão composta de escolhidos homens de experiência, pois a harmonia de esforços é essencial em todos esses empreendimentos. T5 418.2

Homens de temperamentos diversos e caracteres imperfeitos podem descobrir faltas nos outros, mas não reconhecem as próprias. Se deixados a levar avante seus próprios planos sem consulta a outros, cometerão graves erros. Suas idéias precisam tornar-se mais amplas. A natureza humana abriga egoísmo e ambição, os quais prejudicam a obra de Deus. O interesse próprio precisa ser perdido de vista. Não deveria haver qualquer desígnio em mira, nenhuma posição distante dos obreiros de Deus, falando e escrevendo de maneira intolerante, que não deva ser crítica e piedosamente investigada e humildemente trazida perante o concílio. T5 418.3

O mundo do futuro está às portas, com suas inalteráveis e solenes questões — muito próximo, realmente muito próximo, e há tão grande obra a ser feita, tantas importantes decisões a serem tomadas. Contudo, em seus concílios as opiniões preconcebidas, as idéias e planos egoístas, os maus traços de caráter recebidos por herança, são trazidos e permitidos exercer sua influência. Vocês deveriam sempre ter consciência de que é pecado agir por impulso. Os irmãos não deveriam abusar do poder, usando-o para atingir os próprios objetivos, a despeito das conseqüências sobre outros, por estarem numa posição que torna isso possível; mas usem a autoridade que lhes foi confiada como um sagrado e solene legado, lembrando-se de que são servos do Deus Altíssimo, e devem enfrentar no Juízo cada decisão que tomam. Caso seus atos sejam altruístas e visando à glória de Deus, eles suportarão o teste final. A ambição é mortal ao desenvolvimento do espírito, a indolência é criminosa, o temperamento é instável, mas a vida onde cada justo princípio é respeitado será bem-sucedida. T5 419.1

Muitos de seus concílios não trazem o selo celestial. Vocês não os assistem como homens que têm estado em comunicação com Deus e que Lhe possuem a mente e piedosa compaixão, mas como quem tem o firme propósito de fazer prevalecer os próprios planos e para assentar as questões de acordo com os propósitos pessoais. Em cada departamento da obra é essencial que se possua o espírito e a mente de Cristo. Vocês são obreiros de Deus e precisam possuir cortesia e graça, pois do contrário não podem representar a Jesus. T5 419.2

Todos os que estão empregados em nossas instituições deveriam entender que poderão ser uma bênção ou uma maldição. Se quiserem ser uma bênção, precisam renovar seu vigor espiritual diariamente, precisam ser participantes da natureza divina, tendo escapado da corrupção que pela concupiscência há no mundo. T5 419.3

Em meio aos afazeres da vida ativa, às vezes é difícil discernirmos nossos próprios motivos, mas diariamente ocorrem progressos, ou para bem ou para mal. Surgirão para procurar controlar nossas ações, preferências ou aversões; sentimentos buscarão nublar nossa visão. Tem-me sido mostrado que Jesus nos ama, mas está preocupado em ver tamanha falta de sábio discernimento, de adaptabilidade ao trabalho e de sabedoria para alcançar corações e penetrar os sentimentos alheios. Conquanto estejamos procurando guardar-nos do constante perigo de formar uma aliança com os inimigos de Cristo e de ser por eles corrompidos, devemos proteger-nos de nós mesmos, contra manifestarmos indiferença para com aqueles a quem o Senhor reclama como Seus. Diz Ele: “Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes Meus pequeninos irmãos, a Mim o fizestes.” Mateus 25:40. Se com amorável e fervente propósito procurarmos aproveitar cada oportunidade de ajudar aqueles cujos pés têm tropeçado e caído, não teremos vivido em vão. Nossas maneiras não devem ser ásperas, dominadoras, ditatoriais, mas fragrantes da graça de Cristo. T5 420.1

Nosso Pai celestial exige de Seus servos de acordo com aquilo que lhes confiou, e Seus reclamos são razoáveis e justos. Ele não aceitará menos de nós do que exige. Todas as Suas justas exigências precisam ser plenamente atendidas, ou testificarão contra nós de que fomos pesados na balança e achados em falta. Mas Jesus observa nossos esforços com o mais profundo interesse. Ele sabe que os homens com todas as deficiências de sua humanidade estão fazendo Seu trabalho. Observa suas falhas e abatimentos com mui terna piedade. Mas essas deficiências e imperfeições podem tornar-se muito menores do que são. Se estivermos em harmonia com o Céu, anjos ministradores trabalharão conosco e coroarão de sucesso nossos esforços. T5 420.2

Este é o grande dia da preparação, e a solene obra que tem lugar no santuário celestial deveria estar constantemente na mente dos que estão empregados em nossas várias instituições. Não se deveria permitir que os cuidados comerciais absorvessem de tal modo a mente, que a obra no Céu, a qual diz respeito a cada indivíduo, seja vista com despreocupação. As solenes cenas do Juízo, o grande dia da expiação, deveriam ser mantidas constantemente diante do povo, e mostradas à sua consciência com fervor e poder. O assunto do santuário nos dará corretos pontos de vista sobre a importância da obra para este tempo. Uma apreciação adequada desse tema levará os obreiros das casas publicadoras a manifestarem maior energia e zelo em tornar a obra um sucesso. Ninguém deve tornar-se descuidoso e cego às necessidades da causa e aos perigos que ameaçam cada pessoa, mas procurar ser um canal de luz. T5 420.3

Em todas as nossas instituições há muito do eu e pouco de Cristo. Todos os olhos deveriam voltar-se para nosso Redentor, todos os caracteres deveriam ser como os Seus. Ele é o Modelo a ser imitado se quisermos ter mente bem equilibrada e caráter simétrico. Sua vida era como o jardim do Senhor, no qual crescia toda árvore agradável à vista e boa para alimento. Conquanto possuindo em Sua alma todo formoso traço de caráter, Sua sensibilidade, cortesia e amor uniam-nO em íntima simpatia com a humanidade. Ele foi o Criador de todas as coisas, e sustenta os mundos com Seu infinito poder. Os anjos estavam prontos a render-Lhe homenagem e obedecer-Lhe a vontade. Contudo, Ele podia ouvir o balbucio do neném e aceitar seu murmurante louvor. Ele tomava as criancinhas em Seus braços e estreitava-as junto a Seu grande coração amorável. Elas se sentiam perfeitamente à vontade em Sua presença e relutavam em deixar-Lhe os braços. Ele não considerava os desapontamentos e infortúnios do homem como coisas insignificantes, mas Seu coração sempre foi tocado pelos sofrimentos daqueles a quem viera salvar. T5 421.1

O mundo havia perdido o padrão original de bondade e se afundara em universal apostasia e corrupção moral; e a vida de Jesus foi de laborioso e abnegado esforço para trazer de volta o homem ao seu primeiro estado mediante o infundir-lhe o espírito de divina bondade e amor. Conquanto estivesse no mundo, Ele não era do mundo. Era-Lhe sempre doloroso ser posto em contato com a inimizade, a depravação e impureza que Satanás havia suscitado; mas Ele tinha um trabalho a fazer — pôr o homem em harmonia com o plano divino, e a Terra em conexão com o Céu — e não considerava nenhum sacrifício demasiado grande para alcançar o Seu objetivo. Ele “como nós, em tudo foi tentado.” Hebreus 4:15. Satanás estava a postos para assaltá-Lo a cada passo, arremessando contra Ele Suas mais cruéis tentações; contudo Ele “não cometeu pecado, nem na Sua boca se achou engano”. 1 Pedro 2:22. Ele “sofreu, tendo sido tentado” (Hebreus 2:18)... sofreu na proporção da perfeição de Sua santidade. Mas o príncipe das trevas nada achou nEle, nem um simples pensamento ou sentimento de resposta à tentação. T5 421.2

Sua doutrina derramava-se como chuva; Suas palavras destilavam-se como o orvalho. Mesclavam-se no caráter de Cristo tal majestade divina como nunca dantes mostrada ao ser humano, e indescritível mansidão como nunca dantes desenvolvida pelo homem. Nunca havia andado entre os homens alguém tão nobre, tão puro, tão inocente, tão bondoso, tão consciente de Sua divina natureza, todavia tão simples, tão pleno de propósitos e planos para fazer o bem em favor da humanidade. Conquanto aborrecendo o pecado, chorava compassivamente pelo pecador. A Majestade do Céu revestiu-Se da humildade de uma criança. Esse é o caráter de Cristo. Estamos nós andando em Suas pegadas? Ó, meu Salvador, quão pobremente é o Senhor representado por Seus professos seguidores! T5 422.1