Mensagens Escolhidas 2

132/238

Lições aprendidas nos meses de sofrimento

Tenho passado por grande prova, em forte sofrimento e desamparo, mas através de tudo tenho alcançado uma preciosa experiência, que me é mais valiosa do que ouro. Quando pela primeira vez me convenci de que teria de desistir de meus acarinhados planos de visitar as igrejas na Austrália e Nova Zelândia, pus seriamente em dúvida se fora meu dever deixar a América e vir para este país longínquo. Meus sofrimentos eram agudos. Muitas horas insones da noite passei em recordar muitas vezes nossa experiência desde que deixáramos a Europa rumo da América, e isto tem sido contínua cena de ansiedade, sofrimento e encargos. Então pensei: Que significa tudo isto? ME2 240.4

Recapitulei cuidadosamente a história dos últimos poucos anos e da obra que o Senhor me deu para fazer. Nem uma única vez faltou-me Ele, e muitas vezes Se me manifestou de modo notável, e vi que nada eu tinha de que me queixar, mas ao contrário, incidentes preciosos que, quais fios de ouro, percorriam toda a minha experiência. O Senhor compreendeu melhor do que eu as coisas de que eu precisava, e senti que Ele me atraía para muito perto de Si, e eu devia ser cuidadosa em não ditar a Deus quanto ao que devia fazer comigo. Esta irreconciliação verificou-se no princípio de meus sofrimentos e desamparo, mas não demorou que eu sentisse que minha enfermidade era parte do plano de Deus. Descobri que, às vezes deitada e às vezes sentada, eu podia colocar-me em posição na qual podia usar as mãos aleijadas, e embora sofrendo muita dor, podia escrever bastante. Desde que vim a este país escrevi mil e seiscentas laudas deste tamanho. ME2 241.1

“Eu sei em quem tenho crido”

Muitas noites, nos últimos nove meses, só pude dormir duas horas por noite, e então às vezes me via envolta em trevas; mas eu orava, e recebi muito suave conforto ao aproximar-me de Deus. As promessas: “Chegai-vos a Deus, e Ele Se chegará a vós” (Tiago 4:8), e “vindo o inimigo como uma corrente de águas, o Espírito do Senhor arvorará contra ele a Sua bandeira” (Isaías 59:19), cumpriram-se em mim. Sentia-me alegre no Senhor. Jesus estava sagradamente próximo, e achei suficiente a graça concedida, pois minha alma se firmava em Deus, e eu estava possuída de grato louvor Àquele que me amou e a Si mesmo Se entregou por mim. Eu poderia dizer, de todo o coração: “Eu sei em quem tenho crido.” 2 Timóteo 1:12. “Fiel é Deus, que vos não deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar.” 1 Coríntios 10:13. Mediante Jesus Cristo tenho saído mais do que vencedora, e mantenho o terreno. ME2 241.2

Não posso descobrir o propósito de Deus em minha doença, mas Ele sabe o que é o melhor, e a Ele confio minha alma, corpo e espírito, como ao meu fiel Criador. “Porque eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso, para guardar o meu depósito até àquele dia.” 2 Timóteo 1:12. Se educássemos e treinássemos nossa alma no sentido de ter mais fé, mais amor, maior paciência, e mais perfeita confiança em nosso Pai celestial, sei que dia a dia teríamos mais paz e felicidade, ao sofrermos os conflitos desta vida. ME2 242.1

O Senhor não Se agrada de que nos agitemos e acabrunhemos, arrancando-nos assim dos braços de Jesus. Há falta do calmo esperar e vigiar, combinados. Julgamos não estar no caminho certo a menos que isso sintamos, e conservamo-nos olhando para dentro de nós, em busca de algum sinal apropriado à ocasião; o que conta, porém, não é o sentir, mas o ter fé. ME2 242.2

Andai pela fé

Uma vez em conformidade com a Palavra escrita, segundo nosso melhor entendimento, devemos então andar pela fé, quer sintamos uma satisfação especial, quer não. Desonramos a Deus quando mostramos que não confiamos nEle depois de nos haver concedido tão maravilhosas provas de Seu grande amor, dando-nos Seu Filho unigênito, Jesus, para morrer como sacrifício nosso, a fim de que nEle crêssemos, sobre Ele descansássemos nossas esperanças, e confiássemos em Sua Palavra, sem questionar ou duvidar. ME2 242.3

Continuai olhando para Jesus, fazendo, com fé, orações silenciosas, apoderando-vos da força de Deus, quer tenhais quaisquer manifestos sentimentos, quer não. Avançai resolutos, como se cada uma das orações feitas tivesse sido acolhida pelo trono de Deus, e atendida por Aquele cujas promessas não faltam jamais. Prossegui no caminho, cantando e salmodiando a Deus em vosso coração, mesmo quando opressos por uma sensação de peso e tristeza. Digo-vos, como alguém que sabe, virá a luz, alegria será nosso quinhão, e as névoas e nuvens serão espancadas. E passamos do poder opressor das sombras e trevas, para a clara luz de Sua presença. ME2 242.4

Se déssemos mais expressão a nossa fé, nos regozijássemos mais nas bênçãos que sabemos possuir — a grande misericórdia, paciência e amor de Deus — teríamos diariamente maior força. Não possuem as preciosas palavras pronunciadas por Cristo, o Príncipe de Deus, de que nosso Pai celestial está mais disposto a dar o Espírito Santo aos que Lho pedem, do que os pais para dar boas dádivas aos filhos — não possuem essas palavras uma certeza e poder que deveriam ter grande influência sobre nós? ME2 243.1

Devemos todos os dias dedicar-nos a Deus e crer que Ele aceita nosso sacrifício, sem examinar se possuímos a quantidade de sentimento correspondente a nossa fé. Sentimento e fé são tão diversos como o oriente do ocidente. A fé não depende do sentir. Temos de, com fé, clamar fervorosamente a Deus, sentindo ou não sentindo, e então viver de acordo com as orações. Nossa certeza e prova é a Palavra de Deus, e depois de termos pedido devemos crer, sem duvidar. Louvado sejas, ó Deus, louvado sejas! Não me tens faltado, ao pôr em prática a Tua Palavra. Revelaste-Te a mim e eu sou Tua, para cumprir a Tua vontade. ME2 243.2

Vigiai, tão fielmente como o fez Abraão, para que os corvos ou quaisquer aves de rapina não desçam sobre vosso sacrifício e oferta a Deus. Cada pensamento de dúvida deve ser tão vigiado que não veja a luz do dia mediante o pronunciá-lo. A luz sempre foge das palavras que honram os poderes das trevas. A vida de nosso Senhor ressurreto deve em nós manifestar-se diariamente. ME2 243.3

Estreita e difícil a vereda para o céu

Como é nossa vereda para o Céu? É uma estrada que ofereça todas as convidativas comodidades? Não, é vereda estreita e aparentemente incômoda; é vereda de conflito, de prova, de tribulação e sofrimento. Nosso Comandante, Jesus Cristo, não nos ocultou coisa nenhuma a respeito das batalhas que temos de travar. Ele abre perante nós o mapa e nos mostra o caminho. “Porfiai”, diz Ele, “por entrar pela porta estreita; porque Eu vos digo que muitos procurarão entrar e não poderão.” Lucas 13:24. “Larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ele.” Mateus 7:13. “No mundo tereis aflição.” João 16:33. O apóstolo repete as palavras de Cristo: “Por muitas tribulações nos importa entrar no reino de Deus.” Atos dos Apóstolos 14:22. Ora, porventura é o aspecto desanimador que devemos conservar ante os olhos da mente?... ME2 243.4

Juntai todas as promessas

Este é Jesus, a vida de toda graça, a vida de cada promessa, a vida de cada ordenança, a vida de cada bênção. Jesus é a realidade, a glória e fragrância, a própria vida. “Quem Me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.” João 8:12. Portanto, a estrada real construída para que nela andem os remidos, não são desanimadoras trevas. Na verdade, solitária e penosa seria nossa peregrinação se não fosse Jesus. “Não vos deixarei órfãos”, diz Ele. João 14:18. Juntemos, pois, todas as promessas registradas. Repitamo-las dia a dia e nelas meditemos na calada da noite, e sejamos felizes. ME2 244.1

“E dirás naquele dia: Graças Te dou, ó Senhor, porque ainda que Te iraste contra mim, a Tua ira se retirou, e Tu me consolaste. Eis que Deus é a minha salvação; eu confiarei e não temerei, porque o Senhor Jeová é a minha força e o meu cântico, e Se tornou a minha salvação. E vós com alegria tirareis águas das fontes da salvação. E direis naquele dia: Dai graças ao Senhor, invocai o Seu nome, tornai manifestos os Seus feitos entre os povos, contai quão excelso é o Seu nome. Cantai ao Senhor, porque fez coisas grandiosas; saiba-se isto em toda a Terra. Exulta e canta de gozo, ó habitante de Sião, porque grande é o Santo de Israel no meio de Ti.” Isaías 12:1-6. ME2 244.2

Não é de fato uma estrada de reis esta em que andamos, construída para nela andarem os remidos do Senhor? Poderia ser provida estrada melhor? caminho mais seguro? Não! Não! Ponhamos, pois, em prática as instruções dadas. Olhemos para nosso Salvador como refúgio nosso, como escudo à nossa mão direita, para defender-nos das setas de Satanás. ME2 244.3

Tentações nos assaltarão, oprimir-nos-ão trevas e cuidados. Quando o coração e a carne estiverem prontos a baquear, quem lança em volta de nós Seus braços eternos? Quem aplica a preciosa promessa? Quem nos traz à lembrança palavras de certeza e esperança? A graça de quem é dada em rica medida aos que a pedem sincera e verdadeiramente? Quem é que nos imputa Sua justiça e nos salva do pecado? De quem é a luz que espanca a bruma e os nevoeiros e nos leva para o resplendor de Sua presença? Oh! quem, senão Jesus?! Amai-O, pois, e louvai-O. “Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos.” Filipenses 4:4. Não é Jesus hoje um Salvador vivo? “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus.” Colossences 3:1. Nós ressuscitamos com Cristo. Cristo é nossa vida. Graças a Sua misericórdia e gracioso amor, declara-se que somos escolhidos, adotados, perdoados e justificados. Exaltemos, pois, o Senhor! — Carta 7, 1892. ME2 245.1