Testemunhos para a Igreja 2

17/87

Capítulo 15 — Advertência aos pastores

Na visão que me foi concedida em 12 de Junho de 1868, fiquei profundamente impressionada com a grande obra de preparar um povo para a vinda do Filho do homem. Vi que “grande é... a seara, mas os obreiros são poucos”. Lucas 10:2. Muitos que estão atualmente trabalhando no campo para salvar pecadores são fracos. Suportam pesadas responsabilidades que os provam e fatigam. Observei ainda que alguns de nossos pastores têm despendido muita energia, o que em realidade não lhes era exigido. Alguns oram longamente e tão alto, que gastam suas já débeis forças e despendem a vitalidade de maneira desnecessária. Outros freqüentemente fazem sermões de um terço à metade mais longos do que devem. Assim fazendo, tornam-se excessivamente cansados, o interesse das pessoas diminui antes mesmo do encerramento da pregação, e perde-se muito por não poderem conservar na memória tanta coisa. Metade do que fora dito teria sido melhor aproveitado. Embora todos os assuntos sejam importantes, o sucesso seria maior se orassem mais e falassem menos. O mesmo resultado seria obtido sem grande fadiga. Eles estão consumindo desnecessariamente suas forças e vitalidade, as quais, pelo bem da causa, precisam muito conservar. É o esforço prolongado, após atingir o ponto de exaustão, que desgasta e prostra. T2 116.2

Vi que foi esse trabalho extra, quando o organismo se achava exausto, que consumiu a vida do prezado irmão Sperry e o levou prematuramente à sepultura. Houvesse ele trabalhado de acordo com sua saúde, e poderia ter vivido para trabalhar até hoje. Foi também esse trabalho a mais que consumiu as energias de nosso querido irmão Cranson e extinguiu sua vida de utilidade. T2 117.1

Cantar muito, tanto quanto ficar longamente orando e falando, é extremamente cansativo. Na maioria dos casos, nossos pastores não devem prolongar suas palestras por mais de uma hora. Devem deixar de lado os preâmbulos, e ir diretamente ao assunto, procurando encerrar o sermão quando o interesse for maior. Não devem prosseguir até que seus ouvintes desejem que parem de falar. Muito desse trabalho extra fica perdido para o povo, que com frequência está muito cansado para beneficiar-se do que conseguem ouvir. E quem pode dizer quão grande é a perda sofrida por pastores que trabalham dessa maneira? Afinal, nada é conquistado por esse consumo de vitalidade. T2 117.2

Com freqüência a força está esgotada já no início de um esforço prolongado. E no tempo em que há muito a ser ganho ou perdido, o devotado ministro de Cristo, que tem interesse e vontade de trabalhar, não pode controlar suas forças. Ele as utilizou acima dos limites cantando, em longas orações e pregações, e a vitória escapou por falta de um trabalho cuidadoso, bem dirigido e feito no tempo certo. Perdeu-se o momento áureo. As impressões feitas não foram seguidas por trabalho posterior. Teria sido melhor se não se tivesse despertado o interesse; pois se as convicções foram uma vez resistidas e vencidas, é muito difícil impressionar de novo a mente com a verdade. T2 117.3

Foi-me mostrado que se nossos pastores exercerem cuidado em preservar suas energias em lugar de despendê-las desnecessariamente, seu cuidadoso e bem dirigido trabalho alcançará mais em um ano do que o fariam as longas pregações, orações e cânticos, que são cansativos e exaustivos. Nesse último caso, as pessoas são freqüentemente impedidas do acompanhamento de que tanto precisavam no tempo certo, pois o obreiro precisa descansar ou estará pondo em perigo sua saúde e vida se continuar o seu trabalho. T2 118.1

Nossos prezados irmãos Matteson e D. T. Bourdeau têm cometido erros a esse respeito, e devem mudar sua maneira de trabalhar. Eles precisam orar e falar de modo breve, sem demora chegar ao ponto e parar antes de se consumirem em seu trabalho. Podem realizar maior bem assim fazendo, ao mesmo tempo em que preservam as energias para dar continuidade ao trabalho que amam, sem esgotar-se totalmente. T2 118.2