Fundamentos da Educação Cristã

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Responsabilidade dos pais

Deus tem permitido que a luz da reforma de saúde brilhe sobre nós nestes últimos dias, a fim de que, andando na luz, escapemos de muitos dos perigos a que seremos expostos. Satanás está trabalhando com grande poder para levar os homens a condescender com o apetite, satisfazer a inclinação e passar seus dias em descuidada insensatez. Ele apresenta atrações numa vida de prazer egoísta e condescendência sensual. A intemperança debilita as energias tanto da mente como do corpo. Quem assim é vencido colocou-se no terreno de Satanás, onde será tentado e afligido, sendo finalmente controlado à vontade pelo inimigo de toda a justiça. FEC 139.1

Os pais precisam compenetrar-se de sua obrigação de dar ao mundo filhos que tenham um caráter bem desenvolvido — filhos que tenham força moral para resistir à tentação e cuja vida seja uma honra para Deus e uma bênção para os semelhantes. Os que iniciam a vida ativa com firmes princípios, estarão preparados para permanecer incólumes no meio das poluições morais desta época corrupta. Aproveitem as mães toda oportunidade de educar os filhos para a utilidade. FEC 139.2

A obra da mãe é sagrada e importante. Ela deve ensinar aos filhos, desde o berço, hábitos de abnegação e domínio próprio. Seu tempo, em sentido especial, pertence a seus filhos. Se for, porém, ocupado principalmente com as tolices desta época degenerada, se a sociedade, o vestuário e as diversões absorverem sua atenção, seus filhos não serão devidamente educados. FEC 139.3

Muitas mães que deploram a intemperança existente por toda parte, não aprofundam a visão o bastante para ver a causa. Com demasiada freqüência ela remonta à mesa do lar. Inúmeras mães, mesmo entre as que professam ser cristãs, põem diariamente diante de sua família alimentos substanciosos e muito condimentados, que tentam o apetite e incitam a comer em excesso. Em algumas famílias, os alimentos cárneos constituem o principal artigo do regime alimentar e, conseqüentemente, o sangue se enche de humores cancerosos e escrofulosos. Quando, então, lhes sobrevêm sofrimento e doença, atribuem à Providência o que é o resultado de uma conduta errônea. Repito: A intemperança começa na mesa, e a maioria condescende com o apetite até que a condescendência se torne segunda natureza. FEC 139.4

Quem quer que coma em demasia ou ingira alimentos que não sejam saudáveis, está enfraquecendo sua força para resistir aos reclamos de outros apetites e paixões. Muitos pais, para evitar a tarefa de ensinar pacientemente hábitos de abnegação aos filhos, permitem que comam e bebam todas as vezes que lhes aprouver. O desejo de satisfazer o gosto e de condescender com a inclinação, não diminui com o passar dos anos; e à medida que crescem, esses jovens amimados são governados pelo impulso, escravos do apetite. Quando assumem o seu lugar na sociedade e começam a viver por si mesmos, são incapazes de resistir à tentação. No glutão, no afeiçoado ao fumo, no beberrão e ébrio, vemos os funestos resultados da educação errônea e da condescendência pessoal. FEC 140.1

Quando ouvimos a aflitiva lamentação de homens e mulheres cristãos com referência aos terríveis males da intemperança, surgem imediatamente as perguntas: Quem educou os jovens? quem promoveu neles esses apetites desregrados? quem negligenciou a solene responsabilidade de moldar-lhes o caráter para a utilidade nesta vida e para o convívio com os anjos celestiais na vida futura? FEC 140.2

Qual não será a cena quando pais e filhos se encontrarem no final ajuste de contas! Milhares de filhos que têm sido escravos do apetite e de vícios aviltantes e cuja vida é uma ruína moral, colocar-se-ão face a face diante dos pais que fizeram deles o que são. Quem, a não ser os pais, terá de arcar com essa terrível responsabilidade? Foi o Senhor que corrompeu esses jovens? — Oh, não! Quem, então, realizou essa terrível obra? Os pecados dos pais não foram transmitidos aos filhos em apetites pervertidos e paixões? e não foi completada a obra pelos que negligenciaram educá-los segundo a norma dada por Deus? Tão certo como eles existem, todos esses pais serão examinados na presença de Deus. FEC 140.3

Satanás está pronto para fazer a sua obra; ele não deixará de apresentar seduções a que os filhos não terão força de vontade ou poder moral para resistir. Vi que, por meio de suas tentações, ele está instituindo modas que se alteram sempre, bem como festas e diversões atraentes, a fim de que as mães sejam levadas a dedicar seu tempo a questões frívolas, e não para a educação e o preparo de seus filhos. Nossos jovens necessitam de mães que desde o berço lhes ensinem a dominar a paixão, a negar o apetite e a vencer o egoísmo. Eles precisam de preceito sobre preceito, regra sobre regra, um pouco aqui, um pouco ali. FEC 141.1

Aos hebreus foi ensinado como educar os filhos de tal maneira que evitassem a idolatria e a perversidade das nações pagãs: “Ponde, pois, estas Minhas palavras no vosso coração e na vossa alma; atai-as por sinal na vossa mão, para que estejam por frontal entre os vossos olhos. Ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentados em vossa casa, e andando pelo caminho, e deitando-vos, e levantando-vos.” FEC 141.2

A mulher deve ocupar a posição que Deus originariamente lhe designou, de igualdade com o marido. O mundo necessita de mães que o sejam não meramente no nome mas em todo o sentido da palavra. Podemos dizer com segurança que os deveres que distinguem a mulher são mais sagrados, mais santos, que os do homem. Compreenda a mulher a santidade de sua obra e na força e temor de Deus assuma a missão de sua vida. Eduque seus filhos para serem úteis neste mundo e para o lar no mundo melhor. FEC 141.3

A posição da mulher em sua família é mais sagrada que a do rei em seu trono. Sua grande obra é tornar a própria vida um exemplo, o qual ela desejaria que seus filhos imitassem. E por preceito e exemplo, deve abastecer-lhes a mente de conhecimento útil e conduzi-los ao trabalho abnegado em favor dos outros. O grande incentivo para a mãe laboriosa e afadigada deve ser o fato de que todo filho educado de modo correto e que possui o adorno interior, o ornamento de um espírito manso e quieto, brilhará nas cortes do Senhor. FEC 141.4

Exorto as mães cristãs a compreenderem sua responsabilidade, e a viverem, não para agradar a si mesmas, mas para glorificar a Deus. Cristo não agradou a Si mesmo, mas assumiu a forma de servo. Ele deixou as cortes reais e revestiu Sua divindade com a humanidade, a fim de que por Seu próprio exemplo pudesse ensinar-nos como podemos ser elevados à posição de filhos e filhas da família real, filhos do celeste Rei. Quais são, porém, as condições para obtermos esta grande bênção? — “Retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em coisas impuras; e Eu vos receberei, serei vosso Pai, e vós sereis para Mim filhos e filhas.” FEC 142.1

Cristo rebaixou-Se da posição de igualdade com Deus para a de servo. Seu lar ficava em Nazaré, um lugar proverbial por sua iniqüidade. Seus pais incluíam-se entre os humildes e pobres. Seu ofício era o de carpinteiro, e trabalhava com as próprias mãos a fim de cumprir a Sua parte no sustento da família. Por trinta anos foi submisso a Seus pais. A vida de Cristo realça nosso dever de ser diligentes no trabalho e de prover a subsistência dos que se acham sob o nosso cuidado. FEC 142.2

Em Suas instruções aos discípulos, Jesus ensinou-lhes que Seu reino não é um reino temporal, em que todos pleiteiam a posição mais elevada; deu-lhes também lições de humildade e sacrifício pessoal para o bem dos outros. Sua humildade não consistia no menosprezo de Seu próprio caráter e habilitações, mas em adaptar-Se à humanidade caída, a fim de erguê-la consigo a uma vida mais elevada. No entanto, quão poucos vêem algo atrativo na humildade de Cristo! As pessoas mundanas lutam constantemente por exaltar-se acima dos outros; mas Jesus, o Filho de Deus, a Si mesmo Se humilhou para enaltecer o homem. O verdadeiro discípulo de Cristo seguirá o Seu exemplo. Oxalá as mães desta geração reconhecessem o caráter sagrado de sua missão, não procurando competir na aparência com suas vizinhas opulentas, mas buscando honrar a Deus pelo fiel cumprimento do dever. Se fossem implantados princípios corretos acerca da temperança nos jovens que devem formar e moldar a sociedade, quase não haveria necessidade de cruzadas em favor desse assunto. Predominariam a firmeza de caráter e o controle moral, e as tentações destes últimos dias seriam combatidas no poder de Jesus. FEC 142.3

É muito difícil esquecer os hábitos cultivados durante a vida. O demônio da intemperança tem uma força gigantesca e não é derrotado com facilidade. Se, porém, os pais iniciarem a cruzada contra ela em seus próprios lares, em suas próprias famílias, nos princípios ensinados aos filhos desde a infância, podem esperar ser bem-sucedidos. Mães, vale a pena usar as preciosas horas que Deus vos dá para formar o caráter de vossos filhos e para ensinar-lhes a aderir estritamente aos princípios de temperança no comer e beber. FEC 143.1

É confiada aos pais a sagrada tarefa de proteger a constituição física e moral de seus filhos, de modo que o sistema nervoso seja bem equilibrado e a alma não corra perigo. Os pais e as mães devem compreender as leis da vida, para que não permitam, por ignorância, que se desenvolvam nos filhos más tendências. A alimentação afeta tanto a saúde física como a moral. Com que cuidado, portanto, devem as mães procurar suprir a mesa com os alimentos mais simples e saudáveis, a fim de que não sejam debilitados os órgãos digestivos, desequilibrados os nervos ou neutralizada a instrução que dão aos filhos. FEC 143.2

Satanás percebe que não pode exercer tão grande poder sobre a mente quando o apetite é mantido sob controle, do que quando é acalentado, e procura constantemente levar os homens à condescendência. Sob a influência de alimentos insalubres, é entorpecida a consciência, obscurecido o espírito e prejudicada a suscetibilidade às impressões. Mas a culpa do transgressor não é atenuada por ter sido violada a consciência até tornar-se insensível. FEC 143.3

Visto que o salutar estado mental depende da condição normal das forças vitais, quanto cuidado deve ser exercido para não usar estimulantes ou narcóticos! Vemos, porém, um grande número dos que professam ser cristãos usando fumo. Eles deploram os males da intemperança; todavia, enquanto falam contra o uso de bebidas alcoólicas, esses mesmos indivíduos expelem o sumo do tabaco. Deve haver uma mudança de opinião com referência ao uso do fumo antes de ser atingida a raiz do mal. Insistimos ainda mais nesta questão. O chá e o café promovem o apetite por estimulantes mais fortes. Achegando-nos, então, ainda mais perto do lar, à preparação do alimento, perguntamos: É praticada a temperança em todas as coisas? São executadas aqui as reformas essenciais à saúde e à felicidade? FEC 144.1

Todo verdadeiro cristão exercerá controle sobre os seus apetites e paixões. A menos que esteja livre da servidão do apetite, não poderá ser verdadeiro e obediente servo de Cristo. A condescendência com o apetite e a paixão enfraquece o efeito da verdade sobre o coração. É impossível que o espírito e o poder da verdade santifiquem o corpo, alma e espírito do homem enquanto ele é dominado por desejos sensuais. — Christian Temperance and Bible Hygiene, 7580 (1890). FEC 144.2