Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos
Capítulo 2 — Advertências fiéis e sinceras
O perigo de rejeitar a verdade
Cooranbong, Austrália
30 de Maio de 1896
Prezado Irmão _____:
Voltava eu de uma reunião de oração. Sobreveio-me o espírito de intercessão, e fui induzida à oração mais sincera pelas almas de Battle Creek. Eu compreendo o perigo em que estão. O Espírito Santo de maneira especial me moveu a elevar petições em seu favor. TM 63.1
Deus não é o autor de coisa alguma pecaminosa. Ninguém deve temer ser singular se o cumprimento do dever assim o exige. Se evitar o pecado nos torna singulares, então a nossa singularidade é meramente a distinção entre a pureza e a impureza, a justiça e a injustiça. Por que a multidão prefere a vereda da transgressão, escolheremos nós a mesma? É-nos dito plenamente pela inspiração: “Não seguirás a multidão para fazeres o mal.” Nossa posição deve ser claramente declarada: “Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor.” TM 63.2
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez. NEle estava a vida, e a vida era a luz dos homens; e a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam. ... E o Verbo Se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a Sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.” Oxalá cada um daqueles* cujo nome está escrito nos livros da igreja pudesse de coração pronunciar essas palavras. Os membros da igreja devem saber por experiência o que o Espírito Santo fará por eles. Abençoará o que O recebe e o tornará uma bênção. É de lamentar que nem todos estejam orando pelo sopro vital do Espírito, porquanto estaremos prestes a perecer se não o sentirmos. TM 63.3
Devemos orar pelo outorgamento do Espírito, como remédio para as almas doentes de pecado. A igreja precisa estar convertida. E por que nos não prostramos diante do trono da graça, como representantes da igreja e, com coração submisso e espírito contrito, suplicamos fervorosamente que o Espírito Santo seja derramado do Alto sobre nós? Oremos para que quando Ele for graciosamente concedido nosso frio coração seja reavivado, e possamos ter discernimento para compreender que Ele vem de Deus, e recebê-Lo com alegria. Alguns tratam o Espírito como a um hóspede que não é bem-vindo, recusando receber o rico dom, recusando reconhecê-Lo, dEle se desviando, e O condenando como fanatismo. TM 64.1
Quando o Espírito Santo trabalha sobre o agente humano, não nos pergunta em que maneira operará. Freqüentemente move-Se de maneira inesperada. Cristo não veio como os judeus esperavam, Ele não veio de maneira que os glorificasse como nação. Seu precursor veio para Lhe preparar o caminho, convidando o povo a se arrepender de seus pecados, a se converter e ser batizado. A mensagem de Cristo era: “O reino de Deus está próximo. Arrependei-vos, e crede no evangelho.” Os judeus recusaram-se a receber a Cristo porque não veio conforme sua expectativa. As idéias de homens finitos eram consideradas infalíveis porque estavam encanecidas pela idade. TM 64.2
Este é o perigo a que a igreja está agora exposta — o de que as invenções de homens finitos determinem a maneira precisa em que o Espírito Santo deve vir. Embora não queiram reconhecê-lo, alguns já o têm feito. E porque o Espírito deve vir não para louvar o homem ou edificar-lhe as errôneas teorias, mas para convencer o mundo do pecado e da justiça e do juízo, muitos se afastarão dEle. Não desejam ser privados das vestes de sua justiça própria. Não desejam trocar sua própria justiça, que é injustiça, pela justiça de Cristo, que é a verdade pura e não adulterada. O Espírito Santo não lisonjeia o homem, tampouco opera segundo as idéias de qualquer homem. Não devem os homens finitos e pecaminosos manejar o Espírito Santo. Quando Este vier como um reprovador por meio de qualquer instrumento humano que Deus escolher, é o dever do homem ouvir e obedecer-Lhe a voz. TM 64.3
A operação manifesta do Espírito Santo
Pouco antes de deixá-los, Cristo deu aos discípulos a promessa: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-Me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da Terra.” “Portanto ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que Eu vos tenho mandado; e eis que Eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos.” Enquanto essas palavras Lhe estavam nos lábios, ascendeu, recebendo-O uma nuvem de anjos e O escoltando até à cidade de Deus. Voltaram os discípulos a Jerusalém, sabendo agora, com certeza, que Jesus era o Filho de Deus. Sua fé estava desanuviada e eles esperavam, preparando-se pela oração e pela humilhação do coração diante de Deus, até vir o batismo do Espírito Santo. TM 65.1
“E cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; e de repente veio do Céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.” Havia nessa assembléia zombadores, que não reconheceram a obra do Espírito Santo e disseram: “Estão cheios de mosto.” TM 66.1
“Pedro, porém, pondo-se em pé com os onze, levantou a sua voz, e disse-lhes: Varões judeus, e todos os que habitais em Jerusalém, seja-vos isto notório, e escutai as minhas palavras. Estes homens não estão embriagados, como vós pensais, sendo a terceira hora do dia. Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel.” Lede a história. O Senhor estava operando a Seu próprio modo; mas houvesse tal manifestação entre nós, a quem são chegados os fins dos séculos, e não haveria tais zombadores, como naquela ocasião? Os que não ficaram sob a influência do Espírito Santo, não a compreenderam. Para esta classe os discípulos pareciam homens embriagados. TM 66.2
Testemunhas da cruz
Depois do derramamento do Espírito Santo, os discípulos, vestidos da armadura divina, saíram como testemunhas, para contar a maravilhosa história da manjedoura e da cruz. Eram homens humildes, mas saíram com a verdade. Após a morte de seu Senhor eram um grupo indefeso, desapontado e desanimado — como ovelhas sem pastor; mas agora saem como testemunhas da verdade, sem outra arma senão a Palavra e o Espírito de Deus para triunfar sobre toda a oposição. TM 66.3
Seu Salvador fora rejeitado e condenado, e pregado na ignominiosa cruz. Os sacerdotes judeus e príncipes haviam declarado com escárnio: “Salvou aos outros, e a Si mesmo não pode salvar. Se é o rei de Israel, desça agora da cruz, e creremos nEle.” Mas essa cruz, esse instrumento de vergonha e tortura, trouxe esperança e salvação ao mundo. A igreja se reuniu; seu desespero e consciente inutilidade os abandonara. Seu caráter fora transformado e eles se uniram pelos laços do amor cristão. Embora não tivessem riquezas, embora fossem contados pelo mundo como meros pescadores ignorantes, foram feitos pelo Espírito Santo testemunhas de Cristo. Sem honras ou reconhecimento terrenos, eram os heróis da fé. De seus lábios saíram palavras de eloquência e poder divino que abalaram o mundo. TM 67.1
O terceiro, quarto e quinto capítulos de Atos, dão um relato de seu testemunho. Os que rejeitaram e crucificaram o Salvador esperavam ver os discípulos desanimados, abatidos e prontos para negar a seu Senhor. Com espanto ouviram o testemunho claro e ousado, dado sob o poder do Espírito Santo. As palavras e obras dos discípulos representaram as palavras e obras de seu Mestre; e todos os que os ouviam diziam: Estes aprenderam de Jesus. Eles falam como Ele falava. “E os apóstolos davam com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça.” TM 67.2
Os principais dos sacerdotes e autoridades julgavam-se competentes para decidir o que os apóstolos deveriam fazer e ensinar. Ao saírem por todas as partes pregando a Jesus, os homens que estavam sob a operação do Espírito Santo fizeram muitas coisas que os judeus não aprovavam. Havia perigo de que as idéias e doutrinas dos rabinos fossem desacreditadas. Criavam os apóstolos um maravilhoso excitamento. O povo levava para a rua os seus doentes, e os afligidos por espíritos imundos; as multidões se aglomeravam ao seu redor e os que haviam sido curados davam louvores a Deus e glorificavam o nome de Jesus, Aquele mesmo que os judeus haviam condenado, escarnecido, sobre quem haviam cuspido, a quem haviam coroado de espinhos e feito com que fosse açoitado e crucificado. Esse Jesus era exaltado acima dos sacerdotes e governadores. Até mesmo declaravam os apóstolo haver Ele ressuscitado dos mortos. Decidiram as autoridades judaicas que esta obra precisava e devia ser impedida, pois demonstrava que eram culpados do sangue de Jesus. Viam que os conversos à fé se estavam multiplicando. “E a multidão dos que criam no Senhor, tanto homens como mulheres, crescia cada vez mais.” TM 67.3
Prisão e encarceramento dos apóstolos
Então levantou-se o “sumo sacerdote e todos os que estavam com ele (e eram eles da seita dos saduceus)”, que achavam não haver ressurreição dos mortos. As asserções feitas pelos apóstolos de que tinham visto a Jesus depois de Sua ressurreição e de que Ele ascendera ao Céu, estavam derribando princípios fundamentais da doutrina dos saduceus. Isso não se deveria permitir. Os sacerdotes e autoridades encheram-se de indignação, e lançaram mãos dos apóstolos, pondo-os na prisão comum. Os discípulos não se deixaram intimidar ou ficar abatidos. Foram-lhes trazidas à mente as palavras de Cristo na última lição que lhes dera: “Aquele que tem os Meus mandamentos e os guarda esse é o que Me ama; e aquele que Me ama será amado de Meu Pai, e Eu o amarei, e Me manifestarei a ele.” “Mas quando vier o Consolador, que Eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito de verdade que procede do Pai, Ele testificará de Mim. E vós também testificareis, pois estivestes comigo desde o princípio. Tenho-vos dito estas coisas para que vos não escandalizeis. Expulsar-vos-ão das sinagogas; vem mesmo a hora em que qualquer que vos matar cuidará fazer um serviço a Deus. E isto vos farão, porque não conheceram ao Pai nem a Mim. Mas tenho-vos dito isto, a fim de que, quando chegar aquela hora, vos lembreis de que já vo-lo tinha dito.” TM 68.1
Pregando de maneira diversa das doutrinas estabelecidas
“Mas de noite um anjo do Senhor abriu as portas da prisão, e, tirando-os para fora, disse: Ide e apresentai-vos no templo, e dizei ao povo todas as palavras desta vida.” Vemos aqui que nem sempre devem os homens em autoridade ser obedecidos, ainda mesmo que professem ser mestres da doutrina bíblica. Muitos há hoje em dia que ficam indignados e ofendidos de que alguma voz se levante apresentando idéias que divergem das suas com relação a pontos de crença religiosa. Não têm eles há muito advogado que suas idéias são verdadeiras? Assim raciocinavam os sacerdotes e rabis nos dias apostólicos: Que querem dizer esses homens iletrados, alguns deles simples pescadores, que apresentam idéias contrárias às doutrinas que os letrados sacerdotes e autoridades estão ensinando ao povo? Não têm eles direito de se imiscuir com os princípios fundamentais de nossa fé. TM 69.1
Mas vemos que o Deus do Céu às vezes comissiona homens para ensinarem o que é considerado contrário às doutrinas estabelecidas. Visto aqueles que uma vez foram os depositários da verdade se tornarem infiéis ao Seu sagrado depósito, o Senhor escolheu outros que receberiam os brilhantes raios do Sol da Justiça e defenderiam verdades que não estavam de acordo com as idéias dos líderes religiosos. E então esses líderes, na cegueira de sua mente, dão ampla vazão ao que se supõe ser justa indignação contra aqueles que puseram de lado fábulas acariciadas. Agem como homens que perderam a razão. Não consideram a possibilidade de eles mesmos não terem compreendido corretamente a Palavra. Não abrem os olhos para discernir o fato de que têm interpretado e aplicado mal as Escrituras, edificando falsas teorias e chamando-as doutrinas fundamentais da fé. TM 69.2
Mas, de tempos em tempos o Espírito Santo revelará a verdade por meio de Seus instrumentos escolhidos; e nenhum homem, nem mesmo um sacerdote ou autoridade tem o direito de dizer: Não dareis publicidade às vossas opiniões, porque eu não creio nelas. O maravilhoso “Eu” pode tentar derribar os ensinos do Espírito Santo. Por algum tempo podem os homens tentar sufocá-los e matá-los; mas isso não tornará o erro verdade nem a verdade erro. A mente inventiva dos homens tem adiantado opiniões especulativas em vários sentidos, e quando o Espírito Santo deixa a luz brilhar no espírito humano, não respeita todos os pontos da aplicação do homem à Palavra. Deus impressionou a Seus servos para dizerem a verdade sem tomar em consideração o que os homens supunham ser a verdade. TM 70.1
Perigos presentes
Mesmo os adventistas do sétimo dia correm o perigo de fechar os olhos à verdade conforme ela é em Jesus, porque contradiz algo que eles supunham ser a verdade, mas que o Espírito Santo ensina não ser. Sejamos todos bem modestos, e procuremos com o maior fervor pôr o eu fora de questão, e exaltar a Jesus. Na maior parte das controvérsias religiosas o fundamento da dificuldade é que o eu se esforça pela supremacia. Acerca de quê? — Acerca de questões que não são absolutamente pontos vitais, e que apenas assim são considerados porque os homens lhes têm dado importância. Ver Mateus 12:31-37; Marcos 14:56; Lucas 5:21 e Mateus 9:3. TM 70.2
Mas sigamos a história dos homens que os sacerdotes e autoridades judaicas julgavam tão perigosos, porque estavam introduzindo novos e estranhos ensinos em quase toda questão teológica. A ordem dada pelo Espírito Santo: “Ide e apresentai-vos no templo, e dizei ao povo todas as palavras desta vida”, foi obedecida pelos apóstolos; “e... entraram de manhã cedo no templo, e ensinavam. Chegando, porém, o sumo sacerdote e os que estavam com ele, convocaram o conselho, e a todos os anciãos dos filhos de Israel, e enviaram ao cárcere, para que de lá os trouxessem. Mas, tendo lá ido os servidores, não os acharam na prisão, e, voltando, lho anunciaram, dizendo: Achamos realmente o cárcere fechado, com toda a segurança, e os guardas, que estavam fora, diante das portas; mas, quando abrimos, ninguém achamos dentro. Então o capitão do templo e os principais dos sacerdotes, ouvindo estas palavras, estavam perplexos acerca deles e do que viria a ser aquilo. E, chegando um, anunciou-lhes, dizendo: Eis que os homens que encarcerastes na prisão estão no templo e ensinam ao povo. Então foi o capitão com os servidores e os trouxe, não com violência (porque temiam ser apedrejados pelo povo).” Se os sacerdotes e autoridades tivessem ousado executar seus próprios sentimentos quanto aos apóstolos, o relato teria sido bem diferente; pois o anjo de Deus era observador naquela ocasião para engrandecer o Seu nome se qualquer violência tivesse sido feita a Seus servos. TM 71.1
Resposta dos apóstolos
“E, trazendo-os, os apresentaram ao conselho. E o sumo sacerdote os interrogou, dizendo: Não vos admoestamos nós expressamente que não ensinásseis nesse nome? E eis que enchestes Jerusalém dessa vossa doutrina, e quereis lançar sobre nós o sangue desse Homem.” Ver Mateus 23:34, 35. “Porém, respondendo Pedro e os apóstolos, disseram: Mais importa obedecer a Deus do que aos homens. O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, ao qual vós matastes, suspendendo-O no madeiro. Deus com a Sua destra O elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e remissão dos pecados. E nós somos testemunhas acerca destas palavras, nós e também o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que Lhe obedecem. E, ouvindo eles isto se enfureciam, e deliberaram matá-los.” TM 72.1
Então o Espírito Santo moveu a Gamaliel, um fariseu, “doutor da lei, venerado por todo o povo”. Seu conselho foi: “Dai de mão a estes homens, e deixai-os, porque, se este conselho ou esta obra é de homens, se desfará, mas, se é Deus, não podereis desfazê-la; para que não aconteça serdes também achados combatendo contra Deus.” “E concordaram com ele.” TM 72.2
Preconceito dos que tinham autoridade
Contudo os atributos de Satanás de tal maneira lhes dominaram a mente que não obstante os maravilhosos milagres operados na cura de doentes e na libertação dos servos de Deus da prisão, os sacerdotes e autoridades estavam tão cheios de preconceito e de ódio que dificilmente puderam ser contidos. “E, chamando os apóstolos, e tendo-os açoitado, mandaram que não falassem no nome de Jesus, e os deixaram ir. Retiraram-se pois da presença do conselho, regozijando-se de terem sido julgados dignos de padecer afronta pelo nome de Jesus. E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus Cristo.” TM 72.3
A misericórdia de Deus é exemplificada
Podemos ver que evidências foram dadas aos sacerdotes e autoridades, e quão firmemente resistiram ao Espírito de Deus. Os que pretendem ter sabedoria e piedade superior podem cometer os erros mais terríveis e fatais (para consigo mesmos) se permitirem que seu espírito seja moldado por outro poder e seguirem uma atitude de resistência ao Espírito Santo. O Senhor Jesus ali estava presente naquela assembléia, representado pelo Espírito Santo, mas eles não O discerniram. Por um momento sentiram a convicção do Espírito, de que Jesus era o Filho de Deus; mas abafaram a convicção, e se tornaram mais cegos e endurecidos que dantes. Mesmo depois de terem crucificado o Salvador, Deus, em Sua misericórdia, lhes enviara mais evidências nas obras operadas pelos apóstolos. Ele lhes estava fazendo outro apelo ao arrependimento, mesmo na terrível acusação feita contra eles pelos apóstolos, de que haviam matado o Príncipe da Vida. TM 73.1
Não foi somente o pecado de levar à morte o Filho de Deus que os separou da salvação, mas a sua persistência em rejeitar a luz e a convicção do Espírito Santo. O espírito que opera nos filhos da desobediência, neles operava, levando-os a injuriar os homens por meio de quem Deus lhes estava dando um testemunho. Reapareceu a malignidade da rebelião, sendo intensificada em cada ato sucessivo de resistência aos servos de Deus e à mensagem que Ele lhes ordenara declarar. TM 73.2
Resistência à verdade
Cada ato de resistência torna mais difícil ceder. Sendo os líderes do povo, julgaram os sacerdotes e autoridades ser sua obrigação defender o rumo que haviam tomado. Deviam provar que estavam certos. Tendo-se entregue à oposição a Cristo, cada ato de resistência se tornou mais um incentivo para continuar no mesmo caminho. Os acontecimentos de sua carreira passada de oposição são como que tesouros preciosos para serem ciosamente guardados. E o ódio e a malignidade que inspiravam esses atos concentram-se contra os apóstolos. TM 74.1
O Espírito de Deus revelou Sua presença àqueles que, sem tomar em consideração o medo ou o favor dos homens, declararam a verdade que lhes fora confiada. Sob a demonstração do poder do Espírito Santo, viram os judeus sua culpa ao recusar a evidência que Deus lhes enviara; mas não queriam desistir de sua ímpia resistência. Sua obstinação tornou-se cada vez mais determinada, e causou a ruína de suas almas. Não é que não pudessem render-se, pois poderiam, mas não o quiseram fazer. Não somente foram culpados e merecedores da ira, mas também se armaram dos atributos de Satanás e determinadamente continuaram a se opor a Deus. Cada dia, ao recusarem arrepender-se, assumiam de novo sua rebelião. Preparavam-se para colher o que haviam semeado. A ira de Deus não é meramente declarada contra os homens devido aos pecados que cometeram, mas por preferirem continuar num estado de resistência, e, embora tenham luz e conhecimento, repetirem seus pecados do passado. Se se submetessem, seriam perdoados; mas determinaram não ceder. Desafiam a Deus por sua obstinação. Essas almas se entregaram a Satanás e ele as domina de acordo com sua vontade. TM 74.2
Como aconteceu com os rebeldes habitantes do mundo antediluviano? Depois de rejeitarem a mensagem de Noé, mergulharam no pecado com maior abandono que em qualquer ocasião anterior, e duplicaram a enormidade de suas práticas corruptoras. Os que recusam reformar-se pela aceitação de Cristo, nada encontram de reformador no pecado; sua mente é levada a continuar seu espírito de revolta, e não são forçados à submissão, e jamais o serão. O juízo que Deus trouxe sobre o mundo antediluviano, declarou-o incurável. A destruição de Sodoma proclamou que os habitantes da mais bela terra do mundo eram incorrigíveis no pecado. O fogo e o enxofre do Céu consumiram tudo, menos a Ló, sua esposa e duas filhas. A esposa, voltando-se para trás em desrespeito à ordem de Deus, tornou-se numa estátua de sal. TM 75.1
Como Deus suportou a nação judaica enquanto murmuravam e eram rebeldes, quebrando o sábado e todos os outros preceitos da lei! Repetidamente, declarou que eram piores do que os pagãos. Cada geração ultrapassava a precedente na culpa. O Senhor permitiu que entrassem em cativeiro; mas depois de sua libertação Seus reclamos foram esquecidos. Tudo aquilo que Ele confiou àquele povo para que conservasse sagrado, foi pervertido ou deslocado pelas invenções de homens rebeldes. Cristo lhes disse em Seus dias: “Não vos deu Moisés a Lei? e nenhum de vós observa a lei”. E esses eram os homens que se arvoravam em juízes e censores sobre aqueles a quem o Espírito Santo estava levando a declarar a palavra de Deus ao povo. Ver João 7:19-23, 27, 28; Lucas 11:37-52. TM 75.2
Deve-se deixar o Espírito Santo desembaraçado
Lede estas passagens ao povo. Lede cuidadosa e solenemente e o Espírito Santo estará ao vosso lado, para impressionar a mente quando vós as lerdes. Mas não deixeis de ler com o verdadeiro senso da Palavra no coração. Se Deus jamais falou por meu intermédio, muito significam estas passagens para os que as ouvirem. TM 76.1
Devem os homens finitos evitar dominar os seus semelhantes, assumindo o lugar determinado para o Espírito Santo. Não julguem os homens ser sua prerrogativa dar ao mundo o que eles supõem ser a verdade, impedindo que a este seja dada qualquer coisa contrária às suas idéias. Não é esta a sua obra. Muitas coisas aparecerão distintamente como verdade que não serão aceitáveis aos que pensam que suas próprias interpretações das Escrituras são sempre corretas. Haverá necessidade de fazer as mais decididas mudanças com relação às idéias que alguns aceitam como sem jaça. Esses homens dão evidências de falibilidade em muitíssimas maneiras; trabalham sob princípios que a Palavra de Deus condena. O que me faz sentir até às próprias profundezas do meu ser, e me faz saber que suas obras não são de Deus, é suporem que têm autoridade para governar seus semelhantes. O Senhor não lhes dá mais direito de governar aos outros do que dá aos outros o de governá-los. Os que assumem o controle de seus semelhantes, tomam em suas mãos finitas um trabalho que somente compete a Deus. TM 76.2
Que homens conservem vivo o espírito que corria desenfreadamente em Mineápolis, é uma ofensa a Deus. Todo o Céu está indignado com o espírito que por anos se tem revelado em nossa casa publicadora de Battle Creek.* Pratica-se injustiça que Deus não tolerará. Ele punirá essas coisas. Tem-se ouvido uma voz apontando os erros, e, em nome do Senhor apelando para decidida mudança. Mas quem tem seguido as instruções dadas? Quem tem humilhado o coração para dele expulsar todo o vestígio de seu espírito ímpio e opressor? Temos sentido grande responsabilidade de apresentar estas questões diante do povo como são. Sei que as verão. Sei que os que lerem este assunto reconhecerão seu erro.* TM 76.3