Testemunhos para a Igreja 5

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A responsabilidade dos pastores

Solene responsabilidade pesa sobre os pastores. Quão cuidadosos devem ser eles para compreender e explanar a Palavra de Deus. “Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo.” Apocalipse 1:3. Diz o profeta Ezequiel: “E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Filho do homem, fala aos filhos do teu povo e dize-lhes: Quando Eu fizer vir a espada sobre a terra e o povo da terra tomar um homem dos seus termos e o constituir por seu atalaia; e, vendo ele que a espada vem sobre a terra, tocar a trombeta e avisar o povo; se aquele que ouvir o som da trombeta não se der por avisado, e vier a espada e o tomar, o seu sangue será sobre a sua cabeça. Ele ouviu o som da trombeta e não se deu por avisado; o seu sangue será sobre ele; mas o que se dá por avisado salvará a sua vida. Mas, se, quando o atalaia vir que vem a espada, não tocar a trombeta, e não for avisado o povo; se a espada vier e levar uma vida dentre eles, este tal foi levado na sua iniqüidade, mas o seu sangue demandarei da mão do atalaia. A ti, pois, ó filho do homem, te constituí por atalaia sobre a casa de Israel; tu, pois, ouvirás a palavra da Minha boca e lha anunciarás da Minha parte. Se Eu disser ao ímpio: Ó ímpio, certamente morrerás; e tu não falares, para desviar o ímpio do seu caminho, morrerá esse ímpio na sua iniqüidade, mas o seu sangue Eu o demandarei da tua mão. Mas, quando tu tiveres falado para desviar o ímpio do seu caminho, para que se converta dele, e ele se não converter do seu caminho, ele morrerá na sua iniqüidade, mas tu livraste a tua alma.” Ezequiel 33:1-9. T5 15.2

A responsabilidade dos vigilantes [pastores] de hoje é muito maior do que nos dias do profeta, assim como nossa luz é muito mais intensa, radiante, e nossos privilégios e oportunidades maiores que os seus. É dever do pastor advertir e ensinar a todo homem, com mansidão e sabedoria. Não deve ele conformar-se às práticas do mundo, mas, como servo de Deus, precisa combater pela fé que uma vez foi entregue aos santos. Satanás está constantemente operando para derrubar as proteções que o impedem de ter livre acesso à mente das pessoas. Enquanto nossos pastores não forem espiritualmente mais vigilantes; enquanto não se unirem mais estreitamente a Deus, o inimigo tomará grande vantagem e o Senhor considerará os sentinelas responsáveis pelo sucesso satânico. T5 16.1

Eu gostaria de, neste momento, fazer soar a nota de advertência àqueles que se reúnem em nosso encontro campal. O fim de todas as coisas está próximo, às portas. Meus irmãos, pastores e povo, tem-me sido mostrado que vocês precisam trabalhar de modo diverso do que têm feito. Orgulho, inveja, presunção e não santificada independência têm arruinado seu trabalho. Quando os homens permitem ser lisonjeados e exaltados por Satanás, o Senhor pouco pode fazer por eles e através deles. A que imensurável humilhação o Filho do homem desceu para que pudesse erguer a humanidade! Não somente os pastores, mas todos os obreiros e povo de Deus necessitam da mansidão e humildade de Cristo, se desejarem beneficiar seus semelhantes. Como Deus, nosso Salvador humilhou-Se quando tomou sobre Si a natureza humana. Mas Ele baixou mais ainda. Como homem, “humilhou-Se a Si mesmo até a morte e morte de cruz”. Filipenses 2:8. Como poderia eu encontrar palavras com as quais apresentar-lhes tais pensamentos? Ah, se o véu que tolda seus olhos pudesse ser retirado e meus irmãos pudessem ver a causa de sua fraqueza espiritual! Oxalá pudessem imaginar os ricos suprimentos de graça e poder que aguardam sua procura! Os que têm fome e sede de justiça serão satisfeitos. Precisamos exercitar maior fé reivindicando de Deus todas as bênçãos necessárias. Precisamos nos esforçar, angustiar-nos, para entrar pela porta estreita. T5 16.2

Cristo diz: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma.” Mateus 11:28, 29. Asseguro-lhes, amados irmãos, pastores e povo, que vocês ainda não aprenderam essa lição. Cristo padeceu vergonha, agonia e morte por nós. “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus.” Filipenses 2:5. Suportou desonra e insultos sem retaliação ou espírito revanchista. Jesus morreu não apenas para fazer expiação por nós, mas para ser nosso Modelo. Oh, que maravilhosa condescendência! Que amor infinito! Ao olhar para o Príncipe da Vida suspenso na cruz, como podem vocês nutrir o egoísmo? Como podem nutrir vingança e ódio? T5 17.1

Que o espírito soberbo se curve em humilhação. Que o duro coração seja quebrantado. Que não haja mais mimos, autocomiseração e exaltação do eu. Olhem, oh, olhem Àquele a quem nossos pecados pregaram na cruz! Vejam-nO descendo passo após passo a senda da humilhação para nos erguer, humilhando-Se até o ponto de não ter mais onde baixar. E tudo para salvar-nos; a nós a quem o pecado abateu. Seremos nós tão indiferentes, tão frios, tão formais, tão orgulhosos, tão auto-suficientes? T5 17.2

Quem entre nós segue fielmente o Modelo? Quem começou e continua na batalha contra o orgulho próprio? Quem tem, com determinação, lutado contra o egoísmo até expulsá-lo do coração e da vida? Queira Deus que as lições a nós dadas, enquanto contemplamos a cruz de Cristo e vemos os sinais que nos aproximam do Juízo Final se cumprindo, possam impressionar nosso coração e tornar-nos mais humildes, mais abnegados e bondosos uns para com os outros, menos ressentidos, menos críticos e mais dispostos a levar as cargas uns dos outros. T5 18.1

Foi-me mostrado que, como um povo, estamos nos afastando da simplicidade da fé e da pureza do evangelho. Muitos estão em grande perigo. A menos que mudem seu curso, serão cortados da Videira Verdadeira como ramos inúteis. Irmãos e irmãs, vi que estamos sob os umbrais do mundo eterno. Precisamos conquistar vitórias a cada passo agora. Toda boa obra é uma semente semeada a fim de dar frutos para a vida eterna. Cada sucesso obtido coloca-nos num degrau superior da escada do progresso e nos dá força espiritual para novas vitórias. Cada ação reta prepara o caminho para sua própria repetição. T5 18.2

Alguns estão limitando suas provações. Será que isso é bom para eles? Têm eles obtido o preparo para a vida futura? Não exibirão seus registros oportunidades desperdiçadas, privilégios negligenciados, uma vida de mundanismo e egolatria, que não produziu o mínimo fruto para a glória de Deus? Quanto da obra que o Mestre deixou para realizarmos tem sido deixado por fazer! Todos os que nos cercam devem ser advertidos, mas em geral o tempo tem sido ocupado para atender unicamente ao eu. Sobe até Deus o relatório sobre pessoas que descem à sepultura sem ser advertidas, e por isso perdidas para sempre. T5 18.3

O Senhor ainda tem misericordiosos propósitos a nosso respeito. Há ainda tempo para arrependimento. Podemos tornar-nos amados de Deus. Rogo àqueles que têm retardado o aparecimento de nosso Senhor que comecem a obra de remir o tempo. Estudem a Palavra Deus. Que todos os presentes a este encontro façam um concerto com Deus, pondo de lado a conversa banal e irrefletida, e a leitura frívola e sem propósito. E, no próximo ano, já estejam os irmãos capacitados a dar a quem quer que seja a razão da fé que aceitaram, com mansidão e temor. Não estão vocês, porventura, dispostos a humilhar o coração diante de Deus, arrependendo-se de sua apostasia? T5 18.4

Que ninguém entretenha o pensamento de que eu lastimo ou me retrate de qualquer claro testemunho dado a indivíduos ou povo. Se eu errei de alguma forma, foi em não repreender mais firme e decididamente o pecado. Alguns irmãos assumiram a responsabilidade de criticar meu trabalho e propor um meio mais fácil de corrigir os erros. Gostaria de dizer a essas pessoas que prefiro o caminho de Deus e não o delas. O que eu disse ou escrevi como testemunho ou reprovação não tem sido expresso corretamente. T5 19.1

Deus me deu uma obra da qual devo prestar contas no Juízo. Aqueles que têm escolhido seu próprio caminho e se têm erguido contra os claros testemunhos a eles dados, procurando abalar a fé dos demais nessas mensagens, devem decidir a questão com Deus. Não amenizarei mensagem alguma para acompanhar suas idéias ou relevar seus defeitos de caráter. Reconheço que não tenho falado tão claramente quanto o caso requer. Os que querem, de algum modo, amenizar a força das agudas reprovações que Deus me deu para transmitir haverão de enfrentar sua obra no Juízo. T5 19.2

Há algumas semanas, estando face a face com a morte, tive um vislumbre da eternidade. Se o Senhor tiver interesse em erguer-me de meu presente estado de fraqueza, espero, na graça e força que vêm do alto, expor com fidelidade as palavras que Ele me dá a transmitir. Através de toda a minha vida, tem-me sido doloroso ferir os sentimentos de alguém ou perturbar sua tranqüilidade, enquanto profiro os testemunhos que Deus me passa. Isso é contrário à minha natureza. Custa-me grande dor e muitas noites insones. Àqueles que se sentem na responsabilidade de me censurar e, em seu finito julgamento, propor-me uma conduta que lhes pareça mais sábia, repito: não concordo com sua atitude. Deixem-me em paz em meu relacionamento com Deus e permitam que Ele me ensine. Receberei as palavras do Senhor e as comunicarei ao povo. Não espero que todos aceitem a reprovação e reformem sua vida, mas devo desempenhar meu dever fielmente. Andarei em humildade diante de Deus, fazendo meu trabalho para o tempo e a eternidade. T5 19.3

O Senhor não confiou a meus irmãos a obra que me deu para fazer. Alguns têm reclamado que minha maneira de dar reprovação em público leva outros a serem críticos, cortantes e severos. Se esses assumem a responsabilidade que Deus não depôs sobre eles; se desrespeitam as instruções que Ele seguidamente lhes deu através do humilde instrumento de Sua escolha, a fim de torná-los bondosos, pacientes e indulgentes, somente eles responderão pelos resultados. Com o coração carregado de tristeza, tenho desempenhado meu desagradável dever para com meus mais caros amigos, não ousando agradar a mim mesma por reter a reprovação, mesmo quando dirigida a meu marido. Não serei menos fiel em advertir a outros, quer ouçam ou não. Quando estou falando ao povo, digo muita coisa que de forma alguma premeditei. O Espírito do Senhor freqüentemente vem sobre mim. Parece-me que sou levada para fora de mim mesma e a vida e o caráter de diferentes pessoas me são claramente apresentados. Vejo seus erros e perigos que correm. Sinto-me então compelida a falar do que me tem sido mostrado. Não ouso resistir ao Espírito de Deus. T5 20.1

Sei que alguns se desgostam com meus testemunhos. Eles desagradam a seu altivo e não-consagrado coração. Sinto mui profundamente o dano que nosso povo sofre por causa de sua resistência em aceitar e obedecer à luz que Deus lhes tem dado. Meus irmãos mais jovens no ministério, rogo-lhes que reflitam mais sobre sua solene responsabilidade. Se consagrados a Deus, vocês podem exercer uma poderosa influência para o bem na igreja e no mundo. Mas falta-lhes sincera piedade e devoção. Deus os tem enviado para ser uma luz ao mundo mediante as boas obras e também por palavras e doutrina. Porém, muitos de vocês podem perfeitamente ser representados pelas virgens tolas, que não tinham óleo em suas lâmpadas. T5 20.2

Meus irmãos, ouçam a reprovação e o conselho da Testemunha Fiel e Verdadeira, e Deus agirá por vocês e em vocês. Seus inimigos podem ser fortes e determinados, mas Alguém mais poderoso do que eles será seu ajudador. Permitam que a luz brilhe e cumpra seu papel. O Senhor dos Exércitos está com vocês; o Deus de Jacó é o seu refúgio. T5 21.1