Testemunhos para a Igreja 2
Capítulo 62 — Ar e exercício
Ao criar o homem, pretendia o Senhor que ele fosse ativo e útil. Contudo, muitos vivem neste mundo como máquinas sem uso, como se mal existissem. Não iluminam eles o caminho de ninguém; não são uma bênção para ninguém. Vivem apenas para serem pesados aos outros. Até onde sua influência ao lado do direito se acha envolvida, são eles meras cifras; entretanto, falam com realce sobre o lado negativo. Examine-se-lhes a vida bem de perto, e dificilmente se pode encontrar um ato de benevolência desinteressada. Quando morrem, sua memória desaparece com eles. Seu nome logo perece; pois não podem viver, nem mesmo na lembrança de seus amigos, por meio da verdadeira bondade e de atos virtuosos. Para tais pessoas a vida foi uma farsa. Elas não foram fiéis administradoras. Esqueceram-se de que seu Criador possui reivindicações sobre elas, e de que espera que sejam ativas na prática do bem e em abençoar a outros por sua influência. Os interesses egoístas atraem a mente e conduzem ao esquecimento de Deus e do propósito de seu Criador. T2 522.1
Todos os que professam ser seguidores de Jesus sentirão que pesa sobre eles o dever de manter o corpo no melhor estado de saúde, para que a mente possa ser clara na compreensão das coisas celestiais. A mente precisa ser controlada, pois exerce ela uma poderosíssima influência sobre a saúde. A imaginação muitas vezes se extravia e, quando com ela se condescende, traz graves tipos de doenças sobre o aflito. Muitos morrem de enfermidades que são em sua maioria imaginárias. Estou familiarizada com várias pessoas que trazem sobre si verdadeiras enfermidades pela influência da imaginação. T2 522.2
Uma irmã era levada por seu marido da cadeira para a cama e de um aposento a outro, porque pensava estar muito fraca para andar. Mas como me foi depois apresentado, ela poderia haver andado tão bem quanto eu, se assim o quisesse. Caso ocorresse um acidente — se sua casa pegasse fogo ou um de seus filhos estivesse em perigo iminente de perder a vida por uma queda — aquela mulher teria se erguido pela força das circunstâncias e andado rápida e energicamente. Quanto às forças físicas, ela podia andar; mas a imaginação doentia levou-a à conclusão de que isso lhe era impossível, e ela não utilizou a força de vontade para resistir a tal engano. A imaginação dizia: Você não pode andar. É melhor não tentar. Fique sentada. Seus membros estão tão fracos que você não pode ficar em pé. Houvesse aquela irmã exercitado sua força de vontade, teria despertado suas energias dormentes e esse engano teria sido patenteado. Em decorrência de ceder à imaginação, ela provavelmente pense até hoje que quando estava tão indefesa era tão dependente; mas isso era puramente um capricho de sua imaginação, a qual algumas vezes apresenta ciladas estranhas aos fracos mortais. T2 523.1
Alguns têm tanto receio do ar, que cobrem a cabeça e o corpo de tal maneira que ficam parecendo múmias. Sentam-se dentro de casa, geralmente inativos, temendo fatigar-se e contrair doenças se fizerem exercício dentro de casa ou ao ar livre. Eles poderiam fazer exercícios habituais ao ar livre em todos os dias favoráveis, se tão-somente quisessem. A inatividade contínua é uma das maiores causas de debilidade do corpo e fraqueza da mente. Muitos que estão doentes poderiam estar com boa saúde, e dessa forma na posse de uma das mais ricas bênçãos que poderiam desfrutar. T2 523.2
Foi-me mostrado que muitos que se acham visivelmente fracos, e sempre a lamentar-se, não estão tão mal como imaginam. Alguns desses possuem uma poderosa vontade, a qual, uma vez exercitada na direção correta, será potente meio de controlar a imaginação e dessa forma resistir às doenças. Mas são muito freqüentes os casos em que a vontade é exercitada em direção errada, e se recusa obstinadamente render-se à razão. Isso terá decidido o assunto; eles são inválidos, e devem receber a atenção dispensada aos inválidos sem levar em conta o critério de outros. T2 524.1
Foram-me mostradas mães que são governadas por uma imaginação doentia, cuja influência é sentida pelo marido e filhos. As janelas devem ser conservadas fechadas, pois a mãe é sensível ao ar. Se está sentindo um pouco de frio e precisa mudar de roupa, pensa que seus filhos precisam ser tratados da mesma forma, e assim toda a família se priva de vigor físico. Todos são afetados por sua mente, física e mentalmente prejudicados pela imaginação doentia de uma mulher que se considera padrão de julgamento para toda a família. O corpo é agasalhado de acordo com os caprichos de uma imaginação enferma, e abafado sob um amontoado de agasalhos que debilitam o organismo. A pele não pode realizar seu trabalho; o hábito premeditado de impedir o ar e evitar o exercício, fecha os poros — os pequenos orifícios através dos quais o corpo respira — tornando-lhe impossível lançar fora as impurezas através desses condutos. A sobrecarga de trabalho é lançada sobre o fígado, os pulmões, os rins, etc., e esses órgãos internos são forçados a fazer o trabalho da pele. Dessa forma, as pessoas trazem doenças sobre si mesmas, por causa de seus maus hábitos; mesmo em face da luz e do conhecimento, preferem seguir os próprios caminhos. Raciocinam da seguinte forma: “Não temos testado o assunto? e não o entendemos por experiência?” Mas a experiência de uma pessoa, cuja imaginação é deficiente, não deve ter muito peso para ninguém. T2 524.2
A estação do ano que mais deve ser temida por quem vai para o meio dessas pessoas é o inverno. É, de fato, inverno, não somente do lado de fora, mas dentro, para aqueles que são forçados a viver na mesma casa e dormir no mesmo quarto. Essas vítimas de uma imaginação doentia trancam-se dentro de casa e fecham as janelas; pois o ar lhes ataca os pulmões e a cabeça. A imaginação é fértil; temem elas ficar resfriadas, e resfriadas ficarão. Nenhuma parcela de argumentação é capaz de convencê-las de que não entendem toda a filosofia do assunto. Não o provaram elas? questionarão. É verdade que provaram um lado da questão — persistindo nos próprios caminhos — e contudo apanham resfriado, caso se exponham o mínimo que seja. Frágeis como os bebês, não podem suportar coisa alguma; todavia continuam vivendo, e persistindo em fechar portas e janelas, e a aquecer-se junto à estufa, e apreciam sua miséria. Com certeza têm verificado que o seu procedimento não lhes tem feito bem, e sim aumentado as suas dificuldades. Por que não permitir que a razão influencie o raciocínio e controle a imaginação? Por que não seguir agora um caminho oposto e, de maneira criteriosa, conseguir exercício e ar puro, em vez de permanecer dentro de casa dia após dia, parecendo mais um saco de cereal do que um ser vivo? T2 525.1
A principal razão, se não a única, por que muitos se tornam doentes é que o sangue não circula livremente e não ocorrem no fluido vital as mudanças necessárias à vida e à saúde. Eles não têm exercitado o corpo nem alimentado os pulmões com o ar puro e fresco; por esse motivo, é impossível ao sangue ser vitalizado, e ele segue o seu curso vagarosamente através do organismo. Quanto mais exercício fizermos, tanto melhor será a circulação do sangue. Mais pessoas morrem por falta de exercício do que por excesso de cansaço; muitos mais se enferrujam do que se desgastam. Os que se acostumam a exercícios apropriados ao ar livre, geralmente têm uma circulação boa e vigorosa. Dependemos mais do ar que respiramos do que do alimento que ingerimos. Homens e mulheres, jovens e idosos que desejam saúde, e que apreciariam a vida ativa, devem lembrar-se de que não poderão obter isso sem uma boa circulação. Sejam quais forem as suas ocupações e tendências, devem eles preparar a mente para exercício ao ar livre, tanto quanto possível. Devem considerar um sagrado dever superar as condições de saúde que os têm mantido confinados dentro de casa, privados do exercício ao ar livre. T2 525.2
Alguns doentes se tornam obstinados a esse respeito e recusam ser convencidos da grande importância do exercício diário ao ar livre, por meio do qual podem obter um suprimento de ar puro. Por temerem apanhar resfriado persistem eles, ano após ano, em seguir o próprio caminho e viver em uma atmosfera quase destituída de vitalidade. É impossível a esta classe ter boa circulação. Seu organismo inteiro sofre por necessidade de exercício e ar puro. A pele torna-se debilitada e mais sensível a qualquer mudança na atmosfera. Usam-se agasalhos adicionais, e a temperatura do quarto é aumentada. No dia seguinte exigem eles um pouco mais de calor e um pouco mais de agasalho, a fim de sentir-se perfeitamente aquecidos; e assim condescendem com cada desejo de mudança até não possuírem senão pouca resistência para enfrentar qualquer resfriado. Alguns podem perguntar: “Que devemos fazer? Querem que permaneçamos resfriados?” Se usarem mais agasalhos, que estes não sejam muitos, e façam exercício, se possível, para conseguirem o calor de que necessitam. Se realmente não podem empenhar-se em exercício ativo, aqueçam-se junto ao fogo; mas assim que estiverem aquecidos, ponham de lado o agasalho extra e retirem-se de perto do fogo. Se aqueles que podem, se empenhassem em alguma atividade para desviarem a mente de si mesmos, eles se esqueceriam de que estavam com frio, e não sofreriam dano. Vocês devem diminuir mais a temperatura de seus quartos assim que tiverem conseguido o calor natural. Para os doentes que estão com os pulmões fracos, nada pode ser pior do que uma atmosfera superaquecida. T2 526.1
Os doentes freqüentemente se abstêm da luz solar. Esta é um dos mais eficazes agentes curadores da natureza. Desfrutar os raios da luz solar de Deus e embelezar nossas casas com sua presença não faz parte da moda — é um remédio muito simples. A moda tem extremo cuidado em excluir a luz do sol da sala de visita e dos dormitórios usando cortinas e venezianas, como se esses raios fossem danosos à vida e à saúde. Não foi Deus quem trouxe sobre nós muitas aflições que atingem os mortais. Nossa própria insensatez nos tem desprovido de coisas preciosas, das bênçãos que Deus proveu, as quais, se usadas adequadamente, são de inestimável valor para a recuperação da saúde. Se querem que suas casas sejam agradáveis e convidativas, tornem-nas resplendentes com ar e luz solar. Removam suas espessas cortinas, abram as janelas, suspendam as persianas e fruam a rica luz do Sol, ainda que seja à custa das cores de seus tapetes. A preciosa luz solar poderá fazer descorar os seus tapetes; ela, porém, dará uma cor saudável às faces de seus filhos. Se tiverem a presença de Deus, e possuírem coração cheio de zelo e amor, uma casa humilde, na qual haja ar e brilhe a luz do Sol, e animada por altruísta hospitalidade, será para sua família e para o cansado viajante um céu na Terra. T2 527.1
Muitos foram ensinados desde a infância a crer que o ar noturno é positivamente prejudicial à saúde, e, por conseguinte, deve ser excluído de seus quartos. Para prejuízo próprio fecham eles as janelas e portas de seus dormitórios, a fim de proteger-se do ar noturno, o qual, dizem, é muito perigoso para a saúde. Nisto estão enganados. No frescor do anoitecer talvez seja necessário proteger-se do frio com agasalhos extras, mas devem proporcionar ar aos seus pulmões. T2 527.2
Numa tarde de outono estávamos viajando num trem lotado, onde o ambiente estava poluído pela respiração de seus ocupantes. Essas exalações dos pulmões e dos corpos causavam-me a mais mórbida sensação. Ergui minha janela e estava gozando o ar fresco, quando uma senhora pediu em tons apelativos: “Feche a janela! Você pode apanhar um resfriado e ficar doente, pois o ar noturno não é saudável.” Repliquei-lhe: “Senhora, não temos nenhum outro ar, nesse carro ou fora dele, senão o ar da noite. Se a senhora o recusa, então deve parar de respirar. Deus providenciou para Suas criaturas ar para ser respirado durante o dia e, um pouco mais frio, durante a noite. Não lhe é possível, durante a noite, respirar senão o ar noturno. A questão é: Será puro o ar que respiramos ou é ele melhorado após ter sido respirado repetidas vezes? Será melhor para nossa saúde respirar o poluído ar deste carro? As exalações dos pulmões e dos corpos dos homens saturados de fumo e álcool, poluem o ar e põem em perigo a saúde, e quase todos os passageiros se assentam indiferentes como se estivessem inalando a mais pura atmosfera. Deus sabiamente providenciou para que de dia respirássemos o ar diurno, e de noite, o ar noturno. Nossos errôneos hábitos são os responsáveis quando falhamos em atender ao plano de Deus, e o sangue se torna impuro. Mas o ar da noite, absorvido à noite, não é em si mesmo prejudicial à corrente vital.” Muitos estão sofrendo enfermidades por recusarem receber em seus quartos o puro ar noturno. O ar livre e puro do céu é uma das mais ricas bênçãos das quais podemos desfrutar. T2 527.3
Outra bênção preciosa é o exercício apropriado. Há muitos indolentes e inativos que são avessos a trabalho físico ou exercício, porque este os fatiga. Que mal há em que se fatiguem? A razão de se cansarem é que não revigoram seus músculos pelo exercício, e por isso se ressentem ao mínimo esforço. Mulheres e moças enfermas sentem-se mais satisfeitas por ocuparem-se com trabalhos leves, como fazer crochê, bordar ou fazer renda, do que empenhar-se em atividade física. Se os doentes desejam recobrar a saúde, não devem deixar de fazer exercício físico; pois do contrário aumentarão a fraqueza muscular e a debilidade geral. Atem um braço e o deixem permanecer sem uso, mesmo que seja por poucas semanas; depois o soltem de suas ligaduras, e notarão que se acha mais fraco do que o que mantiveram em uso moderado durante o mesmo período. A inatividade produz o mesmo efeito sobre todo o sistema muscular. O sangue não é tão capaz de expelir as impurezas como seria se a circulação ativa fosse produzida pelo exercício. T2 528.1
Quando a temperatura permitir, todos os que puderem devem andar ao ar livre cada dia, tanto no verão como no inverno. Mas a roupa deve ser apropriada para o exercício, e os pés devem estar bem protegidos. Uma caminhada, ainda que seja no inverno, será mais benéfica à saúde do que todos os remédios que os médicos possam prescrever. Para os que podem fazê-lo, o andar a pé é preferível a andar de condução. Os músculos e veias tornam-se mais capacitados a desempenhar seu trabalho. Haverá aumento de vitalidade, tão necessária à saúde. Os pulmões realizarão a atividade indispensável; pois é impossível sair ao ar revigorante de uma manhã de inverno sem encher os pulmões. T2 529.1
As riquezas e a ociosidade são tidas por alguns como bênçãos genuínas. Mas quando algumas pessoas adquirem fortuna, ou a herdam inesperadamente, seus hábitos ativos são interrompidos, seu tempo não é utilizado, vivem ociosamente e sua utilidade parece chegar ao fim; tornam-se inquietas, ansiosas e infelizes, e sua vida logo se encerra. Aqueles que estão sempre ocupados e vão alegremente ao desempenho de suas tarefas diárias, são os mais felizes e vigorosos. O repouso e a tranqüilidade da noite traz ao seu corpo cansado repouso ininterrupto. Quando o Senhor deu trabalho para os seres humanos fazerem, Ele sabia que era para a sua felicidade. A sentença de que deviam trabalhar pelo seu pão, e a promessa de felicidade e glória futuras, vieram do mesmo trono. Ambas são bênçãos. Mulheres [amantes] da moda não se prestam aos bons propósitos da vida. Elas possuem pouca força de caráter, pouca vontade moral e energia física. Seu mais elevado objetivo é ser admirada. Morrem prematuramente e sua falta não é sentida, pois não abençoaram ninguém. T2 529.2
O exercício auxiliará o trabalho da digestão. Andar ao ar livre após a refeição, conservando a cabeça erguida, pondo os ombros para trás e exercitando-se moderadamente, será de grande benefício. A mente se desprenderá de si mesmo para as belezas da natureza. Quanto menos a atenção é atraída para o estômago após a refeição, tanto melhor. Se estiverem em constante temor de que o seu alimento os prejudique, certamente o fará. Esqueçam-se de vocês mesmos, e pensem em alguma coisa alegre. T2 530.1
Muitos incorrem na idéia errônea de que, se apanharam resfriado, devem evitar cuidadosamente o ar exterior e aumentar a temperatura de seu quarto até que esteja excessivamente quente. O organismo poderá ser abalado, os poros poderão fechar-se pelas substâncias residuais, e os órgãos internos contraírem inflamações em menor ou maior grau, porque o sangue se resfriou na superfície e foi lançado sobre esses órgãos. Nessa ocasião, mais do que em qualquer outra, os pulmões não devem ser desprovidos de ar puro e fresco. Se ar puro alguma vez é necessário, o é quando alguma parte do organismo, como os pulmões ou o estômago, está doente. Exercício criterioso levará o sangue para a superfície, e aliviará assim os órgãos internos. Exercício vigoroso, embora não violento, ao ar livre, com espírito alegre, estimulará a circulação, dando à pele um rubor salutar, e enviando o sangue, vitalizado pelo ar puro, às extremidades. O estômago doente encontrará alívio por meio do exercício. Os médicos freqüentemente aconselham os enfermos a visitarem países estrangeiros, a irem a estâncias hidrominerais ou viajarem pelo oceano, a fim de reaver a saúde; quando em nove, de cada dez casos, recobrariam a saúde e poupariam tempo e dinheiro, se eles se alimentassem com temperança e se empenhassem em exercícios saudáveis com espírito alegre. Exercício, e livre e abundante uso do ar e luz solar — bênçãos que o Céu gratuitamente tem dado a todos nós — darão vida e força ao enfermo debilitado. T2 530.2
Um grande número de mulheres sente-se satisfeita em inclinar-se sobre o fogão, respirando o ar poluído durante metade ou três quartos do seu tempo, até que o cérebro fique congestionado e semi-entorpecido. Elas devem sair ao ar livre e exercitar-se cada dia, embora alguns deveres domésticos tenham que ficar de lado. Precisam de ar fresco para tranqüilizar seu cérebro afetado. Não necessitam ir até a casa dos vizinhos para bisbilhotar, mas deve ser seu propósito fazer o bem, trabalhando a fim de beneficiar a outros. Então, seriam exemplo ao semelhante e receberiam elas próprias reais benefícios. T2 531.1
Perfeita saúde depende de perfeita circulação. Especial atenção deve ser dada às extremidades, para que estejam inteiramente vestidas como o peito e a região sobre o coração, onde maior é a quantidade de calor. Os pais que vestem as crianças com os membros desnudos ou quase assim, sacrificam a saúde e a vida dos filhos à moda. Se tais partes não estiverem tão aquecidas como o corpo, a circulação não é equilibrada. Quando as extremidades, que ficam distantes dos órgãos vitais, não são devidamente agasalhadas, o sangue é levado para a cabeça, causando dor de cabeça ou hemorragia nasal; ou há uma sensação de opressão no peito, produzindo tosse ou palpitação do coração, por haver sangue demais nessas localidades; ou o estômago ter sangue em demasia, causando indigestão. T2 531.2
A fim de seguir as modas, as mães vestem os filhos com os membros quase desnudos; e o sangue é resfriado ao voltar de seu curso natural e ser lançado nos órgãos internos, interrompendo a circulação e produzindo enfermidade. Os membros não foram formados por nosso Criador para suportar tanta exposição como o rosto. O Senhor proveu a face de uma imensa circulação, pois ela deve ficar exposta. Ele proveu, também, grandes veias e nervos para os membros e os pés, para conter grande quantidade do fluxo sangüíneo, a fim de que os membros pudessem estar tão uniformemente aquecidos como o corpo. Devem estar tão completamente agasalhados que conduzam o sangue para as extremidades. Satanás inventou as modas que deixam os membros expostos, resfriando o fluxo sangüíneo ao voltar de seu curso original. E os pais se curvam ante o altar da moda, de tal maneira vestindo os filhos que os nervos e veias ficam contraídos e não desempenham o propósito que Deus para eles determinou. O resultado é, habitualmente, pés e mãos frios. Os pais que seguem a moda em vez de à razão, terão contas a prestar a Deus, por assim roubarem a saúde dos filhos. Mesmo a própria vida, freqüentemente é sacrificada ao deus da moda. T2 531.3
Crianças vestidas de acordo com a moda não podem suportar a exposição ao ar livre, a menos que o clima esteja ameno. Por esse motivo, pais e filhos permanecem em aposentos mal ventilados, temendo o ar exterior; e com razão, considerando seu estilo de vestir-se na moda. Caso se vestissem prudentemente e tivessem coragem moral de assumir sua posição ao lado do direito, não poriam em risco a saúde ao saírem no verão e no inverno, exercitando-se largamente ao ar livre. Se deixados imperturbados a seguir o próprio caminho, muitos logo sacrificarão a própria vida e a de seus filhos. E aqueles que são compelidos a cuidar deles, sofrem. A pessoa enferma que é controlada pela imaginação deve ser temida. Todos os que convivem com ela ficam debilitados. O marido perde suas energias nervosas e fica doente porque o cuidado da esposa não lhe permite, na maior parte do tempo, fruir o ar vital do céu. No entanto, os pobres filhos que pensam que a mãe sabe o que é melhor, são os maiores sofredores. A conduta errada da mãe trouxe-lhe a enfermidade e, se faz frio, ela se envolve com mais agasalhos e toma a mesma providência com relação aos filhos, julgando que eles também estejam com frio. As portas e janelas são fechadas e a temperatura do aposento elevada. Os filhos normalmente são franzinos, doentios e não possuem alto grau de valor moral. Marido e filhos são assim “abrigados” do inverno, escravos das opiniões de uma mulher controlada pela própria imaginação, e às vezes obstinada. Diariamente os membros da família são mártires. Eles estão sacrificando a saúde aos caprichos de uma mulher imaginativa, lamentadora e resmungona. São privados, em grande medida, do ar que os revigoraria e lhes daria energia e vitalidade. T2 532.1
Aqueles que deixam de fazer uso de seus membros cada dia, perceberão um enfraquecimento ao procurarem exercitar-se. As veias e músculos não estarão em condições de desempenhar o seu trabalho e conservar todo o organismo em atividade sadia, cada órgão do corpo fazendo sua parte. Os membros serão fortalecidos pelo uso. O exercício moderado cada dia comunicará energia aos músculos, os quais sem exercício se tornam flácidos e debilitados. Por meio de exercício ativo ao ar livre, todos os dias, o fígado, os rins e os pulmões também serão fortalecidos para desempenharem sua obra. Tragam em seu auxílio o poder da vontade, o que resistirá o resfriado e comunicará energia ao sistema nervoso. Em pouco tempo notarão de tal maneira os resultados benéficos do exercício e do ar puro que não mais desejarão viver sem essas bênçãos. Seus pulmões, privados de ar, seriam semelhantes a uma pessoa faminta com falta de alimento. Na verdade, podemos viver mais tempo sem alimento do que sem ar — o alimento provido por Deus para os pulmões. Por conseguinte, não o considerem como um inimigo, mas como uma preciosa bênção divina. T2 533.1
Quando os enfermos permitem que sua imaginação doentia seja alimentada, não apenas dispersam suas energias como também a vitalidade daqueles que os têm sob cuidado. Aconselho às irmãs doentes, acostumadas ao uso de demasiadas vestes, que pouco a pouco se livrem do excesso. Algumas de vocês vivem simplesmente para comer e respirar, falhando em atender ao propósito para o qual foram criadas. Vocês devem ter um elevado objetivo na vida e buscar ser mais úteis e eficientes na própria família e na sociedade. Não devem exigir que a atenção seja centralizada em vocês, nem tentar atrair a simpatia dos outros. Façam sua parte em dar amor e manifestar simpatia aos desfavorecidos, lembrando-se de que eles têm aflições e provas peculiares. Procurem, por palavras de simpatia e amor, aliviar suas cargas. Abençoando a outros, vocês trarão bênçãos sobre si mesmas. T2 533.2
Os que, na medida do possível, se empenham na obra de fazer o bem aos outros, dando demonstração prática de seu interesse por eles, não só estão aliviando os sofrimentos da vida humana ao ajudá-los a levar as suas cargas, mas ao mesmo tempo estão contribuindo grandemente para a própria saúde física e espiritual. Fazer o bem é uma obra que beneficia tanto ao doador como ao que recebe. Se vocês esquecem o próprio eu no interesse pelos outros, obtêm vitória sobre suas enfermidades. A satisfação que sentirão ao fazer o bem, ajudá-los-á grandemente na recuperação do estado saudável da imaginação. A alegria de fazer o bem estimula a mente e vibra através de todo o corpo. Enquanto o rosto dos homens benevolentes é iluminado pela alegria, e seu semblante exprime a elevação moral da mente, o dos egoístas e mesquinhos é deprimido, abatido e sombrio. Seus defeitos morais se manifestam no semblante. O egoísmo e o amor de si mesmos estampam a própria imagem no exterior do ser humano. A pessoa que é movida por uma benevolência verdadeiramente desinteressada é participante “da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que, pela concupiscência, há no mundo” (2 Pedro 1:4); ao passo que os egoístas e avarentos têm nutrido seu egoísmo a ponto de secarem-se-lhes as simpatias sociais, e seu semblante reflete a imagem do inimigo caído em vez da pureza e santidade. T2 534.1
Enfermas, advirto-as a que se atrevam a alguma coisa. Despertem sua força de vontade, e façam pelo menos uma experiência. Desviem de si mesmas seus pensamentos e afeições. Andem pela fé. Estão inclinadas a centralizar seus pensamentos em si mesmas, temendo exercitar-se, e receando que se vocês se expuserem ao ar perderão a vida? Resistam a esses pensamentos e sentimentos. Não se submetam a sua imaginação doentia. Se fracassam na experiência, podem até perecer. E se morrerem? Uma vida perdida é melhor do que muitas vidas sacrificadas. Os caprichos e opiniões que nutrem não só lhes estão destruindo a própria vida, mas prejudicando aqueles cuja existência é mais útil do que a de vocês. A orientação que lhes damos não as privará da vida nem prejudicará; resultará em benefícios. Vocês não precisam ser precipitadas ou descuidadas; comecem moderadamente a fruir ar puro e a fazer exercícios, e continuem sua reforma até se tornarem úteis, uma bênção à família e a todos os que as cercam. Que se convençam que exercício, luz solar e ar são bênçãos que o Céu proveu para curar o enfermo e manter a saúde dos que não estão doentes. Deus não as privou dessas gratuitas bênçãos do Céu, porém, vocês puniram a si mesmas fechando-lhes as portas. Usados adequadamente, esses simples mas poderosos agentes ajudarão a natureza a superar as reais dificuldades, se tais existirem, e propiciarão estado saudável à mente e vigor ao corpo. T2 534.2
Nesta época do mundo, quando o vício e a moda controlam homens e mulheres, os cristãos devem possuir caráter virtuoso e grande dose de bom senso. Se assim for, os semblantes que agora estão sombrios, manifestando marcas de doença e corrupção, seriam esperançosos e felizes, iluminados pela verdadeira bondade e uma consciência limpa. T2 535.1
O sistema do “nada-fazer” é a maior maldição que sobreveio à humanidade. As crianças desfavorecidas, criadas e educadas por mães que não possuem verdadeiro valor moral, mas têm imaginação doentia e sofrem de doenças imaginárias, precisam de simpatia, instrução paciente e terno cuidado de todos os que puderem ajudá-las. Suas necessidades não são atendidas e sua educação é tal que as desqualifica como membros úteis da sociedade durante a vida, e as leva prematuramente à sepultura. Se a vida delas for prolongada, elas nunca se esquecerão das lições ensinadas pela mãe. Por palavras e ações, os erros da vida da mãe lhes causaram impressão e, em muitos casos, as crianças seguirão suas pegadas. O manto materno cai como escura mortalha sobre os pobres filhos. A conduta incoerente imprimiu o cunho de seu caráter na vida dos filhos e eles não podem prontamente superar a educação de sua infância. T2 535.2
O laço terrestre mais terno é o que existe entre mãe e filho. A criança é mais facilmente impressionada pela vida e exemplo da mãe do que do pai, por ser mais forte e mais terno o vínculo que os une. As mães têm pesada responsabilidade. Eu me sentiria feliz se pudesse impressioná-las com a obra que elas podem fazer em moldar a mente dos filhos. T2 536.1
Se os próprios pais obtivessem conhecimento e reconhecessem a importância de pô-lo em prática na educação de seus queridos filhos, veríamos entre jovens e crianças uma situação diferente. As crianças precisam ser instruídas com relação ao próprio corpo. Poucos jovens há que têm qualquer conhecimento definido dos mistérios da vida humana. Quase nada sabem acerca do organismo. Disse Davi: “Eu Te louvarei, porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui formado.” Salmos 139:14. Ensinem seus filhos a raciocinar da causa para o efeito; mostrem-lhes que se violarem as leis de seu ser, como conseqüência sofrerão doenças. Se com seus esforços não puderem ver melhora especial, não desanimem; instruam pacientemente “mandamento sobre mandamento... regra sobre regra... um pouco aqui, um pouco ali.” Isaías 28:10. Se deste modo forem bem-sucedidos em esquecer de si mesmos, terão dado um passo na direção certa. Prossigam até alcançar a vitória. Continuem a ensinar seus filhos quanto ao próprio corpo, e como dele cuidar. A imprudência em relação à saúde física, leva à imprudência no caráter moral. T2 536.2
Não negligenciem ensinar os filhos a cozinhar. Assim fazendo, vocês comunicam-lhes princípios que precisam possuir em sua educação religiosa. Ao darem a seus filhos lições de fisiologia, e ensinar-lhes a cozinhar com simplicidade e todavia com habilidade, estão pondo o fundamento para os mais úteis ramos de educação. Fazer pão leve e bom requer habilidade. Há religião em cozinhar bem, e ponho em dúvida a religião dos que são demasiado ignorantes e descuidosos para aprender a cozinhar. T2 537.1
Vemos peles pálidas e dispépticos queixosos onde quer que vamos. Quando nos sentamos à mesa e comemos a comida preparada da mesma maneira como tem sido feita durante meses, talvez anos, admiro-me de que essas pessoas estejam vivas. O pão e as bolachas estão amarelos de bicarbonato. Esse recurso do bicarbonato destina-se a poupar um pouco de cuidado; em virtude de esquecimento, o pão é deixado azedar muitas vezes antes de assar, e para remediar o mal, acrescenta-se uma grande porção de bicarbonato, o que apenas o torna totalmente impróprio para o estômago humano. O bicarbonato não deve ser de forma alguma introduzido no estômago, pois seu efeito é terrível. Ele corrói as mucosas do estômago, ocasiona inflamação, e envenena com freqüência todo o organismo. Algumas pessoas alegam: “Não posso fazer broinhas ou bom pão a não ser que empregue bicarbonato ou fermento em pó.” Certamente poderão, se elas se tornarem alunas e estiverem dispostas a aprender. Não é a saúde de sua família de suficiente valor para inspirar-lhes a ambição de aprender a cozinhar e a comer? T2 537.2
O que comemos não pode ser convertido em sangue saudável, a menos que seja de boa qualidade, simples e nutritivo. O estômago jamais poderá transformar pão azedo em saudável. Alimento mal preparado não nutre e não pode produzir bom sangue. As coisas que irritam e desarranjam o estômago terão influência neutralizadora sobre os melhores sentimentos do coração. Muitos que adotam a reforma de saúde se queixam de que ela não se adapta a eles. Mas, após sentar-se à sua mesa, cheguei à conclusão de que não é a reforma de saúde que é falha, mas o alimento mal preparado. Os reformadores de saúde, mais que todos os outros, devem ser cuidadosos para evitar extremos. O corpo precisa de nutrição suficiente. Não podemos subsistir de ar simplesmente; tampouco podemos conservar a saúde a menos que tenhamos alimento nutritivo. Deve o alimento ser bem preparado, de forma que seja saboroso. As mães devem ser fisiologistas práticas, para que possam ensinar os filhos a conhecerem a si mesmos e a possuir coragem moral para cumprir princípios corretos, desprezando aquilo que destrói a saúde e a vida. Violar desnecessariamente as leis do nosso corpo é transgressão da lei de Deus. T2 537.3
A cozinha deficiente vai lentamente enfraquecendo as energias vitais de milhares. É perigoso para a saúde e a vida comer em certas mesas o pão pesado, azedo, e outros alimentos preparados de maneira idêntica. Mães, em vez de dar às suas filhas educação musical, instruam-nas nesses ramos úteis que têm a mais íntima relação com a saúde e a vida. Ensinem-lhes todos os mistérios da cozinha. Mostrem-lhes que isto é parte de sua educação, e essencial para se tornarem cristãs. A menos que o alimento seja preparado de maneira saudável, saborosa, não pode transformar-se em bom sangue para reconstruir os tecidos desgastados. Suas filhas podem amar a música, e isto pode estar muito bem e aumentar a felicidade da família; mas o conhecimento da música sem o da arte de cozinhar não tem muito valor. Quando suas filhas tiverem a própria família, certo conhecimento de música e de trabalhos de agulha não serão garantia para uma refeição bem preparada, feita com esmero, de modo que não se envergonhem de apresentá-la a seus mais estimados amigos. Mães, sagrada é a sua obra. Que Deus as ajude a empreendê-la tendo em vista Sua glória, trabalhando zelosa, paciente e amorosamente para o presente e o futuro bem de seus filhos, visando unicamente a glória de Deus. T2 538.1