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Desertores do exército do Senhor

Desligando-se da obra de Deus no escritório, o irmão X fez justamente o que eu temera que fizesse. Se se tivesse negado a si mesmo, permanecendo em seu posto, em obediência à vontade de Deus, e por ser esta a obra divina, pondo seu coração inteiro na causa e assumindo suas responsabilidades e encargos como outros os têm assumido antes dele, embora não ganhasse ele financeiramente tanto quanto em negócios por sua conta — tivesse ele feito isto, teria então tornado manifesto não ser oportunista. Mas quão grande era seu interesse no escritório, se se afastou quando bem quis, ao parecer-lhe ser de seu interesse assim proceder? Deveriam os soldados nas fileiras de Cristo agir dessa maneira? Se os soldados do exército de uma nação isso fizessem, seriam tratados como desertores, e como considera o universo celestial semelhantes soldados do exército de Cristo? Ninguém que se empenhe na obra de Deus com o devido apreço de sua santidade, poderia volver costas à obra para conseguir vantagens mundanas, quaisquer que fossem. ME2 213.3

Irmão Y, Deus tem sido muito misericordioso para convosco e com o irmão X. A vida, que tem sido tão precária em vós ambos, tem ele poupado graciosamente. Dias, meses e anos vos têm sido concedidos, oferecendo-vos oportunidades para desenvolver o caráter. Deus vos tem posto em ligação com Sua obra, a fim de que vos tornásseis imbuídos do espírito de Cristo. Cada dia, cada hora vos vem como um privilégio adquirido por sangue, para que não só opereis vossa própria salvação, mas sejais instrumentos para levar almas a Cristo, promovendo o Seu reino e manifestando a glória de Deus. Deus pede o coração, e a dedicação à obra. Os que de fato são coobreiros de Deus, arcarão com o peso da obra, e como o ministro por Ele comissionado, assim expressarão os seus sentimentos: “Ai de mim, se deixar de ser fiel e verdadeiro à minha posição de confiança!” ME2 214.1

Meu irmão, se não tendes no coração mais interesse na obra do que o indicado pelo fato de tão facilmente a poderdes deixar, nada tenho a dizer, nenhuma petição a vos fazer, no sentido de que continueis no escritório, ou para que o irmão X para lá volte. Vós ambos revelais que não sois homens nos quais se possa confiar. E o exemplo que fosse dado oferecendo-vos novos incentivos para continuardes, não seria agradável a Deus. ME2 214.2

De modo algum eu vos apresentaria, ou a qualquer outro homem, um suborno de dólares e centavos para que vos mantivésseis ligados à obra, qualquer que fossem os inconvenientes que esta pudesse por algum tempo sofrer por causa de vossa retirada. Cristo está ao leme. Se Seu Espírito não vos leva a serdes qualquer coisa, ou qualquer coisa fazerdes por amor da verdade, então só podereis aprender essa lição passando por provações. Deus provará a fé de toda alma. Cristo nos comprou com sacrifício infinito. Embora fosse rico, por nossa causa Se fez pobre, para que por Sua pobreza entrássemos de posse de riquezas eternas. Tudo que possuímos, de habilidade e intelecto, é tão-somente aquilo que o Senhor nos legou, para usarmos em Seu favor. É privilégio nosso sermos participantes do sacrifício de Cristo, se o quisermos. ME2 214.3

Os homens de experiência e piedade que iniciaram esta obra, que se negaram a si mesmos e não hesitaram em tudo sacrificar para que alcançasse êxito, dormem agora na sepultura. Foram os condutos designados por Deus, pelos quais foram comunicados à igreja os princípios de vida espiritual. Tiveram uma experiência do mais alto valor. Não podiam ser comprados nem vendidos. Sua pureza e dedicação e sacrifício, sua viva ligação com Deus, foram abençoados, para o erguimento da obra. Nossas instituições se caracterizavam pelo espírito de sacrifício. ME2 215.1

Em alguns aspectos, entretanto, a obra deteriorou. Ao passo que cresceu em extensão e recursos, ela tem minguado quanto à piedade. Nos dias em que lutávamos com a pobreza, aqueles que testemunharam quão maravilhosamente Deus operou para erguimento da causa, achavam que nenhuma honra maior lhes poderia ser concedida do que estar ligados aos interesses da obra por laços sagrados, que os ligavam a Deus. Haviam eles de depor o encargo e arrazoar com o Senhor, do ponto de vista pecuniário? Não, não! Que todos os oportunistas abandonassem seu posto de dever, eles jamais desertariam da obra. Haveriam de dizer: “Se o Senhor aqui me colocou, Ele deseja que eu seja mordomo fiel, dEle aprendendo dia a dia como executar o trabalho de modo aceitável. Ficarei no meu posto até que Deus me dispense. Saberei o que significa ser um cristão praticante, de todo o coração. Espero meu galardão, no final.” ME2 215.2

Os crentes que, na história primitiva da causa, fizeram sacrifícios para o erguimento da obra, achavam-se imbuídos do mesmo espírito. Achavam que, de todos os ligados a Sua obra, Deus requeria uma consagração sem reservas, de alma, corpo e espírito, de todos os seus serviços e capacidades, a fim de tornar o trabalho um êxito. Chegaram a eles os testemunhos, reclamando para Deus todas as suas energias, em cooperação com os instrumentos divinos, e toda a aptidão acrescida pelo exercício de todas as faculdades. ME2 215.3