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Capítulo 27 — A virtude da cortesia

Os que trabalham para Cristo devem ser puros, íntegros e dignos de confiança, sendo também bondosos, compassivos e corteses. Há um encanto no trato dos que realmente são corteses. Palavras bondosas, aspecto agradável e boas maneiras são de inestimável valor. Cristãos descorteses, por sua desconsideração aos outros, demonstram não estar em união com Cristo. É impossível estar em união com Cristo e ser descortês. ME3 237.1

Todo cristão deve ser o que Cristo foi em Sua vida na Terra. Ele é o nosso exemplo, não somente em Sua ilibada pureza, mas também em Sua paciência, delicadeza e disposição cativante. Ele era firme como uma rocha no que dizia respeito à verdade e ao dever, sendo, porém, invariavelmente bondoso e cortês. Sua vida era uma ilustração perfeita de verdadeira cortesia. Sempre tinha um olhar bondoso e uma palavra de conforto para os necessitados e oprimidos. ME3 237.2

Sua presença trazia uma atmosfera mais pura ao lar, e Sua vida era um fermento que atuava entre os elementos da sociedade. Ileso e impoluto, Ele andava entre os irrefletidos, os rudes, os descorteses; entre os injustos publicanos, os ímpios samaritanos, os soldados pagãos, os rústicos camponeses e a multidão mista. Proferia uma palavra de simpatia aqui, e outra palavra ali, ao ver homens fatigados e compelidos a levar pesados fardos. Partilhava de suas cargas e repetia-lhes as lições que aprendera da Natureza, a respeito do amor e da bondade e da benevolência de Deus. ME3 237.3

Procurava infundir esperança nos mais rudes e menos prometedores, dando-lhes a certeza de que podiam tornar-se irrepreensíveis e impolutos, obtendo tal caráter que evidenciasse serem eles filhos de Deus. ME3 238.1

Ao labutar em favor dos descrentes — Embora fosse judeu, Cristo Se comunicava com os samaritanos, não fazendo caso dos costumes farisaicos de Sua nação. Apesar dos preconceitos deles, aceitava a hospitalidade desse povo desprezado. Dormia sob os seus tetos, comia com eles às suas mesas, participando do alimento preparado e servido por suas mãos — e ensinava em suas ruas, tratando-os com a máxima bondade e cortesia. ME3 238.2

Jesus sentava-Se como hóspede honrado à mesa dos publicanos, mostrando por Sua simpatia e afabilidade social que reconhecia a dignidade do gênero humano; e os homens almejavam tornar-se dignos de Sua confiança. Suas palavras caíam sobre as almas sedentas com bendito poder vivificante. Eram despertados novos impulsos, e abria-se a possibilidade de uma nova vida para esses párias da sociedade. ME3 238.3

Poderoso argumento em favor do evangelho — O amor de Cristo enternece o coração e abranda toda aspereza nas atitudes. Aprendamos dEle como combinar elevado senso de pureza e integridade com um temperamento agradável. Um cristão bondoso e cortês é o mais poderoso argumento em favor do evangelho, que pode ser produzido. ME3 238.4

A conduta de alguns que professam ser cristãos é tão destituída de bondade e cortesia que seu bem é difamado. Sua sinceridade e retidão talvez não sejam postas em dúvida, mas sinceridade e retidão não compensarão a falta de bondade e cortesia. Tais pessoas precisam compreender que o plano da redenção é um plano de misericórdia, posto em operação para suavizar tudo que é duro e áspero na natureza humana. Precisam cultivar aquela rara cortesia cristã que torna os homens bondosos e atenciosos para com todos. O cristão deve ser compassivo bem como fiel, piedoso e cortês bem como íntegro e honesto. ME3 238.5

Os homens do mundo procuram ser corteses e tornar-se tão agradáveis quanto for possível. Eles procuram tornar seu modo de falar e suas maneiras de tal índole que tenham a maior influência sobre aqueles com os quais se comunicam. Usam seu conhecimento e capacidades tão habilmente quanto for possível para alcançar esse objetivo. “Os filhos do mundo são mais hábeis na sua própria geração do que os filhos da luz.” ME3 239.1

No decorrer da vida, encontrareis pessoas cuja sorte longe está de ser fácil. Labutas e privações, sem nenhuma esperança de coisas melhores no futuro, tornam o seu fardo muito pesado. E quando é acrescentado o sofrimento e a doença, o fardo quase se torna insuportável. Aflitos e oprimidos, elas não sabem para onde volver-se em busca de alívio. Quando encontrardes tais pessoas, empenhai-vos de todo o coração na obra de ajudá-las. Não é o propósito de Deus que Seus filhos se encerrem em si mesmos. Lembrai-vos de que Cristo morreu por eles, assim como por vós. Em vosso trato com eles, sede compassivos e corteses. Isto abrirá o caminho para os ajudardes, para conquistardes sua confiança, para lhes transmitirdes esperança e coragem. ME3 239.2

A graça de Cristo transforma o homem inteiro — O apóstolo nos exorta: “Segundo é santo Aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos, porque Eu sou santo.” A graça de Cristo transforma o homem inteiro, tornando o grosseiro, polido; o rude, gentil; o egoísta, generoso. Ela controla o temperamento e a voz. Sua atuação é vista em polidez e terna consideração manifestadas de irmão para irmão, em palavras bondosas e animadoras e ações altruístas. Há uma presença angélica no lar. A vida exala suave perfume, que ascende a Deus como sagrado incenso. ME3 239.3

O amor é manifestado em bondade, delicadeza, clemência e longanimidade. A expressão do rosto se modifica. É revelada a paz do Céu. Vê-se uma delicadeza habitual, um amor mais do que humano. A humanidade torna-se participante da divindade. Cristo é honrado pela perfeição de caráter. À medida que essas modificações são aperfeiçoadas, os anjos rompem num cântico arrebatador, e Deus e Cristo Se regozijam com as almas moldadas de acordo com a semelhança divina. ME3 239.4

Tons agradáveis e linguagem correta — Devemos acostumar-nos a falar em tons agradáveis; a usar linguagem pura e correta, e palavras que sejam bondosas e corteses. As palavras bondosas são como orvalho e suaves aguaceiros para a alma. A Escritura diz de Cristo que a graça era derramada em Seus lábios, para que Ele soubesse “dizer boa palavra ao cansado”. E o Senhor nos ordena: “A vossa palavra seja sempre agradável”, “e assim transmita graça aos que ouvem”. ME3 240.1

Alguns com quem entrardes em contato serão rudes e descorteses; mas, por causa disso, vós mesmos não deveis ser menos corteses. Aquele que deseja preservar seu respeito próprio deve cuidar para não ferir desnecessariamente o respeito próprio dos outros. Esta regra deve ser observada religiosamente para com os mais estúpidos e para com os mais desajeitados. ME3 240.2

O que Deus tenciona fazer com esses indivíduos que aparentemente são pouco prometedores, vós não o sabeis. No passado Ele aceitou pessoas que não eram mais promissoras ou atraentes, para que realizassem uma grande obra para Ele. Seu Espírito, influindo sobre o coração, despertou toda faculdade para ação vigorosa. O Senhor viu nessas toscas pedras brutas precioso material que resistiria à prova da tormenta, do calor e da pressão. Deus não vê como vê o homem. Ele não julga segundo as aparências, mas esquadrinha o coração e julga com justiça. ME3 240.3

Sejamos abnegados, estando sempre atentos para animar a outros, para aliviar seus fardos, por meio de atos de terna bondade e de amor altruísta. Essas atenciosas cortesias, começando no lar e estendendo-se muito além do círculo familiar, muito contribuem para compor a soma total da felicidade da vida, e sua negligência não constitui pequena parcela dos infortúnios da vida. — Manuscrito 69, 1902. Publicado na The Review and Herald, 20 de Agosto de 1959. ME3 240.4