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Capítulo 5

Nesta época de degenerescência, nascem crianças com constituição debilitada. Assombram-se os pais com a grande mortalidade entre as crianças e os jovens, e dizem: “Outrora não era assim.” As crianças eram mais sadias e vigorosas, com muito menos cuidado do que recebem hoje. Entretanto, com todo o cuidado que se lhes dá hoje, tornam-se débeis, fanam-se e morrem. Em resultado dos maus hábitos dos pais, têm-se transmitido doenças e imbecilidade para a prole. ME2 465.1

Depois de nascerem, pioram muito, pela descuidosa falta de atenção às leis de seu ser. A direção apropriada havia de melhorar muito sua saúde física. Mas os pais raro seguem um procedimento certo para com os filhos pequenos, considerando a infeliz herança já deles recebida. Seu procedimento errado para com os filhos acarreta a diminuição de sua perspectiva de vida, preparando-os para a morte prematura. A esses pais não faltou amor aos filhos, mas esse amor foi mal aplicado. Um dos grandes erros da mãe no trato de seu bebê é privá-lo muito do ar puro — exatamente do que ele precisa para se tornar forte. É costume de muitas mães cobrir a cabeça da criança quando dorme, e isto mesmo num quarto aquecido, poucas vezes ventilado como deveria. Isto, só, é bastante para enfraquecer grandemente a ação do coração e pulmões, afetando assim o organismo todo. Conquanto seja necessário proteger a criança de uma corrente de ar, ou de qualquer mudança repentina e demasiado grande, deve-se ter cuidado especial para que ela respire ar puro e revigorante. Não deve permanecer no quarto da criança ou em torno dela, nenhum odor desagradável. Essas coisas são mais perigosas ao débil infante do que às pessoas adultas. ME2 465.2

Mães têm tido o costume de vestir as crianças com vistas à moda, em vez da saúde. O guarda-roupa da criança geralmente é preparado de modo a ser bonito, mais para ostentação do que para conveniência e conforto. Muito tempo se gasta com bordados e desnecessários trabalhos de fantasia, para tornar linda a roupa do pequeno hóspede. A mãe muitas vezes faz esse trabalho a expensas da saúde, sua e a da prole. Quando ela devia fruir agradável exercício, muitas vezes se acha inclinada sobre um trabalho que lhe força severamente os olhos e os nervos. E muitas vezes é difícil despertar a mãe ao reconhecimento de sua solene obrigação de cuidar de suas próprias forças, para seu bem, assim como o bem da criança. ME2 465.3

A ostentação e a moda são o altar demoníaco sobre o qual muitas mulheres americanas sacrificam seus filhos. A mãe envolve os pequeninos pedaços de humanidade nas roupas da moda, que ela gastou semanas para confeccionar e que são inteiramente impróprias para uso, se é que a saúde deva ser considerada como tendo qualquer importância. As roupas fazem-se extravagantemente compridas, e para mantê-las no lugar, o corpo do pequeno é cingido com faixas apertadas, ou cintos que impedem a livre ação do coração e dos pulmões. As crianças são também obrigadas a carregar um peso desnecessário, por causa do comprimento de suas roupas, e assim vestidas, não podem usar livremente os músculos e os membros. ME2 466.1

As mães têm julgado necessário comprimir o corpo de seus bebês, para conservá-los em forma, como temerosas de que, sem faixas apertadas, caíssem em pedaços, ou se tornassem deformados. Porventura a criação animal se deforma por ser a natureza deixada a fazer sua própria obra? Deformam-se os cordeirinhos por não serem cingidos com faixas que lhes mantenham as formas? Têm formas delicadas e lindas. Os infantes humanos são os mais perfeitos, e no entanto os mais desajudados de todas as obras das mãos do Criador, e por isso devem as mães ser instruídas acerca das leis físicas, de modo a estar em condições de criá-los com saúde física, mental e moral. Mães! a natureza deu a vossos infantes formas que não precisam de cintos ou faixas para os aperfeiçoar. Deus os supriu de ossos e músculos suficientes para sua sustentação, e para resguardar a delicada máquina interna da natureza, antes de os entregar aos vossos cuidados. ME2 466.2

A roupa do pequeno deve ser arranjada de modo que seu corpo não seja nada comprimido, depois de tomar uma refeição completa. Vestir as crianças segundo a moda, para serem apresentadas às visitas e ser por estas admiradas, é-lhes muito danoso. A roupa é arranjada engenhosamente, de modo a tornar a criança sem nenhum conforto, e muitas vezes é ela entregue ainda a maior desconforto pelo passar de uma a outra pessoa, sendo por todos amimada. Há, porém, um mal maior do que os mencionados. A criança é exposta a um ar viciado, causado pelos muitos hálitos, alguns dos quais são muito ofensivos e prejudiciais até para os pulmões fortes de pessoas adultas. Os pulmões do pequeno sofrem, e tornam-se enfermiços pela inalação do ar de um aposento intoxicado pelo hálito poluído dos fumantes. Muitas crianças ficam intoxicadas de modo a não haver mais remédio, por dormir na cama dos pais fumantes. Inalando as emanações tóxicas do fumo, expelido dos pulmões e dos poros da pele, o organismo da criança enche-se de veneno. Ao passo que ele age em alguns como veneno lento, afetando o cérebro, o coração, o fígado e os pulmões, ficam estes mais fracos e se degradam; sobre outros tem efeito mais direto, causando espasmos, desmaios, paralisia e morte repentina. Os consternados pais choram a perda de seus queridos, e duvidam da misteriosa providência de Deus, que tão cruelmente os afligiu, quando a Providência não pretendia a morte desses infantes. Morreram mártires da imunda concupiscência do fumo. Os pais, ignorantemente mas não menos certamente matam seus filhinhos pelo nauseante tóxico. Cada exalação dos pulmões do escravo do fumo, intoxica o ar ao seu redor. Os infantes devem ser conservados livres de tudo que tenha o efeito de excitar o sistema nervoso, e devem, quer despertos quer dormindo, dia e noite, respirar uma atmosfera limpa, pura e saudável, livre de qualquer contaminação de veneno. ME2 466.3

Outra grande causa da mortalidade infantil e juvenil, é o costume de deixar-lhes os braços e ombros desnudos. Esta moda não pode ser censurada com demasiada severidade. Tem custado a vida de milhares. O ar, banhando os braços e pernas e circulando pelas axilas, resfria essas partes sensíveis do corpo, tão próximas dos órgãos vitais, e estorva a sadia circulação do sangue, induzindo a doença, especialmente dos pulmões e cérebro. Os que consideram a saúde dos filhos de mais valor do que tolas lisonjas das visitas, ou a admiração de estranhos, hão de sempre vestir os ombros e braços de seus delicados bebês. Freqüentemente tem sido chamada a atenção da mãe para os braços e mãos vermelhos da criança, e ela tem sido advertida acerca de sua prática destruidora da saúde e da vida; e a resposta muitas vezes tem sido: “Eu sempre visto meus filhos desta maneira. Eles se acostumam a isso. Não suporto ver cobertos os braços de uma criança. Parece antiquado.” Essas mães vestem seus delicados filhos como não se abalançariam a vestir-se a si mesmas. Sabem que, se seus próprios braços fossem expostos sem agasalho, tiritariam de frio. Poderão as crianças de tenra idade suportar esse processo de endurecimento sem receber dano? Algumas crianças talvez nasçam com constituição tão robusta que suportem semelhante abuso sem que lhes custe a vida; entretanto, milhares são sacrificadas, e dezenas de milhares têm assim os alicerces lançados para uma vida breve e inválida, graças ao costume de assim enfaixar e sobrecarregar o corpo com muita roupa, enquanto os braços — que estão distantes da sede da vida, e por esta causa precisam mesmo de mais agasalho do que o peito e os pulmões — são deixados desnudos. Poderão as mães que assim tratam seus bebês, esperar que eles sejam calmos e sadios? ME2 467.1

Quando as pernas e os braços ficam frios, o sangue é impelido dessas partes para os pulmões e a cabeça. A circulação é embaraçada, e a delicada máquina da natureza não se move harmonicamente. Corre perigo o organismo do bebê, e ele chora e se queixa por causa do abuso que é obrigado a sofrer. A mãe o alimenta, julgando que esteja com fome, quando o alimento tão-somente lhe aumenta o mal-estar. Faixas apertadas e estômago sobrecarregado não concordam entre si. A criança não tem espaço para respirar. Pode ela gritar, lutar e arquejar, e todavia a mãe não desconfia da causa. Poderia aliviar desde logo o sofredor, pelo menos afrouxando as faixas, se entendesse a natureza do caso. Afinal ela se torna alarmada, julgando que o filhinho está de fato doente, e chama o médico, que por uns instantes fita com gravidade o pequeno e então receita um remédio tóxico, ou alguma poção denominada cordial, que a mãe, fiel às instruções, despeja na garganta do maltratado bebê. Se ele não estava doente anteriormente, adoece com esse processo. Sofre agora de doença engendrada pelas drogas — a mais obstinada e incurável de todas as doenças. Se se restabelece, tem de sofrer, mais ou menos, em seu organismo os efeitos daquela droga tóxica, e fica sujeito a espasmos, males do coração, hidropisia do cérebro ou tuberculose. Algumas crianças não são bastante fortes para suportar mesmo um pouquinho dos venenos das drogas, e ao acorrer a natureza para enfrentar o intruso, as forças vitais do delicado bebê sofrem pressão demasiado grande, e a morte põe fim ao caso. ME2 468.1

Não é incomum, nesta época do mundo, ver a mãe junto ao berço do seu bebê sofredor e moribundo, coração tomado de angústia, ao ouvir-lhe os débeis gemidos e testemunhar-lhe as ânsias da morte. Parece-lhe um mistério que Deus assim aflija seu filhinho inocente. Não pensa que foi seu procedimento errado o que acarretou o triste resultado. Ela lhe destruiu o apoio à vida, como se lhe tivesse ministrado veneno. A doença nunca vem sem causa. Primeiro é preparado o caminho e convidada a doença, pelo desrespeito às leis da saúde. Deus não tem prazer nos sofrimentos e morte das criancinhas. Ele as confia aos pais, para que as eduquem física, mental e moralmente, preparando-as para a utilidade aqui, e para o Céu afinal. ME2 468.2

Se a mãe permanece em ignorância quanto às necessidades físicas de seu filho e, em conseqüência, ele adoece, não precisa ela esperar que Deus opere um milagre para frustrar o seu ato de fazê-lo adoecer. Têm morrido milhares de crianças que poderiam viver. São mártires da ignorância dos pais acerca da relação que o alimento, o vestuário e o ar que respiram, mantêm com a saúde e a vida. As mães dos tempos passados deviam ter sido os médicos de seus filhos. O tempo que dedicavam ao exagerado embelezar o guarda-roupa do pequeno, deveriam ter gasto em propósito mais nobre: educar seu próprio espírito com respeito a suas próprias necessidades físicas, bem como das de sua prole. Deveriam ter entesourado na mente conhecimentos úteis, acerca do melhor procedimento que deveriam seguir para criar os filhos com saúde, apercebidas de que as gerações seriam prejudicadas ou beneficiadas por seu procedimento. ME2 469.1

As mães que têm crianças indisciplinadas, irritadiças, devem procurar descobrir a causa de seu desassossego. Assim fazendo, muitas vezes verão que existe algo de errado em sua direção. Muitas vezes se dá o caso de que a mãe se torna alarmada pelos sintomas de doença manifestados pelo filho, e chama apressadamente o médico, quando os sofrimentos do pequeno teriam sido aliviados tirando-lhe ela a roupa apertada e substituindo-a por roupa bastante frouxa e curta, para que possa mexer os pés e pernas. As mães devem refletir da causa para o efeito. Se a criança se resfriou, isso é geralmente devido à má direção da mãe. Se lhe cobre a cabeça, assim como o corpo, ao dormir, dentro em pouco estará suando, por causa da respiração difícil, devido à falta de ar puro, vital. Quando ela a tira de debaixo das cobertas, é quase certo resfriar-se. Os braços desnudos expõem constantemente a criança ao frio e à congestão dos pulmões ou do cérebro. Essas exposições preparam o caminho para o pequeno se tornar doentio e definhado. ME2 469.2

Os pais são, em grande parte, responsáveis pela saúde física dos filhos. As crianças que sobrevivem aos abusos da infância, não estão fora de perigo em sua juventude. Seus pais seguem ainda um procedimento errado para com eles. Suas pernas, assim como os braços, são deixados quase desnudos. Os que dão à moda mais valor que à saúde, colocam anquinhas nas filhas. As anquinhas não são convenientes, nem modestas nem saudáveis. Impedem a roupa de agasalhar de perto o corpo. As mães agasalham-lhes então a parte superior das pernas com calcinhas de musselina, que chegam até ao joelho, enquanto a parte inferior das pernas só se cobre com uma espessura de flanela ou algodão, e os pés são protegidos com botinas de sola fina. Como a roupa é mantida afastada do corpo pelas anquinhas, é impossível receber a menina suficiente calor de suas vestes, e as pernas constantemente são banhadas de ar frio. As extremidades resfriam-se e o coração tem dobrado trabalho, para forçar o sangue a essas extremidades frias, e quando o sangue perfez o seu circuito através do corpo, e voltou ao coração, já não é a mesma corrente quente e vigorosa que era quando o deixou. Foi resfriado ao passar pelas pernas. O coração, debilitado por excesso de trabalho e má circulação de mau sangue, é então compelido a um esforço ainda maior, para impelir o sangue às extremidades que nunca têm o calor sadio das outras partes do corpo. O coração fracassa em seus esforços, e os membros tornam-se habitualmente frios; e o sangue, que pelo frio se retrai dos membros, é devolvido aos pulmões e ao cérebro, e o resultado é inflamação e congestão dos pulmões ou do cérebro. ME2 469.3

Deus tem como responsáveis as mães pelas doenças que os filhos são obrigados a sofrer. As mães prostram-se ao altar da moda e sacrificam a saúde e a vida dos filhos. Muitas mães ignoram o resultado de seu procedimento de assim vestir os filhos. Mas, não deveriam elas informar-se, já que tanto está em jogo? Será a ignorância escusa suficiente para vós que possuís a faculdade do raciocínio? Podeis informar-vos, se quiserdes, e vestir de modo saudável vossos filhos. ME2 470.1

Podem os pais renunciar à expectativa de que seus filhos tenham saúde enquanto os envolvem em capotes e peles, sobrecarregando de agasalho as partes do corpo que não requerem tal quantidade, e deixando então quase desnudos os membros, que deveriam ter proteção especial. As partes do corpo próximas da fonte da vida, precisam menos agasalho do que as pernas, que ficam distantes dos órgãos vitais. Se as pernas e os pés pudessem ter o agasalho suplementar geralmente usado sobre os ombros, os pulmões e o coração, e fosse induzida a sadia circulação nas extremidades, os órgãos vitais desempenhariam então sua parte de modo sadio, tendo apenas a parte correspondente de agasalho. ME2 470.2

Apelo para vós, mães: não vos sentis alarmadas e aflitas, ao ver vossos filhos pálidos e definhados, sofrendo de catarro, influenza, crupe, inflamações escrofulosas na face e na nuca, inflamação e congestão dos pulmões e do cérebro? Refletistes da causa para o efeito? Provestes-lhes um regime alimentar simples mas nutritivo, isento de gordura animal e condimentos? Não seguistes os ditames da moda no vestuário dos filhos? Deixar-lhes os braços e pernas protegidos insuficientemente tem sido causa de vasta quantidade de doenças e mortes prematuras. Não há razão para que os pés e pernas de vossas meninas não sejam, em todos os sentidos, tão bem agasalhados como os dos vossos meninos. Estes, acostumados ao exercício ao ar livre, tornam-se habituados ao frio e à exposição, e são realmente menos susceptíveis a resfriarem-se quando usam pouco agasalho, do que as meninas, porque o ar livre parece ser seu elemento natural. Meninas delicadas acostumam-se a viver dentro de casa, em ambiente aquecido, e entretanto saem de um aposento aquecido para o ar livre, com as pernas e pés raramente mais protegidos contra o frio do que quando estão num aposento fechado e aquecido. O ar logo lhes resfria as pernas e pés, preparando o caminho para a doença. ME2 471.1

Vossas meninas devem usar a cintura de seus vestidos perfeitamente frouxa, e devem usar um estilo de vestido conveniente, confortável e modesto. No tempo frio devem usar ceroulas quentes de flanela ou algodão, que podem ser metidas dentro das meias. Sobre elas devem vestir calças forradas, quentes, que podem ser amplas, juntadas e abotoadas em volta do tornozelo, ou adelgaçando para os pés e chegar aos sapatos. Seu vestido deve ficar abaixo do joelho. Com este estilo de vestido, uma saia leve, ou no máximo duas, é o que basta, e estas devem ser abotoadas na blusa. Os sapatos devem ter sola grossa e ser perfeitamente cômodos. Com este estilo de vestuário vossas meninas não estarão mais sujeitas ao perigo ao ar livre do que vossos rapazes. E teriam muito melhor saúde, se vivessem mais ao ar livre, mesmo no inverno, do que ficarem confinadas ao pouco ar de um aposento aquecido por estufa. ME2 471.2

É pecado à vista do Céu, vestirem os pais os seus filhos como o fazem. A única desculpa que podem apresentar é: Isto é moda! Não podem alegar modéstia, para assim expor as pernas dos filhos com apenas um agasalho agarrado a elas. Não podem alegar que seja saudável, ou realmente atraente. O continuarem outros a seguir esta prática daninha à saúde e destruidora da vida, não é desculpa para os que se têm na conta de reformadores. O seguirem todos os que vos cercam uma moda danosa à saúde, não fará vosso pecado um jota menor, nem será garantia para a saúde e vida de vossos filhos. — How to Live 5:66-74. ME2 471.3