Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos
“Não terás outros deuses diante de mim”
Granville, Austrália TM 359.1
Setembro de 1895 TM 359.2
Não acho sossego de espírito. Cena após cena é-me apresentada em símbolos, e não tenho sossego enquanto não comece a escrever a questão. No centro da obra, estão as questões sendo amoldadas de tal maneira que todas as instituições estão seguindo o mesmo rumo. E a própria Associação Geral se está corrompendo com sentimentos e princípios errôneos.* Na elaboração dos planos, manifestam-se os mesmos princípios que têm dominado as coisas em Battle Creek por bom espaço de tempo. TM 359.3
Foi-me mostrado que a nação judaica não foi levada repentinamente à sua condição de pensamentos e práticas. De geração em geração forjavam falsas teorias, seguiam princípios opostos à verdade e combinavam com sua religião, pensamentos e planos que eram o produto de espíritos humanos. As invenções humanas tornaram-se supremas. TM 359.4
Os santos princípios dados por Deus são apresentados como sendo fogo sagrado, mas o fogo comum é usado em lugar do sagrado. Planos contrários à verdade e à justiça são introduzidos de maneira sutil, sob a alegação de que isto deve* ser feito, “porque é para o avanço da causa de Deus”. Mas são as invenções dos homens que levam à opressão, injustiça e impiedade. A causa de Deus está livre de toda a mancha de injustiça. Não pode ela obter vantagem roubando aos membros da família de Deus sua individualidade ou seus direitos. Todas essas práticas são aborrecíveis a Deus. Ele não inspira práticas tais como as que são adotadas em vossos concílios com respeito à publicação de livros. TM 359.5
O Senhor não aceita tais transações; a prosperidade não acompanha tais ações. Os homens que estão ligados com a Sua obra têm tratado com injustiça, e é tempo de fazer alto. Lide o homem com o homem segundo os princípios dos Dez Mandamentos, não ignorando esses princípios nas transações comerciais. Falsas proposições são consideradas verdade e justiça, e então tudo é feito de tal maneira que ponha em execução essas proposições, que não estão de acordo com a vontade de Deus, sendo antes uma deturpação de Seu caráter. TM 360.1
O grande, santo e misericordioso Deus nunca Se ligará a práticas desonestas; não vindicará nenhum traço de injustiça. Têm os homens tirado injusta vantagem sobre aqueles que eles supõem estarem sob sua jurisdição. Determinaram coagir os indivíduos; governariam ou arruinariam. Não haverá mudança material até que haja um decidido movimento no sentido de trazer uma diferente ordem de coisas. TM 360.2
Não sejam adotados em qualquer de nossas instituições planos ou métodos que prendam o espírito ou o talento sob o domínio do juízo humano, pois esta não é a ordem de Deus. Deus tem dado aos homens talentos de influência que só a Ele pertencem, e não pode haver maior desonra a Deus do que um agente finito pôr os talentos de outros homens sob seu absoluto controle, mesmo que os benefícios deles auferidos sejam usados para vantagem da causa. Em tais arranjos o espírito de um homem é governado pelo espírito de outro, e o agente humano é separado de Deus e exposto à tentação. Tendem os métodos de Satanás para um fim: Tornar homens escravos de homens. E quando assim acontece, a confusão, a desconfiança, o ciúme e as más suspeitas disso resultam. Tal atitude destrói a fé em Deus e nos princípios que devem dominar para expurgar o engano e toda a espécie de egoísmo e de hipocrisia. TM 360.3
O poder despótico
O poder despótico que se tem desenvolvido, como se a posição tivesse feito dos homens deuses, faz-me temer, e deveria causar temor. É uma maldição onde quer e por quem quer que seja exercido. Esse domínio sobre a herança de Deus criará tal desagrado da jurisdição humana que resultará um estado de insubordinação. O povo está aprendendo que não se pode confiar aos homens que detêm elevadas posições de responsabilidade formar e amoldar o espírito e o caráter de outros homens. O resultado será a perda da confiança até mesmo na direção de homens fiéis. Mas o Senhor suscitará trabalhadores que reconheçam sua própria insignificância sem o auxílio especial de Deus. TM 361.1
Século após século vem Jesus concedendo Seus bens à Sua igreja. Na época do primeiro advento de Cristo ao nosso mundo, exerciam os homens que compunham o Sinédrio sua autoridade dominando os homens segundo sua vontade. Assim as almas por quem Cristo deu a vida, a fim de libertá-las da servidão de Satanás, eram colocadas de outra forma em sujeição a ele. TM 361.2
Reconhecemos nós individualmente a nossa verdadeira posição, a de que como servos assalariados de Deus não devemos barganhar nossa mordomia? Temos uma responsabilidade individual diante do universo celeste, quanto a administrar o depósito que por Deus nos foi confiado. Nosso próprio coração deve ser despertado. Devem nossas mãos ter algo a repartir das rendas que Deus nos confiou. Os mais humildes de nós podem ser agentes de Deus, usando seus dons para a glória de Seu nome. Aqueles que aproveitam os seus talentos ao máximo de sua capacidade, podem apresentar suas ofertas a Deus como uma dádiva sagrada que diante dEle seja como que incenso fragrante. É dever de cada pessoa cuidar de que seus talentos sejam devolvidos com vantagem como uma dádiva que ela deve devolver, tendo feito o máximo para melhorá-la. TM 361.3
O espírito de domínio está se estendendo até aos presidentes de nossas associações. Se um homem ansioso de exercer seus próprios poderes procura ter domínio sobre seus irmãos, achando que foi investido de autoridade para fazer de sua vontade o poder dominante, o melhor e único rumo seguro é removê-lo, para que não haja mal maior e ele perca sua própria alma e ponha em perigo a alma de outros. “Todos vós sois irmãos.” A disposição de mandar sobre a herança de Deus causará reação, a menos que esses homens mudem de atitude. Os que têm autoridade devem manifestar o espírito de Cristo. Devem lidar como Ele lidaria com cada caso que requer atenção. Devem ir possuídos do Espírito Santo. A posição de um homem não o torna um jota ou um til maior à vista de Deus; é só o caráter que Deus toma em consideração. TM 362.1
A bondade, a misericórdia e o amor de Deus foram por Cristo proclamados a Moisés. Esse era o caráter de Deus. Quando os homens que professam servir a Deus Lhe ignoram o caráter paternal e se apartam da honra e da justiça ao lidar com seus semelhantes, Satanás exulta, pois ele lhes inspirou seus atributos. Estão seguindo no rumo do romanismo. TM 362.2
Nas pegadas do romanismo
Aqueles a quem se ordena representar os atributos do caráter do Senhor saem da plataforma bíblica, e em seu próprio juízo humano inventam regras e resoluções para forçar a vontade de outros. Os inventos para forçar os homens a seguir as prescrições de outros homens, estão instituindo uma ordem de coisas que anula a simpatia e a terna compaixão; que cega os olhos para a misericórdia, a justiça e o amor de Deus. A influência moral e a responsabilidade pessoal são pisadas a pés. TM 363.1
A justiça de Cristo pela fé tem sido passada por alto por alguns; pois é contrária ao seu espírito e a toda a experiência de sua vida. Governar, governar, tem sido sua atitude. Satanás tem tido a oportunidade de se fazer representar. Quando alguém que professa ser representante de Cristo se dá a um trato áspero, e a impelir homens a situações difíceis, os que assim são oprimidos, ou romperão todos os grilhões da restrição, ou serão levados a considerar a Deus como um duro Senhor. Alimentam maus sentimentos contra Deus, e a alma dEle se aliena, justamente como Satanás planejou que fosse. TM 363.2
Essa dureza de coração da parte de homens que pretendem crer na verdade, Satanás lança à conta da influência da própria verdade, e assim homens ficam desgostosos e se afastam da verdade. Por esta razão não deve nenhum homem ter responsável ligação com nossas instituições se pensa não ser questão importante ter ele um coração de carne ou um coração de aço. TM 363.3
Alguns homens pensam estar representando a justiça de Deus, mas não Lhe representam a ternura e o grande amor com que Ele nos amou. Suas invenções humanas que se originam nos especiosos estratagemas de Satanás parecem suficientemente justos aos olhos cegos dos homens, porque são inerentes à sua natureza. Uma mentira crida e praticada para ele se torna uma verdade. Assim se realiza o propósito das instrumentalidades satânicas de que os homens chegassem a essas conclusões pela operação de suas próprias mentes inventivas. TM 363.4
Mas como caem os homens em tal erro? — Começando com falsas premissas, e então fazendo com que tudo prove que a verdade é erro. Em alguns casos os primeiros princípios têm uma medida de verdade entrelaçada com o erro, mas não leva a qualquer ação justa, e este é o motivo de os homens serem desviados. Para poderem reinar e tornar-se uma força, empregam os métodos de Satanás para justificar seus próprios princípios. Exaltam-se como homens de juízo superior, e têm permanecido como representantes de Deus. São eles deuses falsos. TM 364.1