Mensagens Escolhidas 3

44/219

Cristo era suscetível de ceder à tentação?

Em sua carta acerca das tentações de Cristo, você diz: “Se Ele era Um com Deus, não poderia cair.” ... O ponto que você me pergunta é: Na grande cena do conflito de nosso Senhor no deserto, aparentemente sob o poder de Satanás e seus anjos, era Ele suscetível, em Sua natureza humana, de ceder a essas tentações? ME3 129.2

Procurarei responder a essa importante pergunta: Como Deus, Ele não podia ser tentado; mas, como homem, podia sê-lo, e isso fortemente, e podia ceder às tentações. Sua natureza humana teria de passar pela mesma prova e provação que Adão e Eva. Sua natureza humana foi criada; ela nem sequer possuía os poderes angélicos. Era humana, idêntica à nossa. Ele estava transpondo o terreno em que Adão caiu. Achava-se agora no ponto em que, se resistisse à prova e provação em favor da raça decaída, redimiria o ignominioso fracasso e queda de Adão, em nossa própria humanidade. ME3 129.3

Cristo tinha um corpo humano e uma mente humana — Seu corpo e Sua mente eram humanos. Ele era osso dos nossos ossos e carne da nossa carne. Esteve sujeito à pobreza desde Sua primeira entrada no mundo. Esteve sujeito a decepções e provas em Seu próprio lar, entre Seus próprios irmãos. Não Se achava rodeado, como nas cortes celestiais, de seres puros e belos. Estava cercado de dificuldades. Veio ao nosso mundo para manter um caráter puro e sem pecado, e para refutar a mentira de Satanás de que não era possível aos seres humanos guardar a lei de Deus. Cristo veio viver a lei em Seu caráter humano exatamente na maneira pela qual todos podem viver a lei na natureza humana se procederem como Cristo procedeu. Ele inspirou santos homens do passado a escreverem para benefício do homem: “Que se apoderem da Minha força, e façam paz comigo; sim, que façam paz comigo.” Isaías 27:5. ME3 129.4

Foram tomadas amplas providências para que o homem finito e decaído possa estar tão ligado com Deus que, por meio da mesma Fonte pela qual Cristo venceu em Sua natureza humana, ele consiga resistir firmemente a todas as tentações, como Cristo o fez. Ele esteve sujeito às desvantagens a que está sujeita a natureza humana. Respirou o ar do mesmo mundo que nós respiramos. Permaneceu e viajou no mesmo mundo em que habitamos, o qual, segundo as provas concretas que temos, não era mais propício à graça e à justiça do que é hoje. ME3 130.1

Seus atributos podem ser nossos — É nosso privilégio possuir os mais altos atributos de Seu Ser, se por meio das providências tomadas por Ele nos apropriarmos dessas bênçãos e diligentemente cultivarmos o bem em lugar do mal. Temos razão, consciência, memória, vontade, afeições — todos os atributos que um ser humano pode possuir. Mediante a providência tomada quando Deus e o Filho de Deus fizeram um concerto para libertar o homem da escravidão de Satanás, foram providos todos os meios para que a natureza humana se unisse com a Sua natureza divina. Nessa natureza é que nosso Senhor foi tentado. Ele poderia ter cedido às enganosas sugestões de Satanás, como Adão o fez, mas devemos adorar e glorificar o Cordeiro de Deus por não haver cedido um i ou um til em nenhum ponto. ME3 130.2

Duas naturezas irmanadas em Cristo — Sendo participantes da natureza divina podemos permanecer puros, e santos e incontaminados. A Divindade não Se tornou humana, e o humano não foi deificado pela fusão das duas naturezas. Cristo não possuía a mesma deslealdade pecaminosa, corrupta e decaída que nós possuímos, pois então Ele não poderia ser um sacrifício perfeito. — Manuscrito 94, 1893. ME3 131.1

A realidade das tentações de Cristo — Quando enfrenta provas e perplexidades, o seguidor de Cristo não deve ficar desalentado. Não deve abandonar a sua confiança se não conseguir realizar todas as suas expectativas. Quando for fustigado pelo inimigo, deve lembrar-se da vida de provação e desalento do Salvador. Seres celestiais serviram a Cristo em Sua necessidade; isso não fez, porém, com que a vida do Salvador fosse isenta de conflitos e tentações. Ele foi tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Se o Seu povo seguir este exemplo, eles serão imbuídos de Seu Espírito, e anjos celestiais os servirão. ... ME3 131.2

As tentações às quais Cristo foi submetido eram uma terrível realidade. Como livre agente moral, Ele foi posto à prova, com liberdade para ceder às tentações de Satanás e agir em oposição à vontade de Deus. Se assim não fora, se não fosse possível que Ele caísse, não poderia ter sido tentado em todos os pontos como a família humana é tentada. ME3 131.3

As tentações de Cristo e Seus sofrimentos diante delas eram proporcionais a Seu elevado caráter sem pecado. Mas em todo momento de aflição Cristo volvia-Se para Seu Pai. Ele “resistiu até ao sangue” naquela hora em que o temor do fracasso moral era como o temor da morte. Quando Ele Se prostrou no Getsêmani, na agonia de Sua alma, gotas de sangue caíram-Lhe dos poros e umedeceram os torrões de terra. Orou com fortes clamores e lágrimas, e foi ouvido naquilo que temia. Deus O fortaleceu, como fortalecerá a todos os que se humilharem, lançando-se de alma, corpo e espírito nas mãos de um Deus que guarda o concerto. ME3 131.4

Sobre a cruz Cristo conheceu, como nenhuma outra pessoa pode conhecer, o terrível poder das tentações de Satanás, e Seu coração transbordou de compaixão e perdão pelo ladrão moribundo, que havia sido enganado pelo inimigo. — The Youth’s Instructor, 26 de Outubro de 1899. ME3 132.1

O coração de Cristo foi lancinado por uma dor muito mais pungente do que a dor causada pelos pregos que Lhe foram cravados nas mãos e nos pés. Estava levando os pecados do mundo inteiro, suportando nossa punição — a ira de Deus contra a transgressão. Sua aflição abrangeu a atroz tentação de pensar que fora abandonado por Deus. Sua alma foi afligida pela pressão de grande treva, temendo que Ele Se desviasse de Sua retidão durante a terrível provação. ME3 132.2

A menos que haja a possibilidade de ceder, a tentação não é tentação. Ela é resistida quando o homem é fortemente influenciado a cometer uma má ação; e, sabendo que pode praticá-la, resiste, pela fé, com firme apego ao poder divino. Foi esta a provação pela qual Cristo passou. — The Youth’s Instructor, 20 de Julho de 1899. ME3 132.3

Podemos vencer como Cristo venceu — O amor e a justiça de Deus, e também a imutabilidade de Sua lei, são manifestados pela vida do Salvador, não menos que por Sua morte. Ele assumiu a natureza humana, com suas debilidades, com suas deficiências, com suas tentações. ... Foi “tentado em todas as coisas, à nossa semelhança”. Hebreus 4:15. Não exerceu em Seu próprio benefício nenhum poder que o homem não possa exercer. Enfrentou a tentação como homem, e venceu na força que Lhe foi concedida por Deus. Ele nos dá um exemplo de perfeita obediência. Tomou providências para que nos tornemos participantes da natureza divina, e nos assegura que podemos vencer como Ele venceu. Sua vida testificou que com a ajuda do mesmo poder divino que Cristo recebeu, é possível ao homem obedecer à lei de Deus. — Manuscrito 141, 1901. ME3 132.4